A inteligência artificial não recomenda, e lista problemas físicos e mentais decorrentes da prática. As respostas da IA foram analisadas por um psicólogo
Passamos boa parte do dia com os olhos fixos no
celular, carregando o aparelho para onde quer que vamos e raramente nos
desconectamos da tecnologia. Mas quais são os riscos que esse hábito pode
trazer para a nossa saúde? Para entender melhor, perguntamos ao ChatGPT
(inteligência artificial) e a um especialista humano: o que acontece se eu
passar 4 horas por dia ao celular durante 20 anos?
O ChatGPT respondeu que essa rotina pode gerar
sérias consequências para a saúde física e mental. A inteligência artificial
(IA) destacou quatro tópicos, explicando os possíveis riscos acumulados ao
longo desse período.
O primeiro tópico que a IA trouxe trata da “saúde
física e mental”, no qual aponta que o uso excessivo de redes sociais ou a
exposição constante a informações negativas podem aumentar os níveis de
estresse e ansiedade. O hábito de ficar verificando redes sociais
frequentemente também pode levar à sensação de inadequação ou "Fomo"
(medo de estar perdendo algo). No aspecto físico, o uso prolongado do celular
pode causar problemas como dores no pescoço e nas costas devido à má postura,
além de fadiga ocular causada pela exposição constante à luz das telas.
O segundo tópico levantado pela IA foi “aspectos
sociais”, que explica que o tempo gasto ao celular acaba substituindo a
interação face a face com amigos, familiares e colegas, e pode causar um
impacto negativo nas habilidades sociais e na qualidade dos relacionamentos
pessoais. A interação constante com dispositivos pode criar uma sensação de
isolamento ou solidão.
No terceiro tópico, “mudanças cognitivas”, o
ChatGPT mostra que pode haver alteração da capacidade de atenção com o uso
constante de celular, especialmente ao navegar em redes sociais e consumir
conteúdos curtos, o que pode afetar a capacidade de focar por longos períodos
em tarefas mais complexas, já que o cérebro se acostuma com a gratificação
instantânea. Também pode afetar a memória, especialmente a de longo prazo. Isso
ocorre porque muitas vezes as informações são armazenadas rapidamente em aplicativos
de pesquisa ou em redes sociais em vez de serem processadas mentalmente de
maneira mais significativa.
Já no último tópico listado, “impactos a longo
prazo”, a IA aponta que os problemas para a saúde mental e física, para quem
passa 4 horas por dia ao celular durante 20 anos, podem ser significativos. A
saúde mental pode se deteriorar com o estresse crônico e a ansiedade, enquanto
os problemas físicos, como dores crônicas e distúrbios do sono, podem se tornar
mais pronunciados. Como resultado, uma pessoa que se submete a altos níveis de
distração e multitarefa pode ter dificuldade em se concentrar por longos
períodos, o que afeta a produtividade no trabalho ou nos estudos, assim como a
capacidade de ser criativo.
SUGESTÕES DA IA
Além dos riscos, a IA trouxe quatro soluções para
resolver os problemas:
Pausas regulares: Fazer pausas para
descansar os olhos (a cada 20 minutos de uso) e alongar o corpo pode ajudar a
prevenir problemas posturais e oculares.
Limitar o tempo nas redes sociais:
Defina limites de tempo para o uso de redes sociais e aplicativos para evitar o
efeito vicioso de ficar verificando constantemente as notificações.
Práticas de atenção plena e desconexão:
Reserve momentos para desconectar do celular, como antes de dormir ou durante
interações com outras pessoas, para fortalecer os relacionamentos pessoais e
melhorar o bem-estar mental.
Exercício físico: A prática regular de
atividades físicas pode ajudar a reduzir os efeitos negativos da vida
sedentária e melhorar o humor e o foco.
O QUE DIZ O ESPECIALISTA (HUMANO)
Para saber se a IA está correta em seus
diagnósticos, o Diário do Comércio entrevistou o psicólogo
Johnatan Lordão. Confira:
DC – Os riscos para a saúde apresentados pelo
ChatGPT podem realmente se acumular ao longo de 20 anos, ao usar o celular todos
os dias durante 4 horas?
