O novo coronavirus já é uma pandemia.
Além do impacto humano, que é sem dúvidas o mais sensível e preocupante, esse
vírus também vem surtindo impactos altamente negativos para toda a economia
mundial. De acordo com um levantamento da empresa de seguros Allianz Euler
Hermes, do grupo Allianz, o prejuízo no comércio global de bens e serviços pode
chegar a 320 bilhões de dólares por trimestre. Somente com exportações, as
perdas devem somar 161 bilhões de dólares.
Segundo
o LearnBonds, site econômico norte-americano, o
novo coronavírus já é a epidemia mais cara do mundo. Mas esta não é a
primeira vez que a economia vive o impacto de epidemias globais, como a gripe
suína (H1N1), a Sars (síndrome respiratória aguda) e
a Mers (síndrome respiratória do Oriente Médio), que também deixaram prejuízos
bilionários. Com o fechamento de portos e medidas restritivas de circulação em
diversos países, os prazos de entregas em todo o mundo estão deixando de ser
cumpridos. Isso é prejudicial para importadores e exportadores, que se veem
diante de um cenário econômico caótico e imprevisível. Mas como é possível
evitar os prejuízos diante de iminentes quebras de contrato?
Podemos
pensar nessa discussão em três níveis de contrato. Geralmente, os acordos entre
empresas nacionais e internacionais são atrelados a cláusulas securitárias.
Isso, além do direito internacional, que determina uma série de regras
relativas ao transporte de produtos, irão orientar as empresas sobre as
consequências de um possível descumprimento de prazos e impossibilidade de
entregas. Contratos entre empresas nacionais obedecem às leis do país,
obviamente, e caso não possuam cláusulas semelhantes, prevendo possíveis
imprevistos, podem ser revistos para que atenda às expectativas de todas as
partes envolvidas.
Nesses
dois níveis, em casos de impossibilidade de cumprimento das obrigações, pode-se
alegar caso fortuito ou de força maior. Com esse mecanismo, exclui-se a
responsabilidade de cumprir contrato, por entender que existe um fator externo,
imprevisível e que está além do controle dos empresários.
Sem
dúvidas, descumprimentos de contrato com o consumidor são os que mais devem dar
dor de cabeça para as empresas. O Direito entende a pessoa física como o elo
mais frágil da relação contratual – e, por isso, age com maior zelo em relação
a ela. Se algum serviço deixar de ser oferecido por conta do
novo coronavírus, não há dúvidas de que as empresas deverão ressarcir o
consumidor.
De
modo geral, o momento é de cautela. Apesar do recente aumento no número de
casos, o Brasil não vive uma situação de calamidade como vista em outros
países, com restrição de circulação, por exemplo. Apesar da alegação de caso
fortuito e força maior serem previstos por lei, se muitas empresas descumprirem
contratos alegando o coronavírus como motivo, sem que os órgãos de saúde
nacionais tenham comprovado o agravamento da pandemia, os juízes podem entender
que o vírus não é motivo suficiente para a paralisação da operação e,
inclusive, multar as empresas se perceber que estão agindo de má fé ou mesmo
por excesso de zelo sem que fosse efetivamente necessário. Outro ponto importante é que a pandemia do
novo coronavírus era um evento imprevisto há cerca de um mês. Hoje,
já não cabe mais fechar um contrato e, depois, alegar que não sabia dos riscos.
Reafirmo,
a palavra da vez é cautela. Buscar as informações corretas sobre prevenção,
evitar aglomerações, e confiar que o sistema de saúde pública do Brasil é
referência no combate a esse tipo de caso. Devemos zelar pela saúde de todos,
mas agir com racionalidade para minimizar os impactos do novo coronavírus.
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