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A paulistana, Maria Rita Hubner, explora o mundo e prova que sua condição não lhe impõe limites
Aos
33 anos de idade, Maria Rita Hubner é um exemplo de como a autonomia e a independência
podem ser construídas, mesmo diante dos desafios impostos pela acondroplasia,
uma condição genética rara e a principal causa do nanismo.1,2 Filha
de Hélio e Kênia Pottes, ambos com a mesma condição, Maria Rita cresceu imersa
em um ambiente de luta pelos direitos humanos e inclusão. Desde cedo, os pais
da Maria Rita Hubner, que fundaram a primeira associação de pacientes para
pessoas com nanismo do país, a Associação Gente Pequena do Brasil, incentivava
a filha. “Sempre ouvi dos meus pais que eu poderia conquistar tudo o que eu
quisesse. Só bastava encontrar o meu caminho”, ressalta Maria.
A
acondroplasia afeta aproximadamente 1 em cada 20 mil pessoas no mundo, sendo
causada por uma mutação no gene FGFR3, responsável pelo controle do crescimento
ósseo.1 O endocrinologista infantil, Paulo Ferrez Collet-Solberg,
explica que a pessoa que tem a doença, tem baixa estatura desproporcional,
caracterizada por braços e pernas curtos em relação ao tronco.
“A
altura média de um acondroplásico - na idade adulta - é de cerca de 131 cm para
homens e 124 cm para mulheres. A baixa estatura pode impactar a independência
de diferentes maneiras, especialmente devido às limitações físicas impostas
pela baixa estatura desproporcional e complicações associadas, como problemas
de mobilidade, instabilidade articular e dificuldade em alcançar objetos em
ambientes não adaptados. Além de terem um risco aumentado para diversas outras
complicações como alterações neurológicas e cardiovasculares.”, pondera o
especialista.
A
mentalidade com a qual foi criada em casa, foi essencial para a trajetória da
Rita. Aos 18 anos, ela se mudou para Botucatu para fazer faculdade de Zootecnia
na Universidade Estadual Paulista (Unesp). A vida na república estudantil,
longe da família, foi uma experiência transformadora. “Eu sabia que podia me
virar sozinha, mas a convivência com as minhas amigas me ensinou, ainda mais,
sobre independência. Aprendi que, muitas vezes, o desafio está em adaptar o
mundo às suas necessidades e não o contrário,” explica Maria Rita.
Para
o médico, alcançar a autonomia pode ser, muitas vezes, desafiador para quem tem
a doença - por conta das barreiras estruturais e sociais impostas pela
sociedade. “A acondroplasia pode impactar a independência em diversos níveis,
desde limitações físicas até preconceitos no ambiente social. No entanto, com o
suporte adequado e as adaptações corretas, é possível viver de forma ativa e
autossuficiente”, avalia o especialista.
Além
do universo acadêmico, Rita também encontrou força nos esportes. Desde a
infância, atividades como ginástica artística e natação a ajudaram a superar
limitações físicas e a desenvolver autoconfiança. Atualmente, ela mantém um
estilo de vida ativo, pratica pilates, futevôlei, musculação e já praticou
beach tênis. Para ela, o movimento é uma forma de mostrar que as limitações
físicas não determinam a qualidade de vida.
Apesar
de formada em Zootecnia, Maria Rita decidiu migrar para a área de marketing,
onde trabalha na comunicação corporativa de uma grande empresa. Essa transição
de carreira foi motivada pela perda de sua mãe e representou mais uma prova da
sua capacidade de se reinventar. “Independência é entender que você pode mudar
de rumo sempre que necessário”, reforça.
Desde
2019, Rita está à frente do movimento Nanismo Brasil, do Instituto
Nacional de Nanismo (INN), organização dedicada a promover a inclusão e
assistência para pessoas com nanismo e suas famílias, onde desempenha um papel
essencial na conscientização e no fortalecimento da comunidade de pessoas com
nanismo no Brasil. Sob sua liderança, o movimento tem ganhado visibilidade e
fortalecido a causa, promovendo debates.
Atualmente,
Rita e o marido, que também tem nanismo, compartilham viagens e aventuras,
explorando novos destinos sempre que possível. “Eu sei que, com o passar dos
anos, a acondroplasia pode trazer mais desafios físicos. Por isso, faço questão
de viver intensamente. Independência é mais que conquistar espaços, é enfrentar
os desafios de frente, sem permitir que eles se tornem insuperáveis. Com
determinação, apoio familiar e resiliência, é possível transformar barreiras em
oportunidades e construir uma vida plena e significativa,” finaliza
Referências
1 Horton, W.A., J.G. Hall, and J.T. Hecht, Achondroplasia. The Lancet, 2007. 370(9582): p. 162-172. Available from: link.
2 Legare JM. Achondroplasia. In: Adam MP, Feldman J, Mirzaa GM, et al, eds. GeneReviews® [Internet]. University of Washington, Seattle; 12 de outubro de 1998 [atualizado em 11 de maio de 2023].
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