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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

O ozônio além da ozonioterapia

 

A ozonioterapia, prática que utiliza o gás ozônio para fins terapêuticos, tem ganhado destaque no Brasil nos últimos anos. Desde a sanção da Lei nº 14.648, em agosto de 2023, autorizando o uso dessa técnica como tratamento complementar em todo o país, o cenário mudou consideravelmente [1]. Essa decisão abriu novas possibilidades, mas também trouxe à tona debates sobre segurança, eficácia e regulamentação. 

Em retrospectiva, uma das grandess novidades do último ano foi a adoção da ozonioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) em estados como Rondônia. Em janeiro de 2024, o estado começou a oferecer o tratamento como opção complementar para pacientes com doenças graves, como câncer e doenças autoimunes. Essa medida visa ampliar o acesso a alternativas terapêuticas, especialmente em regiões onde os recursos médicos tradicionais são escassos [2]. Contudo, a inclusão no SUS ocorre em um contexto de polêmicas e resistências da comunidade médica, que alerta para a necessidade de estudos mais robustos que comprovem sua eficácia.

Estudos recentes também investigam o uso do ozônio em diversas áreas da medicina. Pesquisas publicadas em revistas especializadas indicam avanços na aplicação do ozônio no tratamento de dores crônicas e como agente complementar na cicatrização de feridas [3-4]. Esses estudos destacam a importância de continuar explorando seu potencial terapêutico, com base em evidências científicas robustas.

No entanto, é importante ressaltar que o ozônio tem aplicações que vão além da medicina. Devido ao seu alto poder oxidante, forte caráter eletrofílico e relativa instabilidade, o ozônio é usado há mais de um século para desinfecção. Em ambientes fechados, como quartos de uma casa ou no interior de um carro, o ozônio pode promover um alto grau de desinfecção do ar e das superfícies de objetos, incluindo paredes e cortinas. Sua ação estende-se a todo o espectro de microrganismos como bactérias, vírus e fungos, além de eliminar maus odores como cheiro de mofo, cheiro de cigarro, de pets, entre outros. Com isso, o ozônio atua na raiz de problemas respiratórios e de rinite alérgica, por exemplo, entregando mais saúde, bem-estar e qualidade de vida. Neste caso, o ozônio não é um remédio. Contudo, ele atua combatendo fontes causadoras de potenciais problemas de saúde, como bactérias, vírus, fungos e mofo, contribuindo para que o problema de saúde não ocorra. A técnica que utiliza ozônio para desinfecção de ambientes é chamada de oxi-sanitização e já é oferecida há mais de 10 anos no Brasil, principalmente em veículos.

 

As diversas aplicabilidades da Ozonioterapia

A legalização da ozonioterapia no Brasil trouxe um campo vasto para pesquisa e a prática clínica. Diversos estudos em andamento exploram suas aplicações em áreas como:

  • Cicatrização de feridas: Ensaios clínicos têm mostrado que o ozônio pode acelerar a cicatrização de úlceras diabéticas e feridas crônicas, reduzindo infecções e promovendo a regeneração tecidual [4].
  • Doenças musculoesquelésticas: A terapia vem sendo investigada para o tratamento de condições como osteoartrite, com resultados promissores na redução da dor e na melhoria da mobilidade [3].
  • Infecções resistentes a medicamentos: O ozônio tem mostrado potencial no combate a microrganismos resistentes a antibióticos, o que poderia revolucionar o tratamento de infecções hospitalares [5].

No campo acadêmico, universidades como USP e a Unicamp estão realizando estudos para estabelecer protocolos seguros e eficazes, além de investigar os efeitos do ozônio em tratamentos combinados, como radioterapia e quimioterapia [4]. Além disso, com o intuito de promover o avanço na ciência da ozonioterapia no Brasil, a empresa privada WIER Plasma Frio e Ozônio publicou em 2024 um edital que disponibiliza geradores de ozônio à universidades e centros de pesquisa.

 

Pontos de Reflexão: Eficácia e Segurança

Apesar do entusiasmo em torno da ozonioterapia, há questionamentos importantes a serem considerados. A principal preocupação é a falta de evidências científicas definitivas. O Conselho Federal de Medicina (CFM) classifica a prática como experimental, recomendando que seja realizada apenas em estudos clínicos controlados.

Outro ponto crucial é a necessidade de regulamentação e fiscalização. Embora a lei federal permita a ozonioterapia como tratamento complementar, nem sempre há garantia de que os profissionais sejam devidamente capacitados. A Sociedade Brasileira de Ozonioterapia (SBO) vem promovendo cursos e certificações para garantir que a prática seja realizada de forma segura.

 

Reflexão Final: Equilíbrio entre Inovação e Responsabilidade

A ozonioterapia está em um momento decisivo no Brasil. Com o respaldo legal e o aumento de estudos clínicos, o país tem a oportunidade de liderar avanços nessa área. No entanto, é essencial que as políticas de saúde pública priorizem a segurança dos pacientes e incentivem a realização de pesquisas de alta qualidade. Por fim, é importante que os pacientes sejam bem-informados sobre os benefícios e riscos potenciais da terapia, garantindo que suas decisões sejam tomadas com base em evidências sólidas e orientação profissional. 



Dr.Bruno Mena Cadorin - doutor em Química pela Faculdade Federal de Santa Catarina e CEO na WIER, empresa com 13 anos de mercado, atuação em todos estados do Brasil, produtos em mais de 20 países, além de certificações ISO 9001 e INMETRO obtidas.



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