Divulgação/SGB |
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) desenvolve um projeto pioneiro, que
contribui para gerir nossa costa litorânea. Por meio do projeto Dinâmica
Costeira, são feitos estudos que apoiam o planejamento urbano, considerando as
condições naturais do local, as mudanças climáticas e as alterações da linha de
costa. O trabalho está alinhado às metas do Plano Plurianual (PPA 2024-2027) do
governo federal.
Atualmente, há
estudos em andamento em São Vicente (SP), Maricá (RJ) e Guaratuba (PR). O
projeto busca entender a dinâmica costeira ao longo de dois anos, permitindo
identificar áreas mais sujeitas à perda de faixa de areia por eventos de
ressaca, por exemplo, ou trechos de acúmulo de sedimentos.
“O objetivo
principal é gerar documentos que orientem os órgãos gestores, entendendo quais
processos causam prejuízos em suas praias, qual a velocidade desses fenômenos,
urgência ou não de interferências, quais áreas devem ser priorizadas e qual
será o cenário no futuro”, explica o pesquisador do SGB Marcelo de Queiroz Jorge,
coordenador do projeto.
Fragilidades
na região costeira
As regiões
costeiras são consideradas ambientes naturalmente frágeis devido à dinâmica
complexa associada à ação das marés, ventos e ondas, além dos impactos
provocados por atividades humanas, como urbanização, poluição e exploração dos
recursos naturais. Esse cenário impacta diretamente a vida da população.
Aproximadamente 50
milhões de pessoas vivem na região costeira do Brasil, segundo o Atlas
Geográfico das Zonas Costeiras e Oceânicas do Brasil (2011). Esse total
representa cerca de 25% de toda a população do país.
“Nas áreas em que
ocorrem erosão, ou seja, em que a areia é levada pela força do mar e dos
ventos, há a perda da faixa de areia, com diminuição da área da praia. Isso pode
causar destruição de moradias e infraestrutura urbana”, detalha Jorge.
Já nos casos em
que há tendência de acumular sedimentos, onde o mar avança e deposita areia e
detritos, são formados novos terrenos, que podem ser indevidamente ocupados.
Ainda segundo Jorge, “Esses terrenos são instáveis e sujeitos a uma série de
problemas ambientais”.
Metodologias
inovadoras
O projeto Dinâmica
Costeira atua de forma multimetodológica para entender esses fenômenos
costeiros e as consequentes deposições de sedimentos, a fim de serem criados
documentos que atendam órgãos gestores, sociedade civil e de pesquisa.
A chefe da Divisão
de Gestão Territorial, Maria Adelaide Mansini Maia, detalha que, durante os
estudos, são usadas novas tecnologias que complementam as metodologias
tradicionais: “Além do uso de geoindicadores, análise granulométrica de
sedimentos e estudos multitemporais de alteração da linha de costa, a
iniciativa incorporou, de forma inovadora, a tecnologia de levantamentos
topográficos para determinação de perfis de praia, utilizando drones equipados
com sensores LiDAR”.
Essa técnica
permite maior precisão na coleta de dados, ampliando a capacidade de análise
detalhada das alterações costeiras e fornecendo dados mais robustos para a
gestão e conservação dessas áreas sensíveis.
Estudos em
andamento
O município de São
Vicente (SP) foi o primeiro a receber o projeto Dinâmica Costeira, a pedido da
defesa civil municipal. Já está em fase final a elaboração do relatório do
trabalho, com previsão de entrega no 1º semestre deste ano. Os estudos são
realizados em parceria com a Universidade Santa Cecília (Unisanta).
Em novembro de
2024, o SGB iniciou os estudos em Maricá (RJ), como parte do projeto
Monitoramento Integrado da Hidrodinâmica e Morfodinâmica da Região Costeira em
Maricá (RJ). Esse trabalho é realizado em parceria com a Universidade Federal
do Rio de Janeiro. O acordo de cooperação técnica está em fase final de
tramitação para assinatura.
Neste ano, começam
os estudos nas praias Central e do Brejatuba, no município de Guaratuba (PR).
Em dezembro de 2023, o SGB assinou Acordo de Cooperação Técnica com a
Universidade Federal do Paraná (UFPR) para a troca de dados e informações
técnico-científicos.
O coordenador do
projeto Marcelo Jorge ressalta a importância desse intercâmbio com instituições
de ensino: “As universidades nos fornecem dados atualizados sobre ondas e
correntes, além de histórico sobre pesquisas anteriores, o que otimiza um
grande trabalho que precisamos realizar e podem ainda dar suporte a informações
adicionais, já que normalmente já possuem pesquisas em andamento nas regiões em
que atuamos”. Em contrapartida, o SGB oferece apoio para o desenvolvimento de
novas informações e publicações.
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