Mari Galindo, fundadora e CEO da Nice House, explica por que esse tipo de conteúdo traz tanta ressonância com a geração Z e também dá dicas sobre como usá-lo eticamente
Atualmente, quando falamos no papel das mídias sociais no cotidiano das pessoas, percebemos que elas têm cada vez mais preferido conteúdos autênticos compartilhados por usuários, não pelas marcas - ou seja, o tal do user-generated content (UGC), que, em português significa nada menos que “conteúdo gerado pelo usuário”. Esse tipo de comportamento é visto na prática com a geração Z, jovens nascidos entre 1995 e 2010, que acaba consumindo muito mais produtos que valorizem a participação colaborativa.
O principal
diferencial do UGC é sua credibilidade, o que gera maior engajamento justamente
por refletir experiências reais dos usuários. Estudos realizados por várias
plataformas especializadas em marketing digital e SEO, como Backlinko, Bazaarvoice e inBeat, indicam que
93% dos profissionais de marketing que utilizam UGC reconhecem seu desempenho
superior em comparação com conteúdo de marca tradicional.
Além disso,
o relatório global de 2024 elaborado
pela We Are Social em parceria com a Meltwater abordou várias tendências de
comportamento importantes, incluindo um aumento no tempo que as pessoas gastam
online, mudanças nas plataformas de mídia social favoritas e um declínio na
audiência de TV, entre outras. Dessa forma, a linguagem online está
intrinsecamente ligada ao UGC - e ambos os conceitos vêm ditando o modo como as
pessoas se relacionam com os conteúdos que consomem nas redes sociais
“Para a Gen Z, o
UGC influencia as decisões de compra e também fomenta a lealdade à marca. O
incentivo à criação de conteúdo pode ser feito por meio de campanhas e
concursos nas plataformas nas quais a Gen Z está mais ativamente engajada, como
Instagram, TikTok e YouTube, que dão um grande espaço para esse tipo de
conteúdo”, explica Mari Galindo, fundadora e CEO da Nice House, plataforma
de entretenimento com foco em vídeos verticais e geração Z.
O foco
é manter uma boa relação com seu público
Querendo ou não, a
nossa realidade - e o futuro também - é virtual, como mostrou um estudo recente
realizado por IAB Brasil e Kantar Ibope Media: entre 2020 e 2023, auge da
pandemia de Covid-19, houve um aumento de 35% no número de anunciantes únicos
em canais digitais. “Apesar de a internet proporcionar muitas facilidades, é
verdade que as marcas encontram no marketing digital uma grande dificuldade, ainda
mais quando as principais plataformas, TikTok e Instagram, são dominadas pela
Geração Z, uma população que busca cada vez mais por conteúdos autênticos e
relevantes”, contextualiza ela.
Abaixo, a CEO da
Nice House elenca dicas importantes para que o UGC seja bem-aproveitado por
todos: marcas, criadores de conteúdo e potenciais consumidores. Confira:
1. “Proporcione um ambiente agradável que
facilite para os consumidores a criação e compartilhamento de conteúdo,
estabelecendo diretrizes claras para publicação dos vídeos. No entanto, também
é importante oferecer incentivos pela criação desse conteúdo, como oferecer
amostras para os próximos posts. Além disso, seja
transparente e deixe claro como o UGC será utilizado pela
marca: é regra de etiqueta pedir permissão para compartilhar o conteúdo dos
usuários”, pontua.
2. “Marcas, reconheçam e recompensem os
melhores conteúdos gerados pelos usuários para fomentar a participação
contínua. Usuários, procurem integrar os valores e a
identidade das marcas para que sempre haja uma comunicação
coerente entre os dois lados. Afinal, o UGC em campanhas publicitárias e nas
redes sociais ajuda a humanizar a marca e reforçar sua imagem de confiança”,
complementa.
3. “Por se tratar de um conteúdo original criado por
pessoas e não por uma agência, é preciso que as marcas se
comprometam a seguir diretrizes para que tanto os criadores de conteúdo quanto
os consumidores possam se sentir à vontade com a ideia. Lembre-se de que o UGC,
acima de tudo, é uma ferramenta poderosa para construir uma ponte de
identificação entre a marca e o consumidor final”, continua.
4. “Mantenha a autenticidade, a coerência e a interação
com o público. Como comentado, as pessoas, em especial os
jovens da Gen Z, valorizam a autenticidade e a originalidade - portanto, não
deixe de lado uma comunicação constante que consiga ressoar com seu
público-alvo, tanto para ganhar quanto manter a confiança dos seus seguidores.
Além disso, responda aos comentários, participe de discussões e crie conteúdo
que incentive a interação para construir uma comunidade engajada”, explica.
5. “Utilize humor e emoção com sensibilidade. É
importante saber como utilizar as tendências, especialmente memes, para engajar
seu público. Isso não significa, contudo, que o senso de humor e a emoção sejam
adequados a todo momento, então saiba analisar os contextos para evitar
interpretações equivocadas e correr o risco de perder seguidores”, diz.
6. “Adapte a linguagem ao canal de comunicação
escolhido. Se sua plataforma de escolha for o Instagram,
pesquise quais as principais tendências e o estilo de linguagem adotado por
outras marcas e pessoas que estão fazendo nome nessa plataforma. Isso é
corroborado por um estudo de 2023 da Sprout Social, no qual 80% dos
consumidores consideraram a adaptação da mensagem ao canal importante para uma
experiência de marca positiva. E lembre-se: nem sempre o que funciona no
Instagram vai dar certo no TikTok”, adverte.
7. “Por fim, não se esqueça de monitorar as métricas para
otimizar suas estratégias de comunicação. É essa análise que vai auxiliá-lo na
hora de ajustar as estratégias para manter a relevância e a eficácia da
comunicação”, conclui.
“A autenticidade
do UGC traz uma visão mais realista sobre um produto ou serviço, o que é muito
positivo para construir confiança e, por tabela, a probabilidade da compra ou
contratação, no caso de serviços”, finaliza Mari.
Nenhum comentário:
Postar um comentário