Pesquisa do IPEA revela que participação delas no mercado caiu 7,5%, e dados da Workana mostram que 48,3% das mulheres CLTs em home office ficaram encarregadas de cuidar dos filhos, enquanto entre os homens esse número não passou de 11,1%
A crise causada pela pandemia atingiu em cheio os trabalhadores em todo o mundo. O Brasil chegou à marca de 14,1 milhões de desempregados, e a participação das mulheres no mercado de trabalho caiu consideravelmente. Dados do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, revelaram que, no terceiro trimestre de 2020 em comparação com o mesmo período de 2019, houve uma queda de 7,5% no número de mulheres trabalhando. A taxa, que foi de 53,3% a 45,8%, só não foi tão baixa quanto a registrada em 1990, quando chegou a 44,2%.
Além da perda significativa no volume de mulheres no mercado de trabalho, dados de 2020 do relatório anual da Workana, maior plataforma que conecta freelancers a empresas da América Latina, mostraram que a desigualdade de gênero ficou mais evidente no home office. 48,3% das mulheres CLTs afirmaram estar cuidando dos filhos, enquanto entre os homens esse número chegou a apenas 11,1%. Não à toa, as mulheres foram as que mais sofreram de ansiedade: 28% delas afirmaram ter sido acometidas por esse problema, enquanto entre os homens a taxa ficou em 8,33%. Elas lideraram ainda o ranking de dificuldade de concentração, com 24% de incidência, ante 17,71% deles.
Para Daniel
Schwebel, country manager da Workana no Brasil, apesar de 15,2% dos profissionais
terem visto no home office a vantagem de poder trabalhar sem deixar de estar
perto dos filhos, não ter limites entre a vida pessoal e profissional, e ter
que seguir horários pré determinados pela empresa acabou sobrecarregando
principalmente as mulheres. "Os gestores têm que ser mais flexíveis em relação aos
horários no trabalho remoto, porque isso vai possibilitar que as mulheres façam
a gestão do próprio tempo, por exemplo, adequando o trabalho à rotina de casa
da maneira que acharem melhor, sem que isso signifique ficar longe dos filhos -
no caso das mulheres que têm filhos -, ou sem precisar deixar de se dedicar
também a projetos e atividades pessoais", explica Schwebel.
• Flexibilidade e
liberdade do trabalho freelance a favor da igualdade
91% dos profissionais disseram preferir trabalhar de forma mais flexível, com foco nos resultados, sem a necessidade de estar no escritório ou cumprir 8 horas de trabalho. Dados de outro relatório da Workana, Mulher 2020, revelaram que, focadas exatamente nessa flexibilidade, liberdade, e na busca por mais igualdade e autonomia, 69% das mulheres optaram por mudar de carreira ou entrar no mercado freelance, 21% delas tomaram essa decisão por querer passar mais tempo com os filhos, e muitas outras com o intuito de gerir a própria carreira e ter controle sobre a rotina.
Segundo Schwebel, o mercado freelance é bastante democrático e, além de pôr fim a essas limitações de horários e barreiras físicas, também não dá espaço para preconceitos, sejam eles relacionados a gênero, idade, cor, entre outros. Para se ter uma ideia, sobre questões ligadas à maternidade, por exemplo, ainda de acordo com o relatório Mulher 2020 da Workana, ao se candidatar para atuar em um projeto como freelance, 93,5% das mulheres disseram que o fato de ter filhos não foi questionado pelo contratante, enquanto no mercado tradicional, 75,7% das mulheres afirmaram ter sido questionadas sobre filhos. E quando o assunto é idade, 53,5% das mulheres freelancers cadastradas na Workana disseram ter vivido uma transição em suas carreiras depois dos 40 anos, 30% começaram a atuar como freelancer após os 30 anos, e 18% depois dos 36 anos.
"Para diminuir
os obstáculos encontrados pelas mulheres no mercado de trabalho, os líderes têm
que deixar de lado práticas antigas, como office centric, e focar em conceitos
como o professional centric, que consiste basicamente em se atentar às
necessidades de cada profissional. Dar suporte para que as pessoas desenvolvam
não só suas habilidades técnicas, mas também tenham a saúde mental em dia -
estejam onde estiverem -, cresçam profissional e pessoalmente, e tenham
equilíbrio nesses dois quesitos, contribuirá para que haja menos desigualdade
no mercado de trabalho. Com isso, ganha o colaborador, e ganha a empresa",
conclui Daniel Schwebel.
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