Imaginem que existe um cidadão – chamado João – que foi ao médico num programa da sua empresa e descobriu que seu exame de colesterol estava no limite e sua glicemia (o açúcar no sangue), também. Além disso, o seu Índice de Massa Corpórea (IMC) nunca tinha sido bom.
Mas nada que justificasse, até então, um tratamento com remédios. O
médico, assim, acabou aconselhando, novamente, a prática de exercícios e
recomendou que João emagrecesse. Acontece que João passava por consulta já
havia muito tempo e, definitivamente, não conseguia – nem emagrecer, tampouco
melhorar os seus índices.
João tem um pai com problemas de coração, que sofreu infarto ainda
jovem, e um avô que morreu de AVC, além da mãe, que tem hipotireoidismo e tratou
de um câncer de mama. Na verdade, João só se incomodava com uma doença
autoimune que manchava suas mãos, o vitiligo, além de uns eczemas no rosto.
João é um cara bacana: ama churrasco e uma cervejinha, adora sorvete de
chocolate ao leite, come algumas verduras de vez em quando e toma um energético
para pegar seu plantão em uma empresa de TI, em que trabalha à noite. A
barriguinha sobressalente é o charme de João. Sua namorada Maria está seguindo
seus passos, e nos seus dias juntos, vai com ele comer uma pizza ou um “dogão”
– é a diversão deles.
Com apenas 35 anos de idade, João já está cheio de cabelo branco e as
rugas também ‘printam’ sua face. Ele tem dificuldade para subir a escada do
trabalho e fica muito ofegante no último degrau. Sua pressão está sempre
“altinha”, como diz o farmacêutico da esquina de sua casa – João sempre vai lá
para medir a pressão, comprar umas balinhas de menta e o energético, ou
analgésico nas crises de dor de cabeça após tomar café.
João um dia chegou para um amigo nutricionista e contou seu dia a dia.
Esse nutricionista participava já há um tempo de um grupo de estudos que tinham
alguns médicos, biólogos, farmacêuticos e até educadores físicos. Ele disse a
João que ele estava ‘inflamado’ e seus caminhos não seriam legais com esse
perfil físico, exames e comportamento de vida, que para João, eram totalmente
normais. Foram várias conversas até conseguir mostrar que aquilo que parecia
normal, seus exames, seus sinais e sintomas, na verdade eram reflexo da falta
de saúde e futuras doenças graves, à semelhança de seus familiares.
Seu amigo ‘nutri’ contou a João que já existe disponível, hoje, uma
inteligência que poderia ajudar João a viver mais e melhor – e até
possivelmente reduzir seu envelhecimento. Disse a João que ele poderia conhecer
seu DNA e que havia um grande ‘órgão’ em seu corpo, que a maioria desconhece,
chamado microbioma.
Contou a João que o microbioma pode estar associado a depressão e
doenças do cérebro, podendo até nos ajudar a emagrecer enquanto dormimos. Que,
na verdade, nós não somos o que nós comemos, mas sim o que nosso microbioma,
por nós selecionado, come.
A essa altura, João já havia se conformado que seria, como seus
antepassados e a exemplo seus pais e avós, diabético, hipertenso e
possivelmente teria de passar por algum perrengue num hospital – era seu
destino.
João, escutando o ‘nutri’, num lampejo, decidiu ter as informações que
poderiam mudar seu destino. Essa tal ‘inteligência’, da saúde 360, que o
‘nutri’ oferecia – era muito mais que um tratamento médico, não era sobre
doença, era sobre saúde!
Imaginem só: João juntou uma graninha e fez seu estudo de DNA (colheu
com um cotonete e saliva) e nesse estudo, descobriu algumas informações que
foram escritas em seu código genético, no dia que ele ainda era um minúsculo
ser intrauterino. Nas informações de seus genes, descobriu que tinha impacto
negativo se consumisse proteína animal e gorduras saturadas, impacto negativo
se consumisse café e tinha uma provável capacidade ruim para fazer a limpeza de
toxinas em órgãos como fígado, sangue e rins. Descobriu que processava bem
certas drogas, mas outras, como anti-inflamatórios, nem eram metabolizadas
direito – eram inúteis e até tóxicas. Descobriu que azeite lhe fazia bem e sal
não fazia tão mal.
