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segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

FEBRE AMARELA




Folha confunde conceitos de surto e endemia 

Brasil se preparou para realizar uma das maiores campanhas de vacinação contra febre amarela do mundo 


A Folha de S. Paulo em sua coluna “Ministro errou feio ao anunciar fim do surto de febre amarela” confunde os conceitos de surto e de endemia. O Brasil é endêmico para febre amarela silvestre, ou seja, o vírus é ativamente acompanhado em 21 estados, onde a vacina contra a doença faz parte do calendário regular de vacinação.  A doença, ao longo dos anos, apresenta ciclos de surtos, como aconteceu em 2017, quando foram confirmados 779 casos e 262 mortes pela febre amarela. Surtos são definidos por critérios técnicos e independe de opiniões e de avaliações políticas. Assim, o surto de 2017 foi encerrado em setembro, após 90 dias sem o registro de casos novos.

O fim do surto, no entanto, não significa o fim da doença e o surgimento de um novo aumento de casos. Afinal, o país é endêmico para a doença. Para proteger a população, o país tem se preparado ativamente. Alguns exemplos:

1 - Reduziu o tempo de análise de carcaças de macacos de semanas para apenas nove dias;

2 – Adquiriu, em maio de 2017, 20 milhões de seringas para vacinar rapidamente um grande número de pessoas, quando necessário;

3 - Reuniu estoque de vacina para vacinar toda a população não imunizada no país;

4 – Desde julho, tem planejado e executado com os estados e municípios estratégias de vacinação da população em novas área de risco. Entre os dias 5 e 7 de dezembro, reuniu nesse grupo representantes da OMS e Opas;

Neste momento, o conjunto de Ministério da Saúde, estados e municípios estão realizando uma das maiores campanhas mundiais de vacinação contra febre amarela, quando se pretende imunizar mais de 20 milhões de pessoas. O monitoramento é constante para avaliar novas potenciais áreas de risco e proteger a população suscetível.

O Ministério da Saúde lamenta que os ditos especialistas que surgem em momentos de crise esqueçam que a vacina contra febre amarela também pode levar a riscos, como vimos três mortes confirmadas neste ano e outras três sendo investigadas. Não é recomendável, portanto, expor pessoas a um risco sem necessidade.



Ministério da Saúde






Novo documento da Human Rights refere aos casos de hanseníase no Brasil



Sociedade Brasileira de Hansenologia alerta que Brasil não alcançará duas principais metas propostas na estratégia global da OMS contra a hanseníase até 2020


Documento divulgado na ultima quinta-feira pelo escritório do Alto Comissariado da United Nations Human Rights, em Genebra, Suíça, volta-se para o problema da hanseníase no mundo e denuncia: “As pessoas afetadas pela hanseníase continuam a sofrer discriminação e falta de acesso à assistência médica”. Segundo o documento, “A lepra continua a ser uma doença negligenciada, com o maior número de casos na Índia, no Brasil e na Indonésia”. O alerta chama a atenção para o “Dia Mundial da Hanseníase”, que foi em 28 de janeiro.

O assunto também foi tema de artigo publicado, na última sexta-feira, 26, por hansenologistas ligados à Sociedade Brasileira de Hansenologia na The Lancet Infectious Diseases, considerada a revista de mais alto impacto entre as publicações científicas da área da infectologia, que questiona: “Os números oficiais da hanseníase no mundo são reais? 530 milhões de pessoas moram em países ‘em desenvolvimento’, que a OMS-Organização Mundial de Saúde apresenta como ‘sem registro’ de casos de hanseníase em 2016”.

Segundo o manifesto da Human Rights, "O fato de que isso ainda está acontecendo em 2018 mostra que há atrasos no diagnóstico e falta de acesso a um tratamento de alta qualidade. As crianças estão entre os que sofrem desnecessariamente”. O organismo divulga análises da relatora especial da ONU, Alice Cruz, nomeada em novembro de 2017 como o primeiro Relatos Especial da ONU na eliminação da discriminação de pessoas afetadas pela lepra e seus familiares.

Este alerta vem sendo feito reiteradamente pela SBH no Brasil e no exterior. O Brasil continua com alto índice de diagnósticos de hanseníase e, segundo a SBH o número real em território nacional pode ser de 3 a 5 vezes maior que os dados oficiais. “Falta diagnóstico, preparo dos profissionais de saúde, estrutura nos serviços de atenção básica à saúde, ensino nas universidades, atenção de autoridades e política estratégica de enfrentamento da doença”, diz o presidente da SBH, Claudio Salgado, da Universidade Federal do Pará, doutor em Medicina pela Universidade de Tóquio.

A SBH chama a atenção para a necessidade de o tema hanseníase voltar ao debate entre educadores, autoridades de várias áreas e, especialmente, governantes.

“Diante da situação, o Brasil não alcançará as duas principais metas propostas na estratégia global da Organização Mundial da Saúde contra a hanseníase até 2020: nenhuma criança diagnosticada com hanseníase e deformidades visíveis, e menos de 1 caso de hanseníase diagnosticado com deformidades visíveis para cada 1 milhão de habitantes. Nosso papel, neste momento, é ampliar os diagnósticos com treinamento, capacitação e supervisão permanentes, dar condições de tratamento digno aos doentes, e conseguir diagnosticar precocemente a hanseníase a fim de evitar sequelas para, só então, almejar o controle da doença no país, o que não se faz em poucos anos”, analisa Salgado. 






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