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terça-feira, 8 de setembro de 2020

A PÁTRIA EM HORAS DECISIVAS

        Não subscrevo manifestações de hostilidade ao Brasil, tão comuns entre radicais e revolucionários a cada 7 de Setembro. O que me move a este texto é um apelo aos bons brasileiros, aos que amam a pátria que aniversaria e que se sentem responsáveis por ela. Escrevo para muitos, portanto. Aproveitemos este dia para refletir sobre o que os maus compatriotas estão fazendo com nossa gente. Sob nossos olhos, à base de manobras "jurídicas", estão restabelecendo a impunidade e a casa de tolerância. Há quem se empenhe nisso. Há quem busque fundamentos constitucionais para assegurar nosso convívio com o gangsterismo político; há quem aceite como algo natural que a população dos morros seja confiada ao "zelo" e aos "bons modos" do crime organizado; há quem conviva muito bem com o banditismo deslavado e sorridente de uma elite rastaquera, que conta dinheiro e votos como se fossem a mesma coisa. Graças a esse ambiente político, judiciário e legislativo são capazes de embolsar comissão até nas compras para combate à covid-19.  

        Não lhes basta a própria corrupção. Dedicam-se, há bom tempo, à tarefa de corromper o próprio povo, porque são milhões e milhões que já não se repugnam, que já não reclamam, que já sequer silenciam. Mas aplaudem e se proclamam devotos.  

        Não, não é apenas no plano da política que a nação vai sendo abusada e corrompida. Também nos costumes, também no desprezo à ética, à verdade e aos valores perenes. Também nas novelas, na cultura, nas artes, nas baladas. Nas aspirações individuais e nas perspectivas de vida. Incitaram o conflito racial numa nação mestiça desde os primórdios. À medida que Deus vai sendo expulso, à base de interditos judiciais e galhofas sociais, instala-se, no Brasil, a soberania do outro. E chamam fascista quem a tanto rejeita. 

        Brasileiros! Recebemos de Deus e da História um país esplêndido! Herdamos um idioma belíssimo que aprendemos de nossos pais e no qual escreveram gênios como Bilac, Machado, Drummond, Graciliano; fomos ungidos, desde os primórdios, na fé que animou São José de Anchieta; nossas raízes remontam às mais nobres tradições da cultura e da civilização ocidental. E nos mesclamos num cadinho de convivência onde se conjugam, nos versos de Cassiano Ricardo, os filhos do sol, os filhos do luar, os filhos da noite e os imigrantes de todas as pátrias.  

        Somos a nação de Pedro I, de Pedro II, de Bonifácio, de D. Leopoldina, de Isabel. E de Caxias, Maria Quitéria, Tamandaré, Osório, Rio Branco, Rondon, Mauá e tantos, (tantos!) grandes conterrâneos. Neles podemos e devemos buscar proveitosas lições para iluminar nosso compromisso como brasileiros neste 7 de setembro. Por força do vírus, ele é diferente dos demais no plano dos homens, mas não menos credenciado ao amor de seus filhos, sob as bênçãos de Deus. Que Ele nos conduza à rejeição do mal e a um firme compromisso com o bem, a justiça, a verdade e a beleza.  





 Percival Puggina -  membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Integrante do grupo Pensar+.


PIX: Uma Oportunidade para as Fintechs Acessarem o Sistema de Pagamentos Brasileiro. Mas a que Custo?

O Banco Central do Brasil anunciou o mercado com o lançamento do Sistema de Pagamentos Instantâneos, SPI, e do arranjo de pagamentos PIX, que serão disponibilizados ao público a partir de 16 de novembro de 2020. O PIX permitirá que usuários de contas de pagamento ou contas de depósito à vista efetuem transações ou pagamentos, 24 horas ao dia, sete dias por semana, de forma instantânea e com baixo custo. O novo modelo de pagamento é mais um marco importante no processo de modernização do setor, que vem sendo bombardeado com novas regras relevantes, todas com potencial de promover a redução dos custos da cadeia de pagamentos, o aumento da competição e a ampliação do acesso aos serviços financeiros por parte dos desbancarizados.

A implementação do PIX pelo Banco Central se baseia em alguns princípios gerais ou pilares estruturais que visam assegurar que essa nova modalidade de pagamentos atinja seus objetivos e, principalmente, que “caia nas graças” da sociedade brasileira. Podemos destacar dentre estes princípios: (i) a disponibilidade contínua; (ii) a velocidade das transações ou pagamentos; (iii) segurança das transações; e (iv) o caráter aberto. Este último princípio tem como pano de fundo o objetivo de viabilizar uma estrutura flexível e não-discriminatória, que possa atrair a participação do maior número de players possível, independentemente de possuírem licenças regulatórias específicas. A ideia é que essas empresas possam oferecer aos seus usuários os benefícios dos pagamentos instantâneos atendendo a requisitos regulatórios mais simples, o que não significa, porém, que o Banco Central abrirá mão da segurança e confiabilidade do sistema.

                Refletindo os princípios acima mencionados, o Banco Central estabeleceu, por meio da Resolução BCB n° 1, de agosto de 2020 o arranjo de pagamento PIX, além de aprovar seu regulamento. Em linhas gerais, este regulamento impõe as obrigações e requisitos para que uma instituição ingresse como participante direto ou indireto do PIX. As modalidades de participação possuem como diferença principal o acesso ao Sistema de Pagamentos Instantâneos e a consequente liquidação das transações iniciadas por esse arranjo.

O BC determinou que as instituições financeiras e instituições de pagamento reguladas que detenham mais de 500 mil contas ativas deverão obrigatoriamente se tornar participantes diretos do SPI. As instituições de pagamento reguladas que não atingirem esse volume de contas ativas poderão optar por participar direta ou indiretamente do SPI. Os bancos comerciais, bancos múltiplos com carteira comercial e caixa econômicas deverão participar do SPI sempre diretamente. Tais medidas do BC visam garantir um amplo acesso ao PIX por parte do consumidor brasileiro. Os participantes diretos poderão acessar o SPI de maneira independente, podendo ainda ser titulares de Conta de Pagamento Instantânea (Conta PI). Por meio da Conta PI o participante direto poderá realizar diretamente a liquidação das operações diretamente no SPI.

Já as demais instituições não autorizadas a funcionar pelo Banco Central poderão aderir ao PIX como participantes indiretos, podendo oferecer o PIX aos seus clientes se valendo do acesso ao SPI por meio de um participante direto. Para viabilizar esse acesso, os participantes indiretos deverão celebrar um contrato com o participante direto do PIX. É essencial destacar que o participante indireto é quem irá deter as contas transacionais dos usuários que desejam usar o PIX, se valendo do participante direto apenas para acessar o SPI e liquidar as operações iniciadas por seus usuários.


Requisitos e Obrigações Regulatórias para se tornar Participante Indireto do PIX

Embora a adoção e oferta do PIX sejam facultativas para as instituições não reguladas pelo Banco Central, a principal dúvida atual destas instituições é justamente quanto ao procedimento a ser adotado perante o Banco Central para que participem do PIX e ofereçam o serviço de pagamentos instantâneos aos seus clientes. Como foi mencionado acima, as instituições não autorizadas a funcionar pelo Banco Central poderão atuar como participantes indiretos do PIX, mediante requerimento de autorização específico. Para encaminhar o requerimento solicitando autorização para aderir ao PIX nessa modalidade, a instituição requerente deve cumprir com certos requisitos mínimos e estar ciente das consequências regulatórias de oferecer este serviço de pagamento.

