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quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Mundo pensa ser mais intolerante e infeliz do que realmente é, aponta pesquisa Ipsos em 40 países




Brasil é o sexto em ranking "Índice da Ignorância", sobre distorção entre percepção e realidade, atrás de Índia (1º), China (2º), Taiwan (3º), África do Sul (4º) e EUA (5º)


Para entender o quanto a pessoas conhecem da realidade social em que estão inseridas, a Ipsos entrevistou 27,5 mil pessoas em 40 países, incluindo o Brasil, entre 22 de setembro e 6 de novembro. A pesquisa “Os Perigos da Percepção” revelou que a maioria dos países pesquisados acredita que a população mulçumana é maior do que realmente é. Além disso, acham que essa população vem crescendo num ritmo mais acelerado do que de fato vem. Todos os países pensam que sua população é menos feliz do que afirma ser. A maioria dos países aceita melhor homossexualidade, aborto e sexo antes do casamento do que imaginam. Em relação à desigualdade social, eles acham que as riquezas são menos concentradas do que realmente são.

O Brasil é o sexto país no ranking “Índice da Ignorância", sobre distorção entre percepção e realidade, atrás de Índia (1º), China (2º), Taiwan (3º), África do Sul (4º) e EUA (5º). Holanda, Grã-Bretanha, Coreia do Sul, República Tcheca e Malásia, respectivamente, estão em outro extremo, com as opiniões mais precisas sobre os dados de seus países.

O ranking “Índice de Ignorância” é formado a partir da média computada dos resultados do estudo Ipsos – “Perigos da Percepção”. Por resultado, a empresa de pesquisa entende a diferença entre as respostas fornecidas pelos entrevistados do estudo (percepções) e os dados oficiais de cada país (realidade). Quanto maior a diferença entre percepção e realidade, pior é a classificação do país. Todas as questões têm o mesmo peso.

A pesquisa revela que há problemas sérios com percepções erradas em vários países. Na França, os entrevistados acham que 31% da população é muçulmana, quando é apenas 7,5%. E os franceses pensam que 40% de sua população será muçulmana até 2020, quando as estimativas indicam que será cerca de 8,3%. Os entrevistados brasileiros também acham que o país tem uma população mulçumana muito maior do que realmente tem. Atualmente, menos de 0,01% da população no país segue a religião de Alah, mas a percepção é de que são 12%.

Distribuição de renda também foi um tema que mostrou grande divergência entre percepção e realidade. Na Índia, os respondentes pensam que 70% dos mais pobres possuem 39% da riqueza nacional, quando, na verdade, possuem apenas 10%. Os americanos acham que os 70% mais pobres possuem 28% da riqueza do país, quando é, na realidade, ainda menor do que a Índia, com apenas 7%. Os brasileiros, por sua vez, acham que os 70% mais pobres possuem 24% da riqueza do país, mas na realidade só possuem 9%.

“Uma leitura geral da pesquisa mostra um mundo (e particularmente o ocidental) mais cheio de medo e intolerância do que é justificado pelas realidades. É muito 2016. A pesquisa também reforça o porquê de "pós-verdade" ser a palavra do ano. A pós-verdade é definida por Oxford Dictionaries como circunstâncias em que fatos objetivos são menos influentes na formação da opinião pública do que apelos à emoção e crença pessoal. E esta é exatamente a explicação para muitos dos padrões que vemos em nosso estudo”, analisa Bobby Duffy, diretor da Ipsos Mori, unidade da Ipsos no Reino Unido e responsável pelo levantamento “Perigos da Percepção”.

A pesquisa mostrou que as pessoas pensam que a população de seus países são mais infelizes e intolerantes à diferença do que realmente relatam. Em média, os entrevistados responderam que apenas 40% dos brasileiros estão felizes, mas o número correto é 92%. Em todos os países, o resultado foi discrepante. A maior diferença foi na Coreia do Sul, onde os respondentes pensam que 24% é feliz, quando o número é 90%. A menor, no Canadá, onde pensam que 60% da população é feliz, quando, na verdade, 87% se declaram felizes.

Os brasileiros superestimam também o número de pessoas no país que acham a homossexualidade moralmente inaceitável (51%), quando muito menos pensam assim (39%). Na Indonésia, país mais intolerante ao tema, o número é subestimado: pensam que o número é 79%, mas na verdade é 93%.

Da mesma forma, os brasileiros superestimam a preocupação com o sexo antes do casamento no Brasil. Não casar virgem é considerado moralmente inaceitável por 35% da população, mas os entrevistados pensam que esse número é 43%.
Já em relação ao aborto, acontece o fenomeno oposto: os brasileiros que responderam à pesquisa pensam que 61% consideram a interrupção da gravidez inaceitável, mas na realidade o número é 79%.

A pesquisa “Perigos da Percepção” foi realizada em 40 países. A metodologia de painel online da Ipsos foi utilizada na: Alemanha, África do Sul, Argentina, Austrália, Bélgica, Brasil, Canadá, Cingapura, Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Filipinas, Grã-Bretanha, Hong Kong, Hungria, Índia, Indonésia, Israel, Itália, Japão, Malásia, México, Peru, Polônia, Rússia, Suécia, Taiwan, Tailândia, Turquia e Vietnã. Holanda, Montenegro, Noruega, República Tcheca e Sérvia utilizaram metodologia online e entrevistas pessoais. As respostas sobre percepção foram comparadas com dados de diversas fontes, incluindo: The World Values Survey (http://www.worldvaluessurvey.org/wvs.jsp) e Pew Research Center (http://www.pewresearch.org/). A lista completa das fontes está disponível em: http://perils.ipsos.com/.





Ipsos






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