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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

A INFLUÊNCIA DO TABAGISTMO NO CÂNCER DE BEXIGA

Segundo Dr. Cesar Camara, “fumar é um dos fatores que causam a doença”

 

O câncer de bexiga é um tipo de tumor que atinge a mucosa da bexiga urinária em homens e mulheres. Existem basicamente 3 tipos de tumores que podem se desenvolver: os carcinomas uroteliais, que correspondem a mais de 90% dos casos, os tumores de células escamosas e os adenocarcinomas. 

Apesar de serem tumores graves se não tratados a tempo, muitos pacientes poder ser assintomáticos até um momento em que os esforços para a cura completa não surtem mais efeito. 

Nos Estados Unidos, aonde as estatísticas são mais consistentes, estima-se que surjam anualmente 70 mil novos casos, dos quais 30% demandarão tratamento radical da doença. A incidência - como a mortalidade - aumenta com a idade, sendo maior nos homens e nos tabagistas.

 

O que causa o Câncer de Bexiga? 

A causa do câncer de bexiga não é totalmente conhecida, mas a exposição a alguns fatores de risco é extremamente relevante e deve ser conhecida. 

O Tabagismo é um dos mais bem conhecidos desencadeadores dos tumores de bexiga. Aqueles que fumam tem chance quatro vezes maior em relação a quem não faz uso regular do tabaco. Quem para de fumar diminui o risco de desenvolvimento do tumor, mas nunca mais tem o risco de uma pessoa que nunca fumou. O tabagismo passivo também causa aumento de risco para esse tumor. 

Outros fatores incluem a exposição aos derivados do petróleo, alguns produtos químicos utilizados em corentes, produtos derivados da borracha, derivados do alumino e a exposição inadvertida ou programada a irradiação. 

Alguns estudos também sugerem que infecções crônicas da bexiga e uso prolongado de sonda vesical podem causar tumores da bexiga.

 

Quais são os sintomas do Câncer de Bexiga? 

Os sintomas iniciais do câncer de bexiga podem ser difíceis de identificar ou podem não aparecer, atrasando em muito o diagnóstico caso o paciente não esteja realizando seus exames rotineiramente. Um dos sintomas que mais chama a atenção dos médicos e pacientes é a presença de sangue na urina, mas outros como dor ao urinar, ardência uretral e aumento repentino da frequência urinária, devem ser levados em consideração. 

Outros sintomas como dor óssea, fraqueza e mal-estar estão mais relacionados a doença avançada, pouco contribuído para o diagnóstico precoce da doença.

 

Como fazer o Diagnóstico? 

O diagnóstico dessa condição é feito de muitas maneiras e inclui a realização de exames de urina específicos para diagnóstico de câncer (citologia oncótica da urina), ultrassonografia, cistoscopia com microcâmera para complementar os estudos de imagem e tomografia e/ou ressonância magnética. Em alguns casos a realização de um moderno exame chamado de PET-CT pode ser indicada para avaliação global do paciente.

 

O que é feito após confirmação do diagnóstico? 

Quando o médico tem certeza da existência de um tumor no interior da bexiga, ou mesmo quando há fortes indícios, será necessário um procedimento ressecá-lo da bexiga. Esse procedimento é feito através de microcâmeras e dispensa cortes e com ele o tumor é extraído e o leito onde estava localizado na bexiga é biopsiado. 

Com essas informações será possível entendermos o tipo histológico da lesão e avaliarmos a profundidade com a qual a lesão atingiu a bexiga. 

A avaliação dessa profundidade é importantíssima, pois classificará o tumor em estágios e em conjunto com a avaliação do tipo histológico do tumor irá determinar o tratamento: 

•           1ª situação: com a extração da lesão se constata ausência de invasão profunda e tumor pouco agressivo. O paciente foi curado dessa lesão.

•           2ª situação: a análise demonstra múltiplos tumores ou tumor muito agressivo, mas sem invasão profunda. O paciente poderá necessitar de tratamento com aplicações de substâncias imunogênicas no interior da bexiga – o BCG na maior parte dos casos.

•           3ª situação: existe comprometimento profundo da bexiga. O paciente precisará de tratamento radical com cirurgia para ser curado. Também existe a possibilidade de quimioterapia associada a radioterapia, mas com índices reduzidos de cura. 

Após o diagnóstico e tratamento de uma lesão pequena e pouco agressiva, o paciente deve lembrar-se que ficou curado dessa lesão em particular, mas que sua bexiga poderá desenvolver outros tumores. Isso implica em um seguimento vigilante por muitos anos e que não deve ser deixado de lado.

 

Como é a Cirurgia? 

A cirurgia de câncer de bexiga pode incluir:

 

1.         Ressecção transuretral da bexiga (RTU de bexiga): a lesão da bexiga é removida pela uretra sem necessidade de cortes e o leito onde se encontrava é biopsiado.


2.         Remoção parcial ou completa da bexiga: algumas pessoas com câncer de bexiga cuja lesão atingiu os níveis mais profundos podem precisar extrair a bexiga (cistectomia radical). Nessa situação, protocolos científicos mais modernos, podem demandar quimioterapia pré ou pós cirurgia com o intuito de aumento da sobrevida. Em algumas situações especiais, apenas uma parte da bexiga pode ser removida. 

A retirada da bexiga (cistectomia radical) juntamente com a próstata e vesículas seminais no homem e útero, ovários e parede vaginal anterior na mulher, acompanhados da retirada de linfonodos pélvicos, é o tratamento padrão, proporcionando sobrevida de até 85% em 5-10 anos se não houver metástases e de 35% se os linfonodos estiverem acometidos. 

A reconstrução urinária é realizada no mesmo momento da cirurgia radical e pode ser feita a neobexiga ortotópica (para a uretra), heterotópica (para a pele) ou conduto ileal de Bricker(também para a pele), dependendo do estado geral do paciente e acometimento ou não da uretra. 

A reconstrução mais frequentemente utilizada é a neobexiga, feita com uma parte do intestino que é novamente conectado a uretra do paciente, sem a necessidade da permanência de bolsas coletoras. A cirurgia é realizada pela via aberta, mas com o crescimento da cirurgia robótica, também é possível fazer o procedimento com o auxilio dessa tecnologia.

 

Existem medidas preventivas? 

Sim, existem. Pare de fumar imediatamente. Parar de fumar reduz o risco entre 30% e 60%. Ele nunca volta a ser como o de quem nunca fumou, mas quanto mais tempo sem fumar, menor a chance de tumor. 

Evite exposição às substancias carcinogênicas (vide acima). 

Há alguma evidência de que dietas muito ricas em gordura e colesterol aumentam o risco de câncer de bexiga, evite essas dietas. 

Evite o uso crônico de cateteres de drenagem da urina na bexiga (sondas vesicais).

 

 

Dr. Cesar Camara - formado em medicina pela USP com especialização em Cirurgia Geral e Urologia pela mesma instituição e atua no Hospital das Clínicas da USP, em São Paulo.

 

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