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quarta-feira, 28 de julho de 2021

Saiba como tratar as alergias desencadeadas pelo frio

A médica Camilla Pereira, do Plunes Centro Médico, dá dicas sobre como evitar a proliferação dos causadores das alergias


Os principais causadores das alergias são mofo e ácaros, que se proliferam nesta época do ano
Divulgação

Cerca de 30% da população brasileira sofre com algum tipo de alergia e a chegada do inverno pode piorar alguns dos sintomas, principalmente para quem sofre com asma, rinite e dermatite atópica. Os principais causadores das alergias são mofo e ácaros, que se proliferam nesta época do ano, além dos vírus e bactérias que circulam em ambientes fechados.

“Nos dias frios as pessoas tendem a ficar mais tempo dentro de casa, com portas e janelas fechadas. Também evitam locais abertos e abusam do banho quente, o que afeta a camada protetora da pele, tornando-a ressecada e sujeita a coceiras”, conta a médica especialista em alergias Camilla Pereira, do Plunes Centro Médico, de Curitiba (PR).

Além dos agentes causadores mais conhecidos, como mofo, ácaros, vírus e bactérias, em algumas residências a fumaça intradomiciliar aumenta nessa época devido ao uso de lareiras e fogões a lenha. “Além dessa, a fumaça do cigarro também é grande causadora de piora nas alergias”, enfatiza a médica.

Outra doença muito comum nesta época do ano é a "urticária do frio", que ocorre devido à queda da temperatura e leva ao aparecimento de placas avermelhadas e elevadas na pele, prurido e inchaço. Segundo Camilla Pereira, essa doença pode atingir trabalhadores de frigoríficos, açougues e outros ambientes com baixas temperaturas.

Para minimizar os sintomas das alergias é preciso abusar da limpeza da casa e do ambiente de trabalho. “Sugiro sempre aos pacientes limpar os cômodos e móveis com um pano umedecido em água e vinagre de álcool, evitando produtos com odor forte. Outra boa dica é não usar vassouras e, sim, aspiradores. Também é indicado evitar cortinas de tecido, carpete, tapetes, almofadas de tecido e outros objetos que concentram muita poeira”, conta.

Manter os cômodos ventilados, evitar banhos quentes e demorados e hidratar a pele regularmente também contribui para minimizar os efeitos desagradáveis das alergias. “O paciente com alergia deve ser olhado com cuidado durante o ano inteiro, porém uma visita ao médico no início do inverno é muito importante. As orientações quanto ao reconhecimento da piora das alergias e medidas a serem tomadas devem ser frequentes. Quem possui alguma doença alérgica deve procurar o seu médico e evitar que algo atrapalhe a qualidade de vida no inverno”, finaliza a especialista.


Plano de saúde é obrigado a custear prótese peniana a segurado

Justiça entendeu que operadora de plano de saúde deve arcar com implante de prótese peniana inflável a segurado com disfunção erétil, com o argumento de que o consumidor que não pode ser privado de usufruir dos avanços da medicina, sob pena de violação da finalidade do contrato de assistência à saúde.

 


Questões relacionadas aos planos de saúde e seus associados permeiam os tribunais com mais frequência do que deveriam. É cada vez mais comum ver consumidores acionar a justiça para fazerem valer seus direitos junto aos planos de saúde que tentam camuflar em letras miúdas nos contratos de prestação de serviço.

É o que aconteceu com um cidadão de 37 anos diagnosticado com disfunção erétil venogênica refratária, cujo tratamento indicado foi o implante de prótese peniana inflável. A operadora do plano de saúde se recusou a custear a prótese prescrita pelo médico sob o argumento de não estar prevista no rol de coberturas obrigatórias editada pela Agência Nacional de Saúde - ANS. Ou seja, em nenhum momento foi cogitada a necessidade do autor de se submeter ao procedimento, mas apenas a obrigatoriedade, ou não, de a operadora arcar com os custos da prótese inflável.

“Tal justificativa mostra-se abusiva e contrária à finalidade do contrato”, avaliam Leo Rosenbaum e Fernanda Glezer Szpiz, sócios do Rosenbaum Advogados, escritório especializado em Direito à Saúde e do Consumidor. “Inclusive a jurisprudência majoritária entende que é abusiva a negativa de cobertura de custeio de tratamento sob o argumento da sua natureza experimental ou por não estar previsto no rol de procedimentos da ANS”, esclarecem.

O juiz de primeira instância julgou improcedente, porém, houve recurso e o Tribunal de Justiça de São Paulo reverteu a decisão, com base no entendimento de que o consumidor não pode ser privado de usufruir dos avanços da medicina, sob pena de violação da finalidade do contrato de assistência à saúde. Além disso, esses contratos têm natureza aleatória e relevante finalidade social, não prevalecendo a exclusão de cobertura de tratamento prescrito por médico sob a alegação de que o procedimento não está previsto no rol da ANS, que estabelece somente a cobertura mínima obrigatória. Tal justificativa mostra-se abusiva e contrária à finalidade do contrato.

“Melhor dizendo, não prospera a tese de que a cobertura contratada é restrita aos procedimentos consignados expressamente no contrato e elencados no rol da ANS, sob pena da limitação desequilibrar a avença em desfavor do consumidor, que ficaria privado de usufruir de qualquer procedimento decorrente do avanço na medicina”, consideram os especialistas e continuam, “além disso, não cabe à operadora do plano de saúde avaliar a prescrição médica e escolher o material a ser utilizado no ato cirúrgico, uma vez que o relatório médico é claro quanto à necessidade de implantação da prótese, com brevidade, por se tratar de doença de rápida progressão e que pode culminar na perda total da ereção de modo irreversível”.

Dessa forma, é correto dizer que se o contrato não restringe a cobertura da doença, tampouco estabelece expressamente a exclusão do material utilizado, devendo ser garantido ao paciente o acesso à prótese inflável nos exatos termos da prescrição médica.

