ONG Prematuridade.com defende ações para problema de saúde pública
A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez
na Adolescência, que terá início entre os dias 1 e 8 de fevereiro, tem como
objetivo conscientizar a sociedade sobre os desafios e impactos da gravidez
precoce. Ações de prevenção, como educação sexual abrangente, acesso a métodos
contraceptivos e apoio psicossocial aos adolescentes, serão abordadas. A
gestação durante a adolescência apresenta uma série de desafios físicos,
emocionais e sociais, sendo um dos fatores que contribuem para o aumento das
taxas de nascimentos prematuros.
Dados mais recentes disponibilizados pelo
DataSUS, de 2022, mostram que, naquele ano, foram registrados 17.579 partos de
adolescentes com idade de 10 a 14 anos. Com base nos números do Sistema de
Informações sobre Nascidos Vivos do Ministério da Saúde, a frequência da
gravidez na adolescência no Brasil vem diminuindo. Entre 2015 e 2019, houve uma
redução de até 32,7% nos casos de adolescentes grávidas. Entretanto, o total
ainda é preocupante. Diariamente, 1.043 adolescentes tornam-se mães no Brasil,
resultando em 44 bebês nascidos de mães adolescentes por hora, sendo duas
dessas mães com idade entre 10 e 14 anos.
A prematuridade – nascimento antes de 37
semanas de gestação - é a principal causa de morte infantil antes dos cinco
anos de idade. O Brasil ocupa a 10ª posição no ranking global de partos
prematuros, que resultam em 10 vezes mais óbitos de crianças do que o câncer.
“A gravidez na adolescência é de alto
risco, para a gestante e para o bebê. Isso implica em maior probabilidade de mortalidade
materna, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, hipertensão, anemia, infecções
urinárias, entre outros problemas”, afirma Denise Suguitani, diretora executiva
da ONG Prematuridade.com.
Quanto mais tempo o bebê atinge seu
desenvolvimento no útero, maior a sua probabilidade de sobreviver após o parto.
Para os prematuros de 22 semanas, a taxa de sobrevivência é estimada em 2% a
15%. Já aqueles nascidos de 23 semanas têm uma taxa de sobrevivência entre 15%
e 40%. Os nascidos entre 26 a 28 semanas costumam ter taxas de sobrevivência de
75% a 85%; os prematuros entre 29 e 32 semanas, 90% a 95%, e entre 33 e 36
semanas a taxa de sobrevivência é maior que 95%.
A prematuridade é um fenômeno complexo que
envolve uma série de fatores, incluindo a idade materna. Quando uma adolescente
engravida, seu corpo ainda está em desenvolvimento, o que pode aumentar o risco
de complicações durante a gravidez e o parto. Os prematuros enfrentam uma série
de desafios de saúde, como problemas respiratórios, imunológicos e de
desenvolvimento neurológico. “Para o bebê, além do alto risco de mortalidade
por nascer prematuro, existe maior risco de desnutrição fetal nos casos em que
a mãe tem anemia, além de malformações”, explica Denise.
A diretora da ONG destaca outros impactos
que atingem principalmente as adolescentes em situação de vulnerabilidade. “Com
uma frágil condição socioeconômica e falta de apoio no acompanhamento da
gestação, essas meninas não recebem informações adequadas relativas a cuidados
básicos com sua saúde e com a do bebê, o que geralmente acarreta prejuízo de
saúde e de cunho social para ambos”, pontua.
Denise ressalta, ainda, que a gestação na
adolescência impacta as questões emocionais e financeiras das adolescentes e
suas famílias. “Essa adolescente acaba, muitas vezes, abandonando os estudos, o
que prejudica seus planos de vida e sua condição financeira. A gravidez na
adolescência é uma grande bola de neve e requer a implantação de políticas
públicas efetivas direcionadas a essa população”, conclui.
Observatório da Prematuridade - A ONG Prematuridade.com produziu o Observatório da
Prematuridade, documento desenvolvido com base nos dados coletados pela Numb3rs
Analytics e nas altas hospitalares codificadas pela plataforma Valor Saúde
Brasil by DRG Brasil® no período de 1º de janeiro de 2019 a 30 de setembro de
2021. O material reúne diversos cenários de todo o país, inclusive a questão
relacionada à faixa etária das mães.