No último ano vivemos um tipo de hackathon global, talvez o primeiro momento na história que reuniu governos, indústrias e indivíduos para resolver o mesmo problema. Em meio ao trabalho hercúleo de profissionais da saúde e de cientistas em busca de tratamentos e vacinas, presenciamos, paralelamente, um protagonismo da tecnologia nunca visto antes, como se o futuro estivesse sendo escrito em linhas de código.
A intensidade tecnológica e científica tem um peso
cada vez maior nos países que lideram o crescimento econômico e o bem-estar de
seus cidadãos, e as mulheres precisam ser mais protagonistas nesta esfera. No
dia em que celebramos mais um Dia Internacional da Mulher e, por se tratar de
um tema que afeta nosso país, ainda mais no contexto histórico em que vivemos,
é importante refletirmos nesta data sobre o papel da mulher na tecnologia e a
quantidade de mulheres que optam por carreiras técnico-científicas. O público
feminino, apesar de consumir muitos aplicativos, redes sociais e dispositivos
digitais, ainda tem uma participação tímida na produção da tecnologia.
A necessidade de se ter mais mulheres na ciência da
computação não é só uma questão de equidade de gênero, mas também econômica.
Esse cenário poderia não ser importante se não fosse pela influência da
tecnologia e da ciência na redefinição do presente e do futuro do trabalho:
embora o número de cursos de computação tenha crescido 586% nos últimos 24 anos
no Brasil, o percentual de mulheres matriculadas nesses cursos passou de 34,8%
para 15,5%, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais (Inep), do Ministério da Educação (MEC).
Os motivos que explicam esta realidade são diversos
e complexos: padrões e crenças, educação digital insuficiente, visibilidade
reduzida das mulheres cientistas, desconhecimento da contribuição para o
bem-estar e o desenvolvimento econômico da ciência e tecnologia, famílias e
sociedade que não aceitam que a ambição é um valor que também pode ser
feminino.
Os estereótipos continuam a apresentar as mulheres
essencialmente como cuidadoras e a pressão sobre a imagem de nossas meninas foi
intensificada pelo poder das redes sociais. Em geral, as curtidas e a grande
visibilidade nas redes não são dadas às mulheres que despontam em carreiras
tecnológicas.
A análise do perfil de diversidade na área de
tecnologias digitais também demonstra que o acesso ao mercado de trabalho por
mulheres é desproporcional se analisada a população nacional. Segundo
estimativas do IBGE, em 2018, o Brasil tinha uma população de 51% de mulheres e
49% de homens. Das 47 milhões de vagas de empregos, 44% são ocupadas por
mulheres. E quando se observa a proporção por gênero de profissionais no setor
de tecnologia a divergência é ainda maior: 37% de mulheres contra 63% de
homens. Ou seja, praticamente a cada três vagas, duas são masculinas.
Tecnologia e digitalização estão no centro das
conversas públicas e são pauta obrigatória nas empresas que buscam se recuperar
dos impactos econômicos gerados pela crise sanitária. Vemos, neste cenário, uma
crescente no volume de ofertas de emprego ligadas às carreiras de tecnologia.
Mais precisamente, estamos falando de um aumento de 310% no número de vagas
abertas na área de tecnologia em 2020 no Brasil, segundo a GeekHunter, que atua
no recrutamento de profissionais TI. Se analisarmos somente o estado de São
Paulo, esse crescimento ultrapassa os 600%, segundo apontamentos da Catho. Na
Indra, temos orgulho de possuir um quadro de profissionais composto em 43% por
mulheres, enquanto a média das 500 maiores empresas do Brasil é de 35,5%,
segundo informações do Instituto Ethos. Mas, sabemos, ainda há muito a avançar.
Os impactos negativos da Covid-19 são inúmeros e
tivemos que fazer muitos esforços para nos adaptar a uma realidade que ainda é
difícil de prever e aceitar. No entanto, estudos apontam que esta pandemia tem
contribuído para acelerar a digitalização da sociedade, antecipando algumas
tendências tecnológicas em cinco a dez anos.
O desenvolvimento de vacinas em tempo recorde
evidenciou ainda mais a importância de se ter uma base tecnológica muito bem
estruturada, seja para garantir a cadeia fria das vacinas durante a logística
de transporte e distribuição, prevenir ataques cibernéticos que possam
prejudicar o sucesso do plano de vacinação e a continuar compartilhando
informações, rastreando pessoas infectadas e monitorando o isolamento social,
enquanto não pudermos declarar, ainda, nossa vitória neste crítico episódio da
história da humanidade.
Fabiana
Rosa - Gerente de Comunicação, Marca e RSC da Indra no Brasil
Indra
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