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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Carnaval é uma das festas que mais preocupa profissionais da saúde


Registros de atendimentos médicos na última edição servem de alerta para foliões


O Carnaval deste ano tem tudo para ser o mais animado, mas como diz o ditado: "nem tudo é festa".  Em 2018, as capitais São Paulo e Rio de Janeiro registraram mais de 3.800 atendimentos médicos, segundo levantamento das secretarias de saúde municipais. Com a expectativa de aumento do número de foliões, nesta edição, médicos e enfermeiros se preparam para um índice ainda maior de emergências.  

Dados mostram que as equipes de saúde realizaram 2.941 atendimentos no Carnaval de Rua na capital paulista e 389 nos dois dias de desfile no sambódromo. No Rio, 524 pessoas precisaram de cuidados na Sapucaí.

Dentre as causas mais frequentes de mal-estar estão, além do consumo de bebidas alcóolicas e substâncias ilícitas, picos de hipertensão, torções e as altas temperaturas.

O calor, um dos vilões, pode fazer muito folião dançar (no mal sentido), caso as máximas diárias registradas entre janeiro e início de fevereiro se repetirem. O período teve altas que superaram os 30 º C, em São Paulo e Salvador, 41º C, no Rio. Em meio à multidão, a sensação térmica aumenta consideravelmente.

Além disso, aos despreparados, problemas musculares podem acabar com a folia mais cedo. 

“Quem vai participar do Carnaval precisa preparar o corpo para horas de movimentação, longos períodos em pé e considerar que as ruas e calçadas estão cheias de obstáculos. Então, é importante fazer um condicionamento físico antes priorizando membros inferiores, coxa e panturrilha. Durante o percurso, fazer pausas e usar o meio-fio para alongar a perna e girar os pés no chão (movimentos circulares com as pontas dos pés) para acionar a panturrilha, ajudam. Quando ela está tensionada, qualquer movimento pode provocar uma lesão”, destaca Ricardo Nakai, educador físico e diretor de treinamentos e desenvolvimentos da Akmos, onde criou o programa Impakt60, que reúne pilares para mudança de hábitos e emagrecimento em apenas 60 dias.

Cuidados com a dieta também são fundamentais para curtir a maratona sem sofrimento. Os foliões podem perder até mil calorias nos quatro dias de evento e o desgaste resulta em desmaios. “É importante, optar por alimentações leves. Alimentos como arroz, pães e massas integrais possuem carboidratos complexos (com fibras) e fazem com que a energia seja liberada aos poucos no corpo. O segredo também é se hidratar com isotônicos e água. Quem consome bebidas alcóolicas tem que redobrar os cuidados porque o álcool provoca um processo de desidratação”, recomenda Nakai.

Para minimizar os efeitos da folia entre um dia e outro, mesmo que o tempo de descanso seja curto, algumas dicas são fundamentais. “Quanto maior o consumo de água e isotônicos, mais rápida a recuperação.  Incluir na dieta suplementos multivitamínicos, com vitaminas B, como o Jumper Energy Power e bebidas detox, como o Leev Tea, um chá instantâneo, que pode ser preparado quente ou frio e limpa o organismo daqueles excessos, também ajudam no processo. É claro, quem já leva uma vida saudável, sente menos cansaço, descansar melhor e tem mais disposição para curtir”, destaca Nakai. 

Importante também é proteger a pele do forte calor com a aplicação de filtro solar regularmente. A prática, aliada à alimentação balanceada, hidratação e cuidados com o consumo de bebidas alcóolicas ajudam a evitar os vexames, atendimentos de emergências e, claro, a não passar o feriado em frente à TV. Resumindo:para curtir o Carnaval, é preciso mais do que samba no pé.