Nos termos do regulamento do PIX, para se tornar um participante indireto, é necessário que a instituição não autorizada a funcionar atenda os seguintes requisitos e obrigações: (i) agir conforme as regras, condições e procedimentos do Regulamento do PIX; (ii) celebrar contrato com um participante direto, nos termos do Regulamento do PIX; (iii) comprovar a integralização e a manutenção de, no mínimo, R$1.000.000,00 de capital; (iv) possuir capacidade técnica e operacional para cumprir os deveres e as obrigações previstos no Regulamento do PIX; e (v) obter aprovação do BC quanto ao cumprimento das etapas cadastral e homologatória do processo de adesão.

Com relação aos itens (i) e (iv) acima, é necessário salientar que o Banco Central entendeu que o PIX oferece um risco sistêmico de liquidez às instituições que dele venham a participar, tendo em vista sua característica de disponibilidade 24/7. Dessa forma, o Banco Central decidiu considerar os participantes indiretos do PIX como integrantes do Sistema de Pagamentos Brasileiro, SPB. Essa qualificação pode, por um lado, ser usada no aperfeiçoamento   dos serviços de pagamento das FinTechs, mas por outro lado, gera um aumento significativo das obrigações regulatórias (regulatory burden) para essas empresas, conforme detalharemos abaixo.

O Banco Central entende que as instituições integrantes do SPB, ainda que não autorizadas a funcionar como ente regulado, devem cumprir com certas obrigações regulatórias mínimas, tais como: (i) possuir uma estrutura de gerenciamento de riscos operacionais e de liquidez (Circular BCB n° 3.681/13); (ii) possuir política de segurança cibernética, plano de ação e de resposta a incidentes, contratação de serviços de processamento e armazenamento de dados e de computação em nuvem (Circular BCB nº 3.909/18); (iii) possuir política, procedimentos e controles internos visando à prevenção a lavagem de dinheiro e financiamento do terrorismo (Circular BCB nº 3.461/09, sendo que a partir de sua revogação, será necessário cumprir com a Circular BCB nº 3.978/20); e (iv) cumprir com os procedimentos para a execução das medidas determinadas pela Lei nº 13.810/19, que dispõe sobre o cumprimento de sanções impostas por resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, incluindo a indisponibilidade de ativos de pessoas naturais e jurídicas e de entidades, e a designação nacional de pessoas investigadas ou acusadas de terrorismo, de seu financiamento ou de atos a ele correlacionados (Circular nº 3.942/19)..

A obrigatoriedade de adesão ao SPB e, consequentemente, de atendimento a esses requisitos configuram, em certa medida, uma barreira de entrada às FinTechs interessadas em participar do PIX, uma vez que muitas delas não possuem recursos financeiros e operacionais suficientes.  Dessa forma, é necessário que a instituição não autorizada a funcionar pelo Banco Central que deseja aderir ao PIX avalie com cuidado sua capacidade de se adequar a estes requisitos, já que passará a estar sujeita a um certo nível de supervisão por parte do Banco Central em razão dessa integração obrigatória ao SPB.

 

O PIX e o Diretório de Identificadores de Contas Transacionais, o DICT


Outro tema relevante envolvendo o PIX diz respeito ao Diretório de Identificadores de Contas Transacionais (DICT) criado pelo Banco Central, que possibilita à instituição participante obter informações sobre o usuário recebedor de transferências via PIX e sobre sua correspondente conta transacional. O DICT tem por finalidade a facilitação do processo de iniciação de transações de pagamento pelos usuários pagadores e a possibilidade de mitigar o risco de fraude nos pagamentos instantâneos, sendo este o principal desafio dos Bancos Centrais e entidades reguladoras ao redor do mundo ao implementar pagamentos instantâneos.

O DICT viabiliza o funcionamento das chaves de acesso ao PIX, que serão uma das duas formas de iniciação de um pagamento instantâneo por meio do arranjo de pagamento PIX. As chaves de acesso PIX são umas das principais novidades dessa forma de pagamento devido à grande praticidade que oferece às instituições e aos usuários. Como o DICT conterá todas as informações dos usuários finais, não haverá a necessidade de preencher múltiplas informações sobre o usuário que irá receber a transação. Bastará informar o número da chave PIX à instituição que está oferecendo o serviço de pagamento instantâneo e todas as informações necessárias sobre a conta do usuário final irão ser preenchidas automaticamente. As chaves PIX poderão ser números de telefone, endereço de e-mail, número do Cadastro Pessoa Física (CPF/ME), número do Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ/ME) ou outras chaves aleatórias, como QR Code. Tais chaves de acesso começarão a ser cadastras no DICT por pessoas físicas e jurídicas a partir do dia 05/10/2020.

A solicitação para acessar o DICT ocorre no mesmo momento em que se deve solicitar autorização ao Banco Central para aderir ao PIX. No momento do requerimento é necessário informar se a instituição deseja acessar o DICT diretamente ou indiretamente, sendo que haverá um processo de testes formais de homologação para as instituições que requereram ao Banco Central o acesso direto ao DICT. Cumpre ressaltar que para acessar o DICT basta que a instituição possua acesso à Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN), seja por meio de Provedores de Serviços de Tecnologia da Informação (PSTI) ou via contratação de circuitos das operadoras de telecomunicação independentes.

A primeira janela para requerer acesso ao PIX ocorreu entre 09/04/2020 e 01/06/2020, durante a qual deveria ser enviado, pelas instituições não autorizadas a funcionar, um requerimento ao Banco Central por meio de e-mail, informando as formas de acesso ao DICT e modalidade de participação do PIX. Tais instituições que requereram autorização para atuar como participante indireto do PIX receberão resposta do Banco Central até o dia 16/10/2020. Tais instituições poderão oferecer o PIX com exclusividade aos seus clientes e acessar o DICT durante o período de operação restrito, entre os dias 03/11/2020 e 15/11/2020 no caso do PIX e entre 05/10/2020 até o dia 15/11/2020 no caso do DICT. Para as instituições que não solicitaram ao Banco Central a adesão ao PIX e ao DICT no prazo estipulado acima, o Banco Central já informou que a próxima data para solicitar autorização para aderir ao PIX ou ao DICT será a partir do dia 01/12/2020.

 



João Fernando Nascimento -   sócio do CSMV Advogados responsável pela área de Direito Bancário e FinTechs. O advogado assessora diversas entidades em temas regulatórios relevantes envolvendo meios de pagamento e produtos financeiros. Com ampla experiência no setor bancário, foi novamente reconhecido pelo Who's Who Legal, dessa vez como um dos maiores especialistas em FinTechs da América Latina, ocupando posição de destaque no seleto grupo de Global Elite Thought Leaders (2020). Também atuou como international associate no escritório Hughes Hubbard & Reed LLP em Miami e possui o título de LL.M. pela Universidade da Califórnia - Berkeley.