O relator julgou procedente o pedido para condenar operadora de plano de saúde na obrigação de custear a cirurgia do segurado, bem como a prótese, nos exatos termos da prescrição médica, arcando com a integralidade das despesas médicas e hospitalares decorrentes do procedimento, desde que realizado na rede credenciada, ou mediante reembolso, nos limites do contrato, caso o autor opte por realizá-la por profissional de sua confiança, não credenciado à seguradora contratada.

Trabalho em home office e os riscos da trombose

Médico Vascular Gustavo Marcatto explica porque o trabalho em casa pode gerar o problema e dá dicas de prevenção


            Há pouco mais de um ano grande parte dos trabalhadores viu sua rotina com a jornada de trabalho mudar totalmente devido à pandemia da Covid-19. De um dia para o outro fomos obrigados a passar todo tempo possível em casa e o lar acabou virando local de trabalho, nosso escritório. E precisamos nos adaptar rapidamente a essa nova realidade.

            Além da disciplina e concentração nem sempre fáceis no chamado home office, o fato de fazermos menos movimentos e passarmos longos períodos sentamos pode refletir, e muito, na saúde do nosso corpo.

            “Com a mudança da rotina de trabalho dos brasileiros temos observado, sim, aumento nos riscos do desenvolvimento da trombose. E por que isso acontece? Quando estamos em home office a tendência é permanecer longos períodos sentados, o que não é nada saudável para o sistema circulatório”, explica o médico vascular, Dr. Gustavo Marcatto.

Dr. Gustavo Marcatto/Divulgação

            Antes da pandemia, quando todos saíamos de casa para exercer nossas atividades no escritório, na fábrica ou empresa, nos movimentávamos mais. Primeiro com o deslocamento do lar para o trabalho; depois com as atividades e rotinas diárias dentro da empresa, saídas para almoço ou um café e a volta para a casa ao final do expediente. “Em casa passamos muito tempo parados, sentados. E aí está o problema já que a circulação de retorno sofre para acontecer e, com isso, os riscos de um quadro de trombose são elevados”, alerta o especialista.

            Ainda segundo Dr. Gustavo outro ponto importante é que no home office as pessoas acabam ingerindo menos água do que seria o ideal. “Então, esses dois pontos (falta de movimento e menor quantidade de água ingerida) é um prato cheio para o desenvolvimento da trombose”.


E o que fazer?

            Para evitar desenvolver esse grave problema circulatório, batam algumas medidas e simples mudanças de hábito enquanto estiver trabalhando em casa. A primeira coisa, segundo o vascular, é sempre se movimentar durante a jornada de trabalho. “O ideal é programar o despertador do celular, de preferência a cada duas horas, para levantar, caminhar pelo ambiente, fazer algum tipo de movimento, e só então sentar novamente”.

            Outra dica importante do doutor Gustavo, e que serve para o bom funcionamento de todo o organismo, é sobre o consumo de água. “É essencial que a pessoa aumente a quantidade de água ingerida durante o dia. O recomendável é no mínimo 2,5 litros diariamente”, ressalta o profissional.

            Por último também é necessário utilizar um suporte para apoiar os pés enquanto estiver sentado. “De vez em quando levante os pés do suporte e balance as pernas, alongue, faça exercícios que movimentem os membros inferiores, ajudando assim a circulação de retorno acontecer”.

            O médico vascular pontua que a trombose pelo trabalho em home office sem cuidados podem ser acontecer, mas tem maneiras de se prevenir e evitar o quadro. “Vale lembrar que quem tem risco adicional, quadro de hereditariedade ou já teve trombose, deve procurar o médico para fazer sempre um acompanhamento”.


Linfoma: 80% dos casos do câncer que afeta o sistema imunológico tem chances de recuperação quando feito o diagnóstico precoce

Na última década o termo Linfoma ganhou as manchetes após uma série de personalidades dos meios artístico e político revelarem o diagnóstico da doença.

E não é à toa que ouvir falar sobre esse tipo de câncer está mais comum: no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que para cada ano sejam diagnosticados ao menos 15 mil novos casos da doença. E, segundo a entidade, por motivos ainda desconhecidos, o número duplicou nos últimos 25 anos, principalmente entre pessoas com mais de 60 anos.



Mas, do que se trata esse tipo de tumor?

De forma simplificada, os linfomas podem ser classificados como Hodgkin, mais raro e que afeta em especial jovens entre 15 e 25 anos e, em menor escala, adultos na faixa etária de 50 a 60 anos, ou não-Hodgkin, cujo grupo de risco é composto por pessoas na terceira idade (mais de 60 anos). Para Mariana Oliveira, hematologista do CPO Oncoclínicas, apesar de não haver prevenção por desconhecimento do que leva ao surgimento da neoplasia, a chave para deter a evolução progressiva do tumor é o conhecimento. "A boa notícia é o fato de os linfomas terem alto potencial curativo. O diagnóstico precoce é fundamental para alcançar o êxito no processo terapêutico, por isso o esclarecimento à população é essencial", afirma.

As chances de remissão em pacientes com linfomas de Hodgkin chega a superar 80% dos casos quando o diagnóstico acontece ainda no estágio inicial, enquanto os não-Hodgkin de baixo-grau (não agressivos) têm altas taxas de sobrevida, superando a marca de 10 anos.



Sintomas e Tratamento

Os sintomas em geral são aumento nos gânglios linfáticos (linfonodos ou ínguas, em linguagem popular) nas axilas, na virilha e/ou no pescoço, dor abdominal, perda de peso, fadiga, coceira no corpo, febre e, eventualmente, pode acometer órgãos como baço, fígado, medula óssea, estômago, intestino, pele e cérebro.
"As duas categorias - Hodgkin e não-Hodgkin -, contudo, apresentam outros subtipos específicos, com características clínicas diferentes entre si e prognósticos variáveis. Por isso, o tratamento não segue um padrão, mas usualmente consiste em quimioterapia, radioterapia ou a combinação de ambas as modalidades", explica Mariana Oliveira.

