Cinquenta e dois anos depois do motim de Stonewall, na cidade de Nova York, no qual a comunidade LGBTQIA+ e aliados se uniram contra a brutalidade policial, hoje, a luta contra a discriminação ainda existe, mas enfrenta desafios diferentes.
Como
um colega disse, "mais do que lembrar de toda a história do LGBTQIA+ no
mês do Orgulho, é importante trazer a discussão para a mesa. Reconhecer esta
comunidade durante todo o ano é necessário, mas evidenciar com mais força e
publicamente neste período é uma questão de ativismo político e defesa dos
direitos humanos". A luta por isso está enraizada no DNA do Orgulho e,
embora gostaríamos que não fosse necessário, ainda há muito o que fazer, e isto
vai muito além do mês de junho. A exclusão e a discriminação sempre levam à
violência e resulta em menos oportunidades e desenvolvimento econômico das
pessoas da comunidade.
Há
mais de um ano em que o mundo segue combatendo uma pandemia, as pessoas
procuram por empatia mais do que nunca em suas atividades, ambiente de trabalho
e nas marcas das quais consomem. O relatório CX Trends 2021 apontou
que 72% dos latinoamericanos querem comprar de empresas que priorizam a
diversidade, equidade e inclusão. O mundo pós-pandemia precisa se tornar um
lugar de apoio, aceitação e respeito.
Um
pilar importante para alcançar isso é a inclusão nos locais de trabalho. Um
ambiente acolhedor permite que os funcionários possam ser quem realmente são,
sem precisarem se definir ou encaixar em um modelo. Todos são dignos de
respeito e ninguém é obrigado a revelar seu gênero ou orientação sexual para
ser tratado com respeito. E para os membros da comunidade LGBTQIA+ estarem
representados é preciso entender a diferença entre a diversidade,
inclusão e equidade. Esses conceitos são
complementares, uma vez que um não existe sem o outro.
Você
quer dançar?
Ouvi
uma vez que "Diversidade é quando te convidam a uma festa e inclusão é
quando te chamam para dançar". É uma das maneiras de compreender isso. A
mudança começa com a diversidade, mas ela por si só não tem o valor de que
precisamos. É preciso que esteja acompanhada pela inclusão, onde a participação
não seja um empecilho por motivo de preconceitos. Já a equidade é ter a certeza
do seu valor e sentir-se seguro de que as oportunidades de crescimento são
iguais para todos.
Esses
três pontos devem ser abraçados pela cultura da empresa para assegurar que
todos, com seus diferentes perfis, experiências, idades, orientação sexual,
entre outras diferenças, tenham os mesmos desafios. Isso resultará em um local
de trabalho mais justo, facilitando a retenção de talentos e fidelidade dos
funcionários.
A
verdade é que uma força de trabalho diversa é a espinha dorsal do crescimento
econômico de uma corporação, que fomentará criatividade. Afinal, todos se
sentem melhor em locais acolhedores e positivos, onde os LGBTQIA+ podem ser
estruturalmente, profissionalmente e pessoalmente suportados e, o mais
importante, seguros em ser eles mesmos.
As
empresas que hoje contam com uma cultura diversa e inclusiva são capazes de
atrair melhores talentos e gerar um clima mais saudável para os colaboradores,
segundo o estudo da McKinsey. Essas
organizações também têm mais chances de incrementar o lucro, sendo que
nos últimos cinco anos, essas probabilidades aumentaram. Portanto, não há
desculpas.
"Walk
the talk"
Os
líderes empresariais precisam se posicionar. Uma empresa que se diz
"aliada" deve fazer tudo o que pode para garantir um espaço seguro
para seus funcionários. E isso pode começar com o estabelecimento de objetivos
corporativos claros, criação de programas específicos para a comunidade,
treinamentos internos para gerar conscientização sobre o tema, círculos de
empatia, entre outras formas. Assim, as pessoas poderão dar o seu melhor no
trabalho.
Parte
da função em ser um aliado é aceitar as diferenças e acompanhar as mudanças. É
reconhecer os nossos próprios privilégios para saber usá-los a favor da
comunidade. Nem sempre é possível saber o que acontece com o outro, os desafios
que enfrentam. Por isso, a melhor postura é sempre ter humildade e perguntar
como é possível ajudar. E se não tiver certeza com quais pronomes a pessoa se
identifica, pergunte também. Garanto que é mais educado do que tentar
adivinhar.
É verdade que a situação hoje em dia
coloca à prova a inclusão, mas a convicção de que os direitos são inerentes a
todas as pessoas permanece acima de tudo. Ainda temos um longo caminho a
percorrer para que um dia não seja necessário falar sobre isso, que seja
natural em nossas vidas. Este é o meu sonho, e acredito que também o de muitos
outros que ainda sentem que precisam se justificar.
Maíra
Gracini - diretora sênior de Marketing da Zendesk para a América Latina
Nenhum comentário:
Postar um comentário