Endocrinologistas pediátricas chamam a atenção para o impacto do excesso de açúcar na saúde física, comportamental e cognitiva das crianças
O consumo diário de açúcar por crianças
ultrapassa mais que o dobro do limite recomendado pela Organização Mundial da
Saúde (OMS), que é de menos de 5% das calorias totais- aproximadamente 25
gramas ou seis colheres de chá por dia. De acordo com Aline Cruz Boschini,
endocrinologista pediátrica do Hospital e Maternidade Santa Helena, no ABC Paulista,
esse hábito alimentar está diretamente ligado ao aumento da obesidade infantil
e de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), além de impactar aspectos
comportamentais e cognitivos da criança.
Para a especialista, o consumo excessivo de açúcar, como parte de
uma alimentação inadequada, tem consequências duradouras. “Se não intervirmos
cedo, esse padrão alimentar pode levar a complicações graves ainda na
juventude. Por isso, é essencial um acompanhamento regular e multidisciplinar
para garantir uma infância saudável, prevenindo complicações que podem
persistir na vida adulta”, alerta a médica.
Entre os principais impactos do consumo excessivo de açúcar, a
endocrinologista pediátrica destaca os seguintes:
- Físicos: obesidade, diabetes tipo 2, alterações no colesterol
e aumento de cáries;
- Cognitivos e comportamentais: hiperatividade, dificuldade de
concentração e distúrbios no sono.
Como reduzir o consumo de açúcar?
Aline sugere estratégias práticas para combater o excesso de
açúcar, que incluem:
- Substituir bebidas açucaradas por água ou sucos naturais;
- Incentivar o consumo de frutas frescas em vez de doces
industrializados;
- Limitar a oferta de alimentos ultraprocessados.
Além disso, a médica reforça a importância de consultas regulares
com diferentes especialidades, entre elas os endocrinologistas pediátricos, que
tratam doenças metabólicas, como o diabetes, e distúrbios hormonais que afetam
o crescimento e desenvolvimento infantil. “Embora muitos pais ainda optem por
levar seus filhos apenas ao pediatra, o endocrinologista é fundamental para identificar
essas alterações e considerar as especificidades de cada fase da criança, uma
vez que qualquer desordem nesse período pode ter consequências graves”,
ressalta Aline.
Quadro alarmante
A obesidade infantil, uma das principais consequências do consumo
excessivo de açúcar, afeta milhares de crianças brasileiras. Dados do
Observatório de Saúde na Infância, da Fiocruz, apontam que, em 2022, uma em
cada 10 crianças menores de cinco anos e um em cada três adolescentes (na faixa
de 10 a 18 anos) apresentavam excesso de peso.
Para prevenir esse cenário, a operadora de planos de saúde Amil
oferece o Programa Obesidade Infantil, focado no tratamento conservador da
doença de forma multidisciplinar, promovendo mudanças alimentares e de estilo
de vida, com acompanhamento psicológico, nutricional e endocrinológico. “O
tratamento deve ser integrado, abrangendo os aspectos físicos, emocionais e
comportamentais da criança, além de envolver ativamente a família”, explica
Maria Inês Lioi, endocrinologista pediátrica do Amil Espaço Saúde.
Causas da obesidade infantil
A obesidade infantil, um problema de saúde de incidência global,
possui múltiplas causas e exige a atuação de vários profissionais de saúde,
além do apoio da família. Entre os fatores que elevam os riscos estão:
- Genética e histórico familiar;
- Consumo elevado de alimentos ultraprocessados, incluindo
aqueles com alto teor de açúcar;
- Sedentarismo e excesso de tempo de tela;
- Falta de atividades físicas e ao ar livre;
- Ansiedade.
Para a médica
Maria Inês, o diagnóstico precoce e o tratamento integrado são fundamentais
para prevenir e controlar a obesidade infantil e suas complicações, uma vez que
a doença pode ser tratada e até mesmo evitada. “Com o apoio de profissionais
especializados, como endocrinologistas pediátricos, e o envolvimento da
família, é possível adotar um estilo de vida saudável e evitar complicações de
saúde no futuro”, conclui.
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