Johnatan Lordão: Sim, ‘tudo demais,
é muito’. Os possíveis riscos psicológicos aos quais uma pessoa está exposta
dependem da forma como o celular é usado. Se o uso for excessivo e sem
autorregulação, podem surgir diversos problemas, tanto físicos quanto
emocionais. Podendo inclusive indicar uma busca da pessoa por conexão e
pertencimento, que precisa ser suprida de formas mais saudáveis, como
cultivando relacionamentos reais e atividades significativas.
Problemas como tensão muscular, dores nas costas e
fadiga ocular são relatados frequentemente. Estresse crônico e ansiedade também
podem se desenvolver devido à exposição constante a notícias negativas e à
pressão social das redes. Além da redução na capacidade de concentração e
memória e impactos nas relações interpessoais devido ao isolamento.
Que sinais uma pessoa deve observar para
identificar se o uso do celular está afetando negativamente sua vida social?
Os sinais de impacto negativo podem incluir:
isolamento social e redução do interesse por interações presenciais; diminuição
da qualidade das conversas devido à distração constante; sentimento de solidão
mesmo em ambientes sociais; e sensação de vazio existencial.
Entre outras coisas, em um contexto de uso
disfuncional, vamos observar o celular como ferramenta de ‘fuga’ para evitar
emoções negativas ou buscar aprovação constante.
O uso constante pode prejudicar a memória e a
atenção devido à gratificação instantânea e à sobrecarga de informações. O
cérebro pode se acostumar a estímulos rápidos, reduzindo a capacidade de
concentração.
Na sua visão de psicólogo, a IA está correta?
Sim! Penso que a análise está coerente. A
tecnologia, como qualquer ferramenta, traz benefícios e riscos. O celular, como
um objeto simbólico, pode representar conexão ou alienação. A regulação
consciente é fundamental para evitar dependência e perda de equilíbrio na vida
cotidiana.
Pausas regulares, limite de tempo nas redes
sociais, atenção plena e exercício físico foram apontados pela IA como soluções
para o problema da dependência do celular. Essas práticas podem ajudar?
Sim! São práticas baseadas em pesquisas e
amplamente recomendadas por profissionais de saúde mental. A regulação
consciente do uso de dispositivos, por exemplo, contribui para uma vida mais
equilibrada e saudável.
Como psicoterapeuta, recomendo dar mais atenção ao
convívio presencial e buscar experiências significativas, em especial de
contato com a natureza. O ideal é pensar numa balança que deve estar
equilibrada. Se você dedica 4 horas diárias ao uso do celular, então você deve
dedicar 4 horas diárias às atividades de lazer em contato com a natureza,
exercícios físicos, leitura (livro físico) e interação presencial de qualidade
com familiares e amigos.
Acredito que para uma vida saudável devemos
considerar a métrica de equilíbrio entre mente e corpo. Esse equilíbrio é um
conceito que remonta à filosofia grega antiga, especialmente à visão de Platão,
que defendia a harmonia entre as capacidades intelectuais e físicas para uma vida
plena.
O uso do celular estimula a mente através do acesso
à informação, aprendizado e interação. No entanto, para manter um uso saudável,
é essencial equilibrá-lo com atividades físicas e de lazer, que fortalecem o
corpo e promovem a saúde mental. Exercícios físicos liberam substâncias
químicas produzidas pelo sistema nervoso que regulam o humor e reduzem o
estresse, enquanto momentos de desconexão ajudam a restaurar a atenção e a
criatividade. Assim, mente e corpo precisam trabalhar em sintonia para garantir
uma vida saudável.
As medidas preventivas eficazes incluem:
estabelecer limites de uso diário; praticar desconexão intencional (especialmente
antes de dormir); promover atividades presenciais com familiares e amigos; e
praticar atividades físicas e hobbies que promovam relaxamento e bem-estar.
Além dessas medidas preventivas, quais outras
práticas podem ajudar na saúde mental?
A terapia individual ou em grupo ajuda a
identificar padrões disfuncionais e promover mudanças. Além disso, desenvolva
hobbies e interesses reais, o que incentiva a desconexão e o engajamento no
mundo físico. E reduza a dependência digital, aprendendo a usar a tecnologia de
forma saudável, equilibrada e positiva.
Cesar Bruneli
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/ficar-4-horas-por-dia-pendurado-ao-celular-traz-riscos-a-saude-perguntamos-ao-chatgpt
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