Pesquisar no Blog

segunda-feira, 8 de março de 2021

Mulheres lutam para proteger a toninha, o golfinho mais ameaçado do Brasil

Foto: Renan Conceição

Pesquisadoras são protagonistas no estudo da espécie e no desenvolvimento de estratégias para um manejo sustentável na costa brasileira. Captura acidental pela pesca e poluição são os maiores riscos ao menor golfinho brasileiro


 

Pouco conhecida do público em geral, a toninha é uma das espécies de golfinho mais ameaçadas do mundo, encontrada apenas na Argentina, no Uruguai e em parte do litoral brasileiro, entre o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul. A situação é especialmente crítica no Brasil, onde a pesca acidental e a poluição colocam a espécie como criticamente ameaçada. Na luta pela preservação do golfinho, mulheres se destacam na coordenação e execução do Projeto Conservação da Toninha, uma iniciativa criada para apoiar pesquisas, compreender as causas da mortalidade e a relação da espécie com as atividades pesqueiras, assim como elaborar estratégias para um manejo sustentável nas áreas prioritárias para a espécie.

A bióloga Camila Domit, membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza, que se dedica ao estudo dos golfinhos há quase 20 anos, coordena o projeto em região que compreende os estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde a ocorrência da espécie sobrepõe áreas de intensa atividade humana. O protagonismo feminino é uma das marcas do projeto iniciado em dezembro de 2018, o qual reúne uma coalizão de 12 entidades, sendo sete representadas no projeto por mulheres. Além disso, consultoras técnicas e monitoras compõe a maioria da equipe técnica e realizam pesquisas e ações presenciais com comunidades de pescadores. Entre as quase 30 pessoas envolvidas no projeto, 19 são mulheres. Entre estas pesquisadoras, cientistas engajadas, três deram à luz ao longo da execução do projeto.

Neste Dia Internacional das Mulheres, a coordenadora do projeto enxerga, inclusive, um paralelo entre a condição feminina e as toninhas. “Ambas precisam ser mais reconhecidas e valorizadas; precisam encontrar seu espaço na sociedade. Necessitam de proteção e de apoio para cuidar de seus filhos, para que possam viver sem ameaças”, compara a cientista.

“É muito bonito ver o envolvimento de todas as mulheres, que muitas vezes trazem os filhos para reuniões e ações em campo. As reuniões viram encontros familiares. E essa energia é bastante necessária, porque a toninha está criticamente ameaçada e demanda de nosso esforço coletivo. Infelizmente, corremos o risco de vê-la ser extinta já na nossa geração”, alerta Camila. “Ver o comprometimento de todas as pessoas que trabalham comigo nesse projeto, pesquisadores, pescadores, gestores, consultores, monitores, é muito importante, porque é o único caminho para proteger a espécie de forma efetiva”, ressalta a pesquisadora.

Realizado por quatro mulheres, uma das ações realizada em campo com os pescadores foi um dos pontos marcantes do projeto até aqui. Uma das consultoras, inclusive, realizou as visitas acompanhada por sua família, pois tinha um bebê de seis meses. Nesta ação foram realizadas conversas com pescadores e outras pessoas envolvidas nesta atividade em 55 municípios, ainda antes da pandemia, em 2019, envolvendo a compreensão sobre a legislação de pesca e seus conflitos; questões sociais, econômicas e familiares; indicadores escolares, de acesso à saúde e outros serviços públicos. 

Como a toninha não tem valor comercial, as pesquisas demonstram que a pesca do pequeno golfinho é, realmente, acidental, sensibilizando inclusive os pescadores que executam sua atividade econômica, mas também são amantes do mar e sua fauna. “Os pescadores têm preocupação com a toninha, ficam tristes quando capturam uma delas em suas redes, mas também têm a demanda social e econômica relacionada a sobrevivência destas comunidades pesqueiras”, pondera Camila.


Vidas ameaçadas

Conhecida fora do Brasil como franciscana, a toninha é considerada vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). Em 2016, a International Whaling Commission (IWC), a Comissão Baleeira Internacional (CIB), adotou um plano de conservação e manejo para a espécie, contando com a adesão dos governos dos três países onde as toninhas são encontradas. Estima-se que restam menos de 50 mil indivíduos da espécie atualmente no mundo. As mortes anuais não têm estimativas confiáveis, mas para a região de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, onde a população é estimada em menos de 10 mil, mais de 600 animais são encontrados mortos encalhados em praia por ano, números que demonstram a gravidade da situação.

Camila pontua que a extinção de uma espécie é sempre uma perda inestimável para o ecossistema e mesmo para a manutenção dos serviços que o ambiente presta ao planeta. Sendo assim, é um grande alerta para que possamos rever nossas ações. “Estamos diante da perda de uma das espécies mais antigas de golfinho, e isso terá graves consequências para a regulação da cadeia alimentar. As toninhas exercem papel importante na corregulação da oferta de peixes com os animais que são topo de cadeia na região costeira”, esclarece.

A toninha é uma espécie sentinela ambiental, um animal que nos mostra a qualidade do ecossistema. Ela se alimenta de peixes e frutos do mar, alguns inclusive de interesse econômico, como a sardinha e a manjuba. “Então, saber da saúde dela é saber da nossa saúde. E mais do que isso, ela é um predador de peixes e lulas, e tirar um predador sempre causa um efeito que provoca a desestruturação da cadeia alimentar”, explica. “Se sumir a toninha, ela não vai sumir sozinha”, enfatiza.

Pequena e tímida, a toninha não gosta da aproximação de embarcações a motor. Portanto, é muito raro observá-la viva, tanto por causa de seu comportamento quanto por sua coloração amarelada. Vivem em grupos pequenos, de 2 a 30 animais, em profundidade de até 30 metros, sempre próximas da costa, ocorrendo no máximo entre 45 e 55 quilômetros das praias.