Gabriel Benevenuto Libanori - integra a equipe de Direito Bancário e Direito Empresarial do CSMV Advogados. É estudante de Direito da PUC-SP.

 

Entraves para a maior adoção de inteligência artificial por empresas de diferentes setores, em especial o financeiro

Nos últimos anos, a utilização pelas empresas de aplicações de inteligência artificial (IA) vem crescendo de forma contínua, apesar do avanço na utilização das técnicas de IA a adoção generalizada está evoluindo de forma desigual em empresas de diferentes setores. As duas principais barreiras são a falta de talentos e a escassez de dados realmente produtivos.

Em geral, quando se veem frente a novos desafios tecnológicos para os quais não dispõem de pessoal qualificado, nem de metodologias de trabalho apropriadas, as organizações contratam empresas especialistas na nova tecnologia. No caso de IA é necessário ter acesso a dados produtivos reais das companhias, o que gera um empecilho na contratação de terceiros e, consequentemente, dificulta a implementação de soluções avançadas com esta tecnologia.

A falta de garantia de privacidade das informações é outra barreira significativa na implementação de IA nos processos internos e em migrações de soluções para cloud SaaS, assim como no momento da utilização (inferência), por requerer o envio dos dados para um serviço externo. Estas são barreiras reais que precisam ser levadas em consideração no dia a dia das companhias para evitar ameaças reais de quebra da privacidade e de cibersegurança.

Os centros de pesquisa de IA estão apostando em técnicas para garantir a privacidade das informações no desenvolvimento e utilização de modelos de machine learning, tendo como duas alternativas mais relevantes:

  1. Aprendizado distribuído (Distributed Learning) – cujo objetivo é conseguir treinar modelos compartilhados entre diversas plataformas (servidores, celulares etc.), sem precisar compartilhar ou movimentar dados. Cada plataforma realiza um treinamento parcial com seus dados, posteriormente o modelo resultante é compartilhado pelos participantes sem risco de quebra da privacidade dos dados, de modo que todos os participantes possam se beneficiar do aprendizado em conjunto. As estratégias para isto são federated learning e split learning. O principal ponto fraco destas técnicas relaciona-se com a complexidade das arquiteturas do processo de avaliação dos resultados dos treinamentos.
  2. Encriptação homeomórfica (Homomorphic Encryption) - é um tipo de encriptação que permite realizar treinamento e inferência de modelos sobre o dado encriptado, mantendo como propriedade que o modelo resultado do treinamento é válido sobre os dados e que o resultado da inferência também é válido. Como qualquer encriptação, o principal ponto fraco é que exige capacidade de computação e requer o uso de modelos de machine learning compatíveis com a encriptação homeomórfica.

 

Com a evolução e generalização destas técnicas, o compartilhamento de informações de forma segura pode multiplicar os produtos e os serviços inclusive a potencialização de novos marketplaces de dados e de modelos, beneficiando a todos os participantes. Como já demostrado no contexto médico, com a utilização de métodos de aprendizado distribuído é possível ajudar diferentes hospitais a construírem soluções de machine learning colaborativas a partir de tecnologias de aprendizado.

Em paralelo, o open banking está crescendo, com diversos graus de implementação, sendo o Reino Unido o país mais evoluído, cuja normativa está em vigor desde janeiro de 2018. No Brasil, a normativa já foi publicada e a primeira fase inicia no 30 de novembro, mas se for tomado o Reino Unido como referência, a tendência é que a maior barreira para adotar soluções de open banking será a desconfiança dos usuários em relação ao uso que pode ser feito de seus dados financeiros. Essas normativas, entre outros aspectos, regulam como os procedimentos das instituições financeiras, quando os clientes pedirem para acessar seus dados nas soluções de open banking, sendo que cada ecossistema poderá estabelecer seus próprios protocolos e plataformas tecnológicas. O fato é que no Brasil as normas deverão estar em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e pela Lei do Sigilo Bancário nº.105/2001, ainda que a LGPD ainda não esteja em vigor se adotou a base legal do consentimento, para tratar os dados dos usuários.

Tecnologias como o aprendizado distribuído e a encriptação criptografada, que garantem a privacidade, podem acelerar a adoção do open banking, porque suas aplicações têm uma forte relação com a monetização dos dados financeiros dos clientes. Estas tecnologias terão como principais finalidades: centralizar a operação de diversas ferramentas mobile de diferentes bancos, que a partir do comportamento das pessoas podem automatizar transferências, investimentos e outras ações financeiras para oferecer alternativas financeiras cada vez mais personalizadas aos consumidores.

Diante deste contexto é relevante considerar também a utilização de blockchain para compartilhar os dados, já que sua construção garante privacidade, com velocidade de processamento, na realização de transações instantâneas e viabilizar contratos inteligentes. Portanto, a democratização no acesso aos dados deve passar pelas tecnologias nas quais as instruções do contrato são executadas, sem dúvida, está no DNA delas permitir a criação de plataformas seguras, com potencial para criação de novas oportunidades, com novos produtos e serviços, que agreguem valor aos consumidores, seja como clientes, pacientes ou cidadãos.

Portanto, para incrementar a adoção de soluções de inteligência artificial é preciso começar imediatamente a mudar a cultura empresarial, entender como IA pode efetivamente mudar os diferentes modelos de negócios, treinar pessoas e atender às exigências da LGPD e de outras regulamentações referentes à privacidade. Esta tecnologia pode revolucionar o mercado, porém ainda é usada apenas em questões operacionais pontuais, precisamos nos unir para colocar todo seu potencial em prática.

 



Luis Quiles Ardila - diretor de Data Science da everis Brasil


Home office: é preciso desconstruir o pensamento dos gestores sobre o comando de controle, afirma diretora da Mazars

 Segundo Milena Bizzarri, diretora de Recursos Humanos, Marketing e Comunicação da empresa, esse é o primeiro passo para readequar os modelos de avaliações de desempenho online


Em função da pandemia do coronavírus, a forma de trabalhar mudou para muitos profissionais. A pesquisa "Os impactos da Covid-19 no mundo dos negócios", realizada pela Mazars, auditoria e consultoria empresarial, revela que, no Brasil, 86,07% das companhias mobilizaram suas equipes ou parte delas para o home office. Outro ponto relevante foi em relação à percepção dos dirigentes sobre a capacitação dos gestores de suas organizações para esse modelo de trabalho: 68,35% sentem que os gestores precisam aperfeiçoar o acompanhamento das tarefas remotamente. Diante desse cenário, uma dúvida que impacta muitas companhias é: como fazer a avaliação de desempenho de forma online?

"Antes de tudo, é importante desconstruir na cabeça dos gestores que eles precisam supervisionar o tempo todo se os colaboradores estão trabalhando. O que de fato é relevante, neste momento, é estabelecer as metas e os objetivos diários, deixar muito claro o que a equipe precisa cumprir", afirma Milena Bizzarri, diretora de Recursos Humanos, Marketing e Comunicação da Mazars.

