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quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Como descobrir se tenho “Síndrome do Impostor”?

Psicóloga do Grupo São Cristóvão Saúde salienta algumas atitudes de pessoas mais perfeccionistas e como evitar a autossabotagem 


Apesar de não ser considerado pela Organização Mundial da Saúde - OMS um transtorno psicológico, certos acometimentos, embora considerados “comuns”, como ansiedade, insegurança e dúvidas, quando em demasia, podem caracterizar um quadro, chamado por especialistas de “Síndrome do Impostor”. 
 

Também conhecida como fenômeno do impostor, essa síndrome é caraterizada por uma incapacidade de aceitar o próprio sucesso, em uma falsa ideia de “ser uma fraude”, para si e para os outros. “O indivíduo possui dificuldades em reconhecer suas evoluções e conquistas, mesmo em um contexto que as deixe evidentes”, esclarece a psicóloga do Grupo São Cristóvão Saúde, Aline Melo. Segundo a especialista, embora não seja oficialmente reconhecida como um quadro clínico, deve ser avaliada e reconhecida como desordem psicológica por um profissional qualificado. 

As pessoas que sofrem com a “Síndrome do Impostor” possuem medo de exposição, intolerância às próprias falhas, dificuldades em lidar com elogios e estão mais propensas a desenvolver quadros de ansiedade e estresse, além de terem a autoestima e a autoconfiança extremamente abaladas. De acordo com Aline Melo, “ambientes de trabalho e acadêmicos podem gerar grande impacto na vida desses indivíduos, pois há forte tendência na autossabotagem, por meio de percepções distorcidas e dificuldade em aceitar novos desafios, por receio de ser descoberto como uma fraude”. Ainda segundo a psicóloga, “as habilidades sociais também são afetadas, gerando baixo convívio social e maior isolamento”.  

Essa desordem pode estar relacionada a experiências desde a infância, como excesso de cobranças absorvidas como crenças e reforçam a dificuldade de fortalecer a autoconfiança, uma vez que o paciente se sabota constantemente. Segundo a psicóloga do Grupo São Cristóvão Saúde, “o tratamento se faz por meio da psicoterapia, no intuito de colaborar com o paciente no processo de internalizar suas qualidades e competências”.  

O autoconhecimento por meio da autoconscientização desses comportamentos e percepções é uma ferramenta de extremo impacto. “Outro ponto que pode colaborar para uma melhor avaliação e interrupção desse ciclo é a confrontação de pensamentos autossabotadores, de maneira saudável e produtiva, baseado nas evidências positivas percebidas no cotidiano e em seus resultados”, complementa Aline.  

Validar e buscar a aceitação de feedbacks sobre suas conquistas também pode ser uma forma de trabalhar diariamente essas percepções, de modo mais racional e técnico. O acompanhamento psicológico ajudará a descobrir quais são seus pontos fortes e talentos, de modo a fortalecê-los, assim como respeitar suas falhas e limitações, reformular o pensamento e compreender que ninguém é perfeito. Sendo assim, caso haja identificação com um ou mais pontos descritos acima, a busca por um profissional da saúde como mentor é essencial para direcionamento do paciente, para auxiliar na identificação de gatilhos e reduzir sofrimentos desnecessários.



Fernanda Martinelli 

Grupo São Cristóvão Saúde


Teste genético aponta eficácia de medicamentos de acordo com o DNA

Farmacogenômica pode ajudar atingir o objetivo de tratamentos de determinadas doenças de forma mais assertiva e com menos efeitos adversos
 

É procedimento básico logo na triagem de uma consulta médica ser questionado ao paciente se ele tem alergia a algum medicamento. Isso não é novidade. Mas um procedimento que pode fazer muita diferença não só para os atendimentos, mas à vida das pessoas, são os testes genéticos que identificam não apenas as reações adversas, mas a eficácia de cada medicamento de acordo com o DNA, como o painel voltado para farmacogenômica oferecido pela Genera, o primeiro laboratório brasileiro especializado em genômica pessoal.

“A farmacogenômica é a ciência que estuda a interação entre genes e medicamentos através da análise de regiões específicas do DNA. Com ela é possível obter informações sobre, por exemplo, o perfil de metabolização do paciente para um determinado fármaco, bem como o perfil esperado de resposta ao tratamento”, explica Ricardo di Lazzaro Filho, médico e sócio-fundador da Genera.

O painel oferecido pelo laboratório conta com um relatório focado em 15 medicamentos de uso comum como aspirina, antiinflamatórios, contraceptivos orais, além de medicamentos para hipertensão, colesterol elevado e de tratamento para dependência de nicotina. “Os resultados obtidos neste exame são importantes aliados no tratamento de pacientes que não estão respondendo positivamente a um determinado medicamento, seja por falta dos efeitos desejados ou em função do excesso de efeitos colaterais”, afirma Di Lazzaro.

 

Ancestralidade, saúde e bem-estar

A Genera também trabalha com outros testes voltados a saúde e bem-estar, que incluem resultados como tendência a deficiências de vitaminas, diabetes, fotoenvelhecimento, obesidade e alcoolismo, sensibilidade a cafeína, fome emocional, nível de impulsividade de cada indivíduo. Esses são alguns dos aspectos que são voltados para uma boa qualidade de vida e autoconhecimento.

Além da parte de saúde e bem-estar, a Genera oferece o teste de Ancestralidade, que faz a leitura de aproximadamente 700 mil pontos do DNA de uma pessoa e para descobrir qual a origem do seu DNA e identificar a sua ascendência em pelo menos 05 gerações. O seu resultado é visto em um mapa, onde estarão indicadas as áreas de onde vieram os seus ancestrais, com suas respectivas porcentagens.“Nosso principal objetivo é tornar os testes genéticos acessíveis à população, tanto do ponto de vista econômico quanto de produção de conteúdos e resultados compreensíveis para popularizar esse nicho, alcançando assim o maior número de pessoas e ajudá-las na trajetória do autoconhecimento”, conclui Ricardo.