Após a conclusão dos estudos e mapeamento sobre os hábitos e localização dos animais, podem surgir novas recomendações sobre o uso de redes específicas e novas tecnologias que reduzam os riscos de captura acidental. “Pesquisas como essa trazem dados importantes para que sejam desenvolvidas ações e políticas públicas efetivas, que contribuam com a conservação da espécie e também levem em conta a realidade socioeconômica de populações locais”, afirma Leide Takahashi, também membro da RECN e gerente de Conservação da Natureza da Fundação Grupo Boticário, instituição representante da sociedade civil na Década do Oceano no Brasil.

“Não queremos acabar com a pesca e nem deixar a toninha morrer sem fazer nada. Então, como vamos construir esse meio termo? Queremos elaborar soluções junto com a comunidade, levando em consideração aspectos sociais, econômicos e ambientais”, explica Camila, ressaltando que a ameaça aos golfinhos é reflexo de um problema maior, que pode comprometer todo o ecossistema marinho. “Conseguimos identificar alterações provocadas por produtos agrícolas e industriais que chegam no mar através dos rios. A ameaça às toninhas é um sinal de como precisamos cuidar melhor dos recursos pesqueiros e da saúde humana”, pondera.

A coordenadora do projeto acrescenta que olhar para a sobrevivência da toninha é direcionar esforços para a manutenção de um oceano limpo, saudável, resiliente e explorado de maneira sustentável. “Estes desafios estão elencados para a Década do Oceano (2021 – 2030), iniciativa da Unesco para promover os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Ciência Oceânica”, conclui Camila.




Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN)

www.fundacaogrupoboticario.org.br



Fundação Grupo Boticário

 

Os desafios das mulheres no mercado de trabalho atual: Da desigualdade de gênero, à baixa representatividade

 Pesquisa do IPEA revela que participação delas no mercado caiu 7,5%, e dados da Workana mostram que 48,3% das mulheres CLTs em home office ficaram encarregadas de cuidar dos filhos, enquanto entre os homens esse número não passou de 11,1%

 

A crise causada pela pandemia atingiu em cheio os trabalhadores em todo o mundo. O Brasil chegou à marca de 14,1 milhões de desempregados, e a participação das mulheres no mercado de trabalho caiu consideravelmente. Dados do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, revelaram que, no terceiro trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019, houve uma queda de 7,5% no número de mulheres trabalhando. A taxa, que foi de 53,3% a 45,8%, só não foi tão baixa quanto a registrada em 1990, quando chegou a 44,2%. 

Além da perda significativa no volume de mulheres no mercado de trabalho, dados de 2020 do relatório anual da Workana, maior plataforma que conecta freelancers a empresas da América Latina, mostraram que a desigualdade de gênero ficou mais evidente no home office. 48,3% das mulheres CLTs afirmaram estar cuidando dos filhos, enquanto entre os homens esse número chegou a apenas 11,1%. Não à toa, as mulheres foram as que mais sofreram de ansiedade: 28% delas afirmaram ter sido acometidas por esse problema, enquanto entre os homens a taxa ficou em 8,33%. Elas lideraram ainda o ranking de dificuldade de concentração, com 24% de incidência, ante 17,71% deles. 

Para Daniel Schwebel, country manager da Workana no Brasil, apesar de 15,2% dos profissionais terem visto no home office a vantagem de poder trabalhar sem deixar de estar perto dos filhos, não ter limites entre a vida pessoal e profissional, e ter que seguir horários pré determinados pela empresa acabou sobrecarregando principalmente as mulheres. "Os gestores têm que ser mais flexíveis em relação aos horários no trabalho remoto, porque isso vai possibilitar que as mulheres façam a gestão do próprio tempo, por exemplo, adequando o trabalho à rotina de casa da maneira que acharem melhor, sem que isso signifique ficar longe dos filhos - no caso das mulheres que têm filhos -, ou sem precisar deixar de se dedicar também a projetos e atividades pessoais", explica Schwebel.

 

• Flexibilidade e liberdade do trabalho freelance a favor da igualdade

91% dos profissionais disseram preferir trabalhar de forma mais flexível, com foco nos resultados, sem a necessidade de estar no escritório ou cumprir 8 horas de trabalho. Dados de outro relatório da Workana, Mulher 2020, revelaram que, focadas exatamente nessa flexibilidade, liberdade, e na busca por mais igualdade e autonomia, 69% das mulheres optaram por mudar de carreira ou entrar no mercado freelance, 21% delas tomaram essa decisão por querer passar mais tempo com os filhos, e muitas outras com o intuito de gerir a própria carreira e ter controle sobre a rotina. 

Segundo Schwebel, o mercado freelance é bastante democrático e, além de pôr fim a essas limitações de horários e barreiras físicas, também não dá espaço para preconceitos, sejam eles relacionados a gênero, idade, cor, entre outros. Para se ter uma ideia, sobre questões ligadas à maternidade, por exemplo, ainda de acordo com o relatório Mulher 2020 da Workana, ao se candidatar para atuar em um projeto como freelance, 93,5% das mulheres disseram que o fato de ter filhos não foi questionado pelo contratante, enquanto no mercado tradicional, 75,7% das mulheres afirmaram ter sido questionadas sobre filhos. E quando o assunto é idade, 53,5% das mulheres freelancers cadastradas na Workana disseram ter vivido uma transição em suas carreiras depois dos 40 anos, 30% começaram a atuar como freelancer após os 30 anos, e 18% depois dos 36 anos. 

"Para diminuir os obstáculos encontrados pelas mulheres no mercado de trabalho, os líderes têm que deixar de lado práticas antigas, como office centric, e focar em conceitos como o professional centric, que consiste basicamente em se atentar às necessidades de cada profissional. Dar suporte para que as pessoas desenvolvam não só suas habilidades técnicas, mas também tenham a saúde mental em dia - estejam onde estiverem -, cresçam profissional e pessoalmente, e tenham equilíbrio nesses dois quesitos, contribuirá para que haja menos desigualdade no mercado de trabalho. Com isso, ganha o colaborador, e ganha a empresa", conclui Daniel Schwebel.

 

Como a pandemia está afetando o empreendedorismo feminino?

