Sociedade
Brasileira de Hansenologia alerta que Brasil não alcançará duas principais
metas propostas na estratégia global da OMS contra a hanseníase até 2020
Documento divulgado na ultima quinta-feira pelo
escritório do Alto Comissariado da United Nations Human Rights, em Genebra,
Suíça, volta-se para o problema da hanseníase no mundo e denuncia: “As pessoas
afetadas pela hanseníase continuam a sofrer discriminação e falta de acesso à
assistência médica”. Segundo o documento, “A lepra continua a ser uma doença
negligenciada, com o maior número de casos na Índia, no Brasil e na Indonésia”.
O alerta chama a atenção para o “Dia Mundial da Hanseníase”, que foi em 28 de
janeiro.
O assunto também foi tema de artigo publicado, na
última sexta-feira, 26, por hansenologistas ligados à Sociedade Brasileira de
Hansenologia na The Lancet Infectious Diseases, considerada a revista de mais
alto impacto entre as publicações científicas da área da infectologia, que
questiona: “Os números oficiais da hanseníase no mundo são reais? 530 milhões
de pessoas moram em países ‘em desenvolvimento’, que a OMS-Organização Mundial
de Saúde apresenta como ‘sem registro’ de casos de hanseníase em 2016”.
Segundo o manifesto da Human Rights, "O fato
de que isso ainda está acontecendo em 2018 mostra que há atrasos no diagnóstico
e falta de acesso a um tratamento de alta qualidade. As crianças estão
entre os que sofrem desnecessariamente”. O organismo divulga análises da
relatora especial da ONU, Alice Cruz, nomeada em novembro de 2017 como o
primeiro Relatos Especial da ONU na eliminação da discriminação de pessoas
afetadas pela lepra e seus familiares.
Este alerta vem sendo feito reiteradamente pela SBH
no Brasil e no exterior. O Brasil continua com alto índice de diagnósticos de
hanseníase e, segundo a SBH o número real em território nacional pode ser de 3
a 5 vezes maior que os dados oficiais. “Falta diagnóstico, preparo dos
profissionais de saúde, estrutura nos serviços de atenção básica à saúde,
ensino nas universidades, atenção de autoridades e política estratégica de
enfrentamento da doença”, diz o presidente da SBH, Claudio Salgado, da
Universidade Federal do Pará, doutor em Medicina pela Universidade de Tóquio.
A SBH chama a atenção para a necessidade de o tema
hanseníase voltar ao debate entre educadores, autoridades de várias áreas e,
especialmente, governantes.
“Diante da situação, o Brasil não alcançará as duas
principais metas propostas na estratégia global da Organização Mundial da Saúde
contra a hanseníase até 2020: nenhuma criança diagnosticada com hanseníase e
deformidades visíveis, e menos de 1 caso de hanseníase diagnosticado com
deformidades visíveis para cada 1 milhão de habitantes. Nosso papel, neste
momento, é ampliar os diagnósticos com treinamento, capacitação e supervisão
permanentes, dar condições de tratamento digno aos doentes, e conseguir
diagnosticar precocemente a hanseníase a fim de evitar sequelas para, só então,
almejar o controle da doença no país, o que não se faz em poucos anos”, analisa
Salgado.
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