No mundo corporativo, os
riscos ocupacionais muitas vezes passam despercebidos até que se tornem
problemas irreversíveis. Exposição a agentes químicos, vibração excessiva e
posturas inadequadas são apenas alguns exemplos de ameaças silenciosas que
impactam diretamente a saúde dos trabalhadores e a estabilidade das empresas.
É nesse cenário que
entra a atuação crucial dos peritos técnicos, como Edgar Bull, engenheiro civil
e especialista em segurança e higiene ocupacional. "A prevenção é sempre
mais eficiente e menos custosa do que lidar com os efeitos de um ambiente de
trabalho inseguro. A perícia técnica tem como missão identificar riscos antes
que eles se transformem em doenças ou acidentes", explica Edgar.
Riscos
ocupacionais: O inimigo invisível
Riscos ocupacionais
podem ser classificados em categorias como físicos, químicos, biológicos,
ergonômicos e mecânicos. Embora muitos empregadores estejam atentos a perigos
visíveis, como máquinas mal protegidas ou quedas de altura, são os riscos
invisíveis que mais frequentemente escapam ao radar.
"Um exemplo
clássico é a vibração em operadores de máquinas pesadas, que pode causar lesões
musculoesqueléticas a longo prazo e até síndromes biomecânicas. Esses problemas
se desenvolvem lentamente, mas têm impacto devastador na saúde do trabalhador e
nos custos da empresa", afirma Edgar.
Outro exemplo é a
exposição a agentes químicos em ambientes industriais ou hospitalares.
"Sem um controle rigoroso e a utilização de EPIs adequados, os
trabalhadores ficam vulneráveis a doenças respiratórias, alergias entre outras
doenças que até podem evoluir para um câncer a longo prazo", alerta o
especialista.
Há ainda que ser
considerado o risco psicossocial. Este é um risco que também precisa ser
considerado, ainda mais com a alteração da legislação vigente que vigora a
partir de maio de 2025. Para tanto, o olhar pericial da equipe multidisciplinar
se faz necessário. Engenheiro, médico e psicólogo precisam trabalhar juntos no
combate às doenças mentais e suas consequências.
A perícia
técnica: Olhar clínico para o ambiente de trabalho
A perícia técnica é um
processo detalhado que avalia o ambiente laboral de forma científica,
analisando condições de trabalho, exposição a agentes nocivos e práticas
operacionais. "O laudo pericial é mais do que um documento; é uma
ferramenta de transformação. Ele aponta os problemas e propõe soluções práticas
para eliminá-los ou mitigá-los", explica Edgar.
Entre as etapas da perícia,
destacam-se:
Análise das condições
ambientais: identificação de fatores como calor, ruído, umidade e qualidade do ar.
Avaliação ergonômica: estudo das posturas
adotadas pelos trabalhadores e sua compatibilidade com a função exercida. Neste
item também devem ser apurados os riscos psicossociais.
Monitoramento químico: verificação da presença
de agentes tóxicos no ambiente de trabalho.
Entrevistas com
trabalhadores: coleta de informações sobre sintomas, desconfortos e condições gerais
de trabalho.
Outras avaliações podem
ser consideradas conforme o objetivo da perícia a ser realizada.
Prevenção de doenças ocupacionais e processos
trabalhistas
A negligência com os
riscos invisíveis não afeta apenas os trabalhadores, mas também expõe as
empresas a um grande passivo trabalhista. Doenças como lesões por esforços
repetitivos (LER/DORT), pneumoconioses e transtornos mentais relacionados ao
trabalho são algumas das principais causas de afastamento e ações judiciais.
"A atuação
preventiva da perícia técnica reduz significativamente o número de processos
trabalhistas. Quando a empresa demonstra que investe em segurança e saúde
ocupacional, isso reforça sua imagem de responsabilidade social e evita
prejuízos financeiros", destaca Edgar.
Um caso emblemático
citado pelo especialista envolveu a análise de um setor industrial onde
trabalhadores apresentavam alta incidência de dores lombares.
"Identificamos que a altura das bancadas estava fora dos padrões
ergonômicos. Com ajustes simples, como o uso de bancadas reguláveis e a
introdução de pausas ativas, os índices de afastamento caíram
drasticamente", relata.
O papel
estratégico da higiene ocupacional
A higiene ocupacional é
um dos pilares da segurança no trabalho e, frequentemente, é negligenciada por
empresas. Trata-se de um conjunto de práticas que visa identificar, avaliar e
controlar agentes ocupacionais que podem comprometer a saúde.
"Uma boa gestão de
higiene ocupacional começa pela realização de perícias técnicas que analisam os
níveis de exposição. Apenas com dados concretos é possível implementar mudanças
efetivas", afirma Edgar.
Entre importantes
medidas de melhoria estão:
Instalação de sistemas
de ventilação e exaustão para agentes químicos;
Fornecimento adequado de
EPIs e treinamento para uso correto;
Realização de avaliações
quantitativas de agentes ambientais;
Realização de mapeamento
de risco psicossocial;
Adoção de medidas administrativas de prevenção aos riscos ocupacionais.
Para Edgar Bull, o sucesso da gestão de riscos invisíveis passa pela
conscientização de empregadores e trabalhadores. "Não adianta apenas
apontar os problemas; é preciso educar as pessoas sobre a importância da prevenção
e envolvê-las nas mudanças", enfatiza.
Empresas que investem em
segurança e saúde ocupacional colhem os benefícios em forma de aumento na
produtividade, redução de custos com afastamentos e fortalecimento da marca
empregadora.
"Prevenir não é apenas
cumprir a lei, mas respeitar a vida e o bem-estar de quem faz a empresa
acontecer. Quando enxergamos a segurança como um investimento e não como um
custo, todos ganham: trabalhadores, empresas e a sociedade como um todo",
conclui Edgar Bull.
Essa nova era da
segurança ocupacional não será construída sem esforço, mas cada melhoria
implementada é um passo em direção a um futuro mais justo, produtivo e humano.
Edgar Bull – Engenheiro e Perito Judicial Especialista em Segurança do Trabalho
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