A pandemia não está sendo fácil para ninguém, mas para elas, as mulheres empreendedoras, as dificuldades parecem ainda maiores. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae mostra que a crise interrompeu um movimento constante, verificado desde 2016, de crescimento na representatividade das mulheres no empreendedorismo brasileiro.
Em 2019, elas representavam 34,5% do total de
empreendedores. Em 2020, esse número caiu para 33,6% (o que significou uma
perda de 1,3 milhão de mulheres à frente de um negócio). Um dos motivos
para essa redução está na necessidade de se dedicar mais à família e aos
afazeres domésticos, diante do fechamento das escolas. De acordo com o IBGE,
elas dedicaram quase o dobro de tempo a essas atividades que eles.
Essa alteração na rotina também impactou a taxa de
ocupação. Apenas 54,6% das mulheres entre 25 e 49 anos com filhos até três anos
estão trabalhando. Entre os homens, esse número é de 89,2%, segundo o
levantamento “Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no
Brasil”. Entre negras e pardas a ocupação é ainda menor, de 49,7%.
A queda da participação feminina no
empreendedorismo ou mesmo no mercado de trabalho como um todo também tem a ver
com os setores que elas costumam atuar. Segundo o Sebrae, as mulheres estão
mais presentes no setor de serviços (50%, contra 34% dos homens), que foi o
mais afetado pela crise.
Contudo, elas têm se mostrado resilientes. Cerca de
11% das empreendedoras dizem ter inovado em seus negócios durante a crise,
enquanto somente 7% dos homens apostaram em mudanças. Elas também se mostram
mais tecnológicas, já que cerca de 76% dizem fazer uso de redes sociais,
aplicativos ou internet para comercializar seus produtos e serviços, contra 67%
dos homens. Mais de 46% delas dizem ter apostado no lançamento de novos produtos
e serviços, contra 41% deles.
Apesar do arrojo na busca por novidades, elas
demonstram um estilo de gestão mais cauteloso quanto aos números. Segundo a
pesquisa, 35% delas se dizem livres de dívidas, enquanto entre eles, são apenas
30%. Cerca de 46% dos homens tem empréstimos bancários, contra 43% delas. Mais
da metade delas (51%) disse não ter buscado empréstimos para a empresa desde o
começo da pandemia. Já 54% dos homens buscaram.
As dívidas com impostos também foram citadas por
16% dos homens e 13% das mulheres. Nesse ponto, é importante destacar a escolha
do regime tributário, evitando uma carga excessiva de impostos. Ter um contador
de confiança, que atue como um parceiro do negócio, é fundamental para garantir
uma contabilidade saudável e estratégica para a empresa.
A pressão sobre as mulheres é alta, mas elas
parecem mais uma vez demonstrar que, de frágil, não tem nada. Apesar do cenário
desafiador e claramente mais prejudicial a elas, as mulheres demonstram muita
força e resistência para driblar as adversidades e continuar seguindo em
frente. Como mulher, negra e empreendedora do segmento contábil, um mercado
predominantemente masculino, também me vejo nessa pressão. Sigamos firmes nessa
luta.
Regina
Fernandes - perita contábil, trainer em
gestão, mentora e responsável técnica da Capital Social, escritório de
contabilidade com 10 anos de atuação que tem como objetivo facilitar o dia a
dia do empreendedor. Localizado na cidade de São Paulo,
atende PMEs do Brasil inteiro por meio de uma metodologia de
contabilidade consultiva, efetiva e digital.
Capital
Social
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