Participação feminina na profissão dobrou em uma década, mas desigualdade salarial ainda persiste no setor
O número de mulheres médicas no Brasil
não para de crescer. Segundo a Demografia Médica, levantamento feito pela
Associação Médica Brasileira (AMB), em parceria com a Faculdade de
Medicina da USP (FMUSP), até 2025 elas devem ultrapassar os homens e se tornar
maioria na profissão. O avanço representa uma virada histórica em um campo que,
durante décadas, foi predominantemente masculino.
Em 2010, as mulheres representavam 37%
do total de médicos em atividade no país. Em pouco mais de dez anos, em 2024,
esse índice saltou para 49,9%, sinalizando que a equidade numérica está prestes
a se consolidar. Nas salas de aula dos cursos de medicina, elas já são maioria
em diversas instituições, refletindo a tendência de transformação também no
espaço acadêmico.
Crescimento não elimina barreiras
Embora a presença feminina tenha
crescido significativamente, o mercado de trabalho ainda apresenta
desigualdades estruturais. Ainda segundo a Demografia Médica, as médicas
ganham, em média, 36% menos do que seus colegas homens, mesmo exercendo funções
semelhantes e cumprindo jornadas de trabalho parecidas.
A distribuição por especialidades
também revela padrões marcados por gênero. Mulheres são maioria em áreas como
ginecologia, pediatria, clínica médica e medicina de família, enquanto
especialidades cirúrgicas e cargos de gestão continuam sendo dominados por
profissionais do gênero masculino.
Além das disparidades salariais, muitas
enfrentam desafios extras: lidar com a sobrecarga mental, equilibrar a
maternidade com plantões extensos e superar barreiras para assumir posições de
liderança ainda são obstáculos comuns enfrentados pelas médicas.
Caminho até a carreira médica exige
resiliência
A formação médica no Brasil exige
dedicação intensa. São, no mínimo, seis anos de graduação, seguidos de
processos seletivos exigentes para a residência médica, etapa indispensável
para atuar em especialidades com maior qualificação. O percurso exige
conhecimento técnico, equilíbrio emocional e preparo constante.
Além disso, para médicas formadas no
exterior, uma das etapas obrigatórias é o Revalida
Inep (Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais), órgão que coordena a avaliação. O exame verifica se os
conhecimentos adquiridos são compatíveis com a prática médica no Brasil, e tem
sido uma âncora na garantia da qualidade da formação médica.
O avanço das mulheres em todas essas
etapas reforça a importância de ampliar o debate sobre equidade de gênero. A
expectativa é de que o crescimento da representatividade feminina contribua
para transformar estruturas históricas da medicina, promovendo um ambiente
profissional mais justo, diverso e inclusivo para as próximas gerações.

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