Genera


Pilates ajuda no combate dos problemas musculoesqueléticos da menopausa

Dizem por aí que começamos a envelhecer no dia em que nascemos. Mas os efeitos do processo natural do envelhecimento começam a ser percebidos e sentidos depois dos 40 anos de idade, principalmente pelas mulheres nas fases do climatério, menopausa e pós-menopausa.

 
De acordo com a fisioterapeuta Walkíria Brunetti, especialista em Pilates e RPG, o sistema musculoesquelético é afetado de diversas maneiras pelo envelhecimento.

“Um dos efeitos mais conhecidos é a perda da densidade óssea, chamada de osteopenia. Esse processo começa por volta dos 30 anos e se intensifica na menopausa”.  Dados da IOF (International Osteoporosis Foundation) apontam que 1 em cada 3 mulheres com mais de 50 anos apresenta osteoporose.

“A perda da massa óssea aumenta o risco de fraturas, sendo as mais comuns as do fêmur e das vértebras. As fraturas, por sua vez, reduzem a capacidade funcional e a independência, com um enorme impacto na qualidade de vida”, comenta Walkíria.


 
Dores articulares

Outro prejuízo da menopausa é que todas as articulações são afetadas por alterações na cartilagem e no tecido conjuntivo. Há um afinamento da cartilagem, com redução da sua resistência.

"Na prática, isso quer dizer que as articulações se tornam mais enrijecidas e, durante os movimentos, não deslizam como deveriam, levando ao desenvolvimento da osteoartrite.
 
“Além das dores, a osteoartrite leva ao enrijecimento das articulações. Como resultado, há redução na amplitude dos movimentos. Em outras palavras, movimentos antes rotineiros como calçar um sapato, pegar um objeto no alto ou no chão, por exemplo, se tornam mais difíceis”, explica Walkíria.


 
Fraqueza muscular

A perda da força muscular, chamada de sarcopenia, também se intensifica na época da menopausa. Inclusive, essa condição está relacionada com a osteoartrite, porque a perda da força muscular leva a um esforço maior das articulações, causando desgaste nessas estruturas”, comenta a especialista.


 
Pilates já!
 
Com o envelhecimento da população, as doenças que afetam o sistema musculoesquelético se tornaram um assunto de saúde pública. Dessa maneira, é cada vez mais importante encontrar ferramentas e recursos que possam prevenir a progressão das patologias que afetam ossos, músculos e articulações.
 
Um dos recursos mais recomendados e usados hoje é o Pilates. “A maior parte das praticantes do Pilates Studio, aquele feito em aparelhos, é mesmo de mulheres com mais de 40 anos. O Pilates ficou muito conhecido e popular, principalmente quando celebridades como Madonna, por exemplo, começaram a praticar o método”, cita Walkíria.
 
Contudo, vale ressaltar que não foi sua popularidade que fez do Pilates um método excelente para combater os sintomas da menopausa.

"Vários estudos ao longo dos anos apontaram que os exercícios do Pilates são efetivos para melhorar a força muscular, a amplitude de movimento, além de benefícios adicionais, como melhora do sono, do equilíbrio e das dores articulares”, reforça a fisioterapeuta.
 
Devido à pandemia, há um benefício adicional para o Pilates Studio: a prática individual ou em dupla.

“Hoje, ainda estamos em um momento delicado das infecções pelo vírus. Com isso, muitas pessoas têm receio de procurar atividades físicas em grupos. A vantagem do Pilates realizado nos aparelhos é que pode ser oferecido individualmente ou, no máximo, em duplas. Porém, é preciso lembrar que o ideal é procurar clínicas especializadas, com profissionais habilitados para aplicar o método”, finaliza Walkíria.


Casos de infecções com HIV aumentaram mais de 50% em 10 anos

 Professora de Enfermagem orienta sobre as formas de contágio e tratamento das doenças

 

O caso de uma mulher argentina de 30 anos cujo organismo pode ter eliminado o vírus HIV por conta própria chamou a atenção da sociedade no final do ano passado. O episódio é o segundo no mundo inteiro, sendo raro, mas representando expectativas positivas para a descoberta de uma possível cura da Aids, entretanto especialistas lembram que a prevenção ainda é a melhor arma contra essa e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). 

Tallita Adriano, professora de Enfermagem da Estácio, destaca que “tanto a camisinha masculina quanto a feminina tem o mesmo parâmetro de proteção durante o ato sexual”. Logo, mulheres também devem ser incentivadas a buscar o preservativo nos postos de saúde e testar seu uso. 

“O uso da camisinha feminina é interessante porque ela pode ser colocada até oito horas antes do ato sexual, o que previne de esquecimentos ou impulsos desprotegidos, mas sempre lembrando que as duas não devem ser usadas juntas: ou o homem usa, ou a mulher usa”, esclarece a profissional de saúde. 

Nos últimos dez anos, o número de casos de HIV/Aids aumentou 64,9% na faixa etária de 15 a 19 anos, de acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/Aids do Ministério da Saúde de 2020. Para Tallita, é essencial que os jovens saibam se proteger dessa e das outras ISTs antes de começarem sua vida sexual, porque é principalmente pelo ato sexual desprotegido que a transmissão acontece. 

“É importante promover ações de saúde para conscientizar o adolescente, mas é preciso que esse assunto também seja trabalhado em casa, os pais com seus filhos, para desmistificar esse tabu em torno da vida sexual que só colabora para a desinformação e para aumentar o risco de contaminação desses jovens”, afirma. 

