Assegurar a boa qualidade do ar externo é uma
medida fortemente disseminada e compreendida ao redor do mundo – mas, pouco
ainda se fala, especialmente no Brasil, sobre o mesmo cuidado nos ambientes
internos. Em locais de grande concentração de pessoas, como as escolas, se
torna fundamental garantir essa qualidade de ar internamente, não apenas para
evitar a disseminação de doenças respiratórias, mas, acima de tudo, para manter
a boa saúde como um todo das crianças e, assim, prezar por um local de estudos
seguro para todos.
A própria Organização Mundial de Saúde (OMS)
reconhece, desde a década de 80, a importância deste tema para evitar doenças
respiratórias. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, por exemplo,
foi registrado um aumento de 30% nas internações de crianças de até cinco anos
por síndrome respiratória aguda grave nos primeiros quatro meses de 2022, em
relação ao mesmo período de 2021. Este ano, não tem sido diferente. Só no mês
de maio, a ocupação de UTIs pediátricas em São Paulo ultrapassou os 80%.
Isso acontece pois, na maioria das escolas, são
utilizados sistemas básicos de ventilação natural, os quais são inadequados
para atender às necessidades dos alunos e, consequentemente, abrem margem para
a maior incidência de tais doenças respiratórias. Afinal, muitos estudos já
comprovam que a exposição a vários poluentes atmosféricos em edifícios
escolares que não dispõem de sistemas de filtragem adequados, pode causar
graves danos à saúde.
Em ambientes fechados, a probabilidade de
disseminação de vírus respiratórios é potencializada quando as temperaturas
caem, principalmente quando os devidos cuidados com a filtragem do ar não são
mantidos periodicamente. Para evitar que estas doenças se alastrem nas escolas,
confira cinco cuidados essenciais que fazem a diferença:
#1 Manutenção do
ar-condicionado: este já se tornou um
eletrodoméstico usual para controlar a temperatura dos ambientes internos e
manter um conforto térmico. Mas, muitos desconhecem o cuidado necessário para
que atinja seu propósito, principalmente em locais coletivos. Toda instalação
de ar-condicionado nas escolas precisa ser muito bem planejada, projetada e
cuidada, realizando sua manutenção periodicamente em, no mínimo, uma vez a cada
mês – mesmo durante o inverno. Suas peças devem estar sempre em ordem,
garantindo a correta filtragem do ar, eliminando contaminantes biológicos
altamente propícios de se espalharem em ambientes fechados. Disseminando essa
importância, a cartilha desenvolvida pela ABRAVA (Associação Brasileira de
Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento) contém todos os
impactos positivos da manutenção da qualidade do ar interno (QAI) para a saúde
de seus ocupantes, assim como observações técnicas e explicações de como
assegurar esse objetivo.
#2 Cuidado com a ventilação
natural: não é incomum notar escolas que aderem à ventilação
natural, ao invés do ar-condicionado. Porém, em épocas de temperaturas mais
baixas, quando as janelas costumam ficar fechadas e os ventiladores desligados,
há uma maior concentração da poluição externa nos ambientes internos – o que,
junto com a baixa incidência de chuva e ar mais seco, cria o cenário favorável
para a disseminação das doenças respiratórias nas escolas. A falta de renovação
do ar nesses locais é extremamente prejudicial à saúde de todos, o que deve ser
repensado a fim de contar com o auxílio de um mecanismo que garanta essa
filtragem adequada.
#3 Limpeza adequada dos
carpetes e estofados: a higienização de qualquer
superfície em tecido, como carpetes, sofás e cadeiras, é fundamental para
garantir a qualidade do ar interno. Mesmo quando esses itens parecem limpos, é
preciso considerar que microrganismos invisíveis a olho nu podem se alojar
nesses objetos. Por isso, é preciso contar com profissionais especializados,
que conseguem fazer uma adequada higienização, contando com produtos e
tecnologias específicas para este fim. Uma das maiores iniciativas para essa
missão é o Guia desenvolvido pela ABRITAC (Comitê de Tapetes, carpetes e
capachos da ABIT - Associação Brasileira da Indústria Têxtil e Confecção), o
qual reúne as melhores práticas de manutenção e cuidados voltados aos
revestimentos têxteis de pisos, através das técnicas e procedimentos corretos
para higienizá-los devidamente. O conteúdo pode ser acessado no link a seguir: https://bit.ly/3WOQHFb.
#4 Produtos utilizados na
limpeza do ambiente: certos produtos químicos
utilizados rotineiramente na limpeza dos ambientes não são ideais para a saúde,
principalmente aqueles com alta emissão química e fortes perfumes que podem, na
verdade, mascarar problemas. Seu uso constante pode desencadear desconfortos,
irritações, dores de cabeça e até alergias. Por isso, é recomendado que as
escolas optem por produtos com baixa emissão de gases voláteis e com odor
neutro em ambientes de uso coletivo, que serão mais agradáveis para todos e
evitarão desencadear problemas respiratórios.
#5 Remediação correta do mofo:
todo ambiente inteiro está sujeito ao mofo, e o que
irá impedir que cause danos à saúde é a forma na qual ele é eliminado. Seus
esporos podem se espalhar rapidamente e com muita facilidade, caso sejam apenas
limpos superficialmente, uma vez que suas partículas permeiam profundamente as
estruturas do local. Por isso, é preciso solicitar os serviços de profissionais
preparados para remediar o mofo, isolando a área e criando um sistema de
ventilação para tirar esporos internos, eliminando-os por completo. É apenas
através desta retirada com segurança que será possível garantir o fim deste
fungo e evitar danos graves ao sistema respiratório.
Os ambientes escolares podem se tornar locais
perfeitos para a propagação de doenças respiratórias, caso os devidos cuidados
não sejam tomados. Felizmente, existem muitos mecanismos simples e eficazes de
barrar essa disseminação, que vão desde os cuidados dos próprios alunos,
utilizando máscaras quando estão com sintomas de gripe ou resfriado, até as
ações da própria instituição no que diz respeito à higienização e filtragem
interna do ar.
Além de se sentirem mais confortáveis em climas
internos mais frios – ao contrário dos ambientes termicamente neutros mais
agradáveis aos adultos – a própria produtividade dos alunos será favorecida,
enquanto o descuido com a qualidade do ar interno irá prejudicar seu desempenho
cognitivo.
Todos os sistemas de ventilação utilizados precisam
ser limpos e cuidados frequentemente, assegurando seu funcionamento correto
para a retirada das impurezas externas. Esse ainda é um grande desafio nas
salas de aulas, que precisam ser imediatamente combatidos em prol da saúde de
todos. Precisamos compreender e disseminar cada vez mais essa importância,
garantindo que todos tenham um ambiente escolar mais seguro.
Abordando a fundo este tema, a Brasindoor irá
realizar um evento presencial no Senac Tiradentes, no dia 27 de julho, das 08h
às 17h, contando com diversos especialistas do ramo em um cronograma de
palestras sobre como promover essa gestão corretamente. As inscrições estão
abertas no link a seguir: http://brasindoor.com.br/.
Leonardo Cozac - presidente da Brasindoor - Sociedade Brasileira de Meio Ambiente e Controle de Qualidade do Ar de Interiores.
Brasindoor
http://www.brasindoor.com.br/