A pandemia não está sendo fácil para ninguém, mas para elas, as mulheres empreendedoras, as dificuldades parecem ainda maiores. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae mostra que a crise interrompeu um movimento constante, verificado desde 2016, de crescimento na representatividade das mulheres no empreendedorismo brasileiro.

Em 2019, elas representavam 34,5% do total de empreendedores. Em 2020, esse número caiu para 33,6% (o que significou uma perda de 1,3 milhão de mulheres à frente de um negócio). Um dos motivos para essa redução está na necessidade de se dedicar mais à família e aos afazeres domésticos, diante do fechamento das escolas. De acordo com o IBGE, elas dedicaram quase o dobro de tempo a essas atividades que eles.

Essa alteração na rotina também impactou a taxa de ocupação. Apenas 54,6% das mulheres entre 25 e 49 anos com filhos até três anos estão trabalhando. Entre os homens, esse número é de 89,2%, segundo o levantamento “Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil”. Entre negras e pardas a ocupação é ainda menor, de 49,7%.

A queda da participação feminina no empreendedorismo ou mesmo no mercado de trabalho como um todo também tem a ver com os setores que elas costumam atuar. Segundo o Sebrae, as mulheres estão mais presentes no setor de serviços (50%, contra 34% dos homens), que foi o mais afetado pela crise.

Contudo, elas têm se mostrado resilientes. Cerca de 11% das empreendedoras dizem ter inovado em seus negócios durante a crise, enquanto somente 7% dos homens apostaram em mudanças. Elas também se mostram mais tecnológicas, já que cerca de 76% dizem fazer uso de redes sociais, aplicativos ou internet para comercializar seus produtos e serviços, contra 67% dos homens. Mais de 46% delas dizem ter apostado no lançamento de novos produtos e serviços, contra 41% deles.

Apesar do arrojo na busca por novidades, elas demonstram um estilo de gestão mais cauteloso quanto aos números. Segundo a pesquisa, 35% delas se dizem livres de dívidas, enquanto entre eles, são apenas 30%. Cerca de 46% dos homens tem empréstimos bancários, contra 43% delas. Mais da metade delas (51%) disse não ter buscado empréstimos para a empresa desde o começo da pandemia. Já 54% dos homens buscaram. 

As dívidas com impostos também foram citadas por 16% dos homens e 13% das mulheres. Nesse ponto, é importante destacar a escolha do regime tributário, evitando uma carga excessiva de impostos. Ter um contador de confiança, que atue como um parceiro do negócio, é fundamental para garantir uma contabilidade saudável e estratégica para a empresa.

A pressão sobre as mulheres é alta, mas elas parecem mais uma vez demonstrar que, de frágil, não tem nada. Apesar do cenário desafiador e claramente mais prejudicial a elas, as mulheres demonstram muita força e resistência para driblar as adversidades e continuar seguindo em frente. Como mulher, negra e empreendedora do segmento contábil, um mercado predominantemente masculino, também me vejo nessa pressão. Sigamos firmes nessa luta.

 



Regina Fernandes - perita contábil, trainer em gestão, mentora e responsável técnica da Capital Social, escritório de contabilidade com 10 anos de atuação que tem como objetivo facilitar o dia a dia do empreendedor. Localizado na cidade de São Paulo, atende PMEs do Brasil inteiro por meio de uma metodologia de contabilidade consultiva, efetiva e digital. 

 

Capital Social

https://capitalsocial.cnt.br/ 


O que é investimento ESG e como aprender mais sobre os investimentos sustentáveis?


O investimento ESG (Ambiental, Social e de Governança) refere-se a uma classe de investimento também conhecida como “investimento sustentável”. Este é um termo para investimentos que buscam retorno positivo e impacto de longo prazo na sociedade, no meio ambiente e no desempenho dos negócios.

 Existem várias categorias diferentes de investimento sustentável. Eles incluem investimento de impacto e investimento de responsabilidade social. Alguns investidores também colocam o ESG sob o nome de SRI, que buscam investimentos mais éticos para impactar de forma positiva a sociedade.

O Financial Times Lexicon define ESG como “um termo genérico usado no mercado de capitais e usado por investidores para avaliar o comportamento corporativo e determinar o desempenho financeiro futuro das empresas”.

Basicamente o termo é usado por investidores para avaliar corporações e determinar o desempenho financeiro futuro das empresas. 

O ESG é um subconjunto de indicadores de desempenho não financeiros que incluem questões sustentáveis, éticas e de governança corporativa, como a gestão da pegada de carbono de uma empresa e a garantia de que haja sistemas em vigor para garantir a responsabilidade. Ou seja, leva em consideração investimentos usados ​​em estratégias de avaliação de risco incorporadas nas decisões de investimento e processos de gestão de risco.

 

Qual é o apelo do ESG? 

Muitos investidores não estão apenas interessados ​​nos resultados financeiros dos investimentos. Eles também estão focados ​​no impacto de seus investimentos e no papel que seus ativos podem ter na promoção de questões globais, como a ação climática.

Um grupo demográfico que é particularmente atraído por investimentos ESG são os millennials. De acordo com um estudo chamado Cone Millennial Cause Study, os millennials são mais propensos a confiar ou comprar os produtos quando empresas têm uma reputação de ser social ou ambientalmente responsável. Metade dos entrevistados têm maior probabilidade de recusar um produto ou serviço de uma empresa considerada social ou ambientalmente irresponsável.



Fatores de investimento ESG 

Os investimentos ESG consideram variáveis ​​ou fatores extra-financeiros. Investidores responsáveis ​​avaliam empresas usando critérios ESG como um guia para selecionar investimentos ou para avaliar riscos na tomada de decisões. Fatores ambientais determinam a gestão do meio ambiente da empresa e se concentram em resíduos e poluição, esgotamento de recursos, emissões de gases de efeito estufa, desmatamento e mudanças climáticas.


