Professora de Enfermagem orienta sobre
as formas de contágio e tratamento das doenças
O caso de uma mulher argentina de 30 anos cujo organismo pode ter eliminado o vírus HIV por conta própria chamou a atenção da sociedade no final do ano passado. O episódio é o segundo no mundo inteiro, sendo raro, mas representando expectativas positivas para a descoberta de uma possível cura da Aids, entretanto especialistas lembram que a prevenção ainda é a melhor arma contra essa e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Tallita Adriano, professora de Enfermagem da Estácio, destaca que “tanto a camisinha masculina quanto a feminina tem o mesmo parâmetro de proteção durante o ato sexual”. Logo, mulheres também devem ser incentivadas a buscar o preservativo nos postos de saúde e testar seu uso.
“O uso da camisinha feminina é interessante porque ela pode ser colocada até oito horas antes do ato sexual, o que previne de esquecimentos ou impulsos desprotegidos, mas sempre lembrando que as duas não devem ser usadas juntas: ou o homem usa, ou a mulher usa”, esclarece a profissional de saúde.
Nos últimos dez anos, o número de casos de HIV/Aids aumentou 64,9% na faixa etária de 15 a 19 anos, de acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/Aids do Ministério da Saúde de 2020. Para Tallita, é essencial que os jovens saibam se proteger dessa e das outras ISTs antes de começarem sua vida sexual, porque é principalmente pelo ato sexual desprotegido que a transmissão acontece.
“É importante promover ações de saúde para conscientizar o adolescente, mas é preciso que esse assunto também seja trabalhado em casa, os pais com seus filhos, para desmistificar esse tabu em torno da vida sexual que só colabora para a desinformação e para aumentar o risco de contaminação desses jovens”, afirma.
Hoje, muitas ISTs têm tratamento e cura, como a sífilis, tricomoníase, clamídia e gonorreia, porém a Aids, não é uma delas.
"Apesar de hoje em dia nós termos à disposição a profilaxia pós exposição de risco (PEP), que é um grupo de medicamentos que reduzem o desenvolvimento da infecção, a Aids não tem cura, o que pode comprometer muito a saúde do indivíduo que for diagnosticado, tanto no fisiológico quanto no psicológico, devido ao tabu que cerca a doença”, diz Tallita.
A docente lembra ainda que antigamente,
quem testava positivo para HIV sentia como se houvesse recebido um atestado de
óbito, e esse impacto segue no imaginário da população. “Por isso, é necessário
atentarmos para a prevenção na relação sexual, mas caso aconteça uma infecção,
o indivíduo deve procurar imediatamente os serviços de saúde para iniciar o quanto
antes o tratamento e o acompanhamento”, orienta.
Tallita destaca que também é importante manter uma frequência nos exames de check-up porque as ISTs são doenças “silenciosas”, isto é, podem ficar anos sem apresentar sintomas.
“Muitas vezes, nós descobrimos a doença na mulher, que costuma procurar o médico com mais frequência, e convidamos o parceiro para fazer os testes também, até porque não adianta ela fazer o tratamento se vai continuar exposta à relação sexual com um parceiro possivelmente contaminado. Então o ideal é que homens e mulheres mantenham a frequência de testes para que o casal faça o tratamento juntos, se necessário”, afirma.
No público feminino, testes são feitos
anualmente junto ao exame preventivo, e em caso de gravidez, na primeira
consulta de pré-natal e durante toda a gestação. Para a população em geral,
homens, mulheres que não estão grávidas e adolescentes, são recomendados os
testes rápidos de HIV, Sífilis e Hepatite B e C disponíveis em todas as
unidades básicas de saúde, com resultados disponíveis em 30 minutos.
Diferença entre HIV e Aids
Quarenta anos após a doença ter sido identificada pela primeira vez, a diferença entre a Aids e o HIV ainda causa dúvidas na população. O HIV é o vírus da imunodeficiência humana e há pessoas que, mesmo contaminadas, passam anos e anos sem apresentar sintomas e sem saber que estão infectadas, o que é um risco. Dessa forma, o indivíduo pode ser um agente transmissor do vírus sem saber.
Tallita explica que o vírus age principalmente nas células de defesa do organismo e deixa enfraquecido o sistema imunológico. “Nesse momento, considera-se que a pessoa desenvolveu a Aids, e dessa forma, outras doenças oportunistas, como pneumonia e tuberculose, conseguem se instalar”, diz.
Em caso de diagnóstico positivo,
Tallita conta que é reunida uma equipe multiprofissional para levar a
informação ao paciente de forma sensibilizada e imediatamente a pessoa é
encaminhada para o serviço de referência de doenças infectocontagiosas para
iniciar a terapia com medicamentos que deverão ser tomados diariamente.
“Felizmente, com o avanço da tecnologia, essas medicações estão cada vez mais
eficientes, e se a pessoa seguir o tratamento de acordo com a prescrição
médica, pode ter uma vida normal, desde que redobre os cuidados com a proteção
de futuros parceiros e mantenha o acompanhamento médico”, finaliza.
Estácio - uma das maiores e mais
respeitadas instituições do setor educacional brasileiro
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