As duas teorias educacionais que
mais marcaram o século XX foram o Construtivismo e o Construcionismo. Esses
importantes modelos guiaram a formação de mestres e, consequentemente, todo o
formato de aprendizagem de quem foi criança de 1920 até provavelmente os dias
de hoje. Contudo, o mundo viveu e ainda vive grandes transformações, o que
requer adaptações nos sistemas de ensino, em especial para aqueles que já
cresceram e agora são desafiados diariamente com situações totalmente novas e
inusitadas no mercado de trabalho. É hora de ressignificar a educação.
O Construtivismo foi desenvolvido por Jean Piaget, um
renomado psicólogo da época. Esse conceito pressupõe que é preciso considerar os interesses e habilidades das crianças para atingir metas
educacionais específicas em diferentes idades. Ele aborda a maneira como
as crianças se envolvem em diferentes tarefas e como elas vão mudando com o passar
do tempo. O profissional acreditava que as crianças estão sempre mudando à
medida em que interagem com os outros e adquirem novas experiências.
Segundo Piaget, a criança interpreta o que está
sendo ensinado com base em suas vivências. Ele notou ainda que o conhecimento
que a criança adquire através do ensino não é apenas informação que está sendo
comunicada. Ela tem de ser experimentada. As crianças não mudam seus pontos de
vista só porque elas estão sendo ensinadas. Trata-se de um processo indireto, onde
a educação formal é apenas parte de um todo.
Já o Construcionismo foi desenvolvido por Seymour Papert, baseado na teoria de Piaget. Contudo,
ao contrário do Construtivismo, Papert acreditava que a atenção é dada à forma de aprendizado. Isto também é referido
como a arte de aprendizagem. O estudioso estava interessado em
analisar a conversa entre o aprendizado e os artefatos, o que levou à
aprendizagem auto-dirigida. Sua teoria é considerada como mais ampla e consiste
em um foco maior do que o Construtivismo.
Papert acreditava que a expressão de sentimentos
individuais é vital, pois permite que eles sejam compartilhados. De acordo com
ele, isso influencia o processo de auto-aprendizagem do aluno, já que o
conhecimento se baseia em contextos. Isso nos permite compreender a formação e
transformação de ideias em diferentes contextos. Assim, percebe-se que o
Construcionismo incide sobre o contexto e as diferenças individuais.
Em linhas gerais, o Construtivismo destaca os
interesses e habilidades das crianças para atingir metas educacionais
específicas em diferentes idades. Enquanto isso, o Construcionismo centra-se na
forma de aprendizagem. No Construtivismo, atenção é dada às habilidades de
crianças em diferentes estágios de desenvolvimento. No Construcionismo, atenção
é dada à aprendizagem individual. No entanto, Piaget
e Papert, acreditavam que o conhecimento é criado pela criança no processo
ativo de interagir com o mundo à sua volta.
Sabendo disso, na década de 70, Papert desenvolveu uma linguagem de programação de computadores chamada Logo, que permitia às crianças usarem a matemática para criarem imagens, animações, música, jogos e simuladores no computador. Na década de 80, membros de sua equipe no M.I.T - Massachusetts Institute of Technology, desenvolveram o Lego TC Logo, que combinava a linguagem da computação com os famosos blocos de montar. Depois de observar as crianças utilizando esse material, o estudioso afirmou que “a melhor aprendizagem não virá apenas de encontrar as melhores formas de ensino por parte dos professores, mas também de dar a quem aprende as melhores oportunidades de construir”.
Anos mais tarde, em 1996, a LEGO Company desenvolveu a metodologia Lego Serious Play (LSP). Na época, a empresa estava perdendo mercado devido ao avanço dos jogos eletrônicos e precisava de um novo processo estratégico. Na busca por alternativas, a empresa descobriu que poderia usar as peças como uma ferramenta para abordar os problemas organizacionais. Desde então as técnicas e formas de aplicação tem sido usadas ao redor do mundo e estão conquistando cada dia mais empresas.
A LSP está ressignificando o modo como adultos aprendem e trabalham. Por meio dessa técnica, empresas de vários portes e segmentos estão descobrindo novas formas de se relacionar com o cliente, construir mercados, cadeias de consumo, otimizar processos e principalmente inovar. Essas teorias e sistemas educacionais foram evoluindo com o tempo e, hoje apresentam soluções muito mais alinhadas com as necessidades de aprendizado, em especial dos adultos, que já deixaram os bancos escolares há algum tempo. O método se baseia na ideia de jogar, imaginar e construir, onde se traz o teórico para o real, sem custos altos e dando liberdade para o compartilhamento de ideias. Sem dúvida, vale a pena experimentar.
Julio Cesar da Costa -
co-fundador da Think Market e facilitador do Lego Serious Play no Brasil.
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