A executiva ainda acrescenta que fiscalizar o horário de início e término das atividades dos colaboradores também não é importante. "Devido ao novo normal, com esse modelo de trabalho remoto, pode ser que outros compromissos apareçam. Seja no preparo do almoço ou numa ida ao supermercado ou farmácia, muitos colaboradores são pais e precisam dar um suporte aos filhos, ou seja, todos estamos vivendo a mesma situação. Assim, desde que as metas diárias sejam cumpridas, não importa se estão trabalhando das 8h às 18h".

O segundo aspecto importante para a área de Recursos Humanos, de acordo com Milena, é a remodelagem das avaliações de desempenho. "À distância, não tem como observar o comportamento dos colaboradores - se a pessoa é prestativa, se está se comunicando com os demais colegas da equipe -, portanto, o RH precisa se adequar à nova realidade, entender qual é o modelo que mais se encaixa agora. Também é preciso levar em consideração que não existe um padrão. Cada segmento de atuação precisa avaliar qual será o melhor modelo. No varejo vai ser de uma forma, para a indústria será outra".

Em relação ao feedback, antes realizado por reuniões presenciais e agora transmitido virtualmente, a executiva esclarece que tanto os gestores como os colaboradores precisam ter a habilidade de comunicação bem afiada. "Agora é só voz e rosto através do computador. Antes, quando todos estavam juntos na sala, existia a linguagem corporal, uma atmosfera que envolvia um café, um quebra gelo. Com as mudanças, as conversas são mais diretas. Por isso, exige que o líder seja assertivo, e o colaborador, na outra ponta, deve saber se expressar".

Quando o assunto é habilidade, mesmo que algumas empresas tenham voltado para o escritório ou tenham deixado essa etapa para o pós-pandemia, a nova realidade potencializa ainda mais a necessidade de saber se comunicar. "Essa é uma competência muito importante, pois é a mais difícil de encontrar. Outras competências essenciais são a adaptabilidade, os profissionais precisam se adaptar, pois os ambientes de trabalho podem mudar, também é crucial ter o espírito de colaboração e capacidade de automotivação", afirma Milena.

A pandemia também acelerou o processo digital das empresas. "Todo o investimento que estava programado para ser realizado em um ou dois anos foi feito em uma ou duas semanas. Portanto, mais do que nunca, os profissionais precisam ter conhecimento em tecnologias. Conhecer as ferramentas disponíveis no mercado, saber como elas funcionam, quais os recursos são importantes para a sua rotina de trabalho. Hoje há muitos aplicativos que podem ajudar. No novo normal, as pessoas vão se interligando através das ferramentas de reuniões. São muitos aplicativos que estão colaborando para ter uma rede dentro das corporações de comunicação e produtividade", finaliza Milena Bizzarri.


Alimentando a Esperança terá continuidade em São Paulo

Divulgação 

A campanha Alimentando a Esperança, que ajudou, durante três meses, a melhorar a alimentação e as emoções de mais de 250 famílias em comunidades de baixa renda da cidade de São Paulo, terá continuidade. Na primeira fase dessa segunda etapa, serão incluídas mulheres das comunidades 1010 e São Remo, da Zona Oeste da Capital, para formarem um grupo de apoio mútuo. 



Em sua primeira fase, a Campanha Alimentando a Esperança entregou, graças ao apoio de centenas de pessoas pelo site apoia.se, durante 3 meses e para mais de 250 famílias, cestas de alimentos saudáveis e orgânicos contendo produtos de pequenos agricultores agroecológicos e comunidades quilombolas do Vale do Ribeira, Mogi das Cruzes e Parelheiros, além de compartilhar técnicas de Bem-Estar Pleno e promoção de saúde mental. 

“Durante esse tempo, conhecemos as famílias, nos aproximamos dessa realidade que é tão carente de apoio e de entendimento sobre a questão do bem-estar, do lidar com as próprias emoções, e foi possível ver como as famílias puderam se sentir reconhecidas e pararam de serem invisíveis, sendo incluídas não apenas em uma campanha de alimentação, mas de educação para o futuro”, explica Ernesto Sasaki Imakuma, um dos coordenadores da campanha em São Paulo.

Com o foco no desenvolvimento de “agentes de mudança” e de criar vínculo comunitário entre o grupo, a 2ª Fase da campanha terá duração prevista de 24 meses. Serão 2 grupos principais, inicialmente só de mulheres, um em cada comunidade - 1010 e São Remo. Estes dois grupos passarão por um programa de desenvolvimento pessoal para que possam ser multiplicadores de bem-estar dentro da comunidade, buscando fortalecê-la.

O programa é teórico-prático, aos sábados, e cobrirá uma amplitude de temas sobre desenvolvimento humano, socioeconômico e ambiental, tais como: promoção de saúde mental através de técnicas de medicina mente-corpo e psicologia positiva, inteligência emocional, habilidades interpessoais para trabalho em equipe, gerenciamento de conflitos, desenvolvimento de relacionamentos positivos, empatia e neurobiologia interpessoal - a ciência da conexão e dos relacionamentos humanos, ética e cidadania, empreendedorismo e finanças pessoais.

Todos os temas estão em sintonia com a filosofia amplamente divulgada, de forma nacional, pelo Instituto Visão Futuro. Além destes dois grupos, um outro grupo, maior, terá foco no desenvolvimento de hortas comunitárias, promovendo, através do ciclo do alimento, um entendimento mais integrativo sobre alimentação saudável para o indivíduo, o coletivo e o meio ambiente.

A realização do projeto conta com a parceria da Lis Solutions, empresa de consultoria empresarial e financeira para micro, pequenas, médias empresas e profissionais liberais; e do Gabriel Zei, cozinheiro-educador, membro da União de Hortas Comunitárias de São Paulo.

 

Mais informações

Visão Futuro Cidade SP | https://www.instagram.com/visaofuturo.cidadesp/ | visaofuturo.cidadesp@gmail.com

 

Ensino híbrido como legado para o pós-pandemia

De uma hora para a outra, professores tiveram que replanejar as rotinas de suas aulas, relacionando-se remotamente com os estudantes. Difícil encontrar ocasião em que o segmento da educação precisou aprender tanto e em tão pouco tempo.

Na base de quase todas as aprendizagens que a COVID-19 nos impôs, aparece com protagonismo o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Ao longo das duas últimas décadas, esse tema, ainda que cada vez mais presente na vida em sociedade, recebeu resistências de muitos professores e gestores, tanto pelo fato de ser difícil a apropriação de tais recursos, quanto por ser oneroso para as escolas disponibilizar parques tecnológicos permanentemente atualizados.  A pandemia, contudo, não deixou escolha: se práticas de ensino remoto não fossem implementadas como alternativa às aulas presenciais suspensas, a função social de escolas e universidades deixaria de acontecer durante tempo indeterminado.

A necessidade de isolamento social, contudo, repercutiu de maneiras distintas nas redes pública e privada, acabando por sublinhar ainda mais as desigualdades sociais em nosso país. Dispor de computador e internet para a realização de estudos é uma realidade para poucos estudantes brasileiros.  Na rede privada, a infraestrutura de acesso dos estudantes ao ensino remoto não foi propriamente uma barreira a vencer. Ao contrário: escolas com recursos tecnológicos deficitários puderam se beneficiar do acesso das famílias à internet e aos seus próprios computadores, retirando das instituições de ensino a responsabilidade por eventuais sobrecargas às suas redes de dados. Isso significou certa "igualdade de condições" entre as escolas privadas.

