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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Verão aumenta acidentes com cobras e aranhas e atendimento médico imediato é primordial

Entenda os riscos das picadas de animais peçonhentos e como agir corretamente para evitar complicações durante a estação mais quente do ano

 

Durante o verão, o número de acidentes envolvendo picadas de cobras e aranhas tende a aumentar, principalmente em áreas de mata, trilhas e cachoeiras. O calor intenso, combinado com as chuvas frequentes, cria um ambiente propício para esses animais peçonhentos se tornarem mais ativos, uma vez que seus abrigos naturais são inundados, forçando-os a buscar novos locais, o que eleva o risco de encontros inesperados com seres humanos. Além disso, o aumento das atividades ao ar livre durante a estação faz com que as pessoas fiquem mais expostas a esses perigos naturais, exigindo maior atenção e cuidados preventivos. 

Segundo o Alvaro Pulchinelli Jr., médico toxicologista, patologista clínico e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), os principais fatores que levam ao aumento desses acidentes estão relacionados à maior movimentação das pessoas nessas áreas naturais e ao comportamento dos próprios animais. “No verão, as pessoas saem mais de casa e vão frequentar locais onde esses animais vivem naturalmente. O calor acelera o metabolismo deles, fazendo com que saiam mais à procura de alimento. Além disso, as chuvas intensas podem inundar seus abrigos, forçando-os a se deslocar para áreas secas, o que facilita um eventual encontro com humanos”, explica o especialista da SBPC/ML. 

Caso ocorra um acidente, manter a calma é essencial. “O risco de morte não é iminente, então é possível procurar ajuda especializada com segurança”, afirma Pulchinelli Jr, acrescentando que os primeiros socorros incluem lavar o local da picada com água e sabão de forma abundante para reduzir o risco de infecção, imobilizar o membro afetado para evitar a disseminação do veneno e buscar atendimento médico imediato. Por outro lado, de acordo com Pulchinelli Jr., não se deve cortar a ferida ou tentar sugar o veneno, aplicar soluções caseiras como café ou ervas, nem usar torniquetes, pois podem agravar os danos teciduais. “Também é importante não matar o animal, e se possível, levá-lo ao hospital para facilitar a identificação e o tratamento adequado", esclarece. 

No Brasil, existem três espécies de aranhas consideradas de interesse médico: viúva-negra, aranha-marrom e armadeira. Diferenciá-las de outras não venenosas pode ser difícil no momento do acidente, por isso é fundamental procurar assistência médica. “Aranhas caranguejeiras, apesar do aspecto assustador, possuem picadas dolorosas, mas inofensivas para humanos”, exemplifica o médico. Já entre as cobras, as que apresentam maior perigo são as jararacas, cascavéis e corais. Seus venenos podem ter efeitos proteolíticos (destroem proteínas e tecidos, causando necrose e inflamação), hemolíticos (rompem glóbulos vermelhos, levando à anemia e urina avermelhada) e neurotóxicos (afetam o sistema nervoso, podendo causar paralisia e insuficiência respiratória), causando danos graves ao organismo. 

De acordo com Pulchinelli Jr, em casos de picadas, exames laboratoriais são fundamentais para avaliar a gravidade da intoxicação. Os principais exames solicitados incluem hemograma, eletrólitos, função renal, exames de coagulação e urina. “A presença de urina avermelhada pode indicar hemólise, uma das complicações do veneno. São exames simples, disponíveis na maioria dos hospitais, e são essenciais para guiar o tratamento correto”, destaca o especialista, presidente da SBPC/ML. 

Prevenção é a melhor estratégia para evitar picadas. Para isso, é importante evitar colocar as mãos em buracos, troncos ocos ou sob pedras, usar botas de cano alto ao caminhar por trilhas e manter terrenos limpos, sem acúmulo de entulho, para impedir que esses animais encontrem abrigo. Controlar pragas como ratos e baratas também é essencial, pois esses animais atraem cobras e escorpiões. Além disso, é fundamental verificar sapatos e roupas antes de vestir, pois aranhas e escorpiões podem se esconder nessas peças. 

Outro ponto importante é evitar o uso de venenos comuns para tentar eliminar os escorpiões. “Esses produtos muitas vezes não matam o escorpião, apenas o desalojam, aumentando o risco de acidentes”, alerta o especialista, acrescentando que com informação e prevenção, é possível aproveitar as trilhas, cachoeiras e matas com mais segurança, reduzindo os riscos de encontros indesejados com animais peçonhentos.



SBPC/ML - A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial


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