Mês de Luta
Internacional contra a Hanseníase
Considerada uma das doenças infectocontagiosas
mais antigas da humanidade, a hanseníase tem cura, mas ainda hoje
representa um problema de saúde pública no Brasil. Doença que está entre as que
mais acometem as populações negligenciadas, se manifesta principalmente por meio
de lesões na pele e sintomas neurológicos como dormências e diminuição de força
nas mãos e nos pés. É transmitida por um bacilo por meio do contato próximo e
prolongado entre as pessoas. Seu diagnóstico, tratamento e cura dependem de
exames clínicos minuciosos e, principalmente, da capacitação do médico. No
entanto, fica o alerta: quando descoberta e tratada tardiamente, a hanseníase
pode trazer deformidades e incapacidades físicas. No Brasil, o tratamento é
gratuito e oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os pacientes podem se
tratar em casa, com supervisão periódica nas unidades básicas de saúde.
Anualmente no Brasil, no mês de janeiro, são promovidas ações de
conscientização sobre a hanseníase para marcar o Dia Nacional de Combate e
Prevenção, lembrado no dia 31/01. Conhecido como Janeiro Roxo, a
iniciativa é apoiada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), por
intermédio do Departamento de Hanseníase. A iniciativa busca melhorar o
controle da doença por meio da disseminação de informações especializadas e
conscientização da população sobre sua gravidade, bem como a necessidade de
diagnóstico e tratamento precoces, contribuindo para a redução do preconceito
acerca da doença.
Os sinais da hanseníase são manchas claras,
róseas ou avermelhadas no corpo, geralmente com diminuição ou ausência de
sensibilidade ao calor, frio ou ao tato. Também podem ocorrer caroços na pele,
dormências, diminuição de força e inchaços nas mãos e nos pés, formigamentos ou
sensação de choque nos braços e nas pernas, entupimento nasal e problemas nos
olhos.
“O atendimento da doença é feito por equipes
multiprofissionais e o dermatologista tem um importante papel no diagnóstico e
tratamento. É responsável pela avaliação clínica do paciente, com aplicação de
testes de sensibilidade, avaliação e monitoramento da função dos nervos
periféricos. É um médico que está apto a fazer uma biópsia ou pedir exames
laboratoriais, caso evidencie alguma lesão suspeita no paciente”, explica a
médica dermatologista Sandra Durães, coordenadora da Campanha Nacional de
Hanseníase da SBD.
Novos casos de Hanseníase no Brasil – Dados
Ministério da Saúde (2018)
O Brasil vem se mantendo em segundo lugar
mundial no número de casos novos de hanseníase diagnosticados anualmente, sendo
superado apenas pela Índia. De acordo com os últimos dados do Ministério
da Saúde (2018), no Brasil, foram detectados 26.657 casos novos.
Entretanto, há uma heterogeneidade dos números nas regiões do país. Os estados do Mato Grosso, Maranhão,
Pará, Tocantins e Piauí estão no ranking dos estados com maior detecção da
doença.
A transmissão da hanseníase ocorre pela
respiração e a partir do contato com pacientes ainda não tratados. Em tese,
todas as pessoas estão expostas, no entanto, a maioria das pessoas possui uma
resistência natural e não adoece mesmo quando entram em contato com o bacilo.
Os grupos de maior risco são familiares e pessoas próximas de pacientes. Dessa
forma, como parte das ações de controle, todos os indivíduos que mantêm
contatos próximos com os pacientes devem ser examinados visando ao diagnóstico
precoce.
“Apesar de ser uma doença manifestada na pele,
a transmissão acontece por pequenas gotas de secreção que saem na respiração,
do paciente, sem tratamento. Ao penetrar no organismo, a bactéria inicia uma
luta com o sistema de defesa do paciente. O período em que a doença pode ficar
escondida no organismo é prolongado, e pode variar de dois a sete anos”,
explica o médico dermatologista da Diretoria da SBD, Dr. Egon Daxbacher.
A doença acometeu a humanidade por centenas de anos sem que houvesse
tratamento, o que provocou muita discriminação e isolamento dos pacientes. No
entanto, atualmente existem antibióticos bastante eficazes contra a
hanseníase, que pode ser tratada e curada, sem que o paciente precise se
afastar da sua rotina. Quanto mais rápido o paciente iniciar o tratamento adequado,
mais rapidamente a doença deixa de ser transmissível e menor as chances de
surgirem incapacidades físicas. Por isso, é muito importante a conscientização
da população e dos profissionais de saúde visando ao reconhecimento rápido e do
maior número de casos precoces da doença. A terapia atual é feita entre seis a doze meses a base de
medicamentos.
A SBD tem participado
ativamente das atividades promovidas pelo Ministério da Saúde quanto à adoção
de um novo esquema terapêutico, reafirmando seu compromisso em auxiliar no controle da hanseníase no
Brasil. “Estamos no caminho certo para
transformar essa realidade. Mas sabemos que ainda temos muito trabalho pela
frente no enfrentamento dessa doença”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira
de Dermatologia (SBD), Sergio Palma.
Entenda mais sobre a falta de sensibilidade dos
pacientes com hanseníase
Simples situações do dia a dia podem se tornar um
transtorno para pacientes com hanseníase. A doença causa falta de sensibilidade
nas extremidades do corpo, provocando dormência e problemas secundários como
queimaduras, cortes, machucados e bolhas. Assista ao vídeo e conheça possíveis
consequências dos sintomas da hanseníase: https://bit.ly/38JUKs5.
Ao suspeitar dos
sintomas, procure uma unidade de saúde da família mais próxima ou um
dermatologista nas unidades de saúde do SUS e, também, no site da Sociedade
Brasileira de Dermatologia.
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