Mesmo proibido
no Brasil, eles são bastante usados pelos jovens e merecem alerta neste Dia
Nacional de Combate ao Fumo
Depois de anos de lutas e vitórias contra o
tabagismo, eis que esse vilão da saúde ressurge com uma nova embalagem, mais
moderna, envolvente e com uma variedade de modelos: o cigarro eletrônico,
também conhecido como vape. Inalado por meio de vapor, e não fumaça, não deixa
odor em seus usuários. Com variedade de sabores, permite diferentes
experiências gustativas e vem conquistando os jovens. A Organização Mundial da
Saúde (OMS) calcula que o número de usuários desses aparelhos saltou de 7
milhões em 2011 para 41 milhões em 2019, um crescimento de 485%. No Brasil,
vender, importar e fazer propaganda de cigarro eletrônico é proibido pela
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. Apesar disso, os
aparelhos são facilmente encontrados pela internet, no comércio informal e
podem ainda ser adquiridos no exterior para uso pessoal.
No próximo domingo, 29 de agosto, é o Dia
Nacional de Combate ao Fumo, que também serve de alerta para os vapes, que vem
sendo muito difundidos pelas redes sociais e até por influenciadores.
Basicamente, os aparelhos são compostos por uma mecha que absorve o líquido
presente no vaporizador que, então, é aquecido pelo atomizador conforme o
usuário traga. A pneumologista Fernanda Miranda de Oliveira, que atende no
centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, afirma que percebeu um aumento do
uso desses dispositivos nos últimos anos e alerta para os riscos.
Muitos usuários afirmam que os vapes são menos
prejudiciais à saúde que os cigarros convencionais e os narguilés, até porque
os vaporizadores podem ser usados sem nicotina, mas a pneumologista ressalta
que a substância mais famosa do fumo não é a única que pode acarretar problemas
através do cigarro eletrônico. "Ele contém substâncias químicas
potencialmente tóxicas, como álcool benzílico, benzaldeído, vanilina, acroleína
e diacetil. Não temos dados suficientes sobre os riscos potenciais do e-cigarro
na saúde, mas a evidência até hoje indica que esses dispositivos não são uma
alternativa segura”.
Segundo a especialista, os vaporizadores atraem
muitos jovens. “Adolescentes que nunca experimentaram cigarros tradicionais
sentem-se atraídos pelos eletrônicos, que estão disponíveis em mais de 1500
sabores vaporizáveis. Por ser mais prático, ter uma aparência tecnológica,
atrativa e não causar aquele incômodo do cigarro tradicional – sobretudo pela
diferença de odor -, os eletrônicos passaram a ser socialmente aceitáveis em
diversos ambientes, principalmente em festas e eventos”, detalha a médica.
Doenças
Fernanda Miranda detalha ainda os problemas que o
uso dos aparelhos pode acarretar. “O organismo é exposto a uma variedade de
elementos químicos gerados de formas diferentes. A primeira é pelo dispositivo,
que possui nanopartículas de metal. Outra tem relação com o processo de
aquecimento ou vaporização, já que alguns produtos contidos no vapor desses
cigarros eletrônicos incluem carcinógenos conhecidos e substâncias citotóxicas,
potencialmente causadoras de doenças pulmonares e cardiovasculares”, diz.
O fato da fumaça produzida pelos vaporizadores
ter um cheiro agradável, que varia de acordo com a essência colocada, não a
abstem de causar males. “Ao contrário do que se pensa, o vapor emitido pelos
cigarros eletrônicos não contém apenas água, há altas concentrações de
nicotina, substâncias cancerígenas e até metais pesados que vazam das bobinas
de aquecimento. Estar próximo dessa fumaça pode irritar os olhos, a garganta e
os pulmões, agravar quadros de problemas respiratórios, além de não ser seguro
para o desenvolvimento de uma criança”, alerta a médica.
A pneumologista do Órion Complex ressalta que o
ideal é não entrar na onda dos vapes. “Apesar de conter menos substâncias
cancerígenas que os cigarros convencionais, o eletrônico, principalmente após o
uso prolongado, ainda apresenta riscos e não deve ser considerado uma opção
segura”, salienta. “O tabagismo é um dos principais fatores de risco evitáveis
e responsável por mortes, doenças e alto custo para o sistema de saúde, além da
diminuição da qualidade de vida do cidadão e da sociedade”, completa Fernanda
Miranda.
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