Anúncios recentes do fechamento de multinacionais farmacêuticas no Brasil, que
planejam investir na produção de medicamentos mais inovadores ao invés da
produção em escala de produtos considerados mais simples e baratos, alertam
para um problema que a área da saúde enfrenta no país: falta de incentivo do
governo. Os altos impostos para os trabalhos de pesquisa e desenvolvimento de
drogas inovadoras recolhidos pelo governo brasileiro das multinacionais,
tornando a produção extremamente onerosa e inviabilizando o processo, está
entre a principal razão para a fuga dessas indústrias para países onde o custo
é bem menor.
A atual situação expõe um problema que se arrasta há tempos. O Brasil passa por um longo período de crise na saúde pública, falta iniciativas capazes de gerar saltos de qualidade na sua gestão. É urgente nossos governantes buscarem meios de aprimorá-la e otimizar os recursos dispensados para a área, promovendo uma reforma da estrutura do financiamento do sistema para que se alcance a necessária universalização do atendimento e da qualidade dos serviços de saúde prestados à população.
É indispensável que se aumente a capacidade do investimento estatal, mas o investimento público pode e deve estar acompanhado da iniciativa privada. Para isso, é necessário que sejam criados atrativos para tal. Esse quesito, há tempos, deveria fazer parte de qualquer programa de governo. É necessário que se pense, por exemplo, em um modelo de incentivo fiscal às empresas que queiram oferecer benefícios de custeio das prescrições médicas a seus colaboradores e dependentes, para garantir a possibilidade de um tratamento adequado.
Segundo dados da PNAD – Pesquisa Nacional do Amostra de Domicílios, do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a maior despesa das famílias brasileiras em saúde é com acesso a medicamentos. De acordo com o órgão, os gastos com farmácia se aproximam de 80% dos gastos com saúde. Infelizmente, a falta de condição em custear o remédio prescrito pelo especialista muitas vezes leva a pessoa a interromper o tratamento. Além de colocar a própria vida em risco, essa situação agrava ainda mais os custos que se tem com os cuidados com a saúde.
Para melhorar o quadro da saúde no Brasil basta uma boa gestão. Mas, principalmente, da boa vontade dos nossos governantes.
Presidente da PBMA – Associação Brasileira das Empresas Operadoras de PBM (Programa de Benefício em Medicamentos), formada pelas empresas ePharma, Funcional, Orizon e Vidalink
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