Os fatores ambientais incluem gestão de resíduos, gestão de água, uso de recursos ambientais, divulgação ambiental, impacto ambiental e redução de poluição e emissões. Os fatores sociais incluem análise das partes interessadas, mentalidade no local de trabalho, direitos humanos, relações comunitárias de diversidade, cidadania corporativa e filantropia. Os fatores de governança incluem a estrutura do conselho, remuneração da administração, impacto das partes interessadas, direitos das partes interessadas e o relacionamento entre a administração e as partes interessadas.

 

Por que os investimentos ESG funcionam? 

Normalmente se engaja na seguinte estratégia: primeiro, ele identifica um conjunto de investimentos atraentes, com base em seus critérios tradicionais de seleção de investimentos. Depois de fazer isso, ele aplicará uma lente ESG a esse conjunto de investimentos viáveis. Por último, mas não menos importante, ele seleciona os investimentos que devem gerar um impacto escalável e lucrativo. O motivo pelo qual o impacto e os retornos não precisam ser mutuamente exclusivos é porque a lente ESG só é aplicada a investimentos lucrativos que foram identificados antes da lente.

Com todas essas informações sobre ESG fica a pergunta: como os investidores podem adquirir conhecimento para que o aumento do seu patrimônio não leve à alocação de seus recursos em empresas que não estão comprometidas com a construção de uma sociedade mais justa e que não são éticas com suas partes interessadas, incluindo colaboradores, clientes, fornecedores e a própria comunidade?



Pensando nisso, a Expert ESG, que vai acontecer entre os dias 2 e 5 de março, terá a mesma essência da Expert XP que se tornou o maior evento sobre investimentos do mundo. A reunião dos maiores nomes do mercado financeiro do Brasil e do exterior para discutir as principais tendências ESG. O objetivo da Expert ESG é promover o debate e conscientizar os investidores sobre sua responsabilidade e seu potencial como agente da transformação. Convido você para saber mais e participar clicando neste link. Vamos juntos aprender e discutir sobre os benefícios do investimento sustentável.

 


Eduardo Souza - CFP® é profissional CFP®, assessor de investimentos e sócio sênior na Praisce Capital AAI


Os 7 erros mais comuns ao declarar o Imposto de Renda

Recolhido anualmente pela Receita Federal entre março e abril, o Imposto de Renda tem o objetivo de acompanhar a evolução patrimonial da população. Por mais que seja uma obrigação aplicada à grande maioria dos trabalhadores, todo ano vemos diversas pessoas terem suas declarações retidas, seja por informações incompletas, erros ou até mesmo uma tentativa de driblar as regras no intuito de reduzir o valor a pagar ou aumentar o que deverá ser restituído.

Em 2020, mais de um milhão de declarantes caíram na malha fina. Segundo dados divulgados pela Receita Federal, a maioria devido à omissão de rendimentos e problemas de dedução. Neste ano, uma grande novidade deve ser levada em consideração e o cuidado redobrado: pessoas que receberam o auxílio emergencial em 2020 também devem declará-lo, uma vez que é considerado como um rendimento tributável.

Caso as inconsistências não sejam corrigidas antes da notificação da Receita, as consequências são severas. A multa aplicada pode chegar a 75% do imposto retido. Para evitar o famoso “barato que sai caro”, listei aqui os sete erros mais comuns ao fazer a declaração:


#1 Não incluir a renda dos dependentes: É muito comum pais declararem filhos como dependentes e não há nada de errado nisso. No entanto, caso eles tenham algum tipo de renda, ela precisa ser declarada. Um erro clássico é não declarar o valor de uma bolsa de estágio, por exemplo.


#2 Gastos com educação equivocados: Dentre as despesas que podem ser deduzidas do IR, estão os gastos com educação. Contudo, apenas cursos registrados pelo Ministério da Educação (MEC) – como educação infantil, ensino médio e educação superior (graduação e pós-graduação) – são passíveis de dedução. Cursos técnicos ou de línguas são despesas que não se encaixam nessa lista.


#3 Venda de imóveis sem Carne Leão: Toda venda de imóvel que resultar em um ganho de capital gera IR no chamado Carnê Leão, que é pago no momento da transação. Depois, o valor deve ser declarado apenas para fins de ajuste. Caso o imposto não tenha sido pago logo após a venda, o declarante terá que arcar com multa e juros.


#3 Divisão de bens entre casais: Um dos erros mais comuns é a declaração dos mesmos bens nas duas declarações de um casal, seja um carro ou um imóvel. Aqui, a regra é clara: duas declarações não podem conter os mesmos bens. É preciso decidir em qual declaração o bem será citado e sempre incluir o CPF do cônjuge no documento.


#4 Não incluir investimentos: Todos os investimentos financeiros, sejam eles feitos no Brasil ou no exterior, devem constar na declaração. É muito comum deixar de fora algum investimento, especialmente os estrangeiros, o que pode acarretar sérias dificuldades para resgatar o valor futuramente, além de chamar a atenção do Fisco para uma análise mais minuciosa da declaração.


#5 Não declarar doações: Muitas vezes, as pessoas recorrem à empréstimos familiares para adquirir bens de alto valor agregado. Contudo, esse tipo de transação é passível de ITCM (Imposto de Transação Causa Mortis e Doação), cujo valor varia de um estado para outro. Caso esse imposto não seja pago, a Receita entenderá que o bem é incompatível com a renda do declarante, o que pode trazer problemas.  


#6 Não guardar documentos: A grande maioria das pessoas não gosta de guardar comprovantes em papel, mas eles são fundamentais na hora da declaração. Uma alternativa interessante é digitalizá-los e guardar os arquivos por, no mínimo, cinco anos após o envio da declaração.


#7 Declaração pessoa jurídica x pessoa física: Empresários fazem a retirada de um pro-labore (passível de IR e INSS) e uma quantia maior na forma de distribuição de lucros (isenta de IR). No entanto, empresas que devem impostos à Receita não podem fazer distribuição de lucros aos sócios. Nesses casos, a única opção para o empresário pagar menos impostos é buscar a renegociação da dívida.

