De uma hora para a outra, professores tiveram que replanejar as rotinas de suas aulas, relacionando-se remotamente com os estudantes. Difícil encontrar ocasião em que o segmento da educação precisou aprender tanto e em tão pouco tempo.
Na base de quase todas as
aprendizagens que a COVID-19 nos impôs, aparece com protagonismo o uso das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Ao longo das duas últimas
décadas, esse tema, ainda que cada vez mais presente na vida em sociedade,
recebeu resistências de muitos professores e gestores, tanto pelo fato de ser
difícil a apropriação de tais recursos, quanto por ser oneroso para as escolas
disponibilizar parques tecnológicos permanentemente atualizados. A
pandemia, contudo, não deixou escolha: se práticas de ensino remoto não fossem
implementadas como alternativa às aulas presenciais suspensas, a função social
de escolas e universidades deixaria de acontecer durante tempo indeterminado.
A necessidade de isolamento
social, contudo, repercutiu de maneiras distintas nas redes pública e privada,
acabando por sublinhar ainda mais as desigualdades sociais em nosso país.
Dispor de computador e internet para a realização de estudos é uma realidade
para poucos estudantes brasileiros. Na rede privada, a infraestrutura de
acesso dos estudantes ao ensino remoto não foi propriamente uma barreira a
vencer. Ao contrário: escolas com recursos tecnológicos deficitários puderam se
beneficiar do acesso das famílias à internet e aos seus próprios computadores,
retirando das instituições de ensino a responsabilidade por eventuais
sobrecargas às suas redes de dados. Isso significou certa "igualdade de
condições" entre as escolas privadas.
Descobrimos na prática do isolamento social que é possível deixar a leitura de textos e as listas de exercícios para fora do tempo da presencialidade coletiva. E mais: que as tecnologias educacionais se mostram eficientes para apoiar tarefas repetitivas dos professores. Boas escolas serão mais facilmente reconhecidas após a pandemia, não mais pela estrutura física ou pelo parque tecnológico de que dispõem, mas pela forma como integrarão as novas tecnologias, garantindo a melhor efetividade dos momentos presenciais. O ensino híbrido agora nos possibilita a reinvenção da sala de aula.
Mônica Timm de Carvalho - CEO do Elefante Letrado
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