Hoje, muitas ISTs têm tratamento e cura, como a sífilis, tricomoníase, clamídia e gonorreia, porém a Aids, não é uma delas. 

"Apesar de hoje em dia nós termos à disposição a profilaxia pós exposição de risco (PEP), que é um grupo de medicamentos que reduzem o desenvolvimento da infecção, a Aids não tem cura, o que pode comprometer muito a saúde do indivíduo que for diagnosticado, tanto no fisiológico quanto no psicológico, devido ao tabu que cerca a doença”, diz Tallita. 

A docente lembra ainda que antigamente, quem testava positivo para HIV sentia como se houvesse recebido um atestado de óbito, e esse impacto segue no imaginário da população. “Por isso, é necessário atentarmos para a prevenção na relação sexual, mas caso aconteça uma infecção, o indivíduo deve procurar imediatamente os serviços de saúde para iniciar o quanto antes o tratamento e o acompanhamento”, orienta.

Tallita destaca que também é importante manter uma frequência nos exames de check-up porque as ISTs são doenças “silenciosas”, isto é, podem ficar anos sem apresentar sintomas. 

“Muitas vezes, nós descobrimos a doença na mulher, que costuma procurar o médico com mais frequência, e convidamos o parceiro para fazer os testes também, até porque não adianta ela fazer o tratamento se vai continuar exposta à relação sexual com um parceiro possivelmente contaminado. Então o ideal é que homens e mulheres mantenham a frequência de testes para que o casal faça o tratamento juntos, se necessário”, afirma. 

No público feminino, testes são feitos anualmente junto ao exame preventivo, e em caso de gravidez, na primeira consulta de pré-natal e durante toda a gestação. Para a população em geral, homens, mulheres que não estão grávidas e adolescentes, são recomendados os testes rápidos de HIV, Sífilis e Hepatite B e C disponíveis em todas as unidades básicas de saúde, com resultados disponíveis em 30 minutos.

 

Diferença entre HIV e Aids 

Quarenta anos após a doença ter sido identificada pela primeira vez, a diferença entre a Aids e o HIV ainda causa dúvidas na população. O HIV é o vírus da imunodeficiência humana e há pessoas que, mesmo contaminadas, passam anos e anos sem apresentar sintomas e sem saber que estão infectadas, o que é um risco. Dessa forma, o indivíduo pode ser um agente transmissor do vírus sem saber. 

Tallita explica que o vírus age principalmente nas células de defesa do organismo e deixa enfraquecido o sistema imunológico. “Nesse momento, considera-se que a pessoa desenvolveu a Aids, e dessa forma, outras doenças oportunistas, como pneumonia e tuberculose, conseguem se instalar”, diz. 

Em caso de diagnóstico positivo, Tallita conta que é reunida uma equipe multiprofissional para levar a informação ao paciente de forma sensibilizada e imediatamente a pessoa é encaminhada para o serviço de referência de doenças infectocontagiosas para iniciar a terapia com medicamentos que deverão ser tomados diariamente. “Felizmente, com o avanço da tecnologia, essas medicações estão cada vez mais eficientes, e se a pessoa seguir o tratamento de acordo com a prescrição médica, pode ter uma vida normal, desde que redobre os cuidados com a proteção de futuros parceiros e mantenha o acompanhamento médico”, finaliza.

 

Estácio - uma das maiores e mais respeitadas instituições do setor educacional brasileiro


O que acontece com o corpo quando desidratamos?

Falta de água no organismo provoca sintomas que vão de tontura a confusão mental e coma, por isso é fundamental se atentar aos primeiros sinais

 

Sentir sede é uma necessidade fisiológica tão comum que está ligada a um dos hábitos mais importantes para a sobrevivência do ser humano. Mas pode ser, também, um sinal tardio de que o organismo está ficando desidratado.

Quando o corpo sente falta de água, ele emite um sinal para o cérebro, que provoca a necessidade de ingerir líquidos ao mesmo tempo em que faz com que o corpo passe a reter a maior quantidade de água possível.

Segundo o gastroenterologista e coloproctologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo Dr. Henrique Perobelli, não devemos esperar sentir sede para nos hidratar. “A partir do momento em que o corpo pede água, isso significa que já existe um processo de desidratação em andamento, que pode gerar inúmeros problemas à saúde”, destaca.

A água representa cerca de 60% do peso de uma pessoa adulta e é o elemento mais importante do nosso corpo, explica o médico. “Dela dependem todas as reações químicas do organismo, além de estar presente no sangue, nas secreções do corpo, nos sistemas digestivo, respiratório e nervoso, na pele e, até mesmo, nos nossos ossos e articulações.”

O especialista destaca que a desidratação sobrecarrega os rins, uma vez que a água existente no corpo se desloca até a corrente sanguínea para ajudar a manter o volume sanguíneo e a pressão arterial, fazendo com que os tecidos ressequem e o funcionamento das células fique comprometido.

“Consumimos cerca de 500 ml de água na respiração e mais 1500 ml no processo digestivo. Se não ingerirmos ao menos 2000 ml de água por dia, viveremos sempre no vermelho”, alerta.

Com o avanço do quadro, os órgãos internos sofrem danos graves, sobretudo os rins, fígado e cérebro. “Nesse estágio, as pessoas sentem tontura, confusão mental e podem entrar em coma caso não recebam o tratamento adequado”, explica o médico.

Dr. Henrique ressalta que, quando uma pessoa interrompe a ingestão de água completamente, entre 3 e 5 dias a desidratação fará com que o organismo pare de funcionar.

Além disso, a falta constante de água no corpo, que os especialistas chamam de desidratação crônica, pode contribuir para o desenvolvimento de diabetes, problemas digestivos e intestinais e colesterol alto, entre outras condições que impactam a saúde.