Em certos casos, terapias alvo-moleculares, que tem como meta de ataque uma molécula da superfície do linfócito doente, podem ser indicadas. "Estas proteínas feitas em laboratório atuam como se fosse um ‘míssil teleguiado’ - que reconhece e destrói a célula cancerosa do organismo", ressalta o médico. Ainda, dependendo da extensão dos tumores e eficácia das medicações, pode haver a indicação de transplante de medula óssea.

Diante dos desafios impostos pela crescente incidência da doença, novas alternativas terapêuticas vêm surgindo para combater os linfomas, especialmente para os que não respondem aos tratamentos convencionalmente indicados. "A medicina tem avançado nos últimos anos principalmente através da terapia celular", afirma a especialista.

Ela conta que o autotransplante ,tratamento no qual é realizada uma quimioterapia mais intensa seguida pela infusão da medula do próprio paciente é uma delas. A terapia com CAR T é outra, e a principal novidade da área. Altamente especializadas, foram desenvolvidas, a partir de uma modificação genética das células, para atacar especificamente o tipo do câncer do paciente e aprovadas pela FDA (Food and Drug Administration), órgão regularizador do setor nos Estados Unidos. As drogas utilizadas nestas situações obtiveram taxas de sucesso que variaram de 50% a 80% dos casos, o que é animador.

E o recente arsenal de combate aos linfomas também incluí a imunoterapia. Com bons resultados apontados por estudos e pesquisas de referência global, o tratamento estimula o organismo do paciente a reconhecer e combater as células tumorais. "De forma bastante simplificada, podemos dizer que os imunoterápicos desativam os receptores dos linfócitos e, assim, permite que as células doentes sejam reconhecidas. Isso faz com que o organismo volte a combater o tumor - e sem causar efeitos colaterais comuns a outras medicações habitualmente adotadas nos processos terapêuticos", finaliza Mariana Oliveira.


Especialista explica o que é aneurisma de Aorta e por que é tão importante o diagnóstico precoce

O rastreamento dos pacientes com fatores de risco pode auxiliar no diagnóstico precoce do Aneurisma de Aorta

 

A Aorta é a maior e a principal artéria do corpo humano, responsável por transportar o sangue do coração para todos os órgãos, passando pelo tórax e abdômen. O aneurisma é caracterizado pela dilatação localizada de um vaso, podendo não apresentar sintomas inicialmente.

Segundo o Cirurgião Vascular e Endovascular Dr. Josualdo Euzébio da Silva, o aneurisma pode acometer todos os vasos do corpo. Em relação a Aorta pode acometer a Aorta torácica e abdominal. "O aneurisma é caracterizado por uma dilatação permanente de todas as camadas da parede de uma artéria de, pelo menos 50% maior que o diâmetro normal do vaso naquela pessoa", explica o especialista.

Geralmente, o problema é mais prevalente na população masculina, a partir dos 50 anos de idade, e a incidência aumenta aos 60 anos. Além disso, outros fatores também podem aumentar o risco de desenvolver um aneurisma, como aterosclerose, níveis elevados de colesterol, pressão alta, sedentarismo e tabagismo.

O maior risco do aneurisma de aorta é o seu rompimento, que pode causar uma hemorragia grave, colocando a vida em risco. "A taxa de mortalidade desta doença quando ocorre a ruptura pode atingir níveis elevados, por conta do quadro de hemorragia grave que vai ocasionar", esclarece Dr. Josualdo Euzébio. Apesar de apresentar risco alto de complicações, o aneurisma pode ser controlado e tratado em fases mais precoces, com redução importante de risco.

Dr. Josualdo Euzébio enfatiza que o controle clinico geral, controle dos fatores de risco, realização do checkup vascular podem orientar a prevenção de doenças vasculares e também a detecção precoce, sendo que o tratamento apresenta melhores resultados nesta fase.

A indicação do tratamento cirúrgico segue as recomendações mundiais, e são vários aspectos a serem analisados pra definir o momento exato para tratamento e qual a técnica a ser utilizada

"A cirurgia pode ser realizada pela técnica convencional com abertura de abdômen ou tórax e utilização de um prótese vascular especifica ou através de um procedimento minimamente invasivo com pequenas incisões na virilha e implante de uma endoprotese." Ressalta que a indicação do melhor tratamento é avaliado pelo cirurgião para cada paciente, sendo analisado de maneira minuciosa várias informações, exames, quadro clinico do paciente...

O médico orienta ainda que uma as formas de prevenir os aneurismas é manter o estilo de vida saudável, por meio de uma alimentação balanceada, prática de atividades físicas, não fumar, controle de pressão arterial e níveis de colesterol e triglicérides. ". A população deve ter consciência de que seus hábitos são escolhas, e estas escolhas podem prolongar ou não a vida", finaliza o médico.

 


DR. Josualdo Euzébio da Silva - CRM-MG 26.128  - RQE 17502/31642


Trombose: o perigo silencioso de mãos dadas à COVID-19

Especialista explica qual a relação entre as duas doenças e o que fazer para se prevenir


Com o avanço da pandemia, cerca de um ano e meio após o surgimento dos primeiros casos, já é de amplo conhecimento que o SARS-CoV-2 é causador de problemas agudos no sistema respiratório. No entanto, o que pouco se discute é o grande número de casos envolvendo coágulos de sangue em pacientes infectados pela COVID-19. Estima-se que de 5% a 10% dos pacientes internados em enfermaria tenham apresentado algum evento trombótico durante o tratamento de coronavírus, podendo chegar a 30% para pacientes internados em UTI – taxas muito altas se comparadas ao período pré-pandemia. A trombose é uma obstrução causada por coágulos de sangue em veias e artérias, podendo resultar em quadros graves, como Acidente Vascular Cerebral (AVC), Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e embolia pulmonar - podendo levar, em casos extremos, à parada cardíaca.  

