Nesta terça (5), os americanos vão às urnas para eleger o próximo presidente nos EUA. A disputa acirrada acontece entre Kamala Harris, do Partido Democrata, e Donald Trump, do Partido Republicano. A expectativa é que os resultados possam sair ainda na quarta-feira, mas é possível que a contagem de votos se prolongue, já que cada estado possui as próprias regras de contagem de votos.
Rodrigo
Cohen, analista de investimentos, observa que, além das eleições americanas,
nessa semana, há também o anúncio do FED em relação a decisão de juros por lá.
Aqui no Brasil, a agenda econômica também está agitada com a decisão do Copom
sobre juros e dados de inflação com o mercado ainda em compasso de espera em
relação à divulgação do pacote de corte de gastos. “Acredito que teremos
dias de bastante volatilidade. O cenário é muito incerto e temos uma semana
cheia de dados aqui. O investidor precisa ficar com o pé atras e ser bem
seletivo nas operações porque qualquer notícia pode mexer muito com mercado”,
afirma.
Carolina
Bohnert, especialista em investimentos e sócia da The Hill Capital, destaca que
as eleições americanas trazem incertezas, mas também abrem possibilidades para
mudanças significativas. “Na minha visão, as eleições sempre trazem
incertezas, mas também oportunidades para mudanças significativas”, afirma.
Segundo Bohnert, o resultado eleitoral influencia nas decisões do Federal
Reserve, o que pode afetar diretamente a economia brasileira. “Um dólar
forte pode prejudicar a competitividade das exportações brasileiras, afetando
negativamente a bolsa”, alerta a especialista.
A
disputa eleitoral, marcada pela polarização, tem, segundo Idean Alves,
planejador financeiro e especialista em mercado de capitais, um papel decisivo
no comportamento do mercado brasileiro. Ele enfatiza o papel crucial dos
eleitores indecisos na definição do resultado, que é apontado como um dos mais
equilibrados das últimas décadas. Além disso, Alves observa que o desempenho
recente do índice S&P 500 sugere um viés de continuidade do governo
democrata, embora tenha havido erros em previsões passadas.
“O S&P 500 aponta para a manutenção do governo democrata com a vitória da Kamala Harris, com o índice tendo subido mais de 10% recentemente. Tal parâmetro errou apenas quatro vezes em 96 anos, inclusive na eleição de 2020 quando o Biden foi eleito e as apostas eram em Trump, então será realmente um resultado bem apertado”, diz.
Na análise dos possíveis vencedores, os especialistas apontam cenários distintos para o mercado brasileiro. Caso Donald Trump retome a presidência, Bohnert acredita que o agronegócio brasileiro poderia sair fortalecido. "Os ramos da economia voltados para a exportação de matérias-primas, com destaque para o setor agrícola e pecuário, estão propensos a colher vantagens. Este segmento em particular experimentou ganhos significativos durante o período de tensões comerciais envolvendo a China", elucida.
Empresas como SLC Agrícola e BrasilAgro, focadas no setor de grãos, poderiam ser impulsionadas pelo aumento da demanda chinesa, que tradicionalmente busca alternativas ao mercado americano em períodos de tensão. Além do agronegócio, a mineração também ganharia destaque, com empresas como a Gerdau podendo capitalizar sobre o aumento dos preços do aço. “A Braskem, que tem parte de sua receita em dólar, poderia ser beneficiada”, completa Bohnert.
Já com
a possível eleição de Kamala Harris, Alves sugere um posicionamento mais
cauteloso para o investidor brasileiro. Ele recomenda focar em empresas
pagadoras de dividendos, que oferecem maior previsibilidade de receita. “O
governo democrata já é mais austero, e portanto a busca por segurança através
de empresas que ajudam a compor patrimônio acaba sendo uma alternativa mais
intuitiva”, explica Alves. Segundo ele, setores como energia elétrica,
saneamento básico e seguradoras poderiam oferecer uma base mais sólida em um
cenário de governança mais rígida e de controle inflacionário.
Bohnert complementa, destacando que um governo Harris poderia favorecer investimentos verdes e a demanda por minerais críticos, beneficiando mineradoras brasileiras, bem como empresas voltadas para energia renovável, como a WEG. "Na minha perspectiva, a necessidade crescente por minerais essenciais para viabilizar a transição para energias limpas tem o potencial de alavancar o desempenho de empresas de mineração do Brasil, com destaque para a Vale", diz.
Independentemente
do resultado, os especialistas concordam que a eleição nos Estados Unidos trará
volatilidade para o mercado global, e o Brasil não ficará imune a esse
movimento. E fato é que o investidor deve estar preparado para ajustar suas
estratégias conforme o desenrolar dos eventos nos Estados Unidos.
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