A ozonioterapia, prática que utiliza o gás ozônio para fins
terapêuticos, tem ganhado destaque no Brasil nos últimos anos. Desde a sanção da
Lei nº 14.648, em agosto de 2023, autorizando o uso dessa técnica como
tratamento complementar em todo o país, o cenário mudou consideravelmente [1].
Essa decisão abriu novas possibilidades, mas também trouxe à tona debates sobre
segurança, eficácia e regulamentação.
Em retrospectiva, uma das grandess novidades do último ano
foi a adoção da ozonioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) em estados como
Rondônia. Em janeiro de 2024, o estado começou a oferecer o tratamento como
opção complementar para pacientes com doenças graves, como câncer e doenças
autoimunes. Essa medida visa ampliar o acesso a alternativas terapêuticas,
especialmente em regiões onde os recursos médicos tradicionais são escassos
[2]. Contudo, a inclusão no SUS ocorre em um contexto de polêmicas e
resistências da comunidade médica, que alerta para a necessidade de estudos
mais robustos que comprovem sua eficácia.
Estudos recentes também investigam o uso do ozônio em
diversas áreas da medicina. Pesquisas publicadas em revistas especializadas
indicam avanços na aplicação do ozônio no tratamento de dores crônicas e como
agente complementar na cicatrização de feridas [3-4]. Esses estudos destacam a
importância de continuar explorando seu potencial terapêutico, com base em
evidências científicas robustas.
No entanto, é importante ressaltar que o ozônio tem
aplicações que vão além da medicina. Devido ao seu alto poder oxidante, forte
caráter eletrofílico e relativa instabilidade, o ozônio é usado há mais de um
século para desinfecção. Em ambientes fechados, como quartos de uma casa ou no
interior de um carro, o ozônio pode promover um alto grau de desinfecção do ar
e das superfícies de objetos, incluindo paredes e cortinas. Sua ação estende-se
a todo o espectro de microrganismos como bactérias, vírus e fungos, além de
eliminar maus odores como cheiro de mofo, cheiro de cigarro, de pets, entre
outros. Com isso, o ozônio atua na raiz de problemas respiratórios e de rinite
alérgica, por exemplo, entregando mais saúde, bem-estar e qualidade de vida. Neste
caso, o ozônio não é um remédio. Contudo, ele atua combatendo fontes causadoras
de potenciais problemas de saúde, como bactérias, vírus, fungos e mofo,
contribuindo para que o problema de saúde não ocorra. A técnica que utiliza
ozônio para desinfecção de ambientes é chamada de oxi-sanitização e já é
oferecida há mais de 10 anos no Brasil, principalmente em veículos.
As
diversas aplicabilidades da Ozonioterapia
A legalização da ozonioterapia no Brasil trouxe um campo
vasto para pesquisa e a prática clínica. Diversos estudos em andamento exploram
suas aplicações em áreas como:
- Cicatrização de feridas: Ensaios
clínicos têm mostrado que o ozônio pode acelerar a cicatrização de úlceras
diabéticas e feridas crônicas, reduzindo infecções e promovendo a
regeneração tecidual [4].
- Doenças musculoesquelésticas: A
terapia vem sendo investigada para o tratamento de condições como
osteoartrite, com resultados promissores na redução da dor e na melhoria
da mobilidade [3].
- Infecções resistentes a medicamentos: O ozônio tem mostrado potencial no combate a microrganismos
resistentes a antibióticos, o que poderia revolucionar o tratamento de
infecções hospitalares [5].
No campo acadêmico, universidades como USP e a Unicamp estão
realizando estudos para estabelecer protocolos seguros e eficazes, além de
investigar os efeitos do ozônio em tratamentos combinados, como radioterapia e
quimioterapia [4]. Além disso, com o intuito de promover o avanço na ciência da
ozonioterapia no Brasil, a empresa privada WIER Plasma Frio e Ozônio publicou
em 2024 um edital que disponibiliza geradores de ozônio à universidades e
centros de pesquisa.
Pontos
de Reflexão: Eficácia e Segurança
Apesar do entusiasmo em torno da ozonioterapia, há
questionamentos importantes a serem considerados. A principal preocupação é a
falta de evidências científicas definitivas. O Conselho Federal de Medicina
(CFM) classifica a prática como experimental, recomendando que seja realizada
apenas em estudos clínicos controlados.
Outro ponto crucial é a necessidade de regulamentação e
fiscalização. Embora a lei federal permita a ozonioterapia como tratamento
complementar, nem sempre há garantia de que os profissionais sejam devidamente
capacitados. A Sociedade Brasileira de Ozonioterapia (SBO) vem promovendo
cursos e certificações para garantir que a prática seja realizada de forma
segura.
Reflexão
Final: Equilíbrio entre Inovação e Responsabilidade
A ozonioterapia está em um momento decisivo no Brasil. Com o respaldo legal e o aumento de estudos clínicos, o país tem a oportunidade de liderar avanços nessa área. No entanto, é essencial que as políticas de saúde pública priorizem a segurança dos pacientes e incentivem a realização de pesquisas de alta qualidade. Por fim, é importante que os pacientes sejam bem-informados sobre os benefícios e riscos potenciais da terapia, garantindo que suas decisões sejam tomadas com base em evidências sólidas e orientação profissional.
Dr.Bruno Mena Cadorin - doutor em Química pela Faculdade Federal de Santa Catarina e CEO na WIER, empresa com 13 anos de mercado, atuação em todos estados do Brasil, produtos em mais de 20 países, além de certificações ISO 9001 e INMETRO obtidas.
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