Quando a imunidade está baixa, o organismo fica mais exposto às
chamadas doenças oportunistas
Segundo a Fortune Business Insights, o
consumo global de suplementos atingiu cerca de US$ 129,6 bilhões em 2021, um
crescimento de 8,3% em relação ao ano anterior. No Brasil, de acordo com a
Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e
Congêneres (ABIAD), os suplementos deverão atingir quase R$ 3 bilhões este ano,
registrando um incremento de 12%.
Em relação aos suplementos específicos
para a saúde imunológica, a Fatpos Global prevê um crescimento médio ao ano de
6,5% para atingir US$ 30,93 bilhões até 2030. Segundo Paula Molari Abdo,
farmacêutica pela USP e diretora técnica da Formularium, o mercado teve impacto
positivo devido à pandemia de covid-19.
“Já havíamos notado um crescimento na
busca de maior qualidade de vida. Com a pandemia, essa preocupação foi
intensificada, principalmente em relação ao desenvolvimento do sistema de
defesa natural do organismo”, afirma Paula, que também é especialista em
Atenção Farmacêutica pela USP e Membro da ANFARMAG (Associação Nacional de
Farmacêuticos Magistrais).
Segundo ela, o sistema imunológico é
composto por uma série de células que mantêm a defesa do corpo, protegendo o
organismo contra doenças e infecções causadas por agentes externos como
bactérias, vírus e parasitas. Quando a imunidade está baixa, o corpo encontra
dificuldade para se proteger, deixando o organismo mais exposto às chamadas
doenças oportunistas.
Daí a importância de adotar hábitos
saudáveis, incluindo o consumo de vitaminas e ativos que sejam específicos para
o bom funcionamento do sistema imunológico. Confira os principais:
Zinco
A deficiência do zinco no organismo é
um convite para infecções virais, já que ele atua diretamente na manutenção do
sistema imunológico, desde a barreira da pele até na síntese das hemoglobinas.
Também um aliado da cicatrização de feridas, o zinco é encontrado em alimentos
como ostras, camarão, carnes, cereais, grãos, castanhas, frutas secas, legumes,
hortaliças e tubérculos.
Selênio
Por ser um importante antioxidante,
protege o corpo contra o estresse oxidativo. Dentre suas funções, faz o
controle dos radicais livres, atuando na resposta do sistema imunológico a
infecções. Castanha-do-brasil, nozes, castanha-do-pará, cogumelos e abacate são
alimentos ricos em selênio.
“Lembrando que o consumo em excesso do
selênio pode ser tóxico ao organismo, sendo indicado somente cerca de 50
microgramas ou uma castanha-do-pará pequena ao dia”, alerta Paula Abdo.
Vitamina A
Dentre suas propriedades, a vitamina A
é anti-inflamatória e possui a função de modular a imunidade. É essencial para
a manutenção de estruturas externas, como a pele e mucosas. Pode ser encontrada
em alimentos de origem vegetal (carotenoides) como espinafre, abóbora,
batata-doce e cenoura, e também em alimentos de origem animal (retinoides) como
fígado bovino e ovos.
Vitamina B6
Também conhecida como piridoxina, a
vitamina é necessária para a manutenção das células no sangue, sendo que sua
deficiência pode ocasionar doenças cardiovasculares. Principais fontes
alimentares: frango, peixes, nozes, grão-de-bico, milho, banana, batata,
abacate, atum, salmão e semente de girassol.
Vitamina B12
Assim como a B6, também é fundamental
para a formação de células sanguíneas, além de auxiliar no funcionamento do
sistema nervoso e na síntese do DNA. A B12 é encontrada em alimentos como
frutos do mar, fígado bovino, leite e sardinha.
Ômega 3
Trata-se de um ácido graxo responsável
por combater a baixa imunidade e estimular o bom funcionamento do sistema
nervoso e imunológico, além de proteger a saúde cardiovascular. Também
potencializa a atividade das células brancas do sangue, impedindo que bactérias
patógenas causem doenças e infecções.
O ômega 3 está presente em peixes como
salmão, atum, sardinha, truta e cavala. “Neste caso, o consumo diário
recomendado é de cerca de 1,8 gramas, ou seja, 300 gramas de peixe por semana”,
diz Paula Molari Abdo.
Vitamina C
Pela sua função antioxidante, ela
protege o organismo dos radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento das
células. Além disso, possui papel preventivo contra doenças que afetam o
sistema respiratório. Os alimentos ricos em vitamina C são frutas como abacaxi,
laranja, acerola, goiaba, limão, tangerina, morango, caju e kiwi, e nos legumes
e verduras, como pimentão, rúcula, alho, cebola, tomate, agrião e alface.
Vitamina D
Muito além da saúde óssea, essa
vitamina é essencial para diminuir o risco de doenças que afetam o trato respiratório
e infecções que atingem o sistema imune. Pode ser obtida por meio da exposição
solar e em alimentos como atum, salmão e ovos.
Vitamina E
Assim como a vitamina A, ela modula as
funções do sistema imune, atuando no combate a doenças infecciosas. Além disso,
a vitamina E possui um antioxidante (α-tocoferol) que retarda o envelhecimento
das células, auxilia na cicatrização dos tecidos do corpo e previne doenças do
sistema nervoso, como Parkinson e Alzheimer.
A vitamina pode ser obtida em óleos
vegetais (soja, amendoim, palma, milho, girassol e oliva), nozes, amêndoas,
sementes de girassol, kiwi, abacate, espinafre, grãos integrais, peixes e leite
de cabra.
Cobre
O mineral ajuda na produção de glóbulos
brancos e vermelhos na defesa do organismo, além de propiciar o transporte de
ferro no sangue e oferecer uma defesa natural contra os radicais livres.
Exemplos de alimentos ricos em zinco: frutos do mar, sementes e nozes.
Folato
Atuando em conjunto com a vitamina B12,
o folato também auxilia na formação de glóbulos vermelhos, sendo fundamental
para a atividade das células do sistema nervoso. Pode ser encontrado em
feijões, lentilha, aspargos e morangos.
Ferro
O mineral é fundamental no transporte
de oxigênio pela hemoglobina no sangue, no metabolismo energético das células e
no desenvolvimento dos organismos de defesa imunológica. Neste caso, a boa
aliada é a vitamina C, que ativa a absorção do ferro, aumentando a prevenção do
envelhecimento precoce das células e a propensão de doenças oftalmológicas.
O ferro está presente em vários
alimentos como carnes vermelhas, gema de ovo, ostra, tofu, cereais, vegetais
verde-escuros, como alface, espinafre e brócolis, frutas secas, oleaginosas
como castanhas e nozes e grãos como a ervilha, feijão e o milho.
“Vale lembrar que caso seja difícil
manter a ingestão adequada de alimentos em meio a correria do cotidiano, é
possível consumir todos estes nutrientes sob a forma de suplementos e complexos
vitamínicos. Entretanto, busque antes o acompanhamento de um médico ou
nutricionista. Estes profissionais podem ajudar a descobrir suas deficiências
nutricionais e os suplementos indicados para você”, finaliza Paula Molari Abdo.