Entidade também explica o que deve ser feito nos casos em que o bebê ou a mamãe tiver recebido o diagnóstico de câncer
Ele sacia a fome, impulsiona o viver, contribui
para uma melhora nutricional, reduz a chance de obesidade, hipertensão e
diabetes, diminui também os riscos de infecções e alergias, além de provocar um
efeito positivo na inteligência. Não estamos falando de nenhum remédio
milagroso, mas do leite materno que é o protagonista deste mês de agosto: o
Agosto Dourado.
Segundo a Dra. Maristella Bergamo, oncologista pediátrica da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), há estudos que apontam a associação entre o aleitamento materno e a menor incidência de casos de câncer. “Já está bem estabelecida a associação entre aleitamento materno e redução na prevalência do câncer de mama, e tem sido atribuído ao aleitamento materno índices menores de câncer de ovário e útero. Para a criança, estudos também indicam algum fator de proteção. Recente meta-análise (que incluiu 45 artigos, com mais de 400 mil indivíduos), mostra relação entre amamentação e menores índices de leucemia na infância, e também sugere essa relação nos casos de neuroblastoma”.
Mesmo quando o câncer já foi diagnosticado, o leite materno também é um poderoso aliado. Nos casos de crianças em idade de amamentação que desenvolvam algum tipo de câncer, por exemplo, o Retinoblastoma, ou seja, um tumor que surge na retina e é responsável por 15% dos cânceres no primeiro ano de vida a orientação da Dra. Maristella é: “Deve-se continuar a amamentação, pois tanto do ponto de vista nutricional quanto psicológico é extremamente importante”.
No caso inverso, isto é, quando a mãe descobre algum tipo de câncer, as medidas variam caso a caso. “Cada caso deve ser individualizado. Por exemplo, uma mãe diagnosticada com um tumor cerebral, que precisará passar apenas por uma cirurgia, não tem necessidade de interromper a amamentação. Pode programar a ordenha para manter o aleitamento nos dias em que estará internada e após, seguir normalmente com a prática”, explica a Dra. Maristella Bergamo.
Já quando se faz necessário o uso da radioterapia ou até quimioterapia, os cuidados devem ser mais intensos. “No caso da mulher precisar ser submetida a radioterapia, a depender do local irradiado, a amamentação pode ser mantida. Mulheres que recebem quimioterapia não devem amamentar, devido ao risco da medicação passar para o bebê através do leite”, explica a oncologista da SOBOPE. Por sua vez, as mulheres que desenvolvem o câncer de mama também devem interromper a amamentação. “Nesses casos, geralmente a amamentação deve ser interrompida, pois a mãe será submetida a tratamento na mama que pode diminuir a produção de leite, como a cirurgia ou radioterapia. Se submetida a quimioterapia, a amamentação deve ser interrompida também”, esclarece a Dra. Maristella.
A recomendação mundial é de que o aleitamento deve ser exclusivo até o 6 meses e complementado com adição de alimentos variados até os 2 anos ou mais. Porém, segundo pesquisa da Organização Mundial de Saúde (OMS), no Brasil, apenas 39% das mães utilizam o leite materno como alimentação exclusiva de seus bebês até os seis meses. A meta para 2025, de acordo com a Assembleia Mundial de Saúde, é atingir cerca de 50 % dos recém-nascidos.
Segundo a Dra. Maristella Bergamo, o Agosto Dourado é importante justamente para que consigamos atingir esta meta: “Com educação e informação, acho possível chegarmos à meta estabelecida. Conscientizar toda população da importância da amamentação estimulará as mães a insistir nessa prática, e as pessoas próximas a ela e ao bebê, como familiares, amigos, empresas, creches a apoiarem e incentivarem a amamentação”.
De fato, o papel das pessoas próximas à mulher é
fundamental. “Uma antiga campanha do ministério da Saúde trazia uma frase que
me marcou bastante: Quem tem peito dá leite, quem não tem dá força. A família
ou pessoas do convívio devem sim apoiar e "amamentar" junto, dando
todo suporte necessário desde pegar um copo d'água até acordar a noite para
ajudar nos cuidados com o bebê. Deve estimular a mãe e dessa forma contribuir
para a saúde e bem estar tanto dela quanto da criança”, finaliza a Dra.
Maristella Bergamo, oncologista pediátrica da SOBOPE.