Riscos para idosos

Entre os que mais sofrem os efeitos da desidratação estão os idosos. Dr. Henrique afirma que o Alzheimer, o AVC ou as doenças reumatológicas, por exemplo, fazem com que o idoso tenha mais dificuldade ou se esqueça de ingerir líquido suficiente para manter-se hidratado.

“Até mesmo aqueles que não possuem doenças ou qualquer limitação motora podem apresentar algum quadro de desidratação, pois os idosos sentem menos sede do que os jovens”, destaca o coloproctologista.

Ele reforça a importância de fazer o acompanhamento constante, oferecendo água fresca e alimentos como frutas e legumes, que possuem bastante água em sua composição.

Essa dica vale para todos. A nutricionista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo Lígia dos Santos explica que muitas pessoas acabam ingerindo menos líquido do que deveriam por não gostarem de beber água pura. “Nesses casos, orientamos acrescentar uma rodela de limão ou lima, por exemplo, ou de outros alimentos (abacaxi, melão, folhas de hortelã ou gengibre) que ajudem a deixar o sabor mais atrativo.”

Os especialistas alegam que não há uma regra exata sobre a quantidade de água a ser ingerida por dia. “Antigamente se falava em 8 copos por dia, mas a quantidade necessária vai depender de fatores como tamanho corporal, hábitos diários, prática de atividades físicas, clima do local em que se vive, entre outros. A literatura recomenda, em circunstâncias normais, cerca de 1ml/kcal para adultos ou 35 ml/kg de peso corpóreo”, explica Lígia.

De acordo com Dr. Henrique, a quantidade ideal de água depende da constituição física de cada indivíduo. “Um fator importante a se atentar é o fluxo urinário e a coloração da urina. Quanto maior o volume e mais clara está urina, mais hidratado você está”, finaliza.

 


Hospital São Camilo

@hospitalsaocamilosp

CID 11 entra em vigor e Lipedema é configurado como doença

A nova Classificação Internacional de Doenças começou a valer desde o dia 1º de janeiro de 2022; O CID 11 foi anunciado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) durante uma assembleia realizada ainda em 2019;

 

EF 02.2: Ter o CID de Lipedema é mais um passo para ser mais conhecida entre a classe médica e ajudar as cerca de 5 milhões de mulheres que sofrem com a doença no Brasil;

 

Lipedema não tem cura, mas tem tratamento; agora fica mais fácil procurar ajuda médica

 

O Lipedema é uma doença crônica, que atinge mulheres no mundo inteiro, causada pelo acúmulo de gordura nos braços, quadris e, principalmente, nas pernas, que provoca dores, problemas de locomoção e uma sensação de peso nesses membros. Ser pouco conhecida não só pelas pessoas, mas especialmente pelos médicos, é um dos pontos de atenção, pois dificulta ajuda médica e não garante tratamento pelo SUS ou convênios. No entanto, a sociedade ganhou uma importante batalha: o Lipedema acaba de ser reconhecido como doença na nova Classificação Internacional de Doenças - o CID 11 -, que entrou em vigor no primeiro dia do novo ano.

 

O CID, usado para padronizar mundialmente as doenças, é a “ferramenta” que acompanha a incidência e o avanço de diversas doenças e seus tratamentos. Com a ajuda da nova classificação, o Lipedema – cujo CID é o EF 02.2 - deixa de ser uma doença subdiagnosticada por médicos e pela sociedade.

 

“O que se espera agora é que as milhões de mulheres que sofrem com o Lipedema no Brasil sejam amparadas e que o tratamento médico seja multiespecialidades, mais aprofundado e, por consequência, mais qualificado em todo o país. Hoje, o Instituto Lipedema Brasil, que é um centro de referência da doença no Brasil, compartilha conhecimento e luta por essa transformação social. Ainda temos muitas outras, mas ganhar a batalha do CID já é uma vitória para todos nós”, comenta dr. Fábio Kamamoto, diretor do Instituto Lipedema Brasil e um dos médicos pioneiros no tratamento cirúrgico da doença no país.

 

Entendendo o Lipedema 

As principais características do Lipedema, que possui cinco tipos e quatro estágios, são: dores frequentes nas regiões das pernas, quadril, braços e antebraços, que ficam mais grossos e desproporcionais em comparação com o restante do corpo, no tornozelo parece que há um “garrote” e os joelhos perdem o contorno. “A mulher pode apresentar hematomas (ficar roxa) por qualquer movimento mais brusco. Isto acontece porque a doença provoca reação inflamatória em células de gordura nestas regiões”, ressalta dr. Fábio Kamamoto. 

 

Se há perda de mobilidade, aumento progressivo dessa gordura com o passar dos anos, se há dor em algumas das regiões-foco e dificuldades em eliminar a gordura mesmo com dieta e atividade física, é recomendado procurar ajuda médica, pois pode ser Lipedema.


Não tem cura, mas tem tratamento

 – Há dois tipos de tratamento para o Lipedema, o clínico e o cirúrgico. O clínico é composto por dieta anti-inflamatória (legumes, carnes, sem sódio e glúten ou bebidas alcóolicas); uso de plataforma vibratória, que diminui o inchaço nas regiões; drenagem linfática para tirar o excesso de líquido; e, por fim, a técnica de taping, aplicada por um fisioterapeuta para melhorar o desconforto.  Estas ações amenizam os sintomas, mas não resolvem o problema da gordura nas regiões dos braços, pernas e quadril, pois não extrai as células doentes. Já o cirúrgico é feito com lipoaspiração e é definitiva. “Uma vez removida, esta gordura não volta mais, pois não há multiplicação dessas células. 


