Vivemos carregando um fardo invisível: a necessidade de ter razão. Mas já parou para pensar no peso que isso nos impõe? Vou exemplificar com uma situação banal e que, acredito, pode acontecer com muitos de nós. Se um vizinho passa e não retribui o nosso "bom dia", rapidamente, alguns julgamentos surgem em nossa cabeça e prometemos não mais cumprimentá-lo. Afinal, nos sentimos no direito – por vezes, até de nunca mais olharmos nos olhos dele.
Mas eu te pergunto: e se ele estivesse simplesmente distraído, absorvido em seus próprios problemas? Nunca saberemos. Porém, a verdade é que a busca incessante por validação e justiça pessoal pode nos tornar prisioneiros de um ciclo desgastante. A situação do “bom dia” se repete em muitos outros contextos relacionais, onde se autodecreta a razão e, junto com ela, surge um saco pesado a se carregar, cheio de ressentimentos, dores e incompreensões.
O grande desejo humano é a leveza. No entanto, nas relações humanas, enquanto
insistirmos em manter um controle pesado para provar que estamos certos, essa
leveza se torna inalcançável. Como sair desse ciclo? É necessário um mergulho
interno, uma viagem à nossa própria história para compreender onde e como aprendemos
a desenvolver a rigidez da razão. Ninguém nasce sabendo tudo, mas crescemos
ouvindo cobranças que nos fazem acreditar que o erro não é permitido. Isso nos
aprisiona em um estado constante de cobrança e culpa.
A solução está no autoconhecimento. Enquanto vivermos para provar algo a
alguém, estaremos aprisionados. Mas quando nos libertamos da necessidade de ser
o melhor ou o maior, percebemos que já somos suficientes. O medo e a dúvida nos
impedem de enxergar essa verdade, tornando a vida pesada e angustiante.
Dentro de cada adulto pode haver uma criança ferida que precisa de atenção, ela
guarda as respostas que tanto buscamos. Quando a escutamos e a auxiliamos a
crescer, encontramos o caminho para as mudanças e a verdadeira paz.
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