Akmos

#CarnavalSemAssédio vai acolher vítimas de abuso em blocos de SP


Catraca Livre, Rua Livre e Prefeitura de São Paulo fecham parceria para criar ambiente seguro de denúncia contra abusos no Carnaval


Assédio não é paquera, assédio não é normal, reclamar de assédio não é mimimi. Em seu quarto ano, a campanha #CarnavalSemAssédio contará com mais apoios para levar esta mensagem e ajudar a combater a violência contra a mulher.

Em parceria com a Prefeitura de São Paulo e a Rua Livre, produtora de blocos que pensa ações de impacto social para a folia e para a cidade, a campanha vai levar os Anjos do Carnaval aos blocos da capital paulistana. A equipe, voluntária e treinada, será responsável por acolher e orientar mulheres e LGBTs vítimas de assédio na dispersão, além de ajudar a identificar assediadores em cima dos trios elétricos de blocos parceiros.

Paralelamente, usaremos o Ônibus Lilás, cedido pela Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania especialmente para a campanha, como ponto fixo de atendimento.

A cada dia do Carnaval (de 2 a 5/3), e também no sábado de pré-Carnaval (23/2), sempre próximo aos blocos com maior concentração de foliões, o Ônibus Lilás estará presente com profissionais capacitados para receber vítimas de assédio.

Também teremos voluntários na distribuição de 20 mil adesivos da campanha por blocos de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Olinda (PE).

"Silenciar nunca é o melhor caminho. Fortalecemos as ações para estarmos mais presentes e ampliarmos o combate a esse tipo de atitude. Queremos realmente incomodar quem acha que o assédio faz parte do Carnaval. Não faz", afirma Paula Lago, responsável pela campanha #CarnavalSemAssédio da Catraca Livre.

A ideia de agir nas ruas, levando orientação, acolhimento e um ambiente seguro para a denúncia nos momentos em que as pessoas se tornam mais vulneráveis surgiu na equipe da Rua Livre.

No ano passado, a pesquisa "LGBTfobia no Carnaval de 2018", realizada pelo #VoteLGBT, com apoio do Rua Livre e da Ben & Jerry's, levantou dados também sobre machismo: 80% dos entrevistados, por exemplo, revelaram ter presenciado casos de beijos forçados, encoxadas ou corpos tocados sem consentimento, agressão física, agressão verbal ou abuso.

"Esperamos com esta ação não somente prestar assistência social às vítimas, mas também prover um ambiente seguro e respeitoso para que a denúncia seja efetivada e, principalmente, coibir as ações dos agressores antes que aconteçam. Ninguém vai soltar a mão de ninguém neste Carnaval. E se soltar, vai ser para enviar uma denúncia!", destaca Estevão Romane, diretor-executivo da Rua Livre.

A secretária municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Berenice Giannella, lembra que é "importante conscientizarmos as pessoas de que nem assédio, nem racismo, nem trabalho infantil, nem agressões de qualquer tipo são parte da folia". E completa: "Todos podem e devem se divertir sem preocupações, tendo a quem recorrer se precisarem de ajuda – e esperamos também que, a partir daí, ocorra uma mudança dessa mentalidade de que 'no Carnaval tudo é liberado'. Nem tudo. Bom senso e respeito continuam sendo obrigatórios sempre, inclusive na hora da diversão".

Além da Catraca Livre, da Rua Livre e da prefeitura, a ação conta com uma ampla rede de parceiros que inclui o Ministério Público, o Conselho Estadual da Condição Feminina, a Comissão da Mulher Advogada (OAB), o Metrô de São Paulo, a Delegacia da Mulher, o coletivo Não é Não, a ONG Plan International, a JC Decaux e a gráfica Lumi Print.

Nos últimos três anos, a campanha também teve o apoio da ONU Mulheres, da revista "Azmina", dos coletivos "Agora é que são elas", "Nós, Mulheres da Periferia" e "Vamos juntas?", das redes Minha Sampa e Meu Recife e de cerca de 50 blocos de rua do Brasil, incluindo os feministas Mulheres Rodadas e Maria Vem com as Outras.