Fotos: Instituto Lipedema Brasil

 

O Instituto Lipedema Brasil

www.institutolipedemabrasil.com.br


Oftalmo explica por que os óculos de sol são tão importantes para os olhos quanto o protetor solar é para a pele

Dr. Hallim dá dicas de como se preparar para a compra dos seus óculos de sol

 

“Quando a gente pensa em óculos escuros, lembramos como ficamos bem com eles no rosto, e não pensamos que, na verdade, a função mais importante não é nos deixar mais atraentes, e, sim, proteger os olhos e as pálpebras da radiação ultravioleta (UVA e UVB) do sol”, esclarece o médico oftalmologista Membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Dr. Hallim Féres Neto.

O médico alerta que, da mesma maneira que é necessário passar diariamente o protetor ou filtro solar, como um cuidado primordial para a pele, visando a prevenção contra o câncer de pele, causada pelos mesmos raios solares (UVA e UVB), é muito importante proteger os olhos dessa radiação: “Os óculos de sol são, para os nossos olhos, equivalentes aos protetores solares para a nossa pele”.

Isso porque “parte da radiação ultravioleta atravessa os olhos e chega ao fundo do olho, causando danos graves e podendo levar à cegueira”, explica Hallim.

E há ainda um fator agravante: quanto menor a idade, maior é a porcentagem de radiação que chega à retina e à córnea.

“A exposição excessiva ao sol, sem a devida proteção, pode causar queimaduras, pterígio (criar uma membrana ocular que se forma sobre o olho) e ceratites (inflamação da camada mais externa dos olhos, a córnea); acelera o aparecimento da catarata e da degeneração macular (perda de visão no centro do campo visual (a mácula), devido a danos na retina)” enumera o oftalmologista.

DrHallim deixa algumas dicas para o verão:

- Nesse verão (e em todos os outros dias), lembre-se, sempre, de usar os óculos escuros (e do protetor solar para a pele);

- Os dias de forte calor e a alta radiação podem comprometer a capacidade da visão e ocasionar problemas mais graves, seja a longo ou a médio prazo;

- Na hora de comprar seus óculos de sol, busque modelos que cubram as laterais dos olhos; as lentes envolventes são as melhores opções;

- Os fabricantes de óculos devem indicar claramente o grau de proteção de cada lente. Lentes inadequadas são mais perigosas do que simplesmente não usar os óculos de sol;

- Antes de realizar a compra, consulte o seu oftalmologista para que ele oriente, de forma correta, qual os óculos indicados para você;

- A proteção contra os raios UVA e UVB não está relacionada ao uso de lentes nos tons mais escuros. Óculos de sol com lentes nas cores verde, laranja, vermelha, cinza e até transparente podem oferecer a mesma proteção que lentes mais escuras.

Quando o médico afirma que usar lentes de má qualidade é pior que sair ao sol sem óculos, ele se refere ao fato de que lentes escuras acabam por relaxar as pálpebras e essas passam a ficar abertas diante da radiação.

Ou seja, os óculos de sol sem proteção adequada em suas lentes escuras retiram também a proteção natural, quando as pupilas e as pálpebras se fecham diante da luz solar.

Sem esses mecanismos de proteção, a radiação passará mais facilmente e atingirá mais o olho com mais força, o que pode ser ainda mais perigoso do que se o indivíduo estivesse sem óculos escuros.

Daí a necessidade de comprar óculos com lentes originais e com proteção comprovada e consultar sempre o seu oftalmologista.



Dr. Hallim Feres Neto @drhallim - CRM-SP 117.127 | RQE 60732, Oftalmologia Geral, Cirurgia Refrativa, Ceratocone, Catarata, Pterígio, Membro do CBO - Conselho Brasileiro de Oftalmologia, Membro da ABCCR - Associação Brasileira de Catarata e Cirurgia Refrativa, Membro da ISRS - International Society of Refractive Surgery, Membro da AAO - American Academy of Ophthalmology


Estalar o corpo faz mal? Especialista desmistifica dúvidas

Quando acompanhado por um especialista, o procedimento é válido. Porém quando feito isoladamente, existe uma série de cuidados e critérios

 

Você é aquele que gosta de estalar os dedos a toda hora? Consegue também fazer o mesmo com o pescoço para "relaxar"? Saiba que independente da parte do corpo, quando o assunto é estalos há muitos alertas. Entre eles estão o risco de artrose, perda de movimentos e a possibilidade de danificar as articulações.

De acordo com a coordenadora do curso de Fisioterapia da Faculdade Anhanguera, Erica Fernanda Lizão Pozzato, o som do estalo, que se trata de um ajuste nas articulações, pode ser muito prejudicial quando executado pela própria pessoa ou por alguém sem capacitação. Em determinadas situações podem ocorrer casos de lesões.

Quando o barulho do movimento ocorre é porque existe um afastamento das faces articulares que estão sob pressão negativa. "Mesmo oferecendo uma sensação de alívio, quando feito de forma equivocada, o estalo pode gerar danos às estruturas da coluna vertebral, bem como desencadear o círculo vicioso de se ‘auto estalar’, e assim, piorar o quadro", afirma a especialista.

Vale lembrar que há partes do corpo que devem ter uma atenção redobrada quanto aos riscos de lesões por conterem articulações e artérias importantes. São os casos do pescoço, coluna vertebral e joelhos. "Se os estalos forem feitos da maneira correta, acompanhados por um especialista, há benefícios para o paciente, afinal, o estímulo mecânico provoca um efeito de reflexo e de relaxamento muscular, uma espécie de analgesia local. Assim, se o tratamento tiver o acompanhamento de um fisioterapeuta especializado, é possível dizer que o estalo é um recurso importante e benéfico, dependendo da situação", finaliza Erica Fernanda Lizão Pozzato.

