A psicóloga Maria Klien aborda o tema e mostra que todos os tipos de sentimentos são válidos para o crescimento humano
A positividade tóxica é uma característica que se
manifesta quando as emoções negativas são invalidadas em nome de uma busca
incessante pelo otimismo. Apesar de parecer benéfica à primeira vista, essa
prática pode ter impactos adversos na saúde mental, uma vez que reprime a
expressão autêntica das emoções humanas. Segundo especialistas, o equilíbrio
emocional depende do reconhecimento e da limitação de todos os sentimentos.
De acordo com a psicóloga Maria Klien,
a positividade tóxica pode levar ao isolamento emocional. “Quando nos
sentimos pressionados a ignorar ou mascarar nossas dificuldades, acabamos
impedindo a conexão genuína com outras pessoas, que também enfrentam desafios
semelhantes”, explica. Esse isolamento reforça a ideia de que as
emoções negativas são inaceitáveis, agravando questões como ansiedade e
depressão.
Além disso, a cultura da positividade extrema
desconsidera a complexidade das emoções humanas. Sentimentos como tristeza,
raiva ou frustração desempenham um papel essencial no desenvolvimento pessoal e
no aprendizado. Ao negar essas experiências, cria-se uma desconexão interna,
dificultando a capacidade de enfrentar desafios e encontrar soluções para
problemas.
O movimento de conscientização sobre os danos da
positividade tóxica incentiva uma visão mais abrangente das emoções. Para Maria Klien,
essa abordagem valoriza a desvantagem emocional, sejam elas consideradas
positivas ou negativas, é essencial para o bem-estar psicológico. As emoções
negativas, assim como as positivas desempenham um papel legítimo e importante
em nossas vidas, nos ajudando a compreender melhor nossos limites,
necessidades e encontrar caminhos para o crescimento pessoal”,
afirma.
Uma prática comum de positividade tóxica está nas
interações sociais, quando frases como “vai ficar tudo bem” ou “pense
positivo” são usadas para minimizar experiências difíceis. Embora
essas expressões sejam muitas vezes bem-intencionadas, podem invalidar a dor do
outro, indicando que não há espaço para a vulnerabilidade ou o sofrimento.
A liberdade de sentimentos permite um processamento
mais saudável das situações adversas, contribuindo para uma maior inteligência
emocional. Esse processo não implica uma glorificação do sofrimento, mas sim um
reconhecimento da sua importância no contexto humano.
Maria Klien ressalta que é essencial criar espaços seguros para a expressão
emocional. “Quando uma criança demonstra comportamentos diferentes na presença da
mãe, falo isso como um exemplo, isso pode ser interpretado de forma positiva,
pelo menos na perspectiva da psicologia que eu pratico. Esse comportamento
indica que a criança reconhece na mãe um espaço seguro para ser autêntico, sem
a necessidade de desempenhar funções ou buscar uma perfeição inatingível”,
comenta.
Por outro lado, a positividade tóxica pode
perpetuar estigmas em torno da saúde mental, dificultando que as pessoas
procurem ajuda profissional. A pressão para parecer bem o tempo todo pode levar
a um adiamento do tratamento de questões emocionais, agravando sintomas e
atrasando a recuperação.
Abandonar a positividade tóxica não significa
adotar uma postura pessimista, mas sim compreender que todas as emoções são
válidas e desempenham papeis importantes no crescimento pessoal. Essa mudança
de perspectiva promove uma convivência mais harmoniosa com os próprios
sentimentos, criando espaço para o autoconhecimento e a evolução emocional.
Maria Klien - exerce a psicologia, se orientando pela investigação dos distúrbios ligados ao medo e à ansiedade. Sua atuação clínica integra métodos tradicionais e práticas complementares, visando atender às necessidades emocionais dos indivíduos em seus universos particulares. Como empreendedora, empenha-se em ampliar a oferta de recursos terapêuticos que favorecem a saúde psíquica, promovendo instrumentos destinados ao equilíbrio mental e ao enfrentamento de questões que afetam o bem-estar psicológico de cada paciente.
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