Descobrimos na prática do isolamento social que é possível deixar a leitura de textos e as listas de exercícios para fora do tempo da presencialidade coletiva. E mais: que as tecnologias educacionais se mostram eficientes para apoiar tarefas repetitivas dos professores. Boas escolas serão mais facilmente reconhecidas após a pandemia, não mais pela estrutura física ou pelo parque tecnológico de que dispõem, mas pela forma como integrarão as novas tecnologias, garantindo a melhor efetividade dos momentos presenciais. O ensino híbrido agora nos possibilita a reinvenção da sala de aula.




Mônica Timm de Carvalho - CEO do Elefante Letrado


Como empreender no momento atual

A oportunidade para mudar de vida e conquistar seus sonhos pode estar a um ‘sim’ de distância.  

  

O momento em que estamos traz diversas questões e discussões sobre felicidade, realização pessoal, profissional, especialmente diante das incertezas sobre o amanhã. Muitas coisas não voltarão a ser como antes e, talvez para muitos, encontrar uma nova forma de produzir, seja uma oportunidade. "Todo momento é oportuno para empreender, entretanto, em uma situação de crise econômica as pessoas precisam buscar alternativas e, nelas, inclui-se o empreendedorismo. Sempre em tempos de crise surgem grandes oportunidades", afirma Kadú Pimentel, advogado e empresário de sucesso há quase uma década.     

Enquanto algumas empresas reduzem seus quadros de funcionários ou, literalmente, fecham as portas, outras conseguem se reinventar e crescem assustadoramente. "Empreender neste momento, desde que em um segmento que não seja diretamente impactado pela crise e que também continuará atrativo pós-crise, pode ser uma excelente alternativa a toda e qualquer pessoa com o mínimo de atitude e determinação", explica.    

Segundo Kadú, o momento exige compaixão, um olhar humano, de doação, de amor e compreensão do desafio, mas também é preciso atitude. "Reinvenção e posterior ação, pois a crise está aí e ficar parado não vai ajudar. Sem dúvidas faz-se necessária uma adaptação. Um negócio hoje em dia precisa ser flexível. Um exemplo tradicional é o varejista que não tinha um canal de vendas online, ou um restaurante que não possuía estrutura de delivery ou uma empresa que não possibilita a opção do home office a seus funcionários. Estes, ou ficaram pelo caminho, ou tiveram que correr contra o tempo e se adaptar diante do novo cenário".     

Ser um entre vários que não voltarão aos seus trabalhos normais quando a crise passar, é mais um motivo atraente para pensar em empreender. "Todo empreendedor precisa superar muitos desafios. Mesmo desempregado e com o dinheiro contado, se você deseja empreender você deve começar agora! Não há tempo a perder. Você pode começar mesmo sem capital, é pra isso que existem sócios, investidores ou crédito bancário, por exemplo".    

Kadú descobriu no empreendedorismo sua verdadeira vocação e quando é questionado se voltaria atrás a resposta: "Jamais! Empreender é minha vida, é onde meu coração bate mais forte, é onde me sinto útil para o mundo, onde tenho o poder de realização e de grandes conquistas, mas também é onde sou constantemente desafiado a evoluir. Empreender me possibilitou explorar todo o meu potencial, descobrir meu verdadeiro valor", conta ele.     

Para empreender não basta abrir um negócio. É importante compreender que mudar a mentalidade e sua forma de agir serão também cruciais. "Por exemplo, um novo empreendedor terá que desenvolver um alto nível de equilíbrio emocional, compreender e respeitar o longo prazo, tornar-se um solucionador de problemas e não aquele que só reclama, vai ter que abolir a vitimização e a preguiça da sua vida, vai ter que trabalhar muito mais do que antes, sacrificar diversos momentos de prazer em prol do seu empreendimento, entre tantas outras imprescindíveis decisões e evoluções. Mas, se você busca ganhos que nunca conseguiu obter em seu trabalho formal, a resposta está no empreendedorismo", conta Kadú.  

Kadú apresenta três dicas para quem deseja empreender:  

- Se identificar pelo segmento que pretende empreender. Só ir em busca de dinheiro pode ser útil no curto prazo, mas não sustentará seu negócio no longo prazo porque a tendência é que você perca o ritmo e o prazer por aquilo;  

- Estude profundamente o segmento, entenda o mercado, analise a concorrência e faça um plano de negócios. Se preciso, contrate uma consultoria (o SEBRAE pode ser útil); 

- Coloque em prática para saber se vai funcionar. O mercado é abundante, seu produto ou serviço precisa ser bom e realmente agregar valor ao consumidor, sempre haverá uma demanda para ser atendida. 

 




Kadú Pimentel  - Empresário no segmento de Marketing de Relacionamento, palestrante e investidor, desde 2012, Kadú Pimentel, nasceu em Amparo, interior do estado de São Paulo. Formado em Direito pela Universidade Estadual de Londrina, descobriu anos mais tarde sua verdadeira vocação no empreendedorismo e conquistou o seu primeiro milhão de reais aos trinta anos. Possui a expertise de mais de cem mil pessoas treinadas em suas palestras sobre de empreendedorismo, vendas e liderança. Atualmente, lidera 5.000 empreendedores ativos de uma rede internacional de distribuição de produtos de antienvelhecimento, que já faturou quase meio bilhão de reais.  


O AVANÇO DAS LIVES: OPORTUNIDADE PARA CONECTAR PESSOAS COM EMPRESAS E EMPRESAS COM PESSOAS

Devido à quarentena, as lives se tornaram uma boa forma de entretenimento e informação


À pandemia de covid-19 trouxe um novo cenário para hábitos de consumo. Por conta da necessidade do trabalho em home office, as pessoas começaram a se aperfeiçoar mais em novas ferramentas tecnológicas. As empresas percebendo essa tendência, vislumbraram ótimas oportunidades e correram para se adaptar, e assim, surge a preocupação com a manutenção de uma comunicação mais diretiva, com o seu público alvo.

O que se observa, há algum tempo, é que diversos segmentos aderiram o boom das redes sociais, no intuito de divulgar e vender seus produtos, algumas marcas, imediatamente, entenderam essa inovação e começaram a criar conteúdo na internet.

No Brasil, as lives ganharam forte destaque com as atrações musicais, porém não se limitou apenas a entretenimento, mas também, a informação. Com isso, surgiu inúmeras lives, cujo conteúdo é o de discutir assuntos regionais importantes, permitindo acesso ao que não se teria antes.

Este novo panorama, estimulado pela necessidade do distanciamento social, trouxe a formação das chamadas lives personalizadas, ou seja, as empresas passaram a ofertar aos colaboradores palestras, workshop, estratégias de vendas e até mentoria para conectar pessoas as empresas, este movimento criativo vem ocupando cada vez mais espaço.

O diretor de vendas da Elite International Realty, Daniel Ickowicz, acompanha há anos o mercado imobiliário. Entre suas principais funções, está a de avaliar e planejar estratégias de vendas, assegurar o cumprimento das metas, estimar e implementar as melhores práticas de mercado.  