A infecção causada pela COVID-19 não afeta somente os pulmões, mas também pode lesar a camada interna da parede dos vasos sanguíneos.  “Essa camada, chamada de endotélio, é parte responsável por não permitir que o sangue coagule, então se o vírus danifica essa camada, a deixa mais propensa à formação de trombo”, explica Dr. Marcelo Melzer Teruchkin, cirurgião vascular do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV) e da Sociedade Brasileira de Trombose e Hemostasia (SBTH). “A trombose é causada pelo que chamamos de Tríade de Virchow, que envolve a estase, a hipercoagulabilidade e o dano vascular. O vírus gera lesão no vaso e ativa a cascata inflamatória, que são questões relacionadas à coagulação. Isso acaba levando algumas pessoa a ficarem prostradas e acamadas,  como é o caso de pacientes  com necessidade de suplementação de oxigênio, com pouca mobilidade e gerando a estase”. 

A trombose pode atingir qualquer paciente diagnosticado com COVID-19, inclusive casos leves, domiciliares e que não apresentaram síndrome respiratória. “Logo nos primeiros casos, na China, os médicos perceberam a elevação de um elemento identificado no sangue, que está relacionado à trombose: o D-dímero”, comenta o cirurgião. Quando temos um trombo, nosso organismo tenta desfazê-lo e, nesse processo, libera substâncias no sangue que acabam funcionando como marcadores. Um desses marcadores é o D-dímero. “No início da pandemia, logo que os colegas identificavam essa elevação do D-dímero, solicitavam a avaliação vascular. Parecia certo exagero, pois muitos pacientes não apresentavam nenhuma manifestação clínica de trombose, mas quando fazíamos avaliação com ultrassom (ecodoppler) em muitos desses casos achávamos um trombo. Assim, percebemos que não se tratava de uma situação comum”. 

A relação entre a COVID-19 e a presença de tromboses gerou, no meio médico, discussões, não somente acerca das consequências da infecção, mas também sobre qual seria o tratamento mais adequado, já que o paciente infectado além de apresentar risco aumentado de trombose, também tem risco de sangramento. “Até o momento, um paciente com diagnóstico de infecção pelo coronavírus que necessita internação e não tem diagnóstico de trombose vai receber uma dose menor de anticoagulante, preventiva, chamada de dose profilática. Agora se ele tem diagnóstico confirmado de trombose durante o tratamento, vai receber a dose de anticoagulante terapêutica, que é aproximadamente o dobro da dose de prevenção”, afirma Teruchkin, que completa que, a cada mês, novos estudos são lançados e novos paradigmas quebrados.  


As vacinas causam trombose? 

Logo que as vacinas começaram a ser utilizadas em escala populacional, na Europa e na América do Norte, no início de 2021, foram relatados alguns casos de tromboses graves em vasos cerebrais e viscerais, associados à redução do nível de plaquetas, após a vacinação com os imunizantes AstraZeneca e Janssen, o que gerou muita polêmica acerca da sua segurança.  

No entanto, Dr. Marcelo explica que esses são casos bastante raros. No início dos relatos, a trombose induzida por vacina era tratada com heparina, uma medicação anticoagulante de uso consagrado, mas que, especialmente nesses casos, resultava em uma reação imunológica que piorava o quadro do paciente. “Hoje, passados alguns meses, já sabemos qual a melhor forma de tratar essa trombose atípica relacionada à vacina. Se usa a imunoglobulina, uma substância para diminuir a resposta imunológica, e anticoagulantes não relacionados à heparina”, completa.  

Contudo, ele ressalta: “O risco de ocorrer uma trombose grave por COVID é muito maior que o risco de uma trombose rara pela vacina. A vacina, salvo raras exceções, sempre vai ser benéfica. É a melhor solução para a retomada de uma vida normal!”. 


Prevenção 

Apesar do cenário, existem pequenas e simples ações que podem contribuir para que o paciente se previna de desenvolver uma trombose em meio a um caso de coronavírus. Pacientes em síndrome gripal (casos leves) devem se manter bem hidratados e, mesmo em isolamento, buscar se movimentar e evitar a restrição ao leito. Aqueles que já passaram para síndrome inflamatória com baixa oxigenação (casos mais graves), devem agir somente sob recomendação médica, com medicação profilática para trombose. “O paciente deve evitar, a todo custo, a automedicação, porque, caso ele tenha algum risco aumentado de sangramento, o uso de anticoagulantes por conta própria pode ser extremamente arriscado”, explica o médico.  

Os sintomas da trombose podem variar de acordo com o local atingido. Trombose nas veias das pernas podem ocasionar inchaço, dor e mudança de coloração. Para as artérias dos membros inferiores, dor, ausência de pulso, palidez, resfriamento e formigamento do membro. Trombos no sistema pulmonar causarão falta de ar, dor torácica e tosse. Na circulação dos rins, o paciente pode sofrer de insuficiência renal. Além disso, coração e cérebro podem ser atingidos. “O trombo pode se formar em vaso único, como em vários sítios. É muito relativo e tem correlação com a gravidade da doença”, relata o especialista. 

À medida que o processo infeccioso e inflamatório vai se resolvendo, o risco de trombose vai, progressivamente, diminuindo – um processo que pode durar alguns meses até se normalizar. “É vital que todo o paciente que se recupera da COVID marque um checkup clínico. Pelo menos cardiológico, pulmonar e vascular. Ele vai ter orientações para que os seus riscos de complicações sejam amplamente reduzidos”, finaliza.  


Pandemia prejudicou a saúde mental de crianças e adolescente com a falta da rotina escolar

Pedagoga Georgya Correa acredita que a falta de limite complementar traz insegurança, ansiedade e angústias para as crianças e adolescentes.

 

É inegável que a pandemia impactou diretamente as vidas de todas as pessoas. Afinal, as medidas restritivas, aliadas ao distanciamento físico e o isolamento social, trouxeram novas formas de estar juntos às pessoas amadas, ao ritmo de trabalho e às necessidades diárias. 

