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segunda-feira, 18 de maio de 2020

"A importância do sexo virtual e da masturbação em tempos de isolamento social", por Andréa Ladislau, psicanalista


Vários são os impactos psicológicos causados por uma pandemia na mente humana. O confinamento caracterizado pela quarentena trouxe muitas mudanças de rotina, várias restrições de contato social e físico, bem como uma angústia que tem afetado e alterado ainda mais os nossos hábitos. Surge, então, a necessidade da busca e descoberta de novas formas de se relacionar e de praticar atividades sexuais seguras.

A sexualidade é uma fonte de prazer de extrema importância para a humanidade. O alívio das tensões se dá pois o orgasmo é uma espécie de descarga que libera substâncias como a endorfina, serotonina, dopamina e ocitocina. Cada uma delas provoca estímulos diferentes em nosso corpo, proporcionando diversos benefícios. Estimulado, o cérebro reage com sensações de bem-estar, de conforto e melhoria do estado de humor através de uma elevada produção hormonal e, consequentemente, alcançando o tão desejado relaxamento e trazendo o alívio da tensão causada pela quarentena. Além disso, podemos perceber uma melhora no poder de movimento, na atenção e na memória. Ganhos psíquicos adquiridos através do sexo que também contribuem para a ampliação da visão, da audição e do aumento das células de defesa, auxiliando, assim, no aumento da imunidade. 

Em meio ao isolamento social, alguns solteiros ou casais que estão cumprindo a quarentena separados estão recorrendo à masturbação, ao sexo virtual ou ao “sexting” (trocas de mensagens sexuais) como maneiras de contenção da abstinência sexual. Por sermos seres afetuosos, a privação de atividades prazerosas, dos contatos físicos e a repressão do tesão tendem a aumentar a sensação de solidão, abalando a auto estima e fragilizando as concepções afetivas do indivíduo. 

A solução pode estar nessa exploração do prazer individual  - que não nos coloca em risco de contaminação pelo vírus COVID-19 e ainda ajuda a aliviar a tensão momentânea, uma vez que a energia sexual exercida sem culpa e sem tabus contribui para uma mudança crescente de nossa visão da intimidade. A materialização dos desejos e fantasias através da utilização de ferramentas tecnológicas ou da descoberta individual de seu corpo e de suas sensações não apresenta qualquer contraindicação. Mas devemos ter a plena consciência de que nada supera o calor e o contato humano. Além disso, o sexo virtual requer precaução e segurança no ambiente da internet.  

A restrição atual dos contatos classifica a masturbação e o sexo on line como sendo os mais seguros possíveis dentro da realidade que estamos vivendo. São opções que descomplicam a forma de se relacionar à distância. Ajudando a não surtar, aumentando a auto estima e estimulando o autoconhecimento do corpo e de suas emoções. Porém não se pode transformar esse prazer solitário em sua forma única de relacionamento, eliminando a possibilidade de se obter prazer através do contato físico com o outro. É muito importante não substituir 100% o contato real pelo virtual. Além disso, a prática compulsiva não é recomendada e devemos estar atentos ao fato de que todo e qualquer tipo de excesso pode ser prejudicial.

Portanto, em um momento de incertezas como o que estamos vivendo, a busca pelo relaxamento e a descarga da tensão são essenciais para aliviar o estresse, a angústia, as frustrações e a sensação de isolamento que a pandemia instalou em nosso mundo, alterando drasticamente o nosso cotidiano. Permita-se sentir desejo. Desejar e se sentir desejado, sem culpa. Explore fantasias e entenda o sexo como um mecanismo de auxílio de seu bem estar e de sua satisfação. Elimine os tabus e os preconceitos. Masturbe-se ou faça sexo virtual com consciência, cautela e responsabilidade. Descobrindo, assim, novas maneiras de vivência do prazer íntimo e pessoal. 







Dra. Andréa Ladislau -  Doutora em Psicanálise * Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de Ciências Sociais * Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde * Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social * Professora na Graduação em Psicanálise * Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói * Membro do Conselho de Comissão de Ética e Acompanhamento Profissional do Instituto Miesperanza * Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo. * Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.


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