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terça-feira, 22 de fevereiro de 2022

Desenvolvimento cognitivo e emocional nos primeiros 1.000 dias de vida é estudado por pesquisadores da USP

Cientistas acompanham 500 crianças para um projeto internacional. Iniciativa busca voluntários, que terão acesso a dados sobre o desenvolvimento dos bebês.  

 

Um consórcio internacional que tem a participação de 15 grupos de diferentes áreas da Universidade de São Paulo, incluindo o Laboratório de Modelagem de Doenças do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), coordenado pela Profa. Patricia Beltrão-Braga, busca entender como as crianças desenvolvem capacidades cognitivas e emocionais durante os primeiros 1.000 dias de vida. 

Para isso, os pesquisadores uspianos criaram o Projeto Germina, que acompanha o desenvolvimento de crianças de três meses a três anos de idade através de cinco visitas, durante três anos. 

A iniciativa é coordenada pelo Prof. Guilherme Polanczyk, do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina, e está em busca de voluntários para participarem do estudo, que já conta com mais de 100 bebês. Mães residentes em São Paulo, entre 20 e 45 anos de idade, que tiveram seus filhos com pelo menos 37 semanas de gestação, podem inscrevê-los para participar de cinco encontros onde serão coletadas amostras de fezes, saliva, leite materno, e serão realizados eletroencefalogramas e atividades com bebês que monitoram o seu desenvolvimento. 

As atividades e procedimentos não oferecem risco, os pais permanecem todo o período com os seus bebês e terão acesso a todos os resultados diretamente ligados aos seus filhos. 

Objetivos da pesquisa - A Universidade de São Paulo é o polo brasileiro do projeto, que ocorre simultaneamente em mais nove centros ao redor do mundo. Os pesquisadores brasileiros têm a missão de acompanhar 500 crianças, o dobro dos demais países. O projeto leva em conta que 20% das crianças não atingem todo seu potencial cognitivo, representando 80% dos adultos que necessitarão de alguma forma de assistência social ou econômica. Sendo assim, o objetivo do Germina é criar ferramentas/biomarcadores que identifiquem precocemente alterações no neurodesenvolvimento, usando por exemplo parâmetros como a linguagem e as funções executivas (relacionadas a atenção, concentração, organização, planejamento, memória, controle emocional e resolução de problemas). 

“A partir dos resultados gerados é possível implementar estratégias de intervenção para fazer com que essas crianças atinjam o seu potencial máximo. Escolhemos a faixa etária do zero aos três anos porque é uma fase em que o cérebro está muito plástico, apto a acatar a maior parte dos estímulos”, afirma Beltrão-Braga, subcoordenadora do Projeto Germina. 

As análises serão feitas com base em crianças neurotípicas, ou seja, que não possuem problemas no neurodesenvolvimento. A pesquisa também vai considerar, em seu âmbito internacional, fatores socioeconômicos, culturais e ambientais das crianças. “Poderemos verificar o impacto de muitas variáveis. Se a criança se alimenta corretamente, ou tem alguma restrição alimentar, seja por questões financeiras ou culturais; se tem acesso a celulares e tablets desde os primeiros dias de vida; se vive em uma zona muito poluída; se é estimulada à arte e à cultura na escola; se foi feito o pré-natal corretamente. Poderemos ver tudo isso e muito mais”, destaca a pesquisadora. 

Iniciativa Ambiciosa - Trata-se de uma iniciativa ambiciosa financiada pela agência internacional Wellcome Leap. Segundo Beltrão-Braga, o projeto The First 1000 Days (nome original, em inglês), produzirá um enorme repositório de dados e grande número de artigos, tendo em vista que serão colhidas análises de cerca de três mil crianças. “Todo esse conhecimento servirá como base para diversas outras pesquisas, em inúmeras áreas”. 

A professora acredita que se trata de um projeto pioneiro no âmbito da Universidade. “Não me lembro de ter visto algo desta magnitude na USP. Existem consórcios internacionais enormes, que mapeiam geneticamente 20, 30 mil pacientes, mas esse é diferente, pois iremos acompanhar os pacientes e colher dados clínicos e biológicos durante a trajetória dos primeiros anos de vida”. 

As famílias que tiverem interesse em incluir seu (sua) filho(a), devem preencher as informações descritas aqui. 

Confira mais informações sobre o projeto no vídeo de divulgação.


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