Um
estudo recente publicado em janeiro deste ano foi conduzido por pesquisadores
das universidades Mass General Brigham e Washington University School of
Medicine, nos Estados Unidos, e revelou que o gás anestésico Xenon, já
utilizado na medicina como neuroprotetor, pode ter um papel crucial no combate
ao Alzheimer.
O
neurocirurgião, neurocientista e professor livre docente da Faculdade de
Medicina da USP, Dr. Fernando Gomes, explica o estudo feito após testes em
camundongos que demonstraram que a substância foi capaz de reduzir a inflamação
no cérebro, minimizando a atrofia e melhorar o comportamento dos animais.
“O
Alzheimer é uma doença progressiva que compromete a memória, a cognição e a
autonomia dos pacientes. Até o momento, os tratamentos disponíveis são
limitados e não impedem a evolução da enfermidade, mas o que este estudo nos
mostra agora é que o gás Xenon pode atuar na proteção das células cerebrais,
abrindo caminho para novas possibilidades terapêuticas”, afirma.
De acordo com o médico, a pesquisa é um avanço significativo. "O Xenon já é conhecido por suas propriedades neuroprotetoras, especialmente em casos de lesão cerebral. O fato de ele demonstrar eficácia também em um modelo experimental de Alzheimer indica que pode haver um efeito importante na redução da degeneração neuronal", explica o especialista.
Ele fala ainda que o gás Xenon é um anestésico nobre, conhecido por sua capacidade de reduzir o estresse oxidativo e modular neurotransmissores no cérebro. Ele atua bloqueando receptores de glutamato, que estão envolvidos no processo inflamatório e na morte celular em doenças neurodegenerativas. “Neste estudo foi observado que os camundongos que receberam o gás apresentaram uma menor taxa de inflamação cerebral e menos danos estruturais, sugerindo que ele pode preservar melhor as funções neurais. Como o Alzheimer tem um forte componente inflamatório e essa inflamação leva à morte progressiva dos neurônios, resultando na perda de memória e de funções cognitivas, se o Xenon realmente for capaz de reduzir essa inflamação e minimizar a atrofia cerebral, ele pode ser um candidato para futuros ensaios clínicos em humanos", ressalta Dr. Fernando.
Apesar
dos resultados promissores em animais, ainda há um longo caminho até que o
Xenon possa ser utilizado como tratamento para o Alzheimer em humanos. Estudos
clínicos serão necessários para avaliar segurança, dosagem e eficácia.
No entanto, segundo o Dr. Fernando, a descoberta abre uma nova perspectiva na luta contra a doença. "Se conseguirmos desenvolver terapias que preservem a função cerebral e desacelerem o avanço da doença, teremos um grande impacto na qualidade de vida dos pacientes e na saúde pública, considerando o envelhecimento da população", afirma.
Dr. Fernando Gomes - Professor Livre Docente de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas de SP com mais de 2 milhões de seguidores. Há 12 anos atua como comunicador, já tendo passado pela TV Globo por seis anos como consultor fixo do programa Encontro com Fátima Bernardes (2013 a 2019), por um ano (2020) na TV Band no programa Aqui na Band como apresentador do quadro de saúde “E Agora Doutor?” e dois anos (2020 a 2022) como Corresponde Médico da TV CNN Brasil. Atualmente comanda seu programa Olho Clínico com Dr. Fernando Gomes semanalmente no Youtube desde 2020. É também autor de 9 livros de neurocirurgia e comportamento humano. Professor Livre Docente de Neurocirurgia, com residência médica em Neurologia e Neurocirurgia no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, é neurocirurgião em hospitais renomados e também coordena um ambulatório relacionado a doenças do envelhecimento no Hospital das Clínicas.
drfernandoneuro
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