Imaginem que João aceitara, ainda, fazer seu exame da microbiota
intestinal, descobrindo que esse grande órgão vivo dentro de nós, o nosso
microbioma, no seu caso, tinha uma predominância de bactérias que não eram tão
bacanas e ainda por cima, João andava tendo crises de cólica e inflamações
intestinais.
O amigo ‘nutri’ do João, além dessas informações, ajudou-o a calcular
sua idade biológica. O famoso relógio de metilação de Horvath feito através de
análise genética, foi hackeado, e o amigo ‘nutri’ indicou alguns ‘relógios’ através
de questionários. João fez o teste e descobriu que estava uns dez anos mais
velho que sua idade cronológica.
Vejamos! João, um “gordinho” charmoso, com um histórico familiar ruim,
exames nada bons e, ainda, um teste de DNA e microbiota que ajudavam a
predizer, em conjunto com a sua idade biológica, que a coisa realmente não
estava nada boa para o seu lado. João provavelmente teria uma vida curta e uma
morte dolorida. Por um câncer ou um sério problema cardiovascular.
Foi difícil, mas João percebeu que tinha que mudar.
Aprendeu com seu amigo ‘nutri’ que poderia fazer jejum metabólico,
pulando uma refeição alguns dias da semana e depois poderia até aumentar o
tempo de jejum, e isso o ajudaria a ‘desinflamar’, reduzindo o risco de eventos
ruins futuros, e ainda por cima, daria um UP nas bactérias boas da sua
microbiota.
Descobriu que se uma atitude única tivesse de ser tomada, seria a perda
de peso. Afinal, era um fator possivelmente relacionado a longevidade em vários
estudos, tanto em humanos, quanto em ensaios laboratoriais. Descobriu e
aprendeu que o que comia alterava diretamente sua vida.
Os derivados do leite de vaca, o excesso de proteínas animais, açúcar,
farináceos, o consumo de alimentos industrializados e de álcool, estavam
‘acetilando’ João. Isto é, do ponto de vista de seu Epigenoma, a parte
analógica do nosso DNA, João estava envelhecendo.
João precisava ‘metilar’ mais: silenciar seus genes ‘ruins’ para viver
mais e com mais saúde. Começou a se interessar pelo assunto e se empoderou.
Descobriu que ‘metilar’ significa deixar o DNA ‘organizado’, freando a
expressão de genes ruins…. enquanto ‘acetilar’ permite a desorganização e a
expressão de genes que podem não ser legais.
Aprendeu, maravilhado, que genética não é destino e ele estava mudando o
seu!
Com o auxílio do ‘nutri’ e os colegas do grupo de estudos dele, João
aprendeu sobre compostos fitoquímicos, nutrientes que as plantas produzem para
se proteger e que são um tesouro para nós humanos. Descobriu shots, chás e
extratos que seriam verdadeiras bombas de saúde. Trocou de emprego e começou a
acordar cedo, em jejum, já tomando um shot de vinagre de maçã com gengibre
ralado ou outros ingredientes. Já estava fazendo uma caminhada de 50 minutos ao
dia e pelo menos três vezes por semana, além de exercícios de carga na academia
perto de sua casa.
Aprendeu, nuns tais cursos de biohacking em que se meteu, que se
dormisse bem, sem se expor à luz artificial à noite, se frequentasse a
natureza, cuidasse de sua mente e sua respiração e, ainda, tomasse uns banhos
gelados, desinflamaria e até possivelmente retardaria seu envelhecimento.
Descobriu que onde entra o sol, sai a doença. Que a vitamina, ou hormônio D,
funcionava não apenas para saúde óssea. Começou a usar relógios inteligentes,
que mediam sua pressão e sua glicemia, além do seu eletrocardiograma, e
enviavam as informações para um banco de dados sobre sua saúde.