A cada quinze dias, Daniel Ickowicz, participa da live Casas & Homes - The Miami & New York Connection. Apresentado em três idiomas: inglês, português e espanhol; mantem um estilo pessoal, com um bate-papo interativo e descontraído sobre o mercado imobiliário de Miami e Nova Iorque, trazendo importantes informações. Ickowicz compartilha percepções, fatos pouco conhecidos sobre o país, insights, movimentos atuais do mercado, além das principais oportunidades de investimentos.

Desde o primeiro dia que começou a pandemia, o setor imobiliário não parou, já que foi considerado essencial para economia, “muitas imobiliárias tiveram que fechar suas portas, em função do distanciamento social, mas em nenhum momento pararam de atuar e inovar, ajudando a alavancar a economia”, afirma Ickowicz.

A necessidade de manter formas inovadoras de comunicação, possibilitou o surgimento do formato das lives, abrangendo espaços e assuntos relevantes para vários seguimentos, algo que, possivelmente, não deixará de existir tão cedo, tanto para as empresas como para os consumidores. Essa novidade tem tudo para ganhar mais espaço e se aprimorar, afinal os novos tempos exigirão a adaptação cada vez mais rápida ao cenário tecnológico.

 

O mercado audiovisual na pandemia e as novas possibilidades de crescimento do setor

Assim como os setores da aviação, turismo, bares, restaurantes, shoppings, vestuário e tantos outros, o mercado audiovisual foi mundialmente afetado pela covid-19 e, em decorrência dela, pelos meses de paralização. Mesmo as recentes alterações de procedimentos de segurança – roteiristas atuando em home office, fim da impressão de roteiros que passam pelas mãos de elenco, diminuição do número de pessoas em cada set, higienização constante de materiais de uso coletivo (microfones e câmeras) e EPI obrigatórios (máscaras, luvas e viseiras) – no set de filmagem são insuficientes para manter esse setor como uma força comprovada da economia criativa. Segundo o estudo da Agência Nacional do Cinema (Ancine), o valor adicionado pelo setor audiovisual à economia brasileira cresceu, em termos nominais, 192% entre 2007 e 2014, chegando a R$ 24,5 bilhões em renda gerada em 2016. De 2017 a 2019, registrou um crescimento proporcional, o que nos leva a contabilizar bilhões de prejuízo tanto em 2020 quanto em alguns dos anos seguintes. 

Mas, quais os possíveis novos caminhos? É óbvio que é difícil prever com exatidão todos os desdobramentos da pandemia no setor audiovisual, entretanto, alguns deles já estão claros. Para além da simplificação de roteiros e a diminuição na quantidade de atores, figurantes e equipe na produção nos projetos de live action, surgem algumas possibilidades que ensaiam conquistar um certo protagonismo de agora em diante.

A primeira delas é animação. Como o trabalho pode ser feito remotamente, os estúdios de animação evitam os atuais complexos problemas de segurança. A 20th Century Fox Television, controlada pela Walt Disney, registrou aumento de 25% dos pedidos de desenvolvimento nos últimos meses. O mesmo foi sentido em estúdios de animação nacionais. Esse crescimento no número de projetos gera a demanda de profissionais da animação e, com isso, o mercado de cursos e formação a distância (EaD) se torna essencial.

Portanto, o segundo caminho é a produção audiovisual dessas aulas e cursos. Segundo números do último Censo do Ensino Superior – divulgado em 2019 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) – entre 2008 e 2018, as matrículas de cursos de graduação a distância já tinham aumentado 182,5%, enquanto na modalidade presencial o crescimento foi apenas de 25,9%. A pesquisa Coronavirus e Educação Superior: o que pensa os alunos e prospects, divulgada em junho deste ano pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com a empresa de pesquisas educacionais Educa Insights, confirma que o Brasil terá, em 2022, mais alunos do ensino superior estudando na modalidade a distância do que na presencial.

Esse contexto abre espaço para outra mudança esperada: a diversidade na produção audiovisual. O mercado cultural no Brasil emprega 5,2 milhões de pessoas em mais de 300 mil empresas, mas ainda trabalhamos de forma muito regional, localizada e pouco diversificada. É esperado que com o crescimento mundial do setor de animação e de efeitos especiais – usados recentemente para resolver questões como cenas de beijo e de aglomeração – e o crescimento mundial do EaD, seja possível o crescimento exponencial de colaborações entre profissionais de localidades fora do eixo das grandes cidades, raças, gêneros e visões de mundo diferentes. Isso tem potencial para gerar uma produção de conteúdo cada vez mais diversificada e inclusiva.

Com intuito de colaborar com algumas iniciativas de capacitação inclusiva, firmei uma parceria com a Escola Superior de Propaganda e Marketing. Juntos, criamos o curso Direção de Filmes e Propaganda que conta com um conteúdo voltado a capacitar o aluno a compreender e dominar noções básicas de direção como a escolha e formação de equipe; liderança no set de filmagem; estruturação de um filme a partir da planilha de custos; criação de tratamento; concepção de storyboard; e como construir e apresentar um pitch para clientes ou para um canal. O objetivo é capacitar profissionais de visões de mundo diferentes para atuar como diretores de filmes para os mercados cinematográfico e publicitário. A proposta do curso – ministrado no formato on-line, em tempo real, composto de cinco aulas – é contribuir para essa diversidade necessária para o audiovisual nacional. As aulas serão ministradas de 14 a 18 de setembro de 2020, das 19 às 22 horas e as inscrições estão abertas e podem ser feitas pelo link: https://www.espm.br/educacao_continuada/direcao-de-filmes-e-propaganda/

Enquanto esperamos pela vacina, essa inclusão digital talvez traga ao mercado audiovisual mundial e brasileiro uma visão de mundo cada vez mais ampla, diversa e criativa. Que possamos aprender com ela!




Roney Giah - diretor e produtor musical, fundador da Doiddo Filmes. Vencedor de 4 Leões de Cannes e 3 Clio Awards, Giah é formado em música pelo MIT de Los Angeles e em Engenharia de som pelo I.A.V. Em sua carreira, produziu trilhas e dirigiu filmes para marcas como Colgate, HSBC, Pringles, Mattel, Zorba, Bank of America, AOC, Lojas Marisa, NET, Nestlé, ASICS, TNT Energy Drink, Kaiser, Telecine, Credit Suisse, TEVA e Merck Sharp & Dhome para agências como WMcCann, Young & Rubicam, Talent Marcel, Havas WW, Hogarth WW, Live e Mullen Lowe Brasil. Como músico, artista e produtor de conteúdo, Roney Giah lançou 10 CDs e foi reconhecido pela Billboard Awards e John Lennon Festival Award, assim como pelo Prêmio VISA. Giah também compõe trilhas para séries de TV; desenvolveu uma séria animada – Escolinha de Deuses – selecionada pelo canal 20th Century Fox, em 2018.