Mas um problema que se observa nessas horas é o quanto a educação de crianças e adolescentes estão sendo abaladas com tudo que a sociedade tem vivido neste período tão difícil. Longe de contato diário com professores, colegas e familiares, as crianças e jovens acabam se rendendo ao mundo dos computadores, e isso pode trazer sérios problemas para sua saúde mental. 

Segundo a pedagoga com mestrado em educação e neuropsicopedagogia, Georgya Correa, “as escolas tinham um papel de algo certo na vida da criança. Afinal, a convivência com os mestres e amigos era algo tão comum e sólido que fica agora uma sensação de vazio muito grande quando isso é retirado de suas vidas”. Ela lembra ainda que durante a infância a criança precisa da participação conjunta da família e dos educadores para sua formação, e a pandemia afetou profundamente esta situação: “As crianças ainda não possuem autonomia para aprender os conceitos morais e as necessidades da vida, daí essa parceria entre a escola e os pais vem exatamente para atender isso. Só que neste momento as escolas fechadas e os pais perdidos com a pandemia, os pequenos acabam ficando sem essas referências, e assim podem colocar em risco sua saúde mental”, observa. 

Depois de tanto tempo de pandemia, crianças e adolescentes acabaram se acostumando com a rotina em casa. E agora voltar à rotina não é tão fácil como parece, observa Georgya. Independentemente da idade, o fato é que os alunos nesse momento estão apresentando essas angústias e dificuldades, ainda que cada um à sua maneira específica de acordo com a faixa etária. “As crianças, por exemplo, já se acostumaram a estar em casa e a ficar com os pais. Ela não tem essa facilidade de se organizar para retomar ao normal. Já o adolescente passou todo este período recluso, dedicando boa parte do tempo à diversão no meio online ou nos videogames, então para ele entrar novamente na rotina não é uma tarefa fácil. Ele ficou durante todo este período usando a liberdade para atender suas responsabilidades diárias, sem a mesma disciplina de horários como era antigamente. Elas acabam desenvolvendo essas crises ao chegar a este momento em que é hora de retomar a vida como era antes da pandemia”, completa.


Para evitar que as crianças e adolescentes caiam nessa situação tão preocupante, Georgya lista algumas dicas: “Suporte ao seu filho nesse processo de retomada. Se necessário, crie um passo a passo da rotina, pois ele precisa se sentir seguro. No caso da escola, uma boa ideia é ter um mentor para refazer a ponte entre estudante e o ambiente acadêmico. Além disso, deixe as regras e rotinas claras com apoio para cruzar as linhas imaginárias que impedem a passagem de uma ação ou ambiente ao outro faz com que o/a estudante se sinta mais confiante”, completa.


Atletas Olímpicos expostos ao adoecimento psíquico frente à superação de seus próprios limites


Em tempos de Olimpíadas e Paraolimpíadas no Japão, um tema complexo e muito relevante desponta em meio às disputas por medalhas: a relação entre as emoções e o rendimento esportivo dos atletas. Ou melhor, o equilíbrio emocional dos competidores diante das pressões psicológicas por expectativas constantes por resultados positivos e superação de seus limites. Um assunto sério que nos leva a pensar em todos os aspectos físicos e psíquicos envolvidos nesse cenário mágico do esporte.

 

A discussão sobre a saúde mental dos atletas e as cobranças internas ou externas por uma alta performance veio à tona, principalmente, pelo fato de que a norte-americana Simone Biles (EUA) abandonou, essa semana, a final por equipes da ginástica artística, mesmo sendo uma das favoritas à medalha de outro, deixando em aberto sua presença na decisão. Biles declarou: “ Eu apenas não queria continuar. Não houve lesão, mas sim um pouco de orgulho ferido por uma prova ruim e um tanto mais de cuidado com a saúde mental”. Fortes palavras que, sem dúvidas, jogam para fora do tapete as omissões e negligências em relação a um assunto de extrema importância que é a saúde mental dos competidores: Não adianta estar 100% preparado fisicamente se a mente não estiver equilibrada e saudável. A saúde mental precisa estar em dia. Do contrário, a performance do atleta estará comprometida. Estamos lidando com seres humanos - e não máquinas preparadas apenas para conquistar títulos.

 

Fato é que, em uma competição de tamanha proporção como uma olimpíada, é inevitável que a tensão e pressão atinjam níveis surreais para o atleta que vem se preparando a alguns anos para conquistar resultados positivos e levar medalhas para seu país. A grande questão é: será que estes atletas estão mesmo sendo preparados de forma adequada para esse turbilhão emocional que vai da euforia (quando a medalha chega) ou a frustração e tristeza (quando a medalha não vem)? Estão preparados para as perdas?

 

O único objetivo em uma grande disputa é a vitória. Mas existem outros ingredientes que fazem parte do caldeirão olímpico e que devem ser considerados e avaliados com muita cautela visando o bem-estar físico e mental do atleta, pois, além do talento e da potencialização das habilidades esportivas, o emocional saudável do competidor também é fundamental para que, nos momentos mais decisivos, este consiga se sentir seguro e preparado psicologicamente para trabalhar questões internas que influenciam no seu alto rendimento e na performance esperada por todos.

 

São anos de preparação, treinos, cobranças, privações, disciplina rigorosa, suor, dor e exaustão para superar seus próprios limites. O físico é extremamente cobrado, assim como a mente - que precisa estar alinhada para suportar possíveis adversidades que possam surgir. Entre elas: uma lesão inesperada, o baixo rendimento e até uma triste derrota. Um dos maiores temores é o medo do fracasso, do julgamento de fãs, familiares, amigos, do treinador e delegação, além da perda por patrocínios, castigos, afastamentos da equipe e exclusão da competição. Fatores altamente relevantes que podem despertar sentimentos nocivos que, se não forem tratados ou acompanhados adequadamente por um profissional de saúde mental, certamente influenciarão negativamente na construção da personalidade, da autoestima e na capacidade de absorção de desafios por parte deste atleta.