 

Anhanguera

https://www.anhanguera.com/ e https://blog.anhanguera.com/category/noticias/

 

Kroton

www.kroton.com.br


Aplicativo ajuda comunidades a monitorar enchentes e fornece dados para prevenção de desastres

 

Alunos em Balneário Rincão (SC) manipulam aplicativo Dados à Prova D’Água; envolvimento de comunidades no desenvolvimento ajudou mapeamento de áreas suscetíveis a enchentes (foto: Rosinei da Silveira)

 

Um aplicativo pode mudar a forma como comunidades e órgãos governamentais lidam com as enchentes. Com um telefone celular em mãos, moradores de bairros vulneráveis a inundações podem não apenas se informar com antecedência sobre possíveis eventos do tipo como contribuir com os órgãos competentes no mapeamento de áreas suscetíveis e na prevenção de desastres.

A ferramenta é um dos desdobramentos do projeto Dados à Prova D’Água, parceria entre as universidades de Glasgow e Warwick, no Reino Unido, Heidelberg, na Alemanha, do Centro Nacional de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e da Fundação Getulio Vargas, com apoio da FAPESP.

“O princípio básico é de que tecnologia, engajamento das pessoas, geração, uso e circulação de dados melhoram a resiliência das comunidades vulneráveis a desastres socioambientais. Neste caso, inundações”, explica Maria Alexandra da Cunha, professora na Escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas (EAESP-FGV), coordenadora da parte brasileira do projeto.

Levantamento realizado em 2020 pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) contabilizou 1.697 decretos de emergência ou estado de calamidade pública por conta de chuvas intensas naquele ano.

Segundo a área de Defesa Civil da CNM, os prejuízos chegaram a R$ 10,1 bilhões, decorrentes de tempestades, ciclones, deslizamentos, inundações, enxurradas e tornados, sendo o setor de habitação o mais afetado, com 280.486 moradias danificadas ou destruídas e prejuízos de R$ 8,5 bilhões.

O aplicativo Dados à Prova D’Água, que tem o mesmo nome do projeto, foi testado por professores, estudantes, agentes da Defesa Civil e moradores em mais de 20 municípios nos estados de Pernambuco, Santa Catarina, Mato Grosso, Acre e São Paulo e deve ser disponibilizado em breve na Play Store, loja virtual de aplicativos da Google.

Para alimentar o aplicativo, os pesquisadores usam o princípio da ciência cidadã. Alunos de escolas públicas passam por um treinamento, que envolve a construção de pluviômetros artesanais, usando uma garrafa PET e uma régua simples.

Cada estudante fica, então, responsável por verificar diariamente a quantidade de chuvas medida por cada um desses pluviômetros e inserir as medidas no aplicativo, que vão para o banco de dados do projeto. Espera-se que esses dados possam futuramente ajudar a subsidiar medidas de prevenção a desastres.

“Os dados necessários à gestão de riscos de desastres fluem tradicionalmente de forma unidirecional, dos centros de expertise para a população e órgãos executores. O aplicativo possibilita ampliar esse fluxo, pois promove a participação direta da comunidade nos processos de gestão e amplia a fonte de dados locais dos centros especializados”, afirma Mário Martins, pesquisador vinculado ao projeto, que realiza o pós-doutorado na EAESP-FGV com bolsa da FAPESP.

A aplicação permite ainda enviar informações sobre áreas alagadas, intensidade de chuva e altura da água no leito do rio, além de conter dados disponibilizados por órgãos como as áreas de suscetibilidade do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e dados pluviométricos do Cemaden, para uso dos moradores das comunidades.

“Não queríamos apenas desenvolver um aplicativo. Durante nossas atividades nas áreas de estudo, nos preocupamos em discutir como o aplicativo poderia ser utilizado pelos moradores durante os desastres. Por isso, acabamos desenvolvendo um novo método de desenvolvimento de software e uma ferramenta que pudesse ser usada por todos”, conta Lívia Degrossi, que realiza pós-doutorado na EAESP-FGV.

A pesquisadora desenvolveu a aplicação em colaboração com profissionais do Cemaden, da Defesa Civil e da Secretaria de Meio Ambiente do Acre. Participaram ainda estudantes das escolas estaduais Renato Braga e Vicente Leporace, no Jardim São Luís, na cidade de São Paulo, e moradores do bairro, que fica no M’Boi Mirim, área do município com maior número de regiões de risco, segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT).


Memórias de enchentes

“Trabalhamos em escolas públicas com baixos índices socioeconômicos e com histórico de inundações. O Jardim São Luís, com muitos córregos e montanhas, é bastante vulnerável aos alagamentos, mas também a desmoronamentos. A ideia era criar dados e promover a circulação dos que já existem, aqueles que os órgãos governamentais têm, mas não chegam às comunidades”, informa Fernanda Lima e Silva, que realiza estágio de pós-doutorado na EAESP-FGV com bolsa da FAPESP.

Junto com Degrossi, a pesquisadora coordenou a construção de um guia de aprendizagem para o desenvolvimento de uma disciplina eletiva, a ser oferecida por escolas públicas, preferencialmente com estudantes de ensino médio, sobre prevenção de desastres, ciência cidadã e o impacto das mudanças climáticas no dia a dia das pessoas. A rede de colaboradores envolveu professores das escolas participantes do projeto e do Cemaden Educação, que vai disponibilizar o guia em seu site.

Além da prevenção de desastres, o projeto trabalha com memórias das enchentes. Inicialmente, os estudantes do Jardim São Luís entrevistaram parentes mais velhos e levaram para a sala de aula histórias que acabaram fornecendo dados sobre o passado das enchentes na região.

Também foram realizadas rodas de conversa com os moradores mais antigos e até mesmo a produção de uma série de minidocumentários chamada Memórias à Prova D´Água, disponível on-line https://youtu.be/0J68ipWcZZg.

