Baixa
adesão ao tratamento pode piorar quadro de diabetes
Muitos
estudos internacionais têm concluído que entre 40% e 90% dos pacientes que
apresentam diabetes mellitus dificilmente seguem o tratamento proposto pelos
profissionais de saúde, incluindo os jovens, que sentem dificuldade em aderir
aos regimes de tratamento. No Brasil, a situação não é diferente.
Abaixo,
a endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato conta como a pandemia interferiu
negativamente no tratamento do diabetes e que as dúvidas sobre a doença ainda
são frequentes.
A
Covid-19 interferiu no tratamento do diabetes?
Certamente,
a pandemia piorou a aderência. Por mais que houvesse a possibilidade de
atendimentos online, os pacientes, muitas vezes, ficavam receosos de procurar
assistência médica, deixaram de fazer exame de seguimento para o bom
controle da doença.
Por
que os pacientes não aderem ao tratamento médico?
Em
pacientes que contam com o Sistema Único de Saúde (SUS), a falta de
medicamentos, a ausência de opções medicamentosas mais eficazes e com menos
efeitos colaterais são os grandes entraves à aderência. Já para pacientes
que não contam com o SUS, os altos preços de muitos medicamentos para o
tratamento do diabetes certamente dificultam a adesão. No caso dos pacientes
que precisam fazer uso de insulina, o inconveniente das aplicações, muitas vezes
múltiplas durante o dia, também são um importante fator para a má
aderência.
Os
pacientes com diabetes ainda têm muitas dúvidas em relação à doença?
Uma
consulta é um tempo curto para explicar sobre todas as formas de tratamento do
diabetes, as opções terapêuticas e formas de acompanhamento. Sugiro aos
pacientes que anotem as dúvidas e as levem a cada consulta médica. Peço que
evitem pesquisar sobre a doença em meios não confiáveis, pois há muita fake
news.
De que forma os médicos podem incentivar a adesão ao tratamento do diabetes?
Os profissionais de saúde devem cultivar relacionamentos centrados no paciente que respeitem a sua autonomia. Organizar sua clínica ou consultório para ser amigável ao paciente, dar continuidade ao atendimento com contatos telefônicos provisórios, conversar de forma colaborativa com os pacientes sobre os fundamentos e objetivos do tratamento, ajudar na resolução de problemas com seus pacientes, implementar e adaptar gradualmente o tratamento, fornecer instruções escritas, usar automonitoramento, apoio e reforço social e contratos comportamentais e encaminhar rotineiramente os pacientes a especialistas em saúde comportamental.
Dra. Lorena Lima Amato - A especialista é endocrinologista pela
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da
Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM) e endocrinopediatra pela
Sociedade Brasileira de Pediatria. É doutora pela USP e professora na
Universidade Nove de Julho.
https://www.instagram.com/dra.lorenaendocrino/
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