Apesar de todo o zelo e afeto que sente por seus filhos, toda mãe
crê que poderia ser melhor ou ainda fazer mais por eles. No geral, para
minimizar o sentimento de culpa, elas querem fazê-los felizes, bem-sucedidos e
serem capazes de livrar-lhes de todo o mal do mundo.
E é a partir daí, com as
melhores intenções, que começam a errar. “Muitas mães, culpadas pela
falta de tempo, pela dificuldade em dialogar ou em demonstrar carinho, entre
tantas outras possíveis razões, acabam por recorrer aos mimos como forma de
compensação. Sentem que erraram, que deixaram a desejar e, em vez de rever o
próprio comportamento, tentam corrigir a situação. Às vezes, com presentes e
bens materiais. Outras, com permissividade ou ‘quebras de regras’. E quanto
maior a culpa, maior a ‘troca’ a que recorrem para amenizá-la”, destaca Heloisa
Capelas, terapeuta familiar, autora do livro O Mapa da Felicidade.
As mães, assim como os pais, estão tão preocupadas hoje
em facilitar a vida dos filhos e de fazê-los felizes, que se esquecem de impor
regras importantes. “O melhor que poderiam dar aos filhos são limites e valores
para torná-los jovens e adultos capazes de superar os desafios da vida em
primeiro lugar. Não que isso os impeça de transgredir vez ou outra. Eles vão se
arriscar porque vão crescer e faz parte da natureza humana, mas aprenderão por
conta própria e isso evitará que se tornem pessoas ‘birrentas’ ou mimadas,
acostumadas a que tudo seja apenas do jeito delas”, completa Heloísa Capelas.
Vale
lembrar que as crianças são espelhos de mães e pais, elas os amam de maneira
incondicional. “O poder que temos de influência em nossos filhos é maior que
qualquer pessoa, maior que a babá, maior que os professores, maior que os avós,
mas nos esquecemos disso.”
Porém,
para influenciar os filhos da melhor maneira, as mães precisam estar muito
equilibradas, com sua autoestima garantida. Assim, elas terão segurança de
educar seus filhos, dizer-lhes o que é certo e o que
é errado. Além disso, se desejam conhecer, aproximar-se,
entender ou simplesmente amar os próprios filhos precisam, antes, fazer tudo
isso por elas mesmas. E apenas quando tiverem verdadeira consciência de quem
são é que saberão olhar para os filhos com a honestidade necessária. Quando a
criança ou o jovem erra, os pais olham apenas para o que ele fez de errado, mas
na verdade deveriam se olhar primeiro e ver o que eles transmitiram de errado
para os filhos ou o que esqueceram de ensinar. “Com frequência, ouço
reclamações como: ‘meu filho não tem disciplina’; ‘meu filho não é
comprometido’; ‘meu filho só me cobra presentes e bens materiais’, entre tantas
outras. E eu pergunto: com quem ele aprendeu esse comportamento? Certamente,
com os próprios pais ou pais substitutos (cuidadores)”, esclarece Heloísa.
Por
esse motivo, a partir de agora, pense em se dar o melhor dos presentes: o
cuidado de si mesma. Isso influenciará a todos que estão a sua volta,
especialmente seus filhos. “Seus filhos lhe vêem estimulada? Com o quê? Quando
fala do seu trabalho, qual é a história que você conta para eles? Você é
apaixonada pelo que faz? Dedica-se muito ao trabalho para ter dinheiro? Qual
seu propósito na vida? Qual sua grande paixão? Você tem um hobby? Você se
alimenta adequadamente, pratica exercícios, é comprometida com sua saúde? Tem
tempo para o lazer? Percebe por que tudo isso é tão importante? Os exemplos,
bons ou ruins, vêm de casa. Então, tudo o que você mostra e pratica é o que
eles recebem e assimilam como valor, como crença, como princípio”.
Finalmente, é com equilíbrio, bom senso,
persistência e conhecimento dos seus próprios valores que você terá a segurança
para trilhar o melhor dos caminhos ao lado do seu filho, da sua família. Pois
uma mãe só poderá ensinar o melhor para seus filhos, se fizer o melhor por ela
em primeiro lugar.
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