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Pesquisa mostra que
fatores estressantes aumentam o risco de repetição de crises epilépticas de
duas a três vezes
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Médica neurologista
esclarece dúvidas e dá dicas sobre como prevenir esses e outros fatores que
aumentam a ocorrência de crises em pessoas com epilepsia
A epilepsia é uma doença crônica caracterizada por
crises epilépticas recorrentes. Essas crises, por sua vez, acontecem devido a
descargas elétricas anormais e excessivas no cérebro e podem se manifestar de
diversas formas, como convulsões, crises de ausência, entre outras. Entretanto,
existem também alguns fatores externos capazes de as desencadear, influenciando
diretamente em sua frequência. O problema é que muitas pessoas desconhecem
esses fatores e, por isso, não são capazes de se prevenir.
Para que esse assunto se torne mais claro e
conhecido, a Dra. Elza Márcia Yacubian, neurologista, professora da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e secretária da Liga Brasileira de
Epilepsia (LBE), dá dicas sobre o tema. Confira abaixo!
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Quais são os fatores
que favorecem a ocorrência de crises epilépticas? A idade, de alguma maneira,
tem relação?
Os fatores desencadeantes de crises epilépticas são
dependentes da idade. Por exemplo, em crianças de até 6 anos, destacam-se as
crises febris, que ocorrem principalmente com a elevação súbita da temperatura.
Já na adolescência, as crises generalizadas (como ausências, mioclonias e
convulsões) começam a aparecer e tendem a se manifestar pela manhã, até duas
horas após o despertar, ou no momento de cansaço excessivo, quando acontece o
relaxamento do final do dia.
Na vida adulta, as crises podem acontecer mais
comumente durante o sono, principalmente as crises focais, que comprometem
áreas mais restritas do cérebro. Além disso, privação de sono, ingestão
alcoólica, estresse, hábitos de vida não saudáveis, como sedentarismo e consumo
excessivo de alimentos ricos em gordura, processos infecciosos, menstruação,
desidratação e uso de alguns medicamentos como antidepressivos em doses
elevadas (ou a retirada deles) também podem aumentar a frequência de crises.
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O que pode ser feito
para evitá-los e/ou combatê-los?
Ao entender o que pode influenciar a ocorrência de
crises, a pessoa com epilepsia deve se policiar para evitar maus hábitos e
situações frequentes no dia a dia, como dormir poucas horas por noite,
alimentar-se mal e passar por momentos de estresse.
Importante lembrar que, entre aquelas que fazem uso
de medicamentos para a prevenção de crises, a perda de uma dose é um fator
desencadeante muito comum. Então, nesses casos, é importante que haja um
cuidado para não esquecer de tomar o remédio nos momentos certos. Familiares e
pessoas próximas tem um papel importante no auxílio e apoio aos pacientes
nessas situações.
A identificação de fatores desencadeantes e
consciência sobre essas questões é parte integral do tratamento. Muitas vezes,
apenas o uso adequado dos fármacos, responsáveis pelo controle das crises, é
insuficiente. Paraquem tem epilepsia, evitar os fatores externos pode ser
igualmente importante para a estabilidade do quadro clínico.
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Existe relação entre
estresse, ansiedade e as manifestações da epilepsia? Se sim, o que as
pessoas com epilepsia podem fazer para evitá-los?
Há poucos dados na literatura sobre as relações
entre as causas que envolvem o ambiente, em relação ao estresse, depressão e
ansiedade, quando se fala em epilepsia. Porém, uma recente pesquisa, realizada
no Norte de Manhattan e no Harlem, mostrou que fatores estressantes, como
dificuldade de integração social, depressão e transtorno de ansiedade
generalizada, aumentavam o risco de repetição de crises em duas a três vezes.
Esses números corroboram a importância do acompanhamento psicológico,
representado, por exemplo, por meio da terapia de relaxamento, terapia
cognitivo-comportamental (abordagem mais específica, breve e focada no problema
atualda pessoa com epilepsia), biofeedback (técnica que ensina a prestar
atenção no funcionamento do corpo) e educação sobre a doença.
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Quais as dicas que
você dá para os familiares e amigos próximosde pessoas com epilepsia, para que
ajudem a evitar situações de desequilíbrio emocional?
É
essencial que as pessoas que estão por perto, como os cuidadores, familiares e
conhecidos, não excluam a pessoa com epilepsia e convivam com ela com
naturalidade. A inclusão social é importante para que ela saiba lidar melhor
com a própria doença e não se sinta sozinha em sua jornada.
CURIOSIDADE
É verdade que alguns tipos de imagens, encontradas
em materiais físicos ou na internet, que tenham diferentes efeitos (como
aquelas que causam tontura) podem ser indutores de crises?
Estímulos luminosos intermitentes, como as luzes de
danceterias, padrões visuais como os presentes em jogos de videogame, formas
geométricas, barulho, música e leitura podem provocar crises em casos de
epilepsia reflexa que representa menos de 2% dos casos de epilepsia.
No Japão, já houve uma epidemia de convulsões na
qual 700 crianças que assistiam ao desenho Pokemon convulsionaram no mesmo dia,
devido a um acentuado contraste nas cores azul e vermelha em uma das cenas.
Porém, somente as pessoas que têm o tipo de epilepsia mencionado apresentam
risco com estas atividades. Deve ser lembrado que o cansaço excessivo e a
privação de sono, condições comuns às pessoas que passam muitas horas nestas
atividades, também podem estar por trás das crises que os pais, por exemplo,
podem atribuir à exposição excessiva ao vídeo-game ou ao computador.
Fonte: UCB Biopharma