Os
óleos alteram o sistema límbico, região do cérebro responsável por emoções e
comportamentos sociais
O International Federation of Aromatherapistis (IFA) define a
aromaterapia como “antiga arte e ciência de misturar óleos essenciais extraídos
de plantas e outros compostos vegetais para equilibrar, harmonizar e promover a
saúde do corpo e da mente”. De fato, os óleos essenciais geram estímulos
sensoriais que minimizam os efeitos estressores, além de outros benefícios à
saúde.
A aromaterapia é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) como um recurso terapêutico e, no Brasil, é uma das técnicas listadas nas
Práticas Integrativas e Complementares utilizadas pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), auxiliando no tratamento de ansiedade, depressão,
insônia, enxaqueca, alergia, entre outras condições.
Além disso, ela faz parte do cuidado integral de pacientes com
transtornos mentais graves do Centro de Reabilitação Hospital-Dia (CRHD), do
Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP).
Como os óleos essenciais atuam em distúrbios emocionais
Diversas pesquisas corroboram com os benefícios dos óleos essenciais.
O jornal científico The Iranian Journal of Nursing and Midwifery publicou um
estudo revelando que mulheres que fazem aromaterapia com lavanda durante 15
minutos no pós-parto tinham menos chances de apresentar sintomas de depressão
ou ansiedade crônica.
Já um estudo realizado pela FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo) comprovou que pacientes com depressão precisaram de
menores doses de medicamentos após terem feito tratamento com aromaterapia,
utilizando óleos cítricos.
Segundo Paula Molari Abdo, farmacêutica pela USP, diretora técnica
da farmácia de manipulação Formularium, especialista em Atenção Farmacêutica
pela USP e membro da ANFARMAG (Associação Nacional de Farmacêuticos
Magistrais); os óleos podem ser utilizados pela aplicação na pele, através do
uso de aromatizadores e de difusores ou pela aspiração do seu cheiro.
“Quando inalados, o olfato reconhece as moléculas dos óleos
essenciais através de seus receptores, provocando alterações emocionais e
fisiológicas associadas ao sistema límbico, região do cérebro responsável por
emoções e comportamentos sociais”.
Óleo de lavanda
Um dos mais usados para desequilíbrios emocionais, o óleo de
lavanda pode reduzir os níveis de cortisol, hormônio responsável pelo estresse,
beneficiando o sistema nervoso autônomo e aliviando sintomas de ansiedade
generalizada, depressão leve, irritabilidade, inquietação e enxaqueca.
“Um dos seus diferenciais é a alteração química dos
neurotransmissores cerebrais, sem causar os comuns efeitos colaterais dos
medicamentos sintéticos alopáticos, como a dependência ou síndrome de
abstinência”, reforça Paula Molari Abdo.
Óleo vetiver
Conhecido como “óleo da tranquilidade”, ele é uma substância
antioxidante que auxilia o corpo a eliminar toxinas, combater radicais livres e
melhorar a saúde emocional de forma semelhante a alguns remédios prescritos
para ansiedade.
O óleo também pode ser benéfico para indivíduos com transtornos do
sono relacionados a problemas respiratórios. “Para quem tem apneia do sono, por
exemplo, a dica é usar o óleo essencial de vetiver em um difusor durante à
noite, com o objetivo de melhorar sua função respiratória”, aconselha Paula.
Além disso, o óleo vetiver melhora a atenção em pessoas com
dificuldade para se concentrar em uma determinada atividade ou permanecer alerta
ao que está acontecendo ao seu redor. Não à toa, foi incluído em tratamentos de
déficit de atenção e hiperatividade para adultos e crianças.
Óleo ylang ylang
De acordo com o estudo Aromatherapy with ylang ylang for Anxiety
and self-esteem, ao ser aplicado na pele ou inalado, o óleo essencial ylang
ylang diminui os níveis de cortisol e, consequentemente, as respostas ao
estresse, e reduz significativamente as taxas de pressão arterial sistólica e
diastólica, bem como a frequência cardíaca.
Conhecido por ser um óleo afrodisíaco, o ylang ylang ajuda a
despertar a libido e resgatar a autoestima. Também é antidepressivo, calmante,
analgésico, estimulante do sistema circulatório, sedativo e rejuvenescedor da
pele e do cabelo, além de diminuir os sintomas da tensão pré-menstrual (TPM).
Óleo de camomila romana
Um estudo publicado na revista de medicina alternativa
Evidence-Based Complementary and Alternative Medicine mostrou que a camomila
romana reduz a ansiedade em pacientes na UTI de forma mais eficaz do que os
métodos tradicionais. O mesmo estudo apontou que ela tem propriedades para
acalmar uma “mente hiperativa”
“O óleo de camomila romana atua como um impulsionador natural do
humor que ajuda a reduzir os sintomas de depressão, ansiedade, tensão,
irritação e apatia. Também tem função hipnótica semelhante à dos
benzodiazepínicos, auxiliando pessoas com insônia crônica”, diz Paula Molari.
Óleo de laranja doce
O óleo essencial de laranja doce possui propriedades
desintoxicantes, antidepressivas, anti-inflamatórias, sedativas,
antiespasmódicas, diuréticas e afrodisíacas.
No estudo The Effect of Aromatherapy by Essential Oil of Orange on
Anxiety During Labor, publicado no National Center for Biotechnology, as mulheres
em trabalho de parto relataram menos ansiedade após a inalação do óleo
essencial de laranja do que as mulheres do grupo de controle que inalaram água
destilada. Outro estudo concluiu que inalar o óleo essencial de laranja auxilia
em casos de depressão e tem potencial de combate ao transtorno.
Óleo de olíbano
O olíbano é tido como protagonista da aromaterapia moderna, por
ser um dos óleos mais completos. Além da eficácia para fins cosméticos, ele é
um antioxidante muito utilizado para o tratamento coadjuvante de várias
doenças, especialmente as inflamatórias e crônicas. Isso porque o óleo estimula
a circulação sanguínea, gerando ação analgésica, alívio de dores e redução de
inflamações.
O mirceno, presente em sua formulação, atua como um ansiolítico.
Já o β-pineno e limoneno agem como antidepressivo. Um estudo do departamento de
enfermagem da Universidade Keimyung, na Coreia do Sul, mostrou que, quando
usado em massagens, o olíbano reduz ansiedade e depressão. Além disso, é um
aliado aos praticantes de meditação, já que o olíbano ajuda a silenciar a
mente.
“Vale lembrar que o acompanhamento médico é indispensável, não
sendo possível utilizar somente os óleos essenciais para o tratamento de
doenças ou sintomas. Contudo, em situações em que não há algo patológico, os
óleos essenciais são excelentes alternativas na intervenção dos desequilíbrios
emocionais”, finaliza Paula Molari Abdo.