Declarar o imposto de renda não é uma tarefa fácil, especialmente com tantas regras envolvendo quem deve declarar, quais documentos enviar e, principalmente, cumprir com tudo isso dentro do prazo. Por isso, o apoio de um contador qualificado e de confiança é fundamental. Só com o auxílio de um profissional é possível garantir uma declaração correta e que não traga problemas futuros.

 



Regina Fernandes - perita contábil, trainer em gestão, mentora e responsável técnica da Capital Social, escritório de contabilidade com 10 anos de atuação que tem como objetivo facilitar o dia a dia do empreendedor. Localizado na cidade de São Paulo, atende PMEs do Brasil inteiro por meio de uma metodologia de contabilidade consultiva, efetiva e digital. 


Capital Social 
https://capitalsocial.cnt.br/ 


Catedral de Florença: um dos primeiros open innovations do mundo

Ao longo da história humana, presenciamos grandes mudanças nas mais diversas áreas que foram revolucionárias para suas épocas – muitas, inclusive, consideradas inovadoras até hoje. Um dos maiores exemplos é a famosa Catedral de Florença, também conhecida como Catedral Santa Maria del Fiore.   

Criada no século XIII, a Catedral tinha um grande problema arquitetônico: um buraco em seu topo. Para resolver, a família Médici, uma das mais ricas e poderosas da época – e que inclusive chegou a governar a região de Florença – organizou um concurso para que os arquitetos da época oferecessem soluções para o topo da Catedral. A recompensa: 200 florins de ouro.

 

O vencedor, o arquiteto Filippo Brunelleschi, foi o responsável por projetar e erguer sua famosa cúpula, considerada como a maior cúpula de alvenaria já construída e, até hoje, um dos maiores enigmas da arquitetura. Usando a sobreposição dos tijolos alternados na vertical e horizontal, ela forma duas circunferências (uma interna e outra externa) distribuindo seu peso.

 

Sem nenhum vestígio de desenhos ou esboços, especialistas do ramo discutem até hoje teorias que possam justificar a conquista do arquiteto, que vão desde quais materiais ele escolheu até os possíveis mecanismos de sustentação e planejamento que possam ter sido utilizados.  

 

O caso revela que lançar um desafio para solucionar um problema e oferecer um prêmio financeiro como recompensa não é nenhuma novidade. Hoje conhecidos como programas de inovação aberta ou open innovation, esses “concursos” estão mais em alta do que nunca.

 

Embora a cúpula da Catedral de Florença tenha sido criada a partir desse conceito, quem leva o crédito pela criação do termo open innovation é o professor Henry Chesbrough, da Universidade de Berkeley, em 2003. Seu objetivo inicial era reduzir a distância entre o mercado e as universidades.

 

Analisando o comportamento das grandes empresas americanas ao longo do século XX, ele percebeu que o modelo de gestão era bastante fechado, buscando reter os melhores talentos e gerar novas ideias apenas internamente. Com o passar do tempo, a globalização e as profundas transformações culturais, sociais e econômicas, ficou nítido que era preciso buscar conhecimento externo e co-criar, por meio da colaboração e da troca de ideias.

 

De lá para cá, esse conceito só se expandiu. Tanto é que hoje o relacionamento das empresas que fazem open innovation não está mais restrito apenas às universidades, mas também às startups. E esses programas vem ganhando cada vez mais forma. Só nos últimos cinco anos, o open innovation cresceu mais de 20 vezes, de acordo com a 100 Open Startups.

 

As empresas com algum tipo de relacionamento de inovação aberta com as empresas de tecnologia passaram de 82, em 2016, para 1.635 em 2020. E, enquanto em 2016 apenas 24% das empresas conseguiam encontrar uma startup parceira, em 2020, esse número saltou para 58%. Ao que tudo indica, esse é um número que deve continuar crescendo.

 

A Catedral de Florença, criada cerca de 500 anos atrás, pode ter sido uma das precursoras desse conceito em ampla expansão. Cada vez mais, as empresas começam a entender que inovar é preciso, e que não se deve fazer isso sozinho. Criar grupos multidisciplinares e diversos é fundamental para gerarmos novas e originais ideias. Buscar apoio dentro e fora da empresa é fundamental. Afinal, a união é o que faz a inovação, ontem e sempre.

 

 



Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, físico nuclear e fundador da PALAS, consultoria pioneira na implementação da ISO 56002, de gestão da inovação.


www.gestaopalas.com.br 


Especialistas debatem efetividade do ensino híbrido na pandemia

Os novos desafios da educação foram discutidos durante congresso gratuito realizado pelo SAS Plataforma de Educação 

   

A pandemia da Covid-19 levou as aulas para o remoto e trouxe à tona a discussão sobre o modelo de educação para o futuro. Pensando em auxiliar os educadores nos novos desafios na compreensão dos caminhos do ensino híbrido, o SAS Plataforma de Educação reuniu diversos especialistas, na última semana, em congresso virtual. Na terça-feira (2), Fernando Trevisani, mestre em Tecnologias Educacionais e Educação Matemática pela UNESP, explicou os principais temas que têm surgido após a chegada desse formato.  

“O ensino híbrido é composto por vários modelos de aula que utilizam as tecnologias digitais para coleta de dados. O professor analisa estes dados e modifica as experiências presenciais de aprendizagem dos alunos”, afirmou o especialista ao explicar a diferença entre ensino remoto e híbrido. A personalização do ensino, base do modelo híbrido, exige a realização de aulas presenciais.  

Contudo, alguns elementos do ensino híbrido podem ser aplicados mesmo com os alunos estudando de suas casas. De acordo com Ana Paula Manzalli, mestre em Desenvolvimento Educacional Internacional pela Columbia University, as escolas e professores podem usar algumas práticas do modelo híbrido durante o ensino remoto, como avaliação de recursos e conhecimentos disponíveis e a elaboração de estratégias e planos.  

Durante a programação, Fernando e Ana Paula deram dicas aos professores que estão atuando com turmas em ensino remoto. Trevisani reforçou a importância de criar um tempo para discussão de temas com os alunos.  