O trabalho contou com a parceria de pesquisadoras da Universidade de Warwick, que desenvolvem pesquisa sobre memórias de desastres com o objetivo de aumentar a resiliência comunitária.

A experiência rendeu ainda um capítulo de livro, que será publicado em uma edição especial sobre memórias e sustentabilidade do Bulletin of Hispanic Studies, a ser publicado em 2023.

“Fizemos também um mapeamento de percepção de risco em que os próprios moradores colocavam as áreas suscetíveis no mapa. É um conhecimento muito mais detalhado do que o feito pelos órgãos competentes. Consegue-se chegar ao nível da esquina do bairro e com isso foi detectado um problema forte com enxurradas, por exemplo”, conta Lima e Silva.

Os pesquisadores realizaram ainda oficinas da ferramenta de mapeamento colaborativo no OpenStreetMap, que tem licença de uso gratuita e permite que os usuários acrescentem informações aos mapas. O objetivo era mapear o bairro, chamando atenção para as enchentes e os riscos de deslizamentos de terra.

Neste ano, o grupo vai lançar um manual para que o programa possa ser implementado em mais localidades do país. “É muito importante que as pessoas se engajem com os dados, desde a sua geração até o uso. Esperamos poder contribuir para espalhar essa prática e aumentar a resiliência desses locais, uma vez que eventos extremos estão se tornando cada vez mais comuns”, encerra Cunha.

 


André Julião

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/aplicativo-ajuda-comunidades-a-monitorar-enchentes-e-fornece-dados-para-prevencao-de-desastres/37640/


O fósforo que não queima, mas alimenta

 

O fósforo é um dos principais elementos essenciais para a vida, tanto para o corpo humano como para as plantas e, portanto, para a agricultura. Infelizmente, grande parte dos solos brasileiros são carentes neste nutriente. Além disso, a disponibilidade é muito prejudicada por estar em formas não assimiláveis para as plantas, forçando os agricultores a recorrer ao uso de fertilizantes minerais, o fosfato.

 

Então, como diferenciar o fósforo do fosfato? O fósforo é um elemento químico, faz parte da tabela periódica, naturalmente presente no nosso planeta. Muito dele é encontrado em minas, que na verdade são depósitos fósseis orgânicos de animais marinhos. Também está presente nos solos, mas muitas vezes não pode ser aproveitado pelas plantas.

 

Este é o motivo pelo qual o fósforo é extraído dos depósitos naturais, para ser transformado em ácido para originar a forma oxidada, chamada fosfato. Essa forma é considerada "assimilável" pela planta, porque é solúvel em água e, portanto, pode ser usada na agricultura como fertilizante mineral.

 

Infelizmente, o fósforo é um recurso mineral não renovável e alguns acreditam que dentro de algumas décadas poderemos enfrentar uma escassez crítica desse elemento. Este é um dos principais motivos que fazem os preços do fosfato flutuarem tanto é que às vezes os preços sofrem picos exponenciais. De fato, está cada vez mais difícil para o setor agrícola obter esse fertilizante natural.

 

Muito além do simples mundo da agricultura, o fósforo é um elemento essencial para a vida. Ele faz parte de processos vitais dos humanos, animais e plantas, como ingrediente fundamental do DNA. Também é componente essencial do ATP, componente que armazena energia nas células dos seres vivos. Sem ele, não há crescimento celular, nem formação de sementes, pólen, esporos, entre outras estruturas. Em suma, sem fosfato, ainda estaríamos no estado de organismos unicelulares. 

 

Por exemplo, para as plantas, o fósforo é essencial para a fotossíntese, um processo sem o qual a planta não poderia prosperar usando a energia solar. Na verdade, é esse processo que lhe permite respirar e duplicar sua composição genética (seu DNA). Se uma planta enfrenta uma deficiência de fósforo, então ela interrompe todo o crescimento até a morte. Daí a importância da presença de fósforo no solo e em forma assimilável pelas raízes.

 

A pergunta que se faz é: por que o fósforo naturalmente presente no solo não pode ser explorado por plantações agrícolas? Muito simplesmente, porque se apresenta principalmente na forma insolúvel, enquanto as plantas requerem uma forma iônica, portanto solúvel desse elemento. As quantidades da forma solúvel são muito pequenas no solo, mas suficientes para nutrir eficientemente as plantas.

 

Para corrigir a deficiência de fósforo no solo, os agricultores são obrigados a recorrer ao uso do fertilizante, o fosfato, forma solúvel do fósforo e, portanto, assimilável pelas plantas. Mesmo assim, com a aplicação de fosfato no solo, parte deste fósforo será degradado e não poderá ser assimilado pela planta.

 

Dados os preços crescentes dos fertilizantes, a pesquisa descobriu que certos microrganismos podem solubilizar o fósforo para torná-lo disponível. Mesmo que os microrganismos não substituem completamente os aportes de fósforo necessários para o equilíbrio da cultura, esta solução ajuda a otimizar os recursos já presentes ou fornecidos por meio da adubação fosfatada.

 

 


Valter Casarin

Coordenador Científicos da NPV

 

NPV - Nutrientes para a Vida

ANDA (Associação Nacional para Difusão de Adubos)

https://www.nutrientesparaavida.org.br/ 

 

É preciso combater o gigantismo da máquina pública

Voltou à pauta, no Congresso Nacional, a proposta de criação do estado do Tapajós, a partir da divisão do estado do Pará, objeto de projeto de lei em discussão na Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) do Senado. A ideia não é nova – já foi rejeitada pela população paraense em plebiscito realizado em 2011 – e remete a uma discussão maior: a questão do gigantismo da máquina pública brasileira. 

