Ronaldo
Fenômeno: "tem que baixar o cacete mesmo"
"A população
tem de protestar sem violência. Nos vândalos, mascarados, tem de baixar o
cacete mesmo". Essa declaração do nosso ídolo Ronaldo Fenômeno foi
impactante. Para nós, professores e educadores, é chocante ver nossos ídolos
estimularem a cultura da violência. Numa sociedade de massas o efeito desse
estímulo é brutal (porque se reproduz). Caminhamos para o desastre total.
Contra os vândalos, que tiraram a classe média das manifestações (por medo),
temos que tomar medidas preventivas para evitar a violência, como a Polícia
Ninja fez (com grande êxito, diga-se de passagem); depois de tomadas todas as
medidas preventivas (as que cuidam da preservação da vida), vêm as medidas
repressivas, dentro da lei (sem abusos, sem excessos). O "baixar o
cacete" reproduz a ideologia da violência, espelhada na musicalidade de
Valesca Popozuda: "É tiro, porrada e bomba". Claro que muita gente
apoia esse tipo de comportamento hostil, violento. É que a violência está
dentro de cada um de nós (ver o livro Somos una especie violenta?,
coordenação de David Bueno) e ela aumenta ou diminui conforme a cultura e a
sociedade que vivemos e criamos.
A parábola O
verdadeiro poder nos ensina muita coisa: "Havia um guerreiro e
justiceiro muito violento e cruel, como Calígula, que subjugava e matava todo
mundo por onde passava. Num determinado dia chegou num vilarejo e todos que
conseguiram escapar correram, com exceção de um velhinho sábio. O guerreiro não
quis matá-lo prontamente e permitiu um último desejo. O velhinho então pediu
para que o justiceiro fosse até o bosque e cortasse com sua espada o galho de
uma árvore. Isso foi feito. Em seguida o velhinho disse: "Agora retorne lá
e recoloque esse galho na árvore". O justiceiro deu uma gargalhada e disse
que isso era impossível. O velhinho, então, disse: Louco é quem pensa que tem
poder só porque destrói as coisas e mata as pessoas que encontra pela frente.
Quem só sabe destruir, matar e discursar em favor da violência não tem poder.
Poder tem aquela pessoa que sabe juntar o que está partido, unir o que foi
separado, prevenir o dano e reviver o que parece morto. Essa pessoa é a única
que tem o verdadeiro poder".
LUIZ FLÁVIO GOMES - jurista e diretor-presidente do Instituto
Avante Brasil.
Estou no professorLFG.com.br e no twitter: @professorlfg
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