Para Manzalli, a reorganização das tarefas das equipes de docentes pode facilitar a atuação dos professores e enriquecer o ensino. Além disso, apontou a diversificação das estratégias como uma aliada do ensino.  

A motivação do aluno que segue nas aulas remotas também é um desafio para os mestres, que competem com as inúmeras informações e dispositivos acessíveis aos jovens. Ana Paula explicou que o engajamento dos estudantes está relacionado aos sentimentos de pertencimento, autonomia, competência e significado.  

Ainda na terça-feira, especialistas do SAS discutiram sobre modelos de avaliação mais adequados de acordo com cada segmento: Ensinos Infantil, Fundamental e Médio. Guilherme Caldas, consultor pedagógico do SAS, reforçou a importância de observar as lacunas que ficaram em 2020. “No contexto atual, as avaliações ganham mais relevância”, afirma.  

O professor Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais do SAS, defendeu que a avaliação formativa promove o desenvolvimento intencional do aluno. “A avaliação mais tradicional acaba sendo somativa e punitiva”, complementa Idelfrânio Moreira, gerente de Inovações para Professores do SAS. 

Durante o debate, os especialistas mostraram que as atividades que dialogam com o cotidiano dos alunos são mais efetivas e defenderam a participação dos estudantes no processo de avaliação.  


Engajamento das famílias e cuidados com a saúde física e mental 

O segundo dia de congresso do SAS Plataforma de Educação trouxe mais discussões relevantes para o atual cenário das escolas. No primeiro momento, o assunto foi a aproximação com as famílias possibilitada pela pandemia e aulas remotas. A coordenadora de Conteúdos Pedagógicos do SAS, Amanda Teodósio, falou sobre a importância de trazer tranquilidade para as famílias que gostariam de enviar os filhos para as escolas. A transparência nas informações foi defendida como fundamental para garantir a segurança dos colaboradores que retornam para as atividades e para os alunos e familiares.  

Em um segundo momento, o doutor Sérgio Zanetta, médico sanitarista, e o psicólogo Tiago Tamborini conversaram sobre saúde física e mental das equipes escolares, pais e famílias. Os especialistas defenderam a abertura das escolas e o cuidado com saúde mental dos indivíduos como uma das prioridades. Zanetta finalizou a discussão reforçando o valor de acolher as inseguranças provocadas pela pandemia.   

Nos dois dias, representantes de escolas parceiras participaram do bate-papo, compartilhando um pouco de suas experiências de retorno às aulas. A importância da revisão dos conteúdos do ano passado também teve destaque nas conversas.  

 


SAS Plataforma de Educação 


Profissão motogirl: cresce número de mulheres motociclistas no Estado de São Paulo

Usar a moto para complementar a renda em serviços de delivery vem ganhando espaço entre o público feminino. Segundo o Detran.SP, cerca de 2,5 milhões de mulheres possuem habilitação para conduzir motocicletas

 

Com a pandemia e a necessidade de fechamento do comércio para a prevenção à Covid-19, a demanda por serviços de delivery cresceu e se tornou uma opção para as pessoas que perderam ou tiveram a renda reduzida. Em uma área majoritariamente masculina, as mulheres representam 25% do total de motociclistas no Estado de São Paulo e buscam seu espaço enfrentando desafios diários sobre duas rodas. Segundo dados do Detran.SP, de janeiro de 2019 a janeiro deste ano, houve um aumento de 8% no número de mulheres habilitadas em todas as categorias para a condução de motocicletas, passando de 2,2 milhões para quase 2,5 milhões.

 

A personal trainer Thais de Jesus Santos, de 24 anos, é uma destas mulheres. Moradora de Campinas, no interior paulista, viu a moto como uma oportunidade de renda após a academia onde trabalhava fechar e passou a fazer entregas de roupas na loja de uma amiga. “A rotina é bem puxada e os desafios são grandes, já cheguei a trabalhar das 10h às 22h, houve ocasiões que fiz 40 entregas no mesmo dia, mas independente disso o motofrete me ajudou muito como fonte de renda, além de me fazer conhecer a cidade inteira, novas rotas, caminhos diferentes, essa parte também foi bem legal”, conta. “Sou a única mulher motofretista da loja, acredito que muitas mulheres têm receio em fazer este tipo de serviço por ser um universo masculino, mas eu não me importei, já levei muitas fechadas, tive medo de cair, mas com o tempo superei e até me acostumei a ser chamada de motoboy.”

 

Um levantamento feito no ano passado pelo Infosiga SP, banco de dados do Programa Respeito à Vida gerenciado pelo Detran.SP, apontou que somente 6,3% dos casos de acidentes de trânsito envolvem mulheres na direção (todos os modais), um percentual 16 vezes menor do que o número de acidentes com homens ao volante. As condutoras do sexo feminino representam 40% dos motoristas de todo o Estado, um total de cerca de 26 milhões de condutores. De janeiro de 2016 a janeiro de 2021, 407 motofretistas homens perderam a vida no Estado, enquanto entre mulheres motofretistas três óbitos envolvendo acidentes foram registrados. “O baixo número de mulheres na categoria somado à prudência feminina contribui para a baixa estatística. As condutoras do sexo feminino definitivamente são mais prudentes no trânsito”, analisa Sílvia Lisboa, coordenadora do Programa Respeito à Vida.

 

Há sete anos atuando como motofretista, Camila Amaral Ferreira (foto), de 30 anos, moradora de Itaquera, na zona leste da capital, conta que quando começou a fazer entregas em uma pizzaria quase não havia mulheres prestando este serviço, mas com a pandemia ficou mais comum encontrá-las, principalmente em delivery de aplicativos. 

 

“Pela necessidade, por estar desempregada na ocasião, aceitei o desafio de ser motogirl, entreguei pizza, exames médicos, documentos, e hoje faço entregas por aplicativo”, conta. “Não é uma tarefa fácil porque as pessoas ainda são muito egoístas no trânsito e não respeitam, mas é um trabalho importante principalmente neste período de pandemia e que bom que há mais mulheres de moto porque elas são mais cautelosas, principalmente no corredor, o que faz um trânsito melhor.”, conta Camila.