 

Neste rol de dores emocionais, entram a insegurança, o estresse, a ansiedade, a frustração, o pânico, a exaustão, os distúrbios alimentares, a insônia, as mudanças bruscas de humor, falta de autoconfiança, falta de autocontrole, falta de concentração, falta de motivação e a saudade pelo distanciamento da família, dos amigos e a geração infinita de expectativas, além do medo do monstro impiedoso do fracasso. Claro que não podemos nos esquecer que, por sermos seres individuais, cada um irá reagir e responder de forma individualizada a cada desafio que for surgindo. Inclusive, alguns competidores até preferem vivenciar situações de pressão, por se sentirem ainda mais motivados, enquanto outros entendem que, tanto a pressão quanto a ansiedade, são grandes vilões do seu desempenho pessoal.

 

Essa pressão psicológica, sem dúvida, irá influenciar o comportamento, o resultado final e o ritmo do competidor, tanto que ao longo da história dos jogos olímpicos tivemos alguns campões de medalhas que não figuravam entre os favoritos e que, por conta disso, não experimentavam o peso massacrante das cobranças externas e internas por uma vitória. Enquanto alguns favoritos de diversos países podem ter perdido a tão sonhada medalha pela falta do equilíbrio emocional tão precioso no momento da disputa.

 

A performance ideal do atleta, segundo especialistas do esporte e da saúde mental, passa por uma equação que contemple motivação, autoconfiança, autocontrole, concentração, foco e suporte emocional adequado para gerir emoções e administrar as frustrações, comuns em um ambiente competitivo. Por este motivo, a preparação física deve andar de mãos dadas com a preparação mental desde o primeiro momento em que o indivíduo opta por participar de eventos esportivos,  visando evitar adoecimentos psíquicos que suscitem sofrimento por ansiedade, surgimento de distúrbios alimentares, transtornos depressivos, transtornos de estresse pós-traumático, devastação da autoestima ou até mesmo pensamentos suicidas.

 

O problema ainda tem um lado negro e oculto, do qual tivemos notícias pela mídia ao longo dos anos nas grandes competições: os abusos no esporte. Violências contra os atletas, seja ela verbal, psicológica ou até mesmo física. Uma cultura insana que acredita que vale tudo para se conquistar o pódio. Uma epidemia de dor que provoca depressão, suicídio e traumas permanentes e severos em pessoas que trocam o sonho do sucesso pelo pesadelo do medo e da frustração.

 

E o que fazer para mudar esse ciclo de horror? Promover a cultura do diálogo; acolher o atleta para que se sinta confortável em respeitar seu limite; potencializar o cuidado permanente e o acompanhamento da saúde mental dos competidores; trabalhar emoções; facilitar a fala e provocar a escuta sensível; motivar pelo esforço e respeito; incentivar a autoconfiança e o autocontrole, associados ao foco e concentração; e desenvolver a autoestima e a consciência de si mesmo. Sem esquecer um ponto muito importante: o incentivo a denúncias de abusos e violência.

 

Portanto, o caso da ginasta Simone Biles não pode passar despercebido. O momento pede reflexões mais profundas sobre o assunto, visto que o corpo precisa ser percebido como um todo e não apenas de forma fragmentada. A conexão mente e físico - e a valorização do modo de gerir emoções, estruturas mentais e comportamentais - é a mola mestra para uma compreensão correta da prevenção do adoecimento psíquico do indivíduo, seja ele um competidor ou não. Afinal, a vida do ser humano vale muito, e a interação entre o corpo e a mente nos mostra, cada vez mais, que uma competição saudável é aquela em que se leva em conta não somente as habilidades técnicas, mas também habilidades mentais estruturadas, onde o conjunto da obra irá propiciar indivíduos mais leves, felizes, cientes de sua força e com maior capacidade de interação e absorção de adversidades. Enfim, por trás de cada atleta existe um indivíduo único que busca no esporte a superação de seus limites e uma vitória como recompensa pelo seu desempenho. Entretanto, essa busca pode e deve ser melhor trabalhada considerando o fator psíquico e emocional envolvido. 

 

 

Dra. Andréa Ladislau- doutora em psicanálise. Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de Ciências Sociais;  Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde; Pós Graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social;  Professora na Graduação em Psicanálise;  Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In Niterói;  Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa emPsicanálise da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo; e Professora Associada do Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au Canada, situado em souhaites.


De olho na volta às aulas, ortopedista pediátrica explica se mochila pode causar escoliose

Pais e cuidadores devem ficar de olho no peso do acessório para não prejudicar a saúde da criança ou adolescente

 

A volta às aulas presenciais ou no sistema híbrido se aproxima e, junto da preocupação com as medidas sanitárias vem uma dúvida constante de pais e cuidadores: a mochila pode causar escoliose?

Segundo a Dra. Natasha Vogel, ortopedista pediátrica do Hospital do Servidor Público Municipal (HSPM/SP), não, embora o uso incorreto do acessório possa desencadear outros problemas, como alterações posturais e lesões musculares e articulares que evoluem com dor.

"As crianças e, principalmente os adolescentes, teimam em usar a mochila em um ombro só, mesmo superpesadas. Com isso, acabam se queixando de dores nos ombros, coluna cervical, torácica e lombar. Como muitas demoram a se queixar de dor, ao sinal da primeira reclamação é interessante consultar um ortopedista pediátrico especializado em coluna para investigar o motivo do desconforto", orienta.

A médica lembra que sintomas: dor, dormência, desconforto e formigamento são sinais importantes que precisam ser averiguados. Crianças mais tímidas, segundo a médica, são as que menos tendem a reclamar e por isso cabe aos pais e cuidadores observar o momento em que colocam ou retiram a mochila, já que são momentos em que podem demonstrar dificuldade ou dor.

