Diante de tudo que vem ocorrendo (e sempre ocorreu), o mundo e, principalmente, o mundo feminino, passou a, novamente, olhar a situação das mulheres afegãs com olhos de solidariedade e medo pelos atos e consequências que podem atingir a classe feminina. Diante de atos de violência moral, psicológica e física, nos perguntamos: como tudo isso veio a acontecer?
Se fizermos uma
comparação bem simples entre as mulheres afegãs e brasileiras, por exemplo,
veremos que ambas tiveram seus direitos suprimidos e negados por muito tempo.
Direito à educação, direito
ao voto, direito ao trabalho, direito à voz, direito sobre seu próprio corpo e
tantos outros direitos que as mulheres brasileiras foram conquistando durante
os anos.
Se analisarmos as
conquistas dos direitos acima, veremos que a maioria deles foi conquistado pela
coragem e audácia das mulheres, como, por exemplo, o direito à educação e até
mesmo o direito de ir e vir.
Está na essência da
mulher a coragem, força (e não estamos falando da física, mas, sim, da
psicológica) e determinação e, acima de tudo, a vontade de mostrar que sempre
foram iguais aos homens.
Na década de 60, no
Brasil, um grande movimento feminino uniu forças para que, juntas, atingissem
seus objetivos e conquistassem seus direitos.
Sabemos que são culturas
diferentes, povos diferentes e países diferentes, mas todas, em sua essência,
são mulheres e possuem a coragem e agem com o coração como sua força.
Nas últimas décadas,
sabemos que as mulheres afegãs passaram a desfrutar de alguns poucos direitos
básicos, como educação, trabalho e, ainda que minimamente, a voz, mas sabemos
que ainda é muito pouco.
Quando falamos de Brasil
e das mulheres brasileiras, podemos contar inúmeras histórias em que
arregaçaram as mangas e foram em busca de igualdade de educação, trabalho, voz
e voto.
Sabemos de relatos de
mulheres que adentraram em faculdades e sofreram inúmeros preconceitos e vetos,
simplesmente pelo fato de serem mulheres e de fazerem parte de uma cultura que
desvalorizava a mulher e sua capacidade física, moral e intelectual. Muitas
morreram, foram agredidas, mutiladas e sofreram diversas agressões
psicológicas, mas sabiam que não podiam desistir, seja pelo amor à família,
amor por sua identidade, amor por seu corpo e por seu psicológico.
Se analisarmos o
contexto histórico, iremos perceber que todos os povos passaram por essas
mudanças, estando alguns países mais avançados e outros menos.
Comparando o direito à
educação, no Brasil, temos inúmeras histórias, como, por exemplo, a primeira
médica, a primeira advogada e tantas outras. No Afeganistão, pudemos ver
mulheres trabalhando em bancos, hospitais, centros educacionais, dentre outros.
O medo e o medo à
submissão, além de todo tipo de agressões, assolaram, por muito tempo, as
mulheres brasileiras, que, através de sua coragem, determinação e amor à
família, não se renderam às forças masculinas e políticas, conquistando, além
de direitos, cada vez mais espaço de voz, conhecimento, trabalho, espaço
político e científico.
Nos momentos mais
difíceis, nenhuma associação, ONG ou qualquer entidade de representatividade se
comoveu em auxiliar e lutar bravamente por mais direitos e espaços, ao
contrário, as mulheres se uniram e enfrentaram todos os impedimentos e
conquistaram o espaço almejado.
Quando falamos em
violência, que, hoje, é o que mais mata as mulheres no Brasil, temos inúmeras
frentes de ajuda humanitária, alguns passos políticos e uma legislação que
surgiu para proteger as mulheres vítimas de violência. Podemos citar a
iniciativa em incluir, no Código Penal, medidas de enfrentamento da violência
doméstica e familiar contra a mulher.
Marco histórico de
proteção da mulher e da família, mas, devemos nos atentar que, todos os outros
direitos conquistados durante esses longos anos, foram obtidos pela coragem,
força e garra da mulher.
Sabemos que, em se
falando das afegãs, muito há de se evoluir, mas elas possuem a mesma essência
das mulheres brasileiras e que fazem, infelizmente, parte de uma nação dominada
por homens violentos, que usam de sua religião para matar, coagir, agredir de todas
as formas a mulher e sua família.
Hoje, as mulheres
brasileiras podem sair às ruas, mostrar seu rosto e seu corpo, trabalhar,
estudar, ter ou não uma família, casar ou não casar, namorar ou não namorar e
determinar sua opção sexual, mas começaram a conquistar esses direitos somente
com a coragem que sempre esteve com elas e sem qualquer ajuda
governamental.
Como no Brasil, talvez o
primeiro passo seja começar por elas mesmas, pedir socorro por elas mesmas,
enfrentar o que se imagina que não se pode enfrentar por elas mesmas, assim
como no Brasil e, por elas, sua família e sua nação, começar a construir um
novo mundo.
O mundo parou para ver
as mulheres afegãs, mais uma vez, darem a volta por cima e, com a ajuda que as
mulheres brasileiras não tiveram, o mundo estende as mãos e se compadece da
terrível situação e nós, brasileiras, dizemos para vocês: o mundo está ao lado
de vocês e vocês podem, através da coragem e do amor, voltar a ter todos os
direitos conquistados.
Não basta somente rezar
pelas afegãs, nós, mulheres, precisamos agir, como se fossemos uma só, em
defesa da nossa classe e da nossa essência.
Dra. Catia Sturari -
advogada especializada em Direito de Família, atuando há 12 anos na área.
Formada pela IMES (Hj, USCS), em São Caetano do Sul, atualmente cursa
pós-graduação em Direito de Família pela EBRADI. Condutora do programa Papo de
Quinta, no Instagram, voltado às questões que envolve o Direito de Família,
também é palestrante em instituições de ensino e empresas e é conhecida pela
leveza em conduzir temas difíceis de aceitar e entender no ramo do Direito de
Família.
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