 Segundo a proposta do senador Siqueira Campos (DEM-TO), o novo estado do Tapajós ocuparia 43% do atual território do Pará, cerca de 538 mil km², e teria 23 municípios, onde vivem hoje cerca de 1,05 milhão de habitantes. O Produto Interno Bruto da região é de R$ 18 bilhões, segundo dados de 2018. 

 Os defensores do projeto defendem que a população da região do novo estado não é beneficiada pela pujança econômica do Pará e precisa ser melhor atendida. É uma pretensão legítima, mas pouco se fala do custo dessa medida. O estado do Tapajós teria 3 senadores, 8 deputados federais e 24 deputados estaduais. Isso significa a criação de uma Assembleia Legislativa, com todas as despesas inerentes ao órgão. No Executivo, haveria um governador, um vice-governador, cerca de 20 Secretarias de Estado – com seus titulares, adjuntos, chefes de Gabinete e assessores. Demandaria, ainda, a criação de Departamentos, Polícia Militar, Polícia Civil, estatais, autarquias e tantos outros órgãos estaduais, além de Tribunal de Contas do Estado, Ministério Público Estadual, Justiça Estadual e postos da Justiça Federal. 

 É imensa a estrutura necessária para a criação de um novo estado. Prédios, funcionalismo, veículos oficiais, mobiliário, maquinário, equipamentos, redes lógicas, insumos, combustível, consumo de água, energia elétrica, telefone e internet, eis uma nova máquina pública para consumir os recursos advindos dos impostos pagos pela população.  Matematicamente falando, em uma fração em que o numerador (as receitas tributárias) permanece igual e o denominador é aumentado (mais estados e maiores custos da máquina pública), temos como consequência inexorável menor quociente (serviços à população). 

Resultado que não interessa ao brasileiro.  Levar adiante a proposta de criação de mais um estado significa darmos outro passo na direção errada. Basta tomarmos como exemplo a farra da criação de municípios ocorrida após a promulgação da Constituição de 1988. Quando a Constituição Cidadã entrou em vigor, o Brasil tinha 4.128 municípios. No ano 2000, portanto apenas 12 anos depois, esse número passou para 5.507 municípios. E hoje temos 5.570. Assistimos, inertes, à germinação de máquinas públicas caras, quase sempre ineficientes, e sem capacidade de se auto-sustentar. É simples: 66,7% dos municípios brasileiros têm população inferior a 8.400 habitantes e, desses, a maioria é dependente de repasses do governo federal (FPM: IR e IPI) e dos governos estaduais (ICMS e IPVA). Apenas 71 cidades são responsáveis por 50% do PIB o que significa, em leitura inversa,que 5.499 cidades ficam com os 50% restantes. 

A realidade é que o dinheiro do cidadão acaba sendo utilizado para custear essa anomalia. O Atlas dos Estados Brasileiros 2018, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o Brasil gasta 13,4% do PIB nacional com os servidores públicos. Desse total, os estados respondem por 5,31% do PIB (outros 4,74% são dos municípios e 3,35%, da União). É um volume enorme de recursos. Tomando-se por base o PIB 2020, de R$ 7,4 trilhões, temos R$ 991,60 bilhões comprometidos somente com as despesas relativas ao funcionalismo público. 

Outro dado alarmante: no período entre 2003 a 2015, o custo da máquina pública cresceu 125% em valores reais – já deflacionados pelo IPCA -, enquanto a variação do PIB foi de apenas 44,65%. Boa parte disso é resultado de aumentos salariais muito acima da inflação, sem nenhuma correlação sobre produtividade e crescimento do PIB, penduricalhos para burlar o teto salarial de R$ 39,2 mil/mês, pagamentos de diárias, indenizações, gratificações e auxílios diversos. 

Em outra ponta, professores, médicos e outros profissionais da saúde e agentes da segurança pública continuam tendo remuneração não condizente com a relevância dos serviços que prestam. 

A distorção é inaceitável. Em 2019, segundo os números oficiais, os gastos com a máquina pública, proporcionalmente ao PIB nacional, superaram os investimentos em educação (6%), saúde (3,9%) e saneamento (0,21%). Tais despesas somaram 10,1% do PIB, bem menos que os 13,4% consumidos com a máquina administrativa. 

Trata-se de um modelo equivocado e nefasto à nação. Os tributos precisam ser destinados para as atividades-fim (Educação, Saúde, Segurança, Habitação e Infraestrutura) e não para atividades-meio (custeio das máquinas administrativas). 

É necessário olharmos o País sob outra ótica. A recorrente justificativa dos governos de que sofremos com a escassez de recursos financeiros não pode mais ser aceita, porque é irreal. O problema do Brasil não é a falta de recursos, mas o gigantismo do Estado, que não cabe mais no PIB nacional. O Estado arrecada muito, porém gasta mal e esta é uma das razões para o cenário nacional de serviços públicos escassos, de má qualidade, acessíveis apenas a uma parte da população. 

Reduzir o tamanho do Estado, combater a corrupção, acabar com os privilégios, reduzir as desigualdades sociais e regionais, promover as reformas política e tributária, estabelecer um plano de metas e refundar o princípio federativo são as verdadeiras necessidades do Brasil. 

Qualquer iniciativa contrária a essas premissas não contribuirá para o País reencontrar o rumo do desenvolvimento e melhorar a vida dos cidadãos. Toda a população merece ser bem atendida pelo Estado, independentemente da região onde viva. Entretanto, aumentar despesas não é o melhor caminho para se atingir esse objetivo. Colocar mais uma estrela na bandeira nacional está muito longe das prioridades nacionais.

 


Samuel Hanan - engenheiro, com especialização nas áreas de macroeconomia, administração de empresas e finanças; empresário e ex-vice-governador do Amazonas (1999-2002)


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