O peso da mochila também merece atenção, já que não deve ser superior a 15% do peso da criança. "É importante conversar com a criança para que ela entenda que o bom uso da mochila é importante para a sua saúde", diz a médica, que cita que é o acessório deve ter alças largas e acolchoadas que devem ser usadas ao mesmo tempo e estarem firmes contra o corpo.

"A criança deve levar apenas o imprescindível para o dia e, ao pegar a mochila do chão, não deve esquecer de sobrar os joelhos para distribuir melhor a carga", orienta Dra. Natasha. A criança deve participar da escolha da mochila, que deve seguir algumas regras importantes:

- Ela deve ser adequada para o tamanho da criança;

- As alças devem ser largas e acolchoadas;

- Duas alças de ombro e outra na cintura;

- Costas acolchoadas;

- Vários compartimentos podem ajudar a distribuir melhor o peso;

- Mochila leve e, quando for possível, com rodinhas.

 


Dra. Natasha Vogel • Médica Assistente em Ortopedia e Traumatologia do HSPM-SP São Paulo, Brasil • Mestrado em Ciências do Sistema Muscoesquelético. Universidade de São Paulo, USP São Paulo, Brasil • Especialização - Residência Médica Universidade de São Paulo, USP São Paulo, Brasil Título: Ortopedia Pediátrica • Especialização - Residência Médica Hospital do Servidor Público Municipal, HSPM/SP São Paulo, Brasil Título: Ortopedia e Traumatologia • Graduação em Medicina Faculdade de Medicina de Jundiaí, FMJ Jundiai/SP, Brasil.


Jogo pedagógico alerta para a violência e o abuso sexual contra crianças e adolescentes

ONG Visão Mundial, em parceria com Editora Aletria, lança jogo Não me toca, seu boboca, uma adaptação do livro sobre o enfretamento a situações de abuso e violência sexual


Qual a melhor forma de ensinar crianças e adolescentes a diferenciarem carinho de assédio? Ao falar sobre abuso sexual, é necessário usar a linguagem adequada para cada idade. É importante que a forma apresentada e os materiais didáticos usados tenham representatividade, para que haja identificação e maior compreensão. Pensando nisso, a Visão Mundial lança o jogo pedagógico Não me toca, seu boboca, envolvendo a temática do enfrentamento ao abuso e à violência sexual contra crianças e adolescentes. O jogo é inspirado no livro, de mesmo nome, da autora Andrea Taubman, publicado pela Editora Aletria, parceiras da ação. O jogo também conta com a parceria de Daniel Martins, da D+1 Design e Jogos.

Mais de 95 mil denúncias de violência contra crianças e adolescentes foram registradas em 2020, e a cada hora, três crianças ou adolescentes são violentados sexualmente no Brasil, segundo dados do Disque Direitos Humanos (Disque 100) divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. "Com a pandemia da COVID-19, as crianças estão isoladas, em casa, muitas vezes convivendo mais tempo com abusadores. Precisamos ensinar, de forma criativa, sobre partes do corpo, limites e sobre como buscar ajuda caso presencie ou sofra alguma situação de abuso ou violência sexual", alerta a gerente de programas da ONG Visão Mundial, Ruth Lima.

Segundo a gerente da Visão Mundial, que também é educadora, essa é uma maneira de promover à criança acesso a oportunidades de aprender brincando. "É importante falar na linguagem da criança, ensinando ela a se comunicar quando acontecer algum abuso. O jogo pedagógico ensina a diferenciar o tipo de carinho, mostrando que ninguém pode tocar, sem permissão, deixando claro o que pode e não pode. É uma maneira de contribuir com a compreensão da criança para que ela aprenda a proteger a si e aos seus pares contra abusos, abordando o tema de maneiras diferentes, incentivando a denúncia feita diretamente por crianças e adolescentes. Assim como o livro, o jogo fala a língua da criança e abre portas que podem não ser abertas em uma conversa formal", comenta.

O jogo, na mesma linha do livro, conta a história da Ritoca, uma coelha que percebe que o novo morador, a quem a turma de amigos chamou de Tio Pipoca, embora pareça todo bonzinho, na verdade não respeita seus direitos e seu corpo. O jogo aborda a violência sexual contra crianças e adolescentes, falando na linguagem da criança, um tema muito importante e difícil de ser conversado. A duração de cada jogada é em média de 25 minutos. A faixa etária indicada é para crianças com mais de 5 anos, podendo participar de 1 a 6 jogadores, podendo ou não ser moderado e guiado por uma pessoa adulta, que lê as instruções e ajuda nas dinâmicas.

Também pensando em distribuir o jogo em escolas e em organizações que realizam atividades com crianças e adolescentes, foi produzido um guia que apoia educadores com sugestões de atividades adicionais que potencializam o processo de ensino-aprendizagem a partir da lógica do tema contida no jogo.

Juntos pelas crianças contra a COVID-19

Desde o início da pandemia, a Visão Mundial tem atuado na resposta à essa emergência de saúde, concentrando seus esforços em atender as necessidades das populações mais vulneráveis, principalmente as crianças. O jogo faz parte do Kit Contra o Abuso Sexual, um dos kits da ONG Visão Mundial voltados para o compromisso de proteção da infância e famílias em situação de vulnerabilidade, principalmente nesse momento crítico da pandemia. Para saber mais sobre essa ação e como doar, acesse: https://visaomundial.org/covid19/







Advogado especialista em vistos para Portugal esclarece a “invasão” brasileira para o país lusitano

A média é de 80 vistos de residência sendo concedidos por dia e milhares de outros para trabalho, revela Dr. Anselmo Costa.


 

Cada vez mais brasileiros fazem o caminho inverso de Pedro Álvares Cabral e estão “descobrindo” Portugal. O país lusitano se tornou a grande menina dos olhos de quem deseja sair do Brasil e partir em busca de uma vida nova em um outro lugar. Seja pela facilidade de idioma ou cultura parecidas, o fato é que os números revelam que nunca esse movimento imigratório foi tão intenso como agora.

