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segunda-feira, 8 de março de 2021

Profissão motogirl: cresce número de mulheres motociclistas no Estado de São Paulo

Usar a moto para complementar a renda em serviços de delivery vem ganhando espaço entre o público feminino. Segundo o Detran.SP, cerca de 2,5 milhões de mulheres possuem habilitação para conduzir motocicletas

 

Com a pandemia e a necessidade de fechamento do comércio para a prevenção à Covid-19, a demanda por serviços de delivery cresceu e se tornou uma opção para as pessoas que perderam ou tiveram a renda reduzida. Em uma área majoritariamente masculina, as mulheres representam 25% do total de motociclistas no Estado de São Paulo e buscam seu espaço enfrentando desafios diários sobre duas rodas. Segundo dados do Detran.SP, de janeiro de 2019 a janeiro deste ano, houve um aumento de 8% no número de mulheres habilitadas em todas as categorias para a condução de motocicletas, passando de 2,2 milhões para quase 2,5 milhões.

 

A personal trainer Thais de Jesus Santos, de 24 anos, é uma destas mulheres. Moradora de Campinas, no interior paulista, viu a moto como uma oportunidade de renda após a academia onde trabalhava fechar e passou a fazer entregas de roupas na loja de uma amiga. “A rotina é bem puxada e os desafios são grandes, já cheguei a trabalhar das 10h às 22h, houve ocasiões que fiz 40 entregas no mesmo dia, mas independente disso o motofrete me ajudou muito como fonte de renda, além de me fazer conhecer a cidade inteira, novas rotas, caminhos diferentes, essa parte também foi bem legal”, conta. “Sou a única mulher motofretista da loja, acredito que muitas mulheres têm receio em fazer este tipo de serviço por ser um universo masculino, mas eu não me importei, já levei muitas fechadas, tive medo de cair, mas com o tempo superei e até me acostumei a ser chamada de motoboy.”

 

Um levantamento feito no ano passado pelo Infosiga SP, banco de dados do Programa Respeito à Vida gerenciado pelo Detran.SP, apontou que somente 6,3% dos casos de acidentes de trânsito envolvem mulheres na direção (todos os modais), um percentual 16 vezes menor do que o número de acidentes com homens ao volante. As condutoras do sexo feminino representam 40% dos motoristas de todo o Estado, um total de cerca de 26 milhões de condutores. De janeiro de 2016 a janeiro de 2021, 407 motofretistas homens perderam a vida no Estado, enquanto entre mulheres motofretistas três óbitos envolvendo acidentes foram registrados. “O baixo número de mulheres na categoria somado à prudência feminina contribui para a baixa estatística. As condutoras do sexo feminino definitivamente são mais prudentes no trânsito”, analisa Sílvia Lisboa, coordenadora do Programa Respeito à Vida.

 

Há sete anos atuando como motofretista, Camila Amaral Ferreira (foto), de 30 anos, moradora de Itaquera, na zona leste da capital, conta que quando começou a fazer entregas em uma pizzaria quase não havia mulheres prestando este serviço, mas com a pandemia ficou mais comum encontrá-las, principalmente em delivery de aplicativos. 

 

“Pela necessidade, por estar desempregada na ocasião, aceitei o desafio de ser motogirl, entreguei pizza, exames médicos, documentos, e hoje faço entregas por aplicativo”, conta. “Não é uma tarefa fácil porque as pessoas ainda são muito egoístas no trânsito e não respeitam, mas é um trabalho importante principalmente neste período de pandemia e que bom que há mais mulheres de moto porque elas são mais cautelosas, principalmente no corredor, o que faz um trânsito melhor.”, conta Camila.

 

No país, o número de mulheres motociclistas cresceu 96% em nove anos, de acordo com dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), analisados pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares). Até novembro do ano passado eram 7,8 milhões, enquanto em 2011 elas somavam 4 milhões de carteiras de habilitação na categoria A.

 

Programa Motofretista Seguro

 

O Programa Motofretista Seguro é uma iniciativa do Governo de São Paulo e do Detran.SP que oferece crédito, facilidade no financiamento e formação para criar uma rede de proteção da categoria e contribuir com a segurança de quem exerce essa atividade. 

O objetivo da ação é atender tanto os profissionais que necessitam adequar a sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para o exercício da atividade, com a regularização de documentos, realização do curso de formação e atualização, oportunidade de práticas de aperfeiçoamento, como auxiliar com linhas de crédito especiais àqueles que precisam renovar seu veículo ou adquirir novos equipamentos de segurança


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