 

No país, o número de mulheres motociclistas cresceu 96% em nove anos, de acordo com dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), analisados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares). Até novembro do ano passado eram 7,8 milhões, enquanto em 2011 elas somavam 4 milhões de carteiras de habilitação na categoria A.

 

Programa Motofretista Seguro

 

O Programa Motofretista Seguro é uma iniciativa do Governo de São Paulo e do Detran.SP que oferece crédito, facilidade no financiamento e formação para criar uma rede de proteção da categoria e contribuir com a segurança de quem exerce essa atividade. 

O objetivo da ação é atender tanto os profissionais que necessitam adequar a sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para o exercício da atividade, com a regularização de documentos, realização do curso de formação e atualização, oportunidade de práticas de aperfeiçoamento, como auxiliar com linhas de crédito especiais àqueles que precisam renovar seu veículo ou adquirir novos equipamentos de segurança


Mais mulheres para decodificar o futuro

No último ano vivemos um tipo de hackathon global, talvez o primeiro momento na história que reuniu governos, indústrias e indivíduos para resolver o mesmo problema. Em meio ao trabalho hercúleo de profissionais da saúde e de cientistas em busca de tratamentos e vacinas, presenciamos, paralelamente, um protagonismo da tecnologia nunca visto antes, como se o futuro estivesse sendo escrito em linhas de código.

A intensidade tecnológica e científica tem um peso cada vez maior nos países que lideram o crescimento econômico e o bem-estar de seus cidadãos, e as mulheres precisam ser mais protagonistas nesta esfera. No dia em que celebramos mais um Dia Internacional da Mulher e, por se tratar de um tema que afeta nosso país, ainda mais no contexto histórico em que vivemos, é importante refletirmos nesta data sobre o papel da mulher na tecnologia e a quantidade de mulheres que optam por carreiras técnico-científicas. O público feminino, apesar de consumir muitos aplicativos, redes sociais e dispositivos digitais, ainda tem uma participação tímida na produção da tecnologia.

A necessidade de se ter mais mulheres na ciência da computação não é só uma questão de equidade de gênero, mas também econômica. Esse cenário poderia não ser importante se não fosse pela influência da tecnologia e da ciência na redefinição do presente e do futuro do trabalho: embora o número de cursos de computação tenha crescido 586% nos últimos 24 anos no Brasil, o percentual de mulheres matriculadas nesses cursos passou de 34,8% para 15,5%, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC).

Os motivos que explicam esta realidade são diversos e complexos: padrões e crenças, educação digital insuficiente, visibilidade reduzida das mulheres cientistas, desconhecimento da contribuição para o bem-estar e o desenvolvimento econômico da ciência e tecnologia, famílias e sociedade que não aceitam que a ambição é um valor que também pode ser feminino.

Os estereótipos continuam a apresentar as mulheres essencialmente como cuidadoras e a pressão sobre a imagem de nossas meninas foi intensificada pelo poder das redes sociais. Em geral, as curtidas e a grande visibilidade nas redes não são dadas às mulheres que despontam em carreiras tecnológicas.

A análise do perfil de diversidade na área de tecnologias digitais também demonstra que o acesso ao mercado de trabalho por mulheres é desproporcional se analisada a população nacional. Segundo estimativas do IBGE, em 2018, o Brasil tinha uma população de 51% de mulheres e 49% de homens. Das 47 milhões de vagas de empregos, 44% são ocupadas por mulheres. E quando se observa a proporção por gênero de profissionais no setor de tecnologia a divergência é ainda maior: 37% de mulheres contra 63% de homens. Ou seja, praticamente a cada três vagas, duas são masculinas. 

Tecnologia e digitalização estão no centro das conversas públicas e são pauta obrigatória nas empresas que buscam se recuperar dos impactos econômicos gerados pela crise sanitária. Vemos, neste cenário, uma crescente no volume de ofertas de emprego ligadas às carreiras de tecnologia. Mais precisamente, estamos falando de um aumento de 310% no número de vagas abertas na área de tecnologia em 2020 no Brasil, segundo a GeekHunter, que atua no recrutamento de profissionais TI. Se analisarmos somente o estado de São Paulo, esse crescimento ultrapassa os 600%, segundo apontamentos da Catho. Na Indra, temos orgulho de possuir um quadro de profissionais composto em 43% por mulheres, enquanto a média das 500 maiores empresas do Brasil é de 35,5%, segundo informações do Instituto Ethos. Mas, sabemos, ainda há muito a avançar.

Os impactos negativos da Covid-19 são inúmeros e tivemos que fazer muitos esforços para nos adaptar a uma realidade que ainda é difícil de prever e aceitar. No entanto, estudos apontam que esta pandemia tem contribuído para acelerar a digitalização da sociedade, antecipando algumas tendências tecnológicas em cinco a dez anos.

O desenvolvimento de vacinas em tempo recorde evidenciou ainda mais a importância de se ter uma base tecnológica muito bem estruturada, seja para garantir a cadeia fria das vacinas durante a logística de transporte e distribuição, prevenir ataques cibernéticos que possam prejudicar o sucesso do plano de vacinação e a continuar compartilhando informações, rastreando pessoas infectadas e monitorando o isolamento social, enquanto não pudermos declarar, ainda, nossa vitória neste crítico episódio da história da humanidade.

 



Fabiana Rosa - Gerente de Comunicação, Marca e RSC da Indra no Brasil

 

Indra

www.indracompany.com


Três maneiras de usar a Educação Midiática para combater fake News

Pixabay

Escola tem papel fundamental na formação de cidadãos mais críticos e informados, dizem especialistas


Informações que chegam por todos os lados, na tela do celular, no computador, pela televisão, podcasts, aplicativos de mensagem. Estar conectado 24 horas por dia faz com que nem mesmo as crianças e jovens estejam livres da disseminação desenfreada de notícias falsas. Embora as fake news não sejam uma novidade do século XXI, hoje elas se espalham com muito mais velocidade e com um alcance inédito.

