Pesquisadores da UFRJ identificam a relação entre baixos níveis de carnitina no sangue e a maior incidência de Alzheimer em mulheres. A descoberta pode revolucionar o diagnóstico e o tratamento precoce da doença.
O
Alzheimer é a forma mais comum de demência no mundo, afetando mais de 35
milhões de pessoas. Mas o que sempre intrigou os cientistas é por que as
mulheres têm o dobro de chances de desenvolver a doença em comparação aos
homens. Uma nova pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
trouxe uma descoberta inovadora: baixos níveis da molécula carnitina no sangue
podem estar ligados ao Alzheimer em mulheres.
O
estudo, realizado com 125 pessoas acima dos 60 anos, no Brasil e nos Estados
Unidos, revelou que mulheres com perda de memória apresentavam níveis reduzidos
de carnitina, uma substância essencial para a produção de energia no cérebro.
“Essa descoberta não apenas ajuda a entender melhor os mecanismos da doença,
mas também abre portas para novas estratégias de prevenção e diagnóstico
precoce, que podem ser fundamentais para conter a progressão do Alzheimer.”,
afirma o médico nutrólogo Dr. Gustavo de Oliveira Lima.
Mas,
afinal, o que é a carnitina, como sua deficiência pode impactar o cérebro e
como podemos garantir níveis adequados dessa substância para proteger a saúde
cognitiva?
O
papel da carnitina no organismo e no cérebro
A
carnitina é uma molécula produzida no fígado e nos rins e tem um papel
fundamental no metabolismo energético do corpo. Sua principal função é
transportar ácidos graxos para as mitocôndrias, onde serão transformados em
energia. Esse processo é essencial para o funcionamento celular, especialmente
nas células do cérebro, que demandam altos níveis de energia para operar
corretamente.
Além
da produção natural pelo corpo, a carnitina pode ser obtida através da
alimentação, estando presente em carnes vermelhas, ovos, laticínios e
leguminosas.
A
pesquisa da UFRJ sugere que, em algumas mulheres, os níveis de carnitina podem
ser insuficientes, prejudicando a produção de energia no cérebro e favorecendo
processos neurodegenerativos. “Essa deficiência pode estar ligada a fatores
hormonais, genéticos ou mesmo dietéticos, o que reforça a importância da alimentação
na saúde cerebral.”, alerta o médico.
Baixa carnitina e alzheimer: qual a relação?
Os
cientistas ainda estão investigando por que as mulheres são mais suscetíveis à
deficiência de carnitina e como isso impacta diretamente o risco de Alzheimer.
No entanto, já existem algumas hipóteses:
1.
Déficit energético no cérebro
A
carnitina é essencial para que as células do cérebro tenham energia suficiente
para funcionar corretamente. Quando há deficiência dessa molécula, ocorre um
déficit energético nos neurônios, o que pode levar à degeneração cerebral
progressiva.
2.
Ação protetora contra inflamação e estresse oxidativo
A
carnitina tem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, ajudando a
reduzir o estresse oxidativo – um dos fatores-chave no desenvolvimento do
Alzheimer. Mulheres com níveis reduzidos de carnitina podem estar mais
vulneráveis ao dano celular causado pelos radicais livres.
3.
Influência dos hormônios femininos
Os
hormônios sexuais femininos, como o estrogênio, influenciam o metabolismo
energético do cérebro. Após a menopausa, a queda desses hormônios pode impactar
os níveis de carnitina, tornando as mulheres mais suscetíveis a problemas
cognitivos.
Diagnóstico
e tratamento: a nova fronteira contra o alzheimer
A
descoberta sobre a carnitina pode ter um impacto significativo no diagnóstico
precoce do Alzheimer. Com exames de sangue que avaliem os níveis dessa
molécula, médicos poderão identificar pacientes em risco antes do surgimento
dos sintomas mais severos. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores são as
chances de intervenção eficaz.
Atualmente,
o tratamento do Alzheimer se baseia no controle dos sintomas e na tentativa de
retardar a progressão da doença. No entanto, a pesquisa da UFRJ abre um novo
caminho para estudos que avaliem se a reposição de carnitina pode ser uma
estratégia para proteger o cérebro e prevenir o avanço da doença em mulheres
com predisposição.
Como
aumentar os níveis de carnitina naturalmente?
Embora
mais estudos sejam necessários para confirmar a relação entre suplementação de
carnitina e prevenção do Alzheimer, garantir níveis adequados dessa substância
na alimentação pode ser uma estratégia promissora para a saúde cerebral.
Aqui
estão alguns alimentos ricos em carnitina que devem fazer parte da sua dieta:
- Carnes Vermelhas (principalmente
cordeiro e carne bovina)
- Peixes (salmão e
bacalhau)
- Frango
- Ovos
- Leite e derivados (iogurte,
queijo)
- Leguminosas (feijão,
lentilha, grão-de-bico)
- Abacate (embora em
menor quantidade, é uma fonte vegetal interessante)
Para
mulheres vegetarianas ou veganas, pode ser interessante avaliar os níveis de
carnitina com um profissional de saúde e, se necessário, considerar
alternativas como a suplementação.
Prevenção:
além da alimentação, o que mais pode proteger o cérebro?
Além
de manter bons níveis de carnitina, outros hábitos podem ajudar a proteger o
cérebro do envelhecimento precoce e reduzir o risco de Alzheimer:
Exercícios físicos regulares: Atividades aeróbicas aumentam o fluxo sanguíneo cerebral e ajudam a preservar a memória.
Sono de qualidade: Dormir bem é essencial para a regeneração das células do cérebro.
Controle do estresse: O estresse crônico aumenta a inflamação e acelera o declínio cognitivo.
Dieta anti-inflamatória: Além da carnitina, nutrientes como ômega-3, vitamina B12, cúrcuma e flavonoides das frutas vermelhas também ajudam a proteger o cérebro.
Exercícios cognitivos: Aprender novas habilidades, ler, fazer palavras-cruzadas ou tocar
instrumentos musicais mantém o cérebro ativo.
A
pesquisa da UFRJ traz um avanço significativo para entender por que as mulheres
são mais vulneráveis ao Alzheimer e como a carnitina pode ser uma peça-chave na
prevenção e no diagnóstico precoce da doença.
Com
essa nova informação, é possível pensar em estratégias personalizadas para a
saúde das mulheres, desde a adoção de uma alimentação rica em carnitina até
exames que monitorem seus níveis ao longo da vida.
“Se
você deseja proteger sua saúde cerebral e reduzir os riscos de Alzheimer,
comece agora a investir em hábitos saudáveis e consulte um profissional para
avaliar suas necessidades nutricionais. O cérebro agradece!”, conclui Dr.
Gustavo de Oliveira Lima.
Dr. Gustavo de Oliveira Lima - Médico CRM/SP 207.928. Nutrologia e Endocrinologia. Especialista em emagrecimento saudável e longevidade
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