Análise inédita
foi realizada com profissionais de diferentes níveis hierárquicos e setores;
mulheres gestoras e jovens profissionais estão entre os mais afetados
Em 2024, o número de afastamentos do trabalho por
transtornos mentais no Brasil atingiu um recorde histórico: foram 472.328
licenças médicas concedidas, um aumento de 68% em relação ao ano anterior.
Especificamente no caso da Síndrome de Burnout, os afastamentos cresceram de
421 casos, em 2023, para 4.883 em 2024, segundo dados do Ministério da
Previdência Social.
A Síndrome de Burnout é caracterizada por um estado
de esgotamento físico e mental causado pelo estresse crônico no trabalho. Ela
não se resume a um cansaço pontual, mas a um desgaste contínuo que pode ter
graves consequências para a saúde emocional e física dos profissionais. São
três as dimensões principais da síndrome: o esgotamento emocional, o
distanciamento afetivo e a sensação de baixa realização profissional.
Em uma análise inédita da Telavita — empresa
pioneira em soluções digitais de psicologia e psiquiatria no Brasil — com 4.440
profissionais, foi identificado que mulheres em cargos de alta gestão são o
grupo mais afetado: 66,67% delas já apresentam Burnout completo.
“A sobrecarga enfrentada pelas mulheres em posições
de liderança é resultado de múltiplas pressões — tanto pela performance quanto
pela necessidade de provar sua competência em ambientes muitas vezes hostis.
Esse acúmulo emocional tem levado muitas à exaustão completa”, explica Aline
Silva, psicóloga e Diretora Clínica da Telavita.
Alta gestão sob pressão
extrema
Profissionais da alta gestão enfrentam níveis
críticos de estresse: 35,2% estão em risco elevado de desenvolver Burnout,
enquanto 41,7% já demonstram sintomas claros de esgotamento. Apenas 23,1% se
consideram saudáveis. Entre as mulheres executivas, a situação é mais
alarmante: dois terços (66,67%) já apresentam Burnout completo. Por faixa
etária, executivos entre 46 e 55 anos são os mais afetados (66,6% com Burnout
completo).
Gestores e coordenadores: o
peso da liderança intermediária
Entre gerentes e coordenadores, 40,8%
apresentam risco alto de Burnout e apenas 21% se consideram saudáveis. As
mulheres nessa faixa de liderança também enfrentam maior
vulnerabilidade: 44,9% delas estão em Burnout completo. Entre os homens,
chama atenção o dado de que 26,08% apresentam distanciamento emocional — um
possível sinal de defesa psíquica antes da exaustão total.
Na divisão por idade, os profissionais entre 26 e
35 anos nessa categoria são os mais afetados: 61,1% já apresentam Burnout
completo.
Profissionais operacionais:
esgotamento silencioso
Entre analistas, assistentes e técnicos, 28,5%
apresentam risco elevado e 45,6% relatam sintomas de esgotamento.
Mais da metade das mulheres (52,73%) já estão em Burnout completo, número
próximo ao dos homens (49,75%).
A faixa etária mais afetada no nível operacional é
a de 36 a 55 anos, com índices de Burnout acima de 53%. Jovens de 18 a 25 anos
também preocupam: mais da metade (51,94%) já iniciam suas carreiras em
estado de esgotamento, o que pode comprometer sua permanência e desenvolvimento
no mercado de trabalho.
Setor de TI lidera ranking de
risco
A área de Tecnologia da Informação (TI) concentra o
maior índice de risco entre os setores avaliados: 42,5% dos profissionais
têm Burnout completo e 38,1% relatam esgotamento. Outras áreas com níveis
críticos incluem: Administração e Finanças (38,1% em risco alto e
40,7% com sintomas), Marketing e Vendas (37,9% em risco alto e 39,8%
em esgotamento), Operação e Produção (34,6% em risco alto e 43,2% com
sintomas), e Serviços Gerais e Atendimento ao Cliente (31,4% em risco
alto e 44,2% em esgotamento, destacando os desafios também nas posições de linha
de frente).
“Estamos diante de um problema ocupacional grave
que precisa ser tratado com seriedade pelas organizações. O Burnout não é
apenas um diagnóstico clínico, é um alerta de que algo está estruturalmente
errado na forma como estamos trabalhando. Prevenção, acolhimento e mudanças na
cultura corporativa são urgentes”, conclui Aline.
Telavita
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