Também na internet, descobriu e teve contato com livros fascinantes,
como o do Dr. Pedro Schestatsky e o do David Sinclair. No livro do David
descobriu que existem substâncias como o NMN, o Resveratrol e a Metformina, que
retardam o envelhecimento em modelos experimentais e algumas pessoas já
começaram a se ‘hackear’ com tais substâncias. João não ficou pra trás. A
metformina seu médico já o havia prescrito e o resveratrol, já tinha comprado
na forma ‘trans’ num site de busca. O NMN ainda não tinha achado no Brasil, mas
já tinha encomendado numa comunidade de biohackers.
Após alguns meses, em seu retorno ao médico e amigo, já tinha emagrecido
18 quilos. A esteatose (gordura no fígado) tinha desaparecido e seus exames
tinham melhorado sensivelmente. João agora tinha disposição pra subir escadas,
acordava bem e estudava alta performance. Mudou de carreira. Começou a
trabalhar numa startup que ajudava as pessoas a ter mais saúde e recursos
financeiros (qualquer semelhança com a www.hygiabank.com.br é mera coincidência).
João passou a beber álcool somente em ocasiões especiais. Sua dieta era
riquíssima em produtos naturais de produtores próximos de casa e tinha bem
menos proteína animal, além de frituras. João passou a descascar mais,
desembalando menos. Seu amigo ‘nutri’ também o acompanhava e lhe prescrevia
alguns suplementos alimentares, com a N-acetil cisteína, o Dimpless e compostos
de vitaminas B6, B9 e B12, além de ômega 3. Tudo baseado no seu exame de DNA e
na evolução clínica de João, variando os tais suplementos conforme seu corpo
respondia.
João tornou-se outro homem. Realizou novo estudo da microbiota uns dois
anos após essas intervenções, descobrindo agora que tinha mudado esse grande
órgão invisível. Agora seu microbioma o deixava ‘pra cima’, menos ansioso e
ainda ajudava a manter-se magro. Antes tinha bactérias que o empurravam para a
síndrome do intestino permeável e disbiose.
As bactérias ‘do bem’, antes praticamente inexistentes, como a
akkermansia muciniphila agora estavam presentes. Sua calculadora biológica
apontava agora para idades abaixo de sua idade cronológica. Foi uma jornada de
investimento em conhecimento e de adaptações, um início para um novo destino. A
Maria, agora sua esposa, tinha emagrecido e os anos de tentativa de engravidar
ficaram pra trás. Com a mudança do corpo e dos hábitos, Maria já estava na
segunda gestação – deixara pra trás a pele oleosa, a acne, a obesidade e a
síndrome dos ovários policísticos. Havia a certeza de que João e Maria, sem
tais atitudes, sucumbiriam envelhecendo e adoecendo – morrendo mais rápido.
Imaginem que esses Joões, investindo em autocuidado, com informação rica
em suas mãos, junto da ajuda de profissionais, possam tomar decisões como as da
fictícia história acima relatada. Decisões que impactem em seus futuros para
que, mais que não adoecer, esses Joões possam ter anos muito mais saudáveis e mais
proveitosos pela frente.
Já pararam para pensar que as coisas poderiam ser diferentes na sua
saúde, bem como na saúde das pessoas que você gosta?
E se, ao invés de nos prepararmos para cuidar de doenças quando elas
surgirem, pudéssemos predizer o quanto de saúde podemos ter, além dos riscos de
desenvolver doenças?
E se passássemos a considerar o envelhecimento uma condição ruim… como
uma doença?
E se, tendo informações nas mãos, pudéssemos intervir hoje para termos
mais saúde, menos doença e até menos envelhecimento?
E se pudéssemos ter informação financeira para nos programar para ter
mais recursos materiais, junto com mais saúde?
Entendendo que saúde é investimento, o melhor, e não despesa!
E se, em conjunto um monte de gente começasse a fazer isso? Num grupo,
numa comunidade, na sua família, numa cidade, numa região… não seria
maravilhoso?
E se, você desse o primeiro passo, ou melhorasse ainda mais o que já
faz?
Alexandre Parma -
radiologista e um dos fundadores da startup hygia bank bank