A lei nº
6.458/2023 estabelece que no Amazonas, o laudo médico para diagnóstico de
autismo tenha validade por tempo indeterminado
Pessoas portadoras do Transtorno do Espectro
Autista (TEA) têm direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), que deve
ser solicitado junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Um estudo
mais recente do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), publicado em
2023, aponta que uma em cada 36 crianças é diagnosticada com autismo no Brasil.
A advogada previdenciária Raysa Lima explica que um
autista terá direito ao BPC, quando for comprovado que o transtorno causa
limitações significativas na vida diária, como dificuldades de comunicação e
interação social. Isso deve ser acompanhado da comprovação da renda familiar
dentro dos limites estabelecidos pela lei.
“A avaliação médica detalhada e a análise da renda
familiar são essenciais para a concessão do benefício. A orientação de um
advogado especializado em previdência é fundamental para garantir que o
processo de solicitação do BPC seja bem-sucedido. Para as famílias que têm
filhos autistas, a recomendação é reunir todos os documentos necessários, como
laudos médicos e comprovantes de renda, e procurar apoio legal para garantir os
direitos do indivíduo”, pontua a especialista.
De acordo com a especialista, o primeiro passo para
dar entrada ao pedido do BPC é fazer ou atualizar o Cadastro Único (CadÚnico)
da família, que pode ser feito no CRAS (Centro de Referência de Assistência
Social) mais próximo.
“Leve documentos como RG, CPF, comprovante de
residência e de renda de todos que moram na casa. Depois, você deve solicitar o
BPC ao INSS. Isso pode ser feito pelo telefone 135, pelo site ou aplicativo Meu
INSS. Sendo necessário juntar ao processo documentos pessoais da pessoa com
autismo e dos familiares, além de laudos médicos e relatórios detalhados que
descrevam o diagnóstico de TEA”, orienta.
O autista pode solicitar o auxílio-doença se
estiver contribuindo para o INSS e não conseguir trabalhar temporariamente
devido ao autismo ou outra condição de saúde, mas para isso, é necessário
apresentar laudos médicos que comprovem a incapacidade temporária para o
trabalho.
“O autista que estiver contribuindo para o INSS e
for considerado incapaz de trabalhar permanentemente pode solicitar
aposentadoria por invalidez. A perícia médica do INSS é essencial para avaliar
a capacidade funcional e confirmar o direito ao benefício”, observa Raysa Lima.
A advogada também explica que é possível uma pessoa
com autismo receber mais de um benefício, mas deve seguir as regras do INSS. “O
BPC, por exemplo, não pode ser acumulado com aposentadoria, pensão ou outros
benefícios previdenciários. No entanto, caso o autista seja dependente de
alguém que receba pensão ou aposentadoria, ele pode acumular esses valores com
o BPC”.
A Lei nº 6.458/2023, do Amazonas, estabelece que o
laudo médico para diagnóstico de autismo tem validade por tempo indeterminado.
“Isso facilita a vida das famílias que não
precisarão renová-lo periodicamente. A Comissão de Assuntos Sociais do Senado
Federal aprovou um projeto de lei que visa tornar a validade do laudo
permanente em todo o país, mas o projeto ainda precisa ser aprovado pela Câmara
dos Deputados e sancionado”, observou.
Dificuldades no processo de
solicitação do BPC
Uma das maiores dificuldades que os advogados enfrentam
ao solicitar o BPC para autistas, pontua advogada, é comprovar a gravidade da
deficiência, já que o autismo pode ter diferentes níveis de impacto na vida de
cada pessoa. “Além disso, o processo exige a apresentação de laudos médicos
detalhados e de relatórios sociais que evidenciem as limitações reais da
pessoa. A documentação precisa ser clara e específica para garantir a aprovação
do benefício”.
É possível que o autista solicite a aposentadoria
da pessoa com deficiência (PCD), desde que tenha contribuído para o INSS e
comprove a deficiência. Esse tipo de aposentadoria oferece vantagens, como
redução no tempo de contribuição ou a possibilidade de se aposentar por idade
com menos tempo de trabalho.
“Para solicitar, é necessário apresentar laudos
médicos detalhados que atestem como o autismo afeta a capacidade funcional da
pessoa. O INSS realiza uma avaliação para confirmar se a pessoa se enquadra nos
critérios de aposentadoria para PCD”, conclui.
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