 

Mesmo com a moeda brasileira tão desvalorizada e com o cenário político repleto de incertezas, o fato é que uma mudança nas regras de imigração por parte dos portugueses está colaborando para este cenário, é o que observa o advogado especialista em Direito Internacional, Dr. Anselmo Melo Ferreira Costa: “Vir para Portugal exige um documento chamado ‘Golden Visa’, que é um dos caminhos mais fáceis para obter a cidadania portuguesa. Até o fim deste ano, quem adquirir um imóvel em qualquer região de Portugal tem direito a esse benefício, que foi criado em 2012 com o objetivo de fomentar o investimento no país”. Ele lembra que segundo a legislação, “quem comprar um imóvel de 500 mil euros dá direito à Autorização de Residência para Atividade de Investimento em Portugal (ARI). Assim fica possível ter residência de até cinco anos por aqui, trabalhar no país e pedir a cidadania portuguesa ao fim desse período”.

 

Só que essas regras vão mudar a partir de 2022, revela Dr. Anselmo. “Os imóveis dentro das regiões de Lisboa, Porto, Algarve e outras do litoral não serão mais elegíveis para a obtenção desse visto temporário de residência. Soma-se a isso que dados divulgados pelo Relatório Anual do Mercado Residencial 2020, as principais regiões procuradas por brasileiros, espanhóis e franceses estão na região do Algarve e no Norte do país.

 

Também é preciso lembrar que o fator financeiro também pode ajudar a explicar essa procura: apesar da valorização do euro em relação ao real, em Portugal, as taxas praticadas estão em patamares historicamente baixos, em torno de 1% ao ano”. Enquanto isso não acontece, Dr. Anselmo lembra que o Ministério da Administração Interna (MAI) de Portugal revela que a procura dos brasileiros por um visto de residência segue em alta, chegando a uma média de 80 por dia. Somente no primeiro semestre, por exemplo, já foram autorizados 14.519 documentos para brasileiros”.

 

Segundo Dr. Anselmo, “os brasileiros procuram, principalmente, por oportunidades de emprego e estudo. Com a pandemia e a dificuldade econômica, muitas famílias se mudam para garantir melhores oportunidades para os filhos”. Esses dados se confirmam com o relatório oficial do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), que revelou: a população brasileira em Portugal cresceu pelo quarto ano seguido. O advogado inclusive pondera que “o número de brasileiros residentes em Portugal certamente é ainda maior do que dizem esses índices, porque o SEF não inclui no relatório os estrangeiros com dupla cidadania ou à espera de autorização de residência”, completa.


Curatela deve seguir normas e ser fiscalizada

 Casos públicos recentes despertam a atenção para o tema; curador não pode usar mecanismo para benefício próprio


A história mais célebre dos últimos tempos que envolve a curatela é a da cantora Britney Spears, 39 anos, que perdeu o direito de administrar seus próprios bens e de tomar decisões em relação à sua vida civil depois que seu pai pediu sua interdição, há 13 anos. Atualmente, depois de passar por reabilitações, a cantora tenta reaver na Justiça sua liberdade de administrar a própria vida. Na justiça brasileira, o mecanismo também existe e pode ser acionado quando uma pessoa fica impossibilitada de exercer sua capacidade civil e administrar seus bens. O processo, no entanto, precisa ser assistido por uma equipe multiprofissional, que irá analisar se o curatelado em questão de fato perdeu sua capacidade de tomar decisões.

"A curatela é requerida judicialmente e o curador deve ser uma pessoa idônea, nomeada pelo juiz. A partir da sentença de curatela ou da decisão que deferiu a curatela provisória, os bens e os rendimentos e, excepcionalmente, a pessoa do curatelado ficarão sob os cuidados do curador, que passará a exercer a função, sob fiscalização do Ministério Público e nos limites fixados pelo juiz", explica Diana Serpe, advogada especialista em Processo Civil e Direito Civil.

De acordo com o artigo 1.775 do Código Civil, a determinação de quem vai ser o curador segue a seguinte ordem: o cônjuge ou companheiro não separado judicialmente ou de fato; o pai ou a mãe ou o descendente que se demonstrar mais apto (por ex.: filho, neto). Na falta dessas pessoas, o juiz escolherá o curador. "A curatela poderá ser compartilhada entre mais de uma pessoa, sendo recomendada a delimitação das obrigações de cada um dos curadores. É possível também que o curador receba remuneração, um direito reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A remuneração é proporcional à importância dos bens a serem administrados, mediante pedido formulado ao juiz, deve ser requisitada em juízo e não pode se tornar uma forma de acumular riquezas", esclarece a advogada.

O curador tem direito, ainda, a ser ressarcido pelos gastos comprovadamente efetuados com recursos próprios em benefício do curatelado. Ele precisa seguir as regras determinadas na sentença e tem a obrigação de prestar apoio à pessoa que está em curatela, oferecendo os esclarecimentos necessários sobre seus bens, patrimônio e negócios, respeitando seus direitos, vontades e preferências, além de providenciar os tratamentos necessários ao curatelado.

"O curador deverá prestar contas judicialmente no prazo determinado no processo na forma adequada, em planilha, que deverá mostrar em ordem cronológica as receitas, os débitos - com descrição da natureza e finalidade - e o respectivo saldo. "Deverão ser juntados todos os documentos justificativos das receitas e anualmente o curador deverá fazer a declaração de imposto de renda do curatelado à Receita Federal, observando os casos de isenção de pagamento do imposto, quando cabível", destaca Diana Serpe.



FONTE: Diana Serpe - advogada especializada em Direito Civil, com ênfase nas áreas de direito de saúde e direito da educação e das pessoas com deficiência. Possui forte atuação em ações relacionadas a negativas dos planos de saúde em relação ao tratamento multidisciplinar do autista e fornecimento de canabidiol e para tratamentos e fornecimentos de medicamentos de alto custo para doenças raras. Criadora do Autismo e Direito, com perfis nas redes sociais (Instagram e Facebook).


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