Varejo paulista elimina mais de 114 mil vagas formais em 2020

 A cidade de São Paulo teve o pior desempenho registrado na história, com recuo de 200% na comparação com os sete primeiros meses de 2016 – até então, o ano de maior retração no período

 
Com a crise provocada pela disseminação do coronavírus, o mercado de trabalho do comércio varejista no Estado de São Paulo eliminou 114.359 empregos formais até julho deste ano, resultado de 340.751 admissões contra 455.110 desligamentos. Com a movimentação, finalizou o mês de julho com queda de 6% em relação ao estoque ativo de empregos em dezembro de 2019. Os dados foram calculados pela FecomercioSP com base nas divulgações do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
 
Das 35 atividades analisadas, apenas a de comércio hortifrutigranjeiros terminou o período de janeiro a julho com saldo positivo de 406 empregos formais. Por outro lado, os segmentos que mais fecharam vagas foram os de artigos de vestuários e acessórios (-33.918 vagas) e calçados e artigos de viagem (-11.325 vagas).
 
De acordo com a Federação, os dados são preocupantes, pois o varejo paulista retrocedeu o estoque ativo de vínculos empregatícios ao patamar do segundo semestre de 2012. Mesmo o comércio essencial, como supermercados e farmácias, que permaneceu aberto no período mais restritivo, não registrou saldo positivo de empregos nos primeiros sete meses do ano.
 
A expectativa é de melhora nos próximos meses, com o avanço da reabertura dos negócios e de acordo com a retomada em diferentes níveis, seguindo protocolos estabelecidos por cada região. Outros pontos que podem colaborar para resultados positivos de empregos são a continuidade do pagamento do auxílio emergencial e o décimo terceiro salário, já conhecido por impulsionar as compras de Natal.
 
Contudo, a FecomercioSP alerta que os efeitos reais no mercado de trabalho só serão calculados após o fim do impacto da Medida Provisória 936, na qual contratos foram suspensos e salários, reduzidos. Com a baixa no consumo e a consequente redução nas vendas do setor, existe a possibilidade de que nem todos os trabalhadores sejam reintegrados aos estabelecimentos.
 

Capital paulista

O mercado de trabalho do comércio varejista na cidade de São Paulo eliminou 42.645 empregos formais até julho deste ano, resultado de 95.897 admissões contra 138.542 desligamentos. Desta forma, finalizou julho com queda de 7,2% em relação ao estoque ativo de empregados em dezembro de 2019. No entanto, ao se comparar o saldo negativo do período de janeiro a julho a outros anos, o recuo é ainda maior: mais de 540% em relação à perda vista no mesmo período de 2019; e 200% maior do que o listado nos mesmos meses acumulados de 2016, ano em que se tinha o pior saldo negativo registrado nos sete meses de um ano no varejo paulistano até então.
 
Das 35 atividades analisadas, apenas a de comércio hortifrutigranjeiros chegou a julho com saldo positivo: 160 empregos formais. Por outro lado, os segmentos que mais fecharam vagas foram os de artigos de vestuários e acessórios (-12.165 vínculos vagas) e produtos de padaria e laticínio (-4.236 vagas).


Retirada de incentivos no setor elétrico deve começar pelas fontes fósseis e não renováveis, diz consultoria


Para a especialista Bárbara Rubim, CEO da Bright Strategies, mudança precisa ser transversal e aplicada a todas as fontes contempladas na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), cujo custo é rateado por todos os consumidores brasileiros


A proposta de reduzir incentivos às fontes de energia elétrica, feita pelo Governo Federal por meio da Medida Provisória 998/2020, publicada esta semana, deve ser iniciada pelas fontes fósseis e não renováveis, a fim de estimular a geração limpa de eletricidade no País.
 
A afirmação é da consultora Bárbara Rubim, CEO da Bright Strategies, especializada em regulação e modelos de negócios para o segmento fotovoltaico brasileiro. Para a especialista, a mudança nos incentivos precisa ser transversal e aplicada a todas as fontes comtempladas na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), cujo custo é rateado por todos os consumidores brasileiros. “Além de iniciar pelas fontes de geração mais poluentes, a medida, precisa respeitar o princípio da isonomia e ser aplicada a todas as matrizes que acessam a CDE, incluindo gás natural, carvão mineral e diesel”, comenta.
 
Segundo a consultora, a alteração nos incentivos às fontes de geração de energia deve levar em conta os atributos ambientais, sociais, econômicos e elétricos das fontes limpas, sobretudo da tecnologia solar fotovoltaica, que se configura como um forte segmento de geração de emprego e renda, além de colaborar com a sustentabilidade, com o alívio das redes elétricas no País e com a transição para uma matriz mais limpa de geração de energia.    
 
Outro ponto defendido pela consultora é a importância de um cronograma gradual de transição para um cenário sem incentivos diretos, justamente para dar condições mínimas de adaptação do mercado. “O prazo estabelecido pela MP, de apenas 12 meses após a publicação, é bastante curto para mensurar, principalmente no caso da energia solar, os benefícios ambientais relacionados à baixa emissão de gases do efeito estufa, em consonância com mecanismos para garantia da segurança do suprimento e da competitividade.
   
“Portanto, a mudança de modelo com a devida valoração dos atributos da energia solar deve ser bem sincronizada, justamente para que os incentivos não terminem sem que o novo mecanismo esteja pronto para ser aplicado”, alerta Bárbara. 
 
“Trata-se de uma condição essencial para que, no momento de mudança de modelo, não ocorra um desequilíbrio da competitividade das fontes, de modo que o Governo Federal e o Congresso possam dar um sinal alinhado ao século XXI de prioridade às fontes renováveis”, diz.
 
Para a especialista, os benefícios ambientas são fundamentais e precisam abranger as renováveis, independente do porte e perfil dos sistemas de geração, não apenas os grandes, mas também os médios e os pequenos na modalidade distribuída.
 
De acordo com o Ministério de Minas e Energia, a MP 998/2020 visa complementar às medidas implementadas por meio da Medida Provisória nº 950/2020, que garantiu a isenção do pagamento das faturas de energia para os consumidores de baixa renda, beneficiários da tarifa social, por três meses.
 
A MP 950/2020 também viabilizou a Conta-covid, com aporte de R$ 15,3 bilhões no setor elétrico, para atender às necessidades de curto prazo causadas pela pandemia, como a redução da capacidade de pagamento dos consumidores e os impactos na capacidade financeira das distribuidoras e demais agentes setoriais. O MME aponta que a nova Medida Provisória tem como foco amenizar impactos na conta de luz dos consumidores, também nos médio e longo prazos.
 
“Entendo que o principal motivo da MP é evitar uma escalada na tarifa de energia elétrica no curto prazo, mas é fundamental que a medida garanta isonomia na retirada dos incentivos para todas as fontes atualmente beneficiadas, pois senão vira um cabo de guerra. Se isso for garantido, a energia solar vai continuar competitiva”, aponta Bárbara.

Como o modelo ideal de testagem de colaboradores pode acelerar a retomada das empresas brasileiras

Depois de mais de 5 meses desde o primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil e o início da quarentena nas cidades, muitas empresas têm iniciado  o processo de retomada gradual, respeitando os direcionamentos de flexibilização e afrouxamento do isolamento social determinados pelos governos. Ao mesmo tempo que  as discussões sobre a retomada dos setores ainda dividem a opinião das pessoas, a crise econômica tem sido sentida por milhões de pessoas. Só na segunda quinzena de junho, a pandemia forçou o fechamento de mais de 520 mil empresas do país, de acordo com a Pesquisa Pulso Empresa: Impacto da Covid-19 nas empresas das Estatísticas Experimentais do IBGE. 