Como a escola pode contribuir para que os estudantes desenvolvam seu senso crítico e, assim, não sejam vítimas de informações mentirosas e manipuladoras? De acordo com especialistas no tema, isso é possível com o desenvolvimento de uma análise crítica, que as pessoas só têm condições de exercitar a partir do domínio de competências e habilidades de leitura e escrita que estão no cerne da formação de leitores críticos e, portanto, mais preparados para identificar as armadilhas das fake news. Prevista na nova BNCC (Base Nacional Comum Curricular), a Educação Midiática é a abordagem que permite a construção dessa aprendizagem sobre o que é e como se produz a informação, com o objetivo de combater a desinformação.

Para a consultora pedagógica do Sistema de Ensino Aprende Brasil, Yasmim Forte, um dos principais objetivos da escola atualmente deve ser oferecer uma preparação que permita ao aluno analisar situações complexas, desenvolver a capacidade de olhar uma informação e fazer uma interpretação coerente. É preciso que ele enxergue o que está por trás da notícia, o que ela reflete, qual a influência do contexto, da cultura local e a quem ela interessa. "A BNCC coloca a cultura digital como uma competência geral. Um dos desafios da Educação como um todo é garantir que o aluno adquira a capacidade de ter diferentes olhares sobre um mesmo assunto e, para isso, precisamos envolver todas as áreas do conhecimento: Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza e Ciências Humanas e Sociais. A Educação Midiática é um caminho tão importante para a escola percorrer com os alunos porque ela faz parte da vida do aluno o tempo todo", destaca Yasmim.

E, para que a Educação consiga formar cidadãos com independência e senso crítico para decidir sobre o consumo de qualquer tipo de informação, Yasmim defende que aprender a fazer essa curadoria deve ser uma prática já na infância. "O ideal é trabalhar essa abordagem em todos os níveis do ensino, promovendo uma construção - permeada tanto pela análise dos meios de comunicação, das diferentes mídias, como também por um aprendizado mediado pela tecnologia", afirma. Educadores indicam algumas iniciativas simples de Educação Midiática para serem trabalhadas em sala de aula ou mesmo em casa.. 


1. Como é feito um jornal?

Conhecer o trabalho da imprensa profissional é fundamental para que qualquer pessoa entenda melhor os processos de checagem e apuração dos fatos. Até mesmo as crianças mais novas podem participar de projetos de jornais laboratórios. A Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, por exemplo, mantém, há vários anos, o programa Imprensa Jovem, que permite que crianças e adolescentes produzam suas próprias notícias e, assim, possam se tornar agentes ativos da construção de informações.

Daniela Machado, jornalista e coordenadora do Educamídia - programa de Educação Midiática do Instituto Palavra Aberta -, explica que “a escola tem muito a ajudar para reconstruir a ponte entre a sociedade e a imprensa, que está tão desgastada. É preciso colocar esses jovens não apenas no papel de consumidores, mas também de produtores de informação. É importante mesclar atividades em que eles analisam criticamente, mas também em que se colocam no papel de produtores”.


2. Verdadeiro ou falso?

Muito utilizada em avaliações, a brincadeira de classificar informações entre as categorias “verdadeiro” ou “falso” é uma ferramenta importante para treinar leitores mais atentos. Trata-se de um exercício simples, que apresenta uma série de notícias às crianças e pede que elas apontem quais consideram reais e quais consideram enganosas. Durante a atividade, é possível mostrar e fazer com que elas reflitam sobre características típicas das fake news e aprendam a identificar peças potencialmente mentirosas.

Em um mundo cada vez mais conectado, impedir que os estudantes tenham contato com informações falsas é impossível, mas eles saberão melhor como procurar boas fontes de informação se forem acostumados a isso. Para Alexandre Le Voci Sayad, diretor da Zeitgeist, co-chairman do think tank GAPMIL, da UNESCO, e apresentador do programa Idade Mídia, do Canal Futura, “a ideia é qualificar o acesso à informação, que significa encontrar o que está baseado em evidências, saber diferenciar opinião pessoal de fatos, distinguir ironia e humor de uma afirmação de fato, entre outros”. Ele ressalta que isso passa por desenvolver habilidades como curadoria, busca e seleção de fontes,  e também pela prática de pesquisa. Ele lembra que “nada disso passa pela censura ou proibição, isso está fora de jogo. Esse exercício passa, sim, pela Educação, pela qualificação e pela autorregulação”, enumera


3. Eu só acredito vendo

A leitura de imagens também é muito importante no cotidiano do mundo contemporâneo. Muitas vezes, uma imagem pode trazer uma informação falsa, fora de contexto ou até mesmo antiga. Analisar criticamente imagens e incentivar a leitura crítica é um exercício que pode ser feito com crianças de todas as idades, até mesmo na Educação Infantil. Uma das maneiras de fazer isso é mostrando às crianças diferentes imagens e pedindo que elas discorram sobre o que estão vendo.

Em um segundo momento, as crianças são apresentadas ao contexto em que cada imagem foi feita, à história completa da imagem. A seguir, elas podem voltar a compartilhar suas percepções sobre as fotografias e, com a ajuda do professor, refletir sobre as mudanças de opinião entre a primeira e a segunda rodadas de análise. “As pessoas precisam estar preparadas para fazer essa curadoria. Cabe a nós sermos os curadores da nossa experiência nesse universo da informação, que é muito poderoso, mas exige esse preparo”, destaca Daniela. Quanto antes as crianças começarem a ser preparadas para integrar esse mundo repleto de informações, melhor será sua vivência nele. 

Alexandre e Daniela falam mais sobre o assunto no 21º episódio do  podcast PodAprender, cujo tema é “Educação Midiática no combate às fake news”. O programa pode ser ouvido no site do Sistema de Ensino Aprende Brasil (sistemaaprendebrasil.com.br), nas plataformas Spotify, Deezer, Apple Podcasts, Google Podcasts e nos principais agregadores de podcasts disponíveis no Brasil.

 

Posts mais acessados