Quem tiver interesse em integrar a equipe de voluntários pode se inscrever aqui até esta sexta-feira, dia 8. Os blocos que quiserem apoiar a campanha podem conferir detalhes aqui e mandar email para cidadania@catracalivre.com.br

 

A novidade do carnaval brasileiro


Uma das mais importantes novidades para o Carnaval deste ano está no ambiente dos foliões. Além de ritmos, danças e máscaras, será o primeiro em que estará em vigor uma novidade no código penal, a aplicação do crime de importunação sexual. Nos blocos, nas pipocas, nos salões e, até mesmo, nos retiros espirituais para quem se deseja afastar dum ambiente libertino, todos precisam saber que alguma coisa mudou.

Infelizmente, no período do carnaval se naturaliza e banaliza a violência sexual contra mulheres e contra a população LGBTQI+. 
Com uma falsa ideia de liberdade, o período é de inversão das normas aceitas pela sociedade, em que alguns comportamentos são “tolerados” como se fosse um momento de subversão, o de “alimentar-se de todas as carnes”.

Alimenta-se a cultura do estupro, como se fosse dada carta branca para um cem número de violações, com todos aqueles argumentos de “mas” que já conhecemos: era carnaval, ela estava no bloco das solteiras, queria confete e serpentina, estava bêbada, usava uma fantasia quase nua, bloco de carnaval não é lugar para mulher ‘direita’ e etc. Segundo a ONU Mulheres, cultura do estupro é um termo usado para abordar as maneiras em que a sociedade culpa as vítimas de assédio sexual e normaliza o comportamento sexual violento dos homens.

A agência EBC e Hypeness, em uma campanha intitulada #nãoàculturadoestupro, lançaram um material em que reforçavam o que realmente estava por trás do comportamento das mulheres quando esses “mas” vinham à tona: que respeitassem suas escolhas, que houvesse mais apoio e menos julgamento, que exercitassem o direito de ir e vir, que simplesmente pudessem se divertir, a vontade de se sentir bem com as roupas que escolhiam, até mesmo no máximo uma ressaca quando bebiam.

Chega até a doer nos ouvidos uma letra de música que assim bradava: “só surubinha de leve com essas filhas da puta. Taca bebida, depois taca a pica e abandona na rua”. Lamentável.

O fato é que precisamos dizer em alto e bom tom, nos holofotes dos trios elétricos, que bebida, fantasia e carnaval não são convites e não denotam consentimento para abordagens agressivas. A paquera e o flerte são permitidos, já que a troca de olhares, a conversa, ou mesmo um beijo bem dado – e sexo também -  façam parte da diversão do carnaval, podem estar a um passo da violência quando se ignora uma palavra que nunca é demais repetir: Não. Não é não, como já se diz o jargão das mais variadas campanhas sobre o tema.

A vigência da lei que tornou a importunação sexual crime no Código Penal, passível de prisão, soma-se a uma série de delitos que também podem ser reconhecidos nas violências praticadas neste ambiente: injúrias, ameaças, constrangimento ilegal, disseminação de nudes sem consentimento, estupro corretivo, estupro coletivo e até mesmo o estupro de vulnerável.

No Estado de São Paulo, é sempre bom ressaltar,  as violências que tiverem caráter de discriminação racial ou a orientação sexual e identidade de gênero também são passíveis de multa administrativa, não só às pessoas físicas, mas também jurídicas, como clubes, salões, bares e afins.

O policiamento, o ministério público e o plantão judiciário estão preparados para agir. Espera-se que a partir de agora, estas e todas as gerações de brasileiros e brasileiras saibam que o corpo é inviolável e que um dia possamos dizer que esta máxima nós conhecemos de outros carnavais.







FABÍOLA SUCASAS NEGRÃO COVAS - Promotora de Justiça Ministério Público de São Paulo. Assessora Núcleo de Inclusão Social do CAO Cível e Tutela Coletiva. Diretora do MPD – Movimento do Ministério Público Democrático


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