Desde os primeiros casos, com o meu trabalho, tenho acompanhado a rotina de diagnósticos para Covid-19 dentro de prefeituras, planos de saúde (particulares e de empresas) e testemunhei de perto a rapidez dos aumentos de diagnósticos já noticiados e agora com a marca triste de mais de 3 milhões de casos confirmados. 

 

Em uma empresa de call center do interior de São Paulo com 50 funcionários, identificamos uma pessoa assintomática contaminada que logo foi afastada. Se isso não acontecesse, em dez dias praticamente todos os funcionários poderiam estar contaminados, dado o alto potencial de contágio do coronavírus. Isso é preocupante, já que cerca de 50% dos contaminados são assintomáticos e conseguem transmitir o vírus para mais pessoas sem que saibam que estão infectados, o que fortalece a necessidade para a testagem regular dos funcionários.

 

As empresas que estão retomando suas atividades precisaram mudar sua forma de trabalhar, o que inclui adaptações na disposição e organização dos espaços físicos, implantação e reforço de novas regras de limpeza e higiene, rodízio de funcionários, uso obrigatório de máscaras e até mudança nos trajetos e tipos de transportes utilizados pelos colaboradores, entre outras ações que demandam um planejamento e, na maioria dos casos, um investimento financeiro para realizar essas mudanças. 

 

Todas essas mudanças são necessárias, porque, como sabemos, o risco de contágio é extremamente alto. É possível transmitir o vírus pelas mãos, pela saliva e pelos objetos tocados e compartilhados.  Nossos hábitos têm mudado e vão mudar mais ainda com esta pandemia e teremos que nos reeducar para nossa segurança e das pessoas próximas de nós.  

 

Países que tiveram as melhores performances no que diz respeito a diminuição dos casos e da transmissão foram aqueles que priorizaram, além da quarentena, a testagem em massa das pessoas. No caso das empresas, com a testagem em massa é possível agir de forma organizada colocando aqueles que testaram positivo em um isolamento temporário durante o período de incubação do vírus, o que tira o risco de outros colaboradores se contaminarem. Além disso, esta medida ainda pode proteger uma empresa de ações judiciais por negligência. 

 

Pensando na segurança e otimização de recursos com os diagnósticos, hoje o melhor método de testagem é o PCR em tempo real que pode ser realizado via nasofaringe ou por saliva que possui uma assertividade muito superior em relação aos outros métodos, como o  sorológico que é feito via coleta de sangue que traz uma taxa alta de resultados falsos positivos ou falsos negativo. 

 

Enquanto a vacina não é uma realidade concreta, o segredo para mitigar o contágio de mais pessoas é uma testagem em massa e as empresas que estão retomando suas atividades presenciais precisam adotar estratégias para que isso aconteça de forma segura e, principalmente, organizada para não afetar ainda mais sua sustentabilidade financeira. Os testes diagnósticos para CoviD-19 são a melhor ferramenta que temos para conter a expansão descontrolada da doença. 

 

A despeito do despreparo dos sistemas de saúde institucionais, a cada dia que passa as empresas assumem a responsabilidade de cuidar de seus funcionários, colaboradores, clientes e da própria continuidade dos negócios realizando os testes diagnósticos.



 

Euclides Matheucci Jr. - co-fundador e presidente da empresa de biotecnologia DNA Consult e professor e orientador no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia na Universidade Federal de São Carlos. Euclides também é criador  do teste #SalvaVidasCovid que contribui para empresas retomarem suas atividades com a testagem dos colaboradores.

 

Novo Comércio Internacional

A crise econômica, gerada pela pandemia do coronavírus, causou danos aos fluxos de comércio internacional porque se imagina que passaremos por um período de refluxo mercantil externo, com as nações voltadas mais aos seus mercados internos. Apesar desta leitura, fato é que novos caminhos estão se abrindo e aqueles países que souberem se adequar ao que convencionou-se chamar de nova realidade comercial global podem fazer suas economias responder mais rapidamente. 


O mundo, que após a crise financeira de 2008 já vem passando por um movimento de desglobalização, busca um novo meridiano geoeconômico consistente. Nosso país, que soube fazer movimentos importantes na crise, elogiados inclusive pelo Banco Mundial, ainda precisa romper as amarras que mantém nossa corrente de comércio em patamares muito baixos, em cerca de 25% do PIB. Com uma tarifa média de importação 16%, ainda estamos muito longe dos futuros parceiros de OCDE, que navegam em níveis mais favoráveis ao comércio, em torno de 2%.

Sabemos, entretanto, que nosso país pode ir além. Neste momento crucial, onde novos desenhos e arranjos são delineados, existe chance para o Brasil trabalhar uma agenda inteligente, atraindo parcerias, impulsionando a economia e a geração de empregos. Movimentos bem calculados podem inserir nosso país em cadeias globais de valor dentro destes novos eixos dinâmicos da economia mundial que passam a surgir neste momento.

Nossas exportações, que crescem a taxa média anual de 9,7%, com participação de apenas 1,2% no quadro global, ainda são resultado de um modelo ultrapassado de substituições de importações. Ao contrário da Coréia do Sul, que trabalhou este instrumento de forma inteligente, utilizando métricas de performance, o Brasil acabou criando uma fortaleza de interna de privilégios. Precisamos quebrar este ciclo, pois sabemos que nosso potencial está muito além deste passado.

Uma abertura comercial está longe de ser apenas redução de tarifas e cotas. Logo, precisamos também de realinhamento estratégico e reposicionamento de nossa presença comercial no exterior, um plano de mobilidade global que torne o Brasil um player efetivo do comércio internacional. Uma estrutura organizada, leve e efetiva, que sirva de base para nossos exportadores, ao mesmo tempo que funcione como elemento propulsor de novos negócios, aquilo que convencionou-se chamar de intelligentsia, um corpo técnico estrategicamente alocado no exterior exclusivamente dedicado a abrir mercados e oportunidades.

Nossos business desks precisam estar espalhados em lugares como Baku, Bangalore, Cidade do Cabo e Singapura, apenas para citar alguns. Na Índia, que há quatro anos cresce mais que a China, há espaço para forças modernizantes vindas do exterior, com demanda, por exemplo, para infraestrutura e commodities. As oportunidades estão postas. Ao agir de forma inteligente, o Brasil pode se colocar de maneira estratégica no novo desenho do comércio internacional.

Dos mercados populares do Brasil, ao indígena de Otavalo, no Equador, passando pelo Kejetia, em Kumasi, Gana e o flutuante de Bangkok, na Tailândia. Do Mercado de Djemaa el Fna, em Marrakech, no Marrocos, ao conhecido de peixes Noryangjin, em Seul, na Coreia do Sul; e tribal em Bati, na Etiópia; a humanidade foi moldada na liberdade econômica em sua trajetória. Especialmente no período pós-pandemia, existirá ainda mais lugar para um novo intercâmbio econômico-comercial que o Brasil pode ocupar de forma eficaz e inteligente.





Márcio Coimbra - coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, Cientista Político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007). Ex-Diretor da Apex-Brasil. Diretor-